Arquivo para janeiro \31\-04:00 2008

FESTA DE OXÓSSI COM SAÍDA DE YAÔS NO ILÉ AXÉ ONAN DOIÁ

Foi no sábado passado, lá na Rua 3, São José 3, quadra 50, casa 67, Zona Leste de Manaus, que o babalorixá Alexandre de Iemanjá abriu as portas de sua casa Onan Doiá filhos e simpatizantes da religião do Candomblé para a Festa de Oxóssi e, aproveitando a ocasião especialíssima, também para a saída de dois novos yaôs de sua casa. Na beleza do ritual e na autenticidade da crença, a comunhão e harmonia reinaram durante toda a noite e a louvação nos cantos e danças aos orixás tomaram conta da noite…


E este bloguinho entrevistou o afetuoso Pai Alexandre de Iemanjá, que nos falou da festa e de conhecimentos da religião do Candomblé…

Eu sou o Bablorixá Alexandre de Iemanjá. Essa festa é uma homenagem a Oxóssi, que é o meio terceiro orixá, o meu terceiro santo. Eu tenho três orixás. Tem pessoas que possuem mais. Eu sempre faço todos os anos as festas dos meus santos. Hoje foi feita a festa de Oxóssi e eu acabei recolhendo duas pessoas, e acabou tendo também a saída de dois yaôs. Eu tirei um yaô de Iemanjá e outro yaô de Oxalá, que foram as primeiras saídas que tiveram.

As primeiras saídas são homenagens a Oxalá, que é a primeira saída, que sai a reza alainin. A primeira saída sai pintado de branco em homenagem a Oxalá.

A segunda, novamente trazendo o ocodidé, que todo yaô deve carregar. O yaô que não carrega o ocodidé aos olhos de Olorum não é o yaô, não se tornou yaô, não é feito yaô.


E a terceira saída é a saída onde o Orixá nasce, ele dá o nome dele, o oruncó, pelo nosso dialeto. O nosso dialeto é o iorubá. Entao na terceira saída é a saída de oruncó, eles escolhem os padrinhos de oruncó. O padrinho de Iemanjá é o ogan Jackson de Logun e a madrinha do Oxalá é a ekede Gleiciane de Oxum Pará. Os padrinhos são ogan e ekede da minha casa de santo. O nome da minha casa é Ilê Axé Onan Doiá. E os yaôs que saíram são o Júnior de Iemanjá e o Giovane de Oxalufan.


Na quarta saída é quando o santo traz a sua roupa de luz, traz a sua roupa mostrando o orixá realmente, vindo caracterizado conforme quem é o orixá, como saiu Iemanjá de verde, usando roupa verde, mas um verde claro, porque o yaô está de quelê, uma das alianças mais sagradas que o yaô tem com o orixá e usando o abebé, o espelho e a adaga que ela traz nas mãos. E o Oxalufan, que saiu com a coroa de Oxalá e o paxorô, que é o instrumento maior de Oxalá, que o Oxalá é o maior de todos os pais.

E veio o momento esperado, Pai Geovano foi chamado para trazer Oxóssi no ori de Pai Alexandre para dançar, ser louvado e distribuir as bençãos através das flores que foi presenteado e com as quais agradeceu aos filhos da casa e aos convidaddos.

As flores de Oxóssi, foram um presente que ele recebeu do pai Emerson de Odé, que trouxe um presente pra festa de Oxóssi, um buquê de flores pra sair com ele. Então o orixá recebeu o presente satisfeito, saiu na sala com o presente que recebeu. Geralmente ele distribui, é o carinho do orixá, como uma forma de gratidão para com as pessoas que se fizeram presentes. É uma forma de gesto de carinho do orixá com as pessoas.


Quando tiver festa pode vir sempre porque o candomblé é assim, é como se fosse uma igreja, a gente não pode fechar as portas da nossa casa pra ninguém. A nossa religião quer pregar na verdade a irmandade, a união. As pessoas tem que esquecer essas coisas de desunião. O orixá prega isso. O orixá é união, é a união das pessoas. Então você não pode fechar as portas da sua casa ou proibir tal pessoa de entrar. A casa é do orixá, quem manda a gente tem o negócio de dizer quem manda na minha casa sou eu é o nosso orixá, quem manda mais que a gente é o nosso orixá, o nosso santo…

 

VOCÊ JÁ TOMOU SEU XAROPE HOJE?

ЮConclusões do inteligentíssimo vereador Fabrício Lima, ex-PSDB, atual PRTB, ouvidor geral da CMM, no último ano do seu segundo mandato na casa, após andar de ônibus na cidade: “O pessoal sofre muito! É muito trânsito e demora no percurso!”. E decidido a repetir a experiência, ressaltou a importante descoberta: “Eles [os eleitores] têm muita coisa para falar com a gente”.

ЮFabrício, o rebelde, vereador-atleta, também faz parte da turma dos projetos de lei hilariantes: instituiu a “Semana Municipal de Prevençãoao Aborto”.

ЮO concurso pra preenchimento de duas vagas para residência médica em dermatologia no Hospital Tropical (IMT-AM), que foi publicado e divulgado de maneira restrita, visando beneficiar alguns, e que acabou “vazando”, já tem 13 inscritos. Por isso atenção candidatos, acompanhem de perto as provas e os resultados.

O MUNDO É GAY, MAS A VEJA E BRUNO NÃO SACARAM…

Pobre do gay que precisa da Veja para se assumir! Não, pobre de qualquer um que precise da Veja para aparecer! A entrevista com Bruno Chateaubriand, 32, nas chamadas Páginas Amarelas da revista desta semana está mais uma peça de marketing pessoal do que propriamente a abordagem de um assunto de interesse público. Esperar o quê, da Veja? E de Bruno?

Bruninho é high society, my Darling!. E como tal, muito bem ajustado. Passou a infância e a adolescência dando um duro danado pra se normatizar, caber dentro das definições e compreensões do calunismo social da classe média-mídia. Nunca conseguiu suspeitar nem um pentelhinho de que a sua condição não era sua, mas sim uma produção social do homem. Sofreu, tadinho, pra finalmente assumir a sua condição. Prato cheíssimo pro sensacionalismo da Veja, que confunde transgressão com regressão, e acha que estampar um gay assumido e ressentido é fazer jornalismo de vanguarda.

Se nos caminhos da existência do Bruneca tivesse passado um gatíssimo existencialista, ou que tivesse transado Sartre, o fantasmático-assumido poderia ficar sabendo que assumir é uma estratégia da moral decadente: “Assume! Confessa”. Somente aceitando o signo que inscreve a identidade no corpo é que se pode ser feliz, diz a cartilha do campeão da moral. Aí, meu bem, babau! Tá capturado pela subjetividade que transforma os corpos em objetos de consumo e a potência de agir em quase-nada.

E que não se reduz ao homoerotismo. Kaká, por exemplo, ficou jururu com a G Magazine só porque a revista quis explorar o fetiche do garoto inocente com carinha de anjo que ele tem. E como isso toca na insegurança afetiva dele, achou por bem proteger o investimento, ameaçando a revista e o sósia dele de processo. Cruzes! Foi o Ó!

Quem foi que disse que a linha de fuga do corpo, do sexo, tem que ter nome? Por isso a palavra homoerotismo, que é mais próxima do devir, da potência criadora, do fluxo da Vida. Homossexual não existe, meu bem, sexo são dois: macho e fêmea O uso que você faz, os encontros que têm, os afetos que produz, o gozo, a alegria ou a dor e a frustração são resultados do modo de existir que seu corpo compôs neste planeta gay. O Homossexualismo é identidade. O erotismo, o homoerotismo transborda, cai pelas bordas de afecções sem referência, sem ter a intensidade capturada e esvaziada pelo regime Significante Despótico que a tudo quer segregar, isolar, identificar, classificar e rotular.

Bruninho tem receio de sair do armário. Pensa que saiu, mas só acendeu a luzinha lá de dentro, meu amor! Continua com os mesmos complexos e frustrações de antes. Faz um festão pra 300 pessoas, com Don Pérignon à lá vonté, mas não consegue ficar numa boa com o bofe. Quer adotar uma criança com síndrome de Down. Vixe, mon amour, só pra daqui uns anos ele poder transmitir a doença afetiva do estigma do condenado pro garoto? Por que o ressentido, que precisa da dor pra continuar a ilusão do existir, precisa também da dor do outro. Quantos casais ditos brancos de classe média adotam crianças negras pra mostrar o quanto são caridosos e descolados, e as mantêm na mesma relação de subserviência produzida no preconceito? Bruninho tem a maior bronca com as bêetchas que se soltam na Parada Gay. Pudera, meu amor, a inveja, já dizia a tresloucada/o dinamarquês/a Sören Kierkegaard, outro filosofante do existencialismo, nada mais é do que admiração que não pode aparecer livremente. Pra completar o confeito do bolo, o esporte preferido do mártir das páginas de Veja é arremessar ovos podres, coca-cola e outras indigestices nos transeuntes, junto com amigos – muy amigos – como Boninho, Luiz Eduardo Brizola e Narcisa Tamborideguy. Boninho, aliás, gosta de usar o homoerotismo alheio como mercadoria na globolálica. Lindo, né?

Quanto à Veja, já mostrou mais de uma vez que jornalismo não é com eles. Não é que eles não queiram não, o problema é não conseguir entender a idéia de que jornalismo é serviço público, que requer um entendimento para além da obviedade umbilical. Diferenciar o fato da notícia, compreender a contextualidade do acontecimento num plano que envolva um entendimento ético sobre o mundo não faz parte da prática da maioria dos veículos de imprensa no Brasil. A Veja confundiu mais uma vez transgressão com regressão. Coisa de limitação epistemológica, tadinha. Não conseguiu nem perceber que o mundo é gay…

Mas é que para esta mídia seqüelada as chamadas minorias nada mais são do que parte da sociedade de consumo. Para ela, interessa só o que é consumível e descartável. Daí a necessidade de usar e fortalecer os estereótipos. No falso humor da tevê, o homoerotismo, o considerado feio, a mulher, o negro. Mal sabem eles, nem desconfiam da força que têm as minorias como devires. O devir-minoria, como fala os vitaminadíssimos filosofantes Guattari e Deleuze, é a potência que desestabiliza os blocos de ressentimentos. A práxis se dá em todos os graus, desde a pele até a convivência. De nada adianta levantar a bandeira da bichalouquice, e nas relações afetivas repetir as mesmas leseiras dos casais héteros: a relação de dominação, o desconhecimento, o embrutecimento. Na televisão, como na mídia seqüelada em geral, essas minorias só podem aparecer se forem travestidas pelo véu do circo de variedades. Vide BBB, meu bem. No dia em que uma bêetcha com saque chegar num programa desses e começar a desmontar, aí, mana, eles vão ver o que a Maria pegou na capoeira, ah, se vão. Olha a comunidade “Homofobia, Já Era!”, no Orkut, por exemplo: botam pra quebrar, falam, discutem e ainda tem cada gatinho e gatinha… Ui!

As minorias já sacaram que não precisam da mídia, mas ao contrário: a mídia precisa avidamente delas. Como mercadorias, claro. Jamais pelo talento, inteligência, ternura e humor. Isso não cabe nem na telinha nem nas páginas das seqüeladas, amarelas ou de qualquer outra cor.

O MEDIUM TELEVISIVO E A OPINIÃO PÚBLICA

INFORMAÇÃO E ETHOS

De onde vem a informação? Ela não tem origem ou uma raiz. Ou ainda: não é uma propriedade privada de um dono que a controla. Ela caminha à medida que faz seu caminho, atravessando os diversos canais que se constituem pelo espaço perceptivo a partir das experiências singulares e únicas, produtoras da pluralidade heterogênea. Atualização de virtuais que, sem cessar, desmancham-se a cada nova intersecção de canais. Flutuação. Queda livre que desequilibra os pólos clássicos: emissor e receptor. Variação. Encontro de diversidades. Ares, Marte e Ogum. Confronto. Batalha. Estratégia que vai tecendo os saberes no tecido social, produtor polivalente de elementos necessários à criação da opinião pública como doxa pública: materialização das composições dos corpos, criação da palavra como agente gerenciador do bem comum na cidade, salto para lá da ordem constituída que tenta frear, sem conseguir, os desejos incessantes. Alegria rejeitadora do Topos Uranos platônico. Ela é mais sofista e, sem dúvida, estoicista. Movimento. Violentamente apartada da causa primeira imóvel aristotélica. Produção espacial sensorial: objetos, coisas, ações, tudo emite, todos são receptores. Não há igualdade, posto que não haja hierarquia. Não é arborescente. Traça mapas. Onde a percepção a acha, ela não é de outro modo. É o mínimo ou o máximo de modo de ser que ela pode sustentar. Não tem ser. Não tem nada a suas costas. Não guarda segredos. Caminha no caminho que cria. Traça as linhas por onde corre na rede que constrói.

Poderíamos por um esforço de extrapolar a ordem etimológica dizer: a informação é uma in-formação, não tem forma. Ou: in-formação, são fluxos contínuos de partículas estranhas às já predominantes que são incluídas na forma, e assim, a desestrutura.

Eis o absurdo semiótico. A informação não é o que abarca uma série de signos que depois de relacionados com os seus referentes, aquilo que eles designam, tornam-se códigos, semanticamente estabelecidos, com seus sentidos bem definidos na área que irá ser requisitado. “Fora” dessa abstração vazia, não há informação. O receptor não compreende a mensagem emitida. Não faz sua interpretação, pois está sem solo significante, não tem referencial, está prestes a cair no abismo. Mas é este abismo que nos interessa. É este fora a nossa superfície, o nosso sentido. O sentido que não tem referencial, apenas é o que é enquanto é o que consegue manter no seu nível mínimo ou máximo de sua atualização.

O ethos grego também caminha por aí. Ele não surge como palavra-dicionário ou semântica com sentido restrito. Ele salta das experiências dos gregos antigos com a arte de apascentar os rebanhos (nemein) a fim de organizar, distribuir, dividir e assentar (dá morada) aos animais no pasto. Surge de uma relação direta com a terra, com a superfície, com o rasteiro. Salta da práxis de criar território que sirva de morada, habitação, onde possa haver práticas, relações entre os homens e as coisas e o meio em um espaço perceptivo. Práticas desenvolvidas em contratos que materializam uma forma de organização que mexe, desestrutura e muda a anterior. Práticas antes de regras. Regras para o bem comum. Nomos. Heráclito dizia algo como as necessidades das leis são como a necessidade da muralha. Muralha que não é apenas tijolos escalonados, mas polis: criação do espaço público, onde todos falam e todos ouvem, onde todos aparecem com os seus talentos para a criação de uma morada onde o bem comum seja necessário e as privações tenham suas forças diminuídas. Ethos não é ética (etiké) e ética não é moral. Muito menos palavras abstratas nulas, mas potencializações que se fizeram materializadas no corpus social.

Ética é o conjunto de fatores que estabelecem as práticas necessárias para a produção do bem comum. É o movimento que vai singularizando as ações dos indivíduos e as organizando dentro de um território. Isto para organizar este território. Organizar a morada em vários níveis. Atualizar os fluxos materiais e imateriais, segundo a necessidade do bem comum. Potencializar as singularidades e proporcionar processuais de singularização. Se pseudos políticos, assim como padres, pastores, professores e outros, tendem a confundir ética com moral é porque estes são conservados na tranqüilidade das prescrições ordenadas da temporalidade e espacialidade dos fóruns das subjetividades perversas como a do cristianismo (onde Cristo não é filho de Maria, mas pauliniano). Moral é o aprisionamento em regras que nascem antes da prática comunitária. Coordenadas normativas circunscritas ao íntimo de uma doutrina como a da igreja, da psicanálise, da escola, da família e do Estado. Enquanto a ética movimenta potências comunitárias para o bem comum, a moral limita-se a defender regras privadas que não alcançam o público.

Daí inferirmos que a informação caminha junto aos processuais que vão tecendo o ethos. Daí pensarmos que quando a informação é atribuída e reduzida ao seu corpo morfológico e sintático, ela tem sua força diminuída e tende a se harmonizar com o estado de coisas. Ela não cria, não produz, mas conserva, tenta se manter no estado de coisas.

É na mídia onde isto se torna notório. Nela a informação não produz uma morada onde os fluxos materiais e imateriais possam se materializar e atravessar as formas estabelecidas para perturbá-las. Nela não há disrruptura. Não há guerra. Há a harmonia tranqüila da confirmação da subjetividade capitalística que faz da palavra e da informação um signo-mercadoria, fechado em si mesmo, posto que acumula identidades.

A informação na mídia é convidada a se deitar no leito de Procusto. Ela, a informação, é adequada e sintetizada. É reduzida à moral midiática, que é a mesma do mercado capitalista. Salta daí a preocupação de percebermos até onde a informação é recolhida ao seu sentido semântico na mídia e, em especial, no telejornalismo. É desta preocupação que esta coluna continuará seu exame sobre o telejornalismo televisivo. Como a informação, enquanto despida do ethos e da ética, porém sobrecarregada de moral, encontra nas escaladas que organiza a estrutura do telejornalismo seu berço mais sereno, é nesta submídia que procuraremos agir.

Esta coluna acredita na possibilidade da expansão da consciência pelas experiências autênticas que fazem soltar novas percepções, a criação de novos olhares sobre o mundo. Na alegria-estética de perceber o medium televisivo como uma violência à inteligência coletiva, contamos com a sua contribuição.

MANAUS: UM PASSEIO PELA NÃO-CIDADE

VITÓRIA DOS ESTUDANTES CONTRA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA UEA

Conforme acompanhamos aqui neste Bloguinho e na coluna ‘Manaus: um passeio pela não-cidade’, os estudantes do curso Normal Superior da UEA vêm travando uma batalha para usufruir do direito à complementação do curso Normal Superior para Pedagogia, conforme a resolução CNE/CP No 1, de 15 de Maio de 2006, do MEC.

Quem acompanhou os acontecimentos pôde perceber que os estudantes que mais se envolveram nesta luta pela cidadania foram os que não estavam engajados em nenhum movimento estudantil organizado. Ao contrário, estes movimentos pouco fizeram para que esta complementação entrasse na pauta da universidade.

Também a própria instituição sustentou uma série de entraves, e foi necessário que os estudantes se manifestassem, falassem e exigissem pelo diálogo os direitos adquiridos.

Pois bem, na última quinta-feira, dia 24, em reunião do Conselho Universitário da UEA, foi aprovado por unanimidade o Projeto Pedagógico do Curso. Nele, está incluso o direito aos atuais estudantes do Normal Superior em migrar para Pedagogia, apenas “pagando” as disciplinas necessárias à adaptação. Aos que já concluíram, pode ser feita a habilitação para a Pedagogia, sem no entanto adquirirem a graduação na área.

Fontes intempestivas informaram a esta coluna, no entanto, que nenhuma menção foi feita durante a reunião em relação à luta dos estudantes, e que – como quase sempre – a instituição quer produzir a ilusão de que partiu dela a iniciativa para que a migração ocorresse.

Fica aqui, portanto, documentado e publicado, as notícias, informes, análises da luta destes estudantes por um direito garantido no nível federal, mas quase cassado pela instância estadual.

UEA: INSTITUCIONALIZAÇÃO E MOBILIZAÇÃO ESTUDANTIL

FALTA DE DIÁLOGO E AMEAÇAS A ESTUDANTES NA UEA

DA AUSÊNCIA DE DIÁLOGO NA UEA

Colabore com a coluna Manaus: um passeio pela não-cidade, e enfraqueça os blocos de afetos e percepções clichezadas que impedem o engendramento das comunalidades. Mande sua sugestão de tema para afinsophiaitin@yahoo.com.br.

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

AS CORES E AROMAS DO DESINFETANTE DE SEVERINO DE OLIVEIRA

Ele vai empurrando seu carrinho com garrafas coloridas e, para quem quiser experimentar, também sentirá que os cheiros também são vários, além da eficácia garantida de seu produto: o desinfetante. Ele sabe que trabalha com um produto caseiro, que na atual sociedade precisa competir com os industrializados em larga escala, talvez por isso que algumas senhoras do tempo em que elas próprias produziam seus próprios materiais de limpeza com as essências naturais prefiram seus desinfetantes. Mas outros rapazes, mais jovens, também os preferem pela sua qualidade pela beleza da cor e pela particularidade do cheiro. Ele não tem pressa em atender todas e todos, abrindo cada garrafa para o freguês provar a essência que melhor lhe aprouver. Seu nome é Severino de Oliveira e nesta entrevista para a economia menor nos deixa seus saberes e dizeres, realizando cotidianamente uma luta dos que ganham a vida trabalhando com um produto caseiro, quando este já foi dominado pela grande indústria. Mas correm nas linhas paralelas…

Bloguinho — Você é…

Severino — Sou Severino de Oliveira.

Bloguinho — Quantos anos o senhor tem?

Severino — 50 anos.

Bloguinho — O senhor é daqui mesmo do Amazonas?

Severino — Não, eu sou de Cajazeira, na Paraíba.

Bloguinho — O senhor veio da Paraíba pra cá?

Severino Não, antes eu fui para o Rio de Janeiro. Eu morava numa favela, muito abandonada, era a Vila Verde. Lá havia muita violência, conflitos, aí eu resolvi me mudar, e vim aqui para o Amazonas, acho que em 1997, não lembro bem.

Bloguinho — Hoje o senhor trabalha com esses produtos?

Severino — É, faz dois anos que eu produzo e vendo desinfetantes.

Bloguinho — Antes o senhor trabalhava com quê?

Severino Na Paraíba, eu trabalhei muito tempo na SBS, como montador B, mas ela fechou e eu fui despedido. Quando eu vim para cá, trabalhei uns três anos na padaria com o meu irmão, o Zé, que me ajudou muito a sobreviver no início por aqui, mas eu queria trabalhar por conta própria.

Bloguinho — Aí passou para o desinfetante…

Severino — Foi. Mas primeiro eu trabalhei também durante um bom tempo com detetização. Até hoje eu faço serviço de detetização quando encontro alguém interessado.

Bloguinho — Como é produzido seu desinfetante?

Severino — A gente usa vários produtos: essências, corantes, fixador, aí tem que saber a fórmula e caprichar pra fazer forte e cheiroso.

Bloguinho — Quais são as essências?

Severino São muitas: eucalipto, amanhecer, floral, alfazema…

Bloguinho — Então não é verdade o boato de que esse desinfetante caseiro é feito com um desinfetante industrial diluído em três, quatro litros?

Severino — Não, não, isso é mentira, tanto que o nosso produto é mais forte e mais cheiroso. Nós vendemos muito mais barato — no supermercado, um de 500ml tá custando R$1,40, nós vendemos 2 litros por R$ 1,50 — devido aos impostos que nós não pagamos, e talvez porque não temos ambição de lucros tão grandes, não sei.

Bloguinho — Qual é o seu lucro?

Severino — Uns 20, 30% de cada.

Bloguinho — Quantos o senhor vende por dia?

Severino Varia muito. Tem dia que vende só uns 10, já tem dia que vende tudo que cabe no carrinho, uns 60.

Bloguinho — As condições das ruas para esse carrinho com certeza não ajudam muito.

Severino — Não me ajudam muito. Já não bastam as ladeiras, as ruas estão horríveis. A minha própria esposa, faz uns três meses, foi descer do ônibus, caiu dentro de um buraco, tá lá com a perna capengando. Tudo é pra prejudicar a vida do trabalhador, dos pequenos.

Bloguinho — Mas o senhor acha que as coisas podem melhorar?

Severino — Tem de melhorar. A gente bota outro prefeito. E a gente vai lutando pra sobreviver. As coisas não estão boas, mas dá pra viver…

COLUNA VERTEBRAL

Se a Vertebral não analisou nada se realizou

# – Aprendi com a filósofa Filó, que aprendeu com o filósofo Michel Foucault, que o saber é poder, não poder como tirania, mas como força ação e reação produtiva. Movimento, entrelaçamentos, relações, atos desviantes, indutores, facilitadores, ampliadores, limitadores, em suma, o “pensamento como estratégia.” O poder como Potência democrática constitutiva do Bem Comum. Tudo que instituições de ensino ‘feudalizadas’ não sabem. Instituições em que seus dirigentes, de acordo com suas inseguranças ontológicas, tomam como suas propriedades tornando-as fonte de seus interesses. Belo exemplo, Ambrósio: instituição publica restritivamente o anuncio da abertura de duas vagas para residência médica específica, com claro propósito de beneficiar apaniguados, mas como diz Baudrillard, que “o segredo do secreto é não ter nenhum segredo,” o invisível tornou-se visível, extrapolou a tirania, e alguns “engraçadinhos” realizaram a singularidade da comunicação: levaram a notícia para territórios do saber além do imaginado pela ‘douta’ direção. Agora está chovendo inscrições. Tudo que afirma o saber como potência democrática. Então, Ambrósio, o saber é um não é um direito de todos engajados na produção de um existir feliz? Segundona gorda apesar TDPM- Transtorno Disfórico Pré Mentrual.

# – Enquanto a Bandinha do Outro Lado da Rua, da rua Rio “Poseidon” Jaú, no Novo Aleixo, esquenta o couro dos atabaques, nas capitais do carnaval popular, Olinda e Recife, as respectivas prefeituras resolveram fazer uma folia comunitária, e distribuir – sob prescrição médica – a famosa pílula do dia seguinte, também conhecida como “antes tarde do que na maternidade”. Adivinha quem foi contra o projeto, e resolveu ser a defensora da imputabilidade xoxotal? A igreja, claro! Mas o governo Lula, que não é o FHC, tem o ministro Temporão, que não é o Serra: com suas belas madeixas, o ministro-gato foi pra cima dos teocratas, que pensam que estão nos Estados Unidos, onde a igreja se mistura com a política. Defensor de políticas públicas de planejamento familiar que leve em conta a escolha e atuação do cidadão, Temporão foi um dos poucos que resolveu encarar a ignorância e a vontade decadente de controle das potências perpetrada pela igreja paulina. Mais feminista que isso, meu bem, só…

# – “Ô, abre alas que eu quero passar!” Não precisa pedir, amor, tu estás sempre passando. Sempre passando, nem que seja da conta. Depois de muita lambança-especular, a Banda da Bica, carregando seu Complexo de Branca de Neve, mostrou mais uma vez que nunca tomou água da bica. Tudo depois de executar o seu desnarcisado signo circular, estimulada por parte da imprensa, e o ouvir o velho eco: “Espelho, espelho meu, quem é mais irreverente e satírica, que eu?”. Busca da auto-glorificação. “Esqueçam, biqueiros, Dionísio jamais sairá deste espelho. Muito menos o cheiro de sátiro. Este espelho só reflete vocês mesmo. Cada imagem tem seu próprio Alter Ego. Vocês são vocês, não há mais o que tirar ou pôr”. “Sempre é carnaval! Vamos embora, pessoal!” A Laiza se meteu a andar de Banda, levou cutucada, rasteira, cusparada, pisada, e como é lusitana, levaram-lhe a boceta. Mesmo com a violência, ficou feliz: pode adquirir outra. Não sabemos se aqui em Manaus é possível. Diante destas suaves ocorrências, a Pipita ajuizou que em certas Bandas, carnaval está pior do que encontro das torcidas do São Paulo e Corinthians.

“Quero amar! Quero Amar!

O amor é lindo, mamãe,

Mas eu nunca vi.

Será que não sou filha de Deus,

Ou sou o próprio amor: cega?”

Quero Rock, quero toque,

Quero…

Beijos e Abraços Vertebrais Dionisados!

*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*

Chagão!

Θ IMPRENSA ARGENTINA PENSA O FUTEBOL PARA ALÉM DAS 4 LINHAS. Diferente do Brasil, onde a violência das torcidas, para a imprensa, não passa de um caso de polícia, como já afirmou o barra brava Flávio Prado, nos vizinhos albicelestes o assunto é discutido com um pouco mais de lucidez. O ‘Chagão!’ apresenta artigo publicado esta semana na revista eletrônica Infobae.Com, pelo jornalista Alejandro Duchini, repórter esportivo há dez anos e editor-chefe do site. O texto fala sobre os últimos acontecimentos no futebol local envolvendo a violência de torcedores, e mostra que há muito mais do que apenas paixão cega pelo clube em jogo. A tradução, capenga, é do ‘Chagão!’:

Jogadores e técnicos contam cada vez menos com seus próprios torcedores. A violência chegou para ficar e há jogadores que já não tem prazer em estar em campo. Agora os agressores são, também, garotos muito jovens.

A pedrada que tirou do time do Racing o jogador Erwin Ávalos dada por um garoto de aproximadamente dez anos que participava de uma colônia de férias não deve ser considerado um fato isolado. O resultado não foi somente um corte no queixo, e dá o que pensar e refletir sobre o caso.

Sucede nos campos de futebol o mesmo que nas ruas de nosso país quando nos inquietamos e nos preocupamos, quando casos de polícia são protagonizados por garotos cada vez mais jovens.

Mas por que este garoto e seus companheiros atiraram pedras? Não se trata de que tenham dado pedradas nos jogadores do Racing; no final, seria o mesmo que atirassem pedras em pessoas que passavam na rua. O preocupante é sua atitude, que não se sabe de onde parte. Não pode ser considerada parte de uma travessura. Tratam-se de crianças de uma colônia de férias que não apenas deviam estar sendo acompanhados por professores, e que também deveriam ter incorporado certa educação familiar. Algo falhou.

Este é mais um na lista de acontecimentos recentes que fazem os protagonistas de nosso futebol tenham cada vez menos vontade de jogar ou dirigir.

Cristian Lucchetti, um dos melhores arqueiros – de longe – do futebol argentino, que bem podia estar na seleção, disse em uma reportagem no jornal La Nación ontem: “Sofro cada vez que tenho que colocar as luvas”, se lê no título. E abaixo, numa nota, se explica: “Profissionalmente perdi a alegria quando entro em campo”.

Na reportagem diz também que aos 21 anos planejava abandonar a carreira aos 28: “Note como já tinha a cabeça um pouco cansada com o que já tinha encontrado no futebol profissional”. “O futebol é minha vida, mas não desta maneira. E o faço, na verdade, apenas porque economicamente me serve”.

São compreensíveis suas palavras, mas demonstram o grau de saturação a que se submete o profissional estando em um mundo tão tenso quanto o do profissionalismo”.

Sem ir mais longe, um grande como Gabriel Batistuta, que diferente de Lucchetti passou por todas as fases e jogou na Europa, passou pelas mesmas dificuldades: “Durante a semana, nunca me divertia nos treinamentos. E aos domingos, só me divertia quando a equipe ganhava e tinha uma atuação perfeita”, disse em uma entrevista a Fernando Niembro esta semana.

Preocupa-me muito o tema dos Barras Bravas. Na Itália, há barras por todos os lados, mas se os controla de alguma maneira. Aqui, esta gente está dentro dos clubes. É diferente… Além disso, a questão dos árbitros me incomoda, porque têm pouca autoridade e estão sempre em dúvida. Quanto a [Miguel Angel] Russo, também me incomodou, não gostei de sua saída, porque havia feito coisas boas o suficiente para continuar. Fez uma boa campanha, mas teve que sair porque aqui se tem que ganhar ou ganhar”, acrescentou, quando falou sobre seu futuro como consultor técnico.

A pergunta que surge, então, e que tem estritamente a ver com o esporte, é: “Quanto perdemos por sermos [no esporte] como somos na sociedade?”.

Sobram exemplos de intolerância. A Juan Román Riquelme não perdoam se quer deixar a seleção, e o insultam. Não se respeita a sua postura que nada mais reflete do que um nível de saturação que pode atingir a qualquer um. É, no final de contas, um ser humano. Não tem que um super-homem.

Tampouco o é Daniel Montenegro, o melhor jogador do Independiente da atualidade mas que, em contrapartida, é chamado de pé-frio. Quantas equipes gostariam de ter um Montenegro em seu elenco!

E Ariel Ortega? O grito de ‘bêbado’ escapa de cada garganta dos torcedores rivais da vez. É claro: esquecem que sua dependência não deveria gerar um ataque gratuito. Mas há agressões que são aceitas em qualquer nível social. E esta é uma delas.

Vale citar também o que acontece com os jogadores do San Lorenzo, que quanto eram dirigidos por Oscar Ruggeri sofreram uma goleada inesquecível frente ao Boca, por 7 a 1, no Novo Gasômetro. As broncas naquela semana de treinamento se fizeram muito mais contundentes.

Diego Maradona também não escapa às agressões: Maradroga, cheirador, etc. E isto porque ele mesmo reconheceu a sua dependência. Mesmo assim, não lhe perdoam.

Como também não perdoaram a seu tempo alguns torcedores do Vélez a Carlos Bianchi, se foi treinar o Boca.

Senhores: o futebol tem dessas coisas. A Sociedade também. E ambos são inseparáveis”.

Por Alejandro Duchini.

Θ BOCA ABOCANHA PRIMEIRO SUPERCLASICO DO ANO. Com as duas equipes modificadas, e com novos DT’s (Simeone – River e Ischia – Boca), o Superclasico foi cercado de lances e atuações duvidosas. Mais uma vez, o salvador da pátria xeneize foi o Topo Gigio, Román Riquelme, que participou das jogadas dos dois gols boqueiros, marcados por Battaglia e Palermo. O certame portenho (Clausura 2008) começa no mês que vem, e você acompanha aqui no ‘Chagão!’.

Θ EUSÉBIO, O PANTERA NEGRA, CRAQUE DE PORTUGAL/MOÇAMBIQUE. Dizem que a maior parte dos craques vem da América do Sul, e que os grande heróis europeus, quando não são raros franceses, italianos, mirrados ingleses ou alemães, são, ou holandeses ou naturalizados. Foi o caso de Eusébio, craque nascido em Moçambique e logo naturalizado português (não é de hoje que Portugal é um dos países que mais se “reforça” com craques estrangeiros sua seleção nacional, embora conte com grandes jogadores, como Cristiano Ronaldo, Figo, dentre outros). Eusébio deu show na Copa do Mundo de 66: quando todos esperavam o show de outro negro (Pelé), foi Eusébio que carregou os lusos até a sua melhor colocação em um mundial, e bem na primeira participação: terceiro lugar, e sem a ajuda do juiz, que preferiu colocar frente à frente os donos da casa e os alemães. A copa foi para a Inglaterra, mais furtada do que a de 1978, ganha pelos argentinos, mas a seleção que encantou tinha o centro-avante do SL Benfica, que completou esta semana 66 anos, ao lado dos amigos e sempre simpático. Aqui você encontra uma breve biografia do Pantera Negra. Aqui, um documentário sobre o craque. Aqui, um vídeo com alguns gols de Eusébio. E ainda tem francês que pensa que Kaká é o rei das arrancadas…

Θ AMAZONENSE 2008. Segunda rodada neste final de semana marcou com o clássico entre Rio Negro e São Raimundo, no Vivaldão. Com os resultados, que você confere abaixo, São Ray e o Leão da Vila Municipal lideram, cada um com seis pontos. Fast, Princesa e Sulamérica vem logo atrás, com 4; Holanda, América e CEPE, com 1 pontinho, e segurando a lanterna, Rio Negro e Libermorro. Placar:

2ª Rodada

Sábado, 26/01

CEPE 1 – 1 América

Sulamérica 0 – 0 Princesa do Solimões

Domingo, 27/01

Libermorro 0 – 5 Fast Clube

Rio Negro 1 – 2 São Raimundo

Holanda 0 – 1 Nacional

Θ COPA AFRICANA DE NAÇÕES. Segunda e penúltima rodada da fase de grupos em Gana. Tem quem já esteja pensando nas quartas-de-final, e tem quem já tem passagem marcada de volta pra casa. Acompanhe os resultados e os prognósticos:

Grupo A

Guiné-Conakri 3 – 2 Marrocos

Gana 1 – 0 Namíbia

Gana lidera com 6 pontos, e com um empate com o Marrocos se classifica. Caso Guiné-COnakri goleie a Namíbia e o Marrocos o faça com Gana, os donos da casa dançam, mas é difícil que aconteça. Provavelmente dá Gana e Marrocos.

Grupo B

Costa do Marfim 4 – 1 Benin

Nigéria 0 – 0 Mali

Os Elefantes já estão classificados, a outra vaga fica entre Malineses e Nigerianos, a grande decepção do torneio até agora. Aos malineses basta um empate diante dos marfineses, e as águias não dependem apenas de si. Precisam da derrota de Mali e ganhar no mínimo por 3 gols de diferença do Benin para se classificar. Nesta briga, apostamos na Nigéria.

Grupo C

Camarões 5 – 1 Zâmbia

Sudão 0 – 3 Gâmbia

Os egípcios, atuais campeões, estão com pé e meio nas quartas-de-final. Camarões e Zâmbia lutam pela segunda vaga, que deve ser dos camaroneses, já que na última rodada encaram os sudaneses, enquanto a Zâmbia pega os egípcios.

Grupo D

Senegal 1 – 3 Angola

Tunísia 3 – 1 África do Sul

Grupo mais equilibrado até aqui, Angola e Tunísia tem chances de chegar às quartas, cada uma tem 4 pontos. Senegal e África do Sul tem 1 cada, e se enfrentam na rodada final. Se um dos dois quiser se classificar, além de torcer pra que a partida entre os líderes não termine em empate, precisa golear o adversário por pelo menos 4 gols de diferença. Deve dar Angola e Tunísia se maiores sustos.

Θ CAMPEONATOS REGIONAIS EUROPEUS. Resultados e um breve resumo das rodadas de alguns campeonatos regionais do Velho Continente.

ALEMANHA: A Bundesliga alemã entra em recesso no final do ano. Só teremos prosseguimento, com a 18ª rodada, no segundo dia do mês de fevereiro, em plena folia momesca.

ESPANHA: 21ª rodada, e os madrilenhos do Real começam a comemorar antecipadamente o campeonato. No Santiago Bernabeu, o time Blanco venceu o terceiro colocado, Villareal, por 3 a 2, aumentando a diferença entre os dois para 15 pontos. O Madrid tem 53. Entre eles, o Barça, que está 9 pontos atrás, empatou no Sam Mamés com o Athletic Bilbao, 1 a 1, com direito a Messi e Bojan. Atlético de Madrid e Espanyol completam os cinco primeiros.

FRANÇA: Na 23ª rodada, o Lyonaiss tropeçou fora de casa contra o St. Etienne, 1 a 1, mas se beneficiou, pois o segundo colocado, Bordeaux, perdeu fora de casa para o Lorient, 1 a 0. A distância agora é de 4 pontos. Sete pontos atrás, o Nancy perde fôlego cada vez mais, e empatou sem gols contra o Auxerre. Nice e Monaco completam os cinco primeiros.

INGLATERRA: A 24ª rodada só teve um jogo ontem: Aston Villa 1 – 1 Blackburn. O restante da rodada será jogado entre os dias 29 e 30 de janeiro.

ITÁLIA: 20ª rodada do Calcio Serie A, a Internazionale empatou sem gols com a Udinese e deu chance para que o Roma volte a sonhar. O time da capital venceu por 1 a 0 o Palermo, e joga contra os líderes na próxima rodada. Se vencer, coloca fogo no certame. A Juventus, terceira, venceu por 3 a 1 o Livorno. Fiorentina e Udinese completam os cinco.

PORTUGAL: 17ª rodada, com o clássico entre Sporting Lisboa e FC Porto. O time dos leões venceu por 2 tentos a 0 os líderes, e deu a chance ao Benfica, segundo colocado, de diminuir a abissal diferença na tabela. Os benfiquenses venceram o Guimarães por 3 a 1. A distância ainda é de 8 pontos. Guimarães e Vitória de Setúbal completam os cinco primeiros.

GRÉCIA: 18ª rodada, e o AEK se segura na frente, um ponto de vantagem, vencendo o Levadiakos por 3 a 0. Em segundo, o Olympiakos venceu em casa o Aris, por 1 a 0. O Panathinaikos, terceiro, venceu fora de casa o PAOK, 1 a 0. Asteras Tripolis e Aris completam os cinco.

HOLANDA: 22ª rodada, e o líder PSV venceu o Excelsior por 2 a 1. Logo atrás, o Ajax tropeçou fora de casa, 2 a 2 com o Vitesse. A diferença agora é de 5 pontos. Em terceiro, o Feyenoord empatou com o FC Gronigen, 1 a 1. Heerenveen e FC Gronigen completam os cinco.

Θ SUB-RŨIM NO CAMPO DO ROMA, no Novo Aleixo, Zona Leste de Manaus. O campeonato que a cada domingo aumenta em número de jogos ontem, agora na terceira rodada, foram 8 jogos — e também, o que é melhor, em bonitas jogadas e alegria de brincar e de ver pelas pessoas que compareceram na grade pelo lado de fora, nas lajes das casas próximas e até na mangueira.

Nesta rodada, forma 4 empates: Unidos da 22 e Fast, assim como Lourival e Careca, empataram sem gols; já o Unidos da 83 e o Rouxinol fizeram 2 cada um e Roma e União ficaram no 3 a 3; o maior número de gols da rodada apareceu na pontaria do Tiro Certo sobre o São José dos Campos por 5 a 4; o Unidos da 16 mandou um para cada cor do Tricolor, vencendo por 3 a 1; e o Argentina Júnior não apareceu mesmo, deixando a vitória no WO para o Força Jovem.

e
Arsenal                                             Flamengo

E no jogo que o bloguinho acompanhou, o Arsenal saiu na frente logo no início, e prosseguiu num jogo de boas jogadas para ambos os times, mas ambos também com bons goleiros, que deixaram assim o placar até o final do primeiro tempo. Mas logo no início do segundo, o Flamengo, depois de sucessivos ataques, empatou, e continuou atacando, mas num contra-ataque rápido, o Arsenal segurou o 2 a 1 até o final. Clique e veja algumas imagens desta rodada…

DUAS NOTAS HARMÔNICAS

Notas Musicais

PRIMEIRA NOTA – RÉ – O prefeiturável disangélico Silas Câmara, sobre os buracos de Manaus: “Quando eu disser que um buraco precisa ser tapado, quem me conhece sabe que o primeiro que vai estar lá talvez seja eu, prefeito, com uma picareta na mão, cavando o asfalto e tapando o buraco”. Embora o humor involuntário já esteja presente abertamente na fala, é preciso extrair dois enunciados que saltam. 1) o “talvez”, que pode indicar que o apocalíptico Silas não tem tanta confiança que será prefeito, o que para o marketing eleitoral é pecado mortal, ou; 2) que “talvez” seja ele o primeiro a estar lá. Se for o primeiro, com picareta e cavando o asfalto, quando o segundo chegar, encontrará outro buraco para tapar, feito pela picareta do prefeito, que para tapar um, abriu outro. Talvez, porque se ele não for o primeiro, pode ser o último, mas então empata com o atual, que só chega na obra a tempo de inaugurá-la. As casinhas de saúde que o digam. E aí, como fica, Serafim?

SEGUNDA NOTA – SOL – Frase do Deputado Sinésio Campos sobre eventual candidatura do PT à prefeitura de Manaus: “Nenhuma discussão de candidatura dentro do PT pode ser feita hoje sem o meu nome”. Estaria Sinésio falando como presidente regional do partido (que ainda não é)? O enunciado remete à apropriação. Mesmo que queira, Sinésio não reduz o PT à pequenez da subserviência ao governo do Estado. Mas o projeto de partido que ele apóia passa por uma candidatura a vice do até então candidato a candidato do governador Braga: Omar Aziz. O problema é que Omar, embora não se saiba suas preferências futebolísticas, carrega o mesmo signo que o Vasco da Gama adquiriu nos anos 90: eterno vice. Omar é vice-governador, já foi suplente e vice-prefeito. Nunca foi eleito como titular. Pela lógica, Sinésio vice de Omar é levar o PT ao incômodo cargo de Vice do Vice. E aí, como fica, PT Oh, My Darling!?

DOS MICROFASCISMOS DOS GENOCÍDIOS PROMOVIDOS POR BUSH

Nas guerras se organiza um exército para que com ele se invada e domine um território da maneira mais rápida e mais devastadora, o que resulta sempre em muitas mortes. Quando o trabalho acaba para um soldado, ele retorna à sua terra, onde agora, livre de inimigos, continua os percursos de sua vida civil, como se nada tivesse passado no tempo que esteve em combate. Pelo menos isso é tudo que o governo e parte do povo americano ver.

Entretanto como mostra uma reportagem publicada recentemente pelo jornal estadunidense The New York Times, estes soldados voltam da guerra perturbados, capazes de fazer qualquer coisa quando se sentem ameaçados e confusos, inclusive matar aos outros e a si mesmos inconseqüentemente. Foram registrados pelo jornal 121 casos de assassinato envolvendo veteranos do Iraque e Afeganistão. A maioria destes não recebeu ajuda psicológica quando retornaram da guerra, vindo a recebê-la apenas após serem julgados pelos crimes cometidos.

Em quase todos os casos, apesar da incredulidade de muitos civis e militares, a causa destes crimes está ligada ao fato destes veteranos estarem passando pelo Transtorno de Stress Pós Traumático (PTSD), um transtorno que vai além das bases psiquiátricas, pois o que acontece é um fenômeno psico-social ligado à realidade de um país que cria uma guerra traumatizante e o pior, uma guerra cheia de interesses, exploração e tentativa de manter o imperialismo decadente, sendo um afronte ao bom senso, fazendo os americanos perguntar: Por que lutamos?

Segundo relatos de familiares, médicos e soldados, este transtorno traz algumas conseqüências: comportamento paranóico, ansiedade, medo de um ataque, isolamento, uso de álcool e drogas, constante necessidade de estar com uma arma. Percebe-se nas palavras do psiquiatra Robert Lifton, que trabalhou com rap music com os veteranos do Vietnam que apresentaram este transtorno, a relação do trauma com a mudança do comportamento: “Quando eles passaram pelo combate, você tem que suspeitar imediatamente que isso vem tendo algum efeito, pois é uma experiência tão poderosa que desconsiderá-la seria artificial”. Relatos como este podem ser recebidos com muita desconfiança por pessoas que não vêem conexão entre a guerra e o comportamento homicida, como se pode ver nas palavras de um familiar de uma vítima: “Me desculpe, mas isto me parece um afronte, como se estivessem que usar a guerra como desculpa para a morte do nosso filho, mas o assassino nunca mostrou remorso… Seu avô, meu pai e muitas pessoas estiveram lá, fizeram aquilo e não lhes afetou”.

Vemos que esse tipo de guerra, na verdade um massacre genocida, é uma opção despersonificadora nas palavras da mulher de um veterano: “Eu coloquei uma pessoa no navio, levando-o pra lá e eles me mandaram de volta uma pessoa totalmente diferente”. A palavra de outro psiquiatra confirma isto: “Quando as pessoas são expostas a um sério trauma e não se tratam, isto é um sério fator risco para violência”.

Além dos crimes que a reportagem comentou, há inúmeros outros casos não percebidos envolvendo veteranos como desestruturação de casamentos e famílias, aumento de dívidas, dependência profunda de álcool, problemas em menor grau com a justiça. Embora os militares e o governo entendam a necessidade de se fazer um tratamento psicológico com os soldados que retornam da guerra, eles descrevem este serviço como sobrecarregado, desqualificado e inadequadamente pago, mas preferem deixar o serviço assim, pois têm outras coisas a tratar. O fato, entretanto, é que foi criado um conflito armado que envolveu cidadãos americanos e que têm deixando seqüelas individuais e sociais, onde uma das características é o pensamento xenófobo: qualquer pessoa árabe é potencialmente um inimigo ou um terrorista. De volta para casa, são os cidadãos americanos que se tornam alvo. E o pior é que quando retornam para seu berço, encontram a população amedontrada da mesma forma, com medo de um ataque terrorista, sem serem capazes de perceber que elas fazem parte do terror, assim como mostra Win Wenders no filme Medo e Obsessão.

É obvio que os soldados quando retornam a sua terra também voltam apavorados, fracos, inseguros e são jogados em um mundo paranóico, assim como disse o soldado Joshua Pol ao juiz que lhe condenaria por um assassinato: “Para te dizer a verdade, eu gostaria de ter morrido no Iraque”. Em outro caso, Sargento O’Neal não procurou auxílio psicológico com receio que o exército impedisse sua promoção, e algum tempo depois antes de seu segundo retorno ao solo iraquiano, acabou matando sua amante em um momento de raiva. Já no caso de Stephen Sherwood, que entrou no exército para conseguir um plano de saúde para sua mulher grávida (percebe-se que a causa dos problemas vai além de apoio moral à guerra, mas um caso social, e neste caso um caso da necessidade da saúde pública, já que o sistema de saúde americano é desumano) e que, uma vez na guerra, tirou uma licença para voltar aos Estados Unidos para o aniversário de um ano de seu filho. Enquanto estava comemorando, toda sua tropa foi morta, fato que lhe foi comunicado quando retornou à guerra. Meses depois quando voltou da guerra, matou a mulher e cometeu o suicídio.

Todos estes casos demonstram que, fomentando e exigindo os microfascismos cotidianos, nos Estados Unidos atualmente há um macrofascismo de Estado atuando não somente nações inteiras; mas isso é apenas o resultado do que o governo de Bush Jr. é internamente.

i iNDA TEM FRANÇÊiS Qi DiZ Qi A GENTi NUM SEMO SERO

@ NOVA JAZIDA DE GÁS PODE TORNAR PAÍS INDEPENDENTE. São tantas descobertas feitas pela Petrobrás nos últimos anos que o mínimo que se pode fazer é desconfiar que os governos anteriores não podiam por falta de entendimento técnico e por não acreditarem na independência e soberania econômica nacional ou não queriam investir em tecnologia e na expansão da estatal. Depois de Tupi e das descobertas que se seguiram, e que fizeram o país aspirar a uma cadeira na OPEP, não dá mais pra disfarçar a inapetência e falta de compreensão política de quem esteve décadas lá e nada fizeram. A nova jazida fica próxima à de Tupi, e foi batizada de Júpiter, por ter capacidade para atender a toda a demanda atual de gás e ainda sobrar para o eventual aumento ao longo dos anos. Com estes investimentos e descobertas, a confiança de que o Brasil pode “segurar a peteca” da recessão norte-americana, junto com outros emergentes já chegou às principais revistas do mundo (nem adianta procurar na Veja, isto você não vai ler lá. É aqui). Assim, com uma política interna e externa voltada para o desenvolvimento do país, ao invés da manutenção de uma pseudo-elite decadente e submissa aos interesses estadunidenses, o governo Lula vai mudando o país, aos pouquinhos, e contra toda a estrutura de poder de um Estado burguês com séculos de submissão nas costas, mesmo com PSDB, DEM-PFL, PMDB, PSOL-HH e outros, “aliados” ou não, atrapalhando. I inda tem françêis…

@ NEM MESMO O TIO SAM PODE COM O BRASIL. Diante de todas essas descobertas e investimentos do governo, nem mesmo a recessão norte-americana parece assustar os investidores que escolheram o Brasil para colocar seus ovos de ouro. O ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial, medido pela Confederação Nacional da Indústria, e que se refere ao grau de confiança do setor industrial no país é o maior desde 2005. O aumento foi registrado, ao contrário do que pensa FHC (que disse que Lula governa para as elites) principalmente entre as pequenas e médias empresas. Nas grandes, o valor não oscilou. Como o índice é medido desde Abril de 2005, na verdade pode-se afirmar que “nunca antes neste país” se teve um cenário tão propício ao desenvolvimento econômico e social. Isto significa mais empregos e a melhoria das condições de vida nas cidades. Mesmo com PSDB, DEM-PFL, PMDB, PSOL-HH, Dirceus, Globos e outro tentando remar contra. I inda tem françêis…

@ GOVERNO DO AMAZONAS QUER TIRAR PROVEITO. Que o governo Lula é o que mais investe na região Norte do país em todos os tempos não é mais novidade para ninguém. Aos poucos, a região que sempre foi produtora de riquezas e capital para o Sudeste e Sul vai conquistando, a duras penas, alguma autonomia econômica. Infelizmente, no Amazonas, esta realidade ainda está longe de mudar. Mas o governo do Estado quer fazer acreditar que tudo é diferente do que realmente acontece. Enquanto a economia continua dependente do modelo econômico que não cria condições de desenvolvimento sólidas (o Pólo Industrial de Manaus), o Governo Federal, ao menos com o Fome Zero, tem ajudado a melhorar índices de desenvolvimento humano. Segundo a UNICEF, o Amazonas foi o Estado onde o IDI (Índice de Desenvolvimento da Infância) mais agudamente cresceu, saltando de 0,520 para 0,669, um aumento de 28%. Como o governo não tem sequer um projeto de assistência social que tenha impacto coletivo, o vice-governador Omar Aziz aquele que teve o nome retirado da CPI da Prostituição Infantil pelo senador Arthur ‘Nosso Orgulho’ Neto, mesmo depois de ter ameaçado publicamente a então delegada da infância e da adolescência quando da visita dos parlamentares da CPI a Manaus —, como não podia contar vantagem e transformar essa conquista em marketing para seu governo, teve que citar o Projeto Cidadão, além do trabalho realizado pela Pastoral da Criança e o Programa Fome Zero. A diferença entre os programas citados pelo vice é que enquanto o primeiro é pontual, e traz poucos resultados práticos, os dois últimos tem um forte impacto na diminuição da desnutrição e da carência alimentar de crianças. É a ilustração de que a política se faz na mobilização coletiva, e não coaduna com práticas individualizantes, como o marketing e a política profissional disseminada. Poucos conseguem essa compreensão. Lula é um destes poucos. Não é o caso de Eduardo Braga e Omar Aziz. I inda tem françêis…

@ POLÍCIA FEDERAL APREENDE DROGA GLOBAL. A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira em flagrante um traficante de cocaína cujo nome não foi revelado. A prisão ocorreu num flat em São Paulo. Mas a polícia não encontrou apenas cocaína com o traficante. O ator global Fábio Assunção estava em companhia do traficante. A família do ator-global informou que avisou a polícia devido à insistência do traficante em oferecer seu produto ao contumaz consumidor, e que Fábio faz tratamento para se livrar da dependência da cocaína. A assessoria de imprensa do ator-global chamou o acontecimento de “rumores e boatos”. A Globo, como sempre, não falou sobre o assunto. Agora, se fosse o Maradona, sairia certamente nas primeiras linhas do bloco principal do JN. Não seria o caso da PF investigar qual a origem da droga, a fim de dar uma busca onde podem ser apreendidas outras de mesmo calibre? Neste caso, o traficante estaria limpo. O local a se procurar mais desta droga seria o endereço da Globo, no Rio de Janeiro. I inda tem françêis…

@ CLARA ROJAS PEDE FLEXIBILIZAÇÃO COM AS FARC. Assim como Consuelo González, a também ex-refém das FARC Clara Rojas, nos anos de cárcere, percebeu a complexidade da situação colombiana, e as tentativas de redução a um problema policial por parte de Uribe, Bush, Sarkozy e companhia. Clara discursou num encontro organizado pela FAES (Fundação para a Análise e os Estudos Sociais), presidida pelo ex-premier espanhol José María Aznar (aquele que comemorou o golpe de Estado na Venezuela em 2002, junto com a embaixada espanhola e os golpistas), em parceria com a fundação colombiana Vítimas Visíveis. Clara enfatizou o caráter complexo da situação, e afirmou que as atuais negociações entre Colômbia e as FARC são “um diálogo de surdos”. Instou o governo colombiano a cessar as exigências sem contrapartida, passando a levar em conta as reivindicações do exército revolucionário, ao mesmo tempo em que pediu a estes que se comprometam, em caso de sucesso nas negociações, a cessar os seqüestros. Clara se declarou ainda mais “flexível” que Uribe, e certamente é mais próxima de Chávez do que de Bush, e não descartou voltar às disputas eleitorais, para desespero do marionete dos interesses estadunidenses. I inda tem françêis…

        Vamos que vamos

                    Pois se a carne vai

                                    Vamos também

                                                        Para onde ninguém vai

                                                                                    Se alguém já foi…

CLINÂMEN

oblíquas variações infinitas dos corpos

______Várias vozes em uma voz. Quem fala? Qual a voz variação nas vozes da loucura? O falso e o verdadeiro encadeados no delírio histórico. Perfeito. Desfeito. Ao tomar conhecimento que nenhum filme brasileiro fora classificado para concorrer ao Oscar, o crítico do cinema establishment, Luiz Carlos Merten, afirmou que mais uma vez o cinema brasileiro fica esperando como Godot, personagem da peça de Samuel Beckett. Como suas opiniões saem do cinema clássico, cinema narrativo: sensório-motor, encadeamento das percepções-ações dos personagens em espaço preenchido e referenciado pela trama começo, meio e fim, e não o cinema ótico-sonoro do espaço esvaziado, sem referência, onde desaparecem as certezas objetivas das percepções e ações; não compreende que Godot, em sua zona de indiscernibilidade do ainda por se fazer, com predominância de corpos horizontais, não espera uma idéia ou um objeto definido em uma linguagem mundo-real, mas tece virtuais, potências que se mostrarão como novo, imagens cristais, como fala o filósofo Deleuze. Além de que o Oscar é a impressão imóvel da filmografia consumista. Em sua história, salvo mínimas películas, a maioria dos filmes reafirma o déjà vu: a denegação da estética como experiência geral e a arte como experiência real. Por analogia, Merten, com seu “Godot” tupiniquim, emparelha com o diretor francês Claude Lelouch, para quem o cinema está morto pela tirania da TV. A TV, com sua imagem reificada, o tempo pulsado, e o espaço exuberante, tríade fílmica de onde o crítico extrai seu conceito de filme para Oscar______ “O sentido é a integração de pequenas mudanças de sentido” (Michel Serres). Importável, importado, importante. Tira o importável, enfraquece o importante, e morre o importado. “Quando as luzes das ribaltas se acendiam…”. Arthur Neto diz que vai começar campanha para presidente por São Paulo. A mãe de Fernando Henrique é amazonense. O doce da ironia é o amargo. “O justo é sumamente sereno, o injusto cheio de perturbação” (Epicuro)_____ Se você me chamar eu não vou: já estou em você. Pedras que rolam também criam limo. Dizem que Romário, como técnico do Vasco, não vai escalar Edmundo para jogar: o animal cansado está velho para o futebol_________ De Davos, no Fórum Econômico Mundial, o filósofo Guattari(1930-19920) afirma não haver sinceridade em tal evento, visto que seus membros não traçam a transversalidade da Ecologia Mental que as Ecologias Social e Ambiental necessitam como Ecosofia da Terra. “Convém ser rico em oposições, pois só assim se é fecundo; para conservar-se jovem é preciso que a alma não descanse, que a alma não solicite a paz. Hoje não desejamos o gado moral nem a aventura gorda da consciência tranqüila” (Nietzsche) _________ Vamos supor que supor fosse uma suposição suspeita. Quando os deuses se enfurecem, é porque os mortais foram embora. Se papai disse que era, porque não foi? Da distância infinita que ele olhava, batia na vidraça dos olhos dela. A mortalidade infantil diminuiu pela metade. Lula está aí implicado. Nascer, tornar-se criança, construir o mundo dos amigos. Para isso, é preciso eliminar a sanha herodescida da mídia. Há pressa neste humor. Brecht disse: “Viver num pais sem senso de humor é insuportável; mas pior ainda é viver num pais no qual se precisa ter senso de humor”. Ao ouvi-lo, o povo brasileiro inferiu: “Já temos um país com humor. Cansamos da moral”: “Quem rir por último, rir melhor”, hoje sabemos que quem rir por último, rir atrasado, e talvez, por ser último, nunca ria. Freud, diz que a perversão é um desvio dos fins. No caso, o desejo é investido em um objeto alheio a estes fins. Para o filósofo Spinoza, a democracia é o atributo político do homem constituído pelas potências de todos dirigidas ao mesmo fim: o Bem Comum. Nisso sua originalidade antecessora de qualquer lei decretada pelo Estado. Nisso sua singularidade incorruptível. Não há como desviar desse atributo, modus de ser político/social. Nisso, Freud psicanaliza: Há em Bush a perversão da democracia desviada pela tirania, cujo fim de seu desejo desviante é a eliminação dos povos. “Mais vale ser vítima do ostracismo do que se tornar uma casca de ostra” (Baudrillard). _______ “Vem buscar-me, filhinho, que aqui estou. Vem buscar-me que ainda sou teu” (of/on: Vicente Celestino). De modos que a Natureza-Naturante (substância e causa) e a Natureza-Naturada (efeito e modo) surge nos destruidores da Amazônia, como perversão da Vida. De modos que eles não sabem o que são elementos vitais. De modos que eles não sabem o que é Hiléia. De modos que, por esses modos, vão ter que se haver com Zeus. No modus ser, há Marina Silva. Atenção! “O homem vai desaparecer, era até aqui minha convicção inabalável. Nesse meio tempo, mudei de opinião: ele deve desaparecer” (Cioran).

ENCONTROS CASUAIS

Com a chegado do pique momesco, a ordem do conselho evangélico era manter os fiéis o mais distante possível das tentações pagãs do carnaval. Nem sonhar em cair na tentação dionisíaca do carne vai. Para tal, os pastores da igreja resolveram conduzir suas ovelhinhas para o ponto mais distante da cidade. Lugar onde não se ouvisse qualquer som profano. Na sexta-feira gorda, ao meio dia, partiram em caravana composta de vários ônibus, caminhonetas, carros particulares, alugados em busca da terra prometida à salvação. Encararam as quilometragens do asfalto, barro, areia, e já na hora do lusco-fusco avistaram um ponto, segundo os pastores, maravilhoso para levantar o sagrado acampamento. Colocaram as mãos às obras e pronto: o lugar estava povoado pelos abnegados fiéis. Depois de um lanche caprichado, foram fazer as orações. Mal começaram os agradecimentos ao Senhor, ouviram um som trazido pelo vento que arrepiou todos. Do jeito que chegava desaparecia. Ficaram atentos, em silêncio, e tiveram a certeza: o vento trazia música carnavalesca de alguma festa distante que ele aproximava. Praguejaram, levantaram acampamento e partiram em busca de outra terra prometida. Um pastor no ônibus da frente, pela luz do farol, leu em uma placa ao lado direito os dizeres: “Você está saindo dos Cafundós do Judas”. Apertou a bíblia durante uma hora para afrouxá-la só quando avistou um belo lugar. Alegres, desceram dos veículos, montaram acampamento, e se postaram para louvar ao Senhor. Como se fosse uma invasão de bárbaros, músicas de carnaval invadiram o ambiente. Apressaram-se, desmontaram tudo, e tomaram a estrada. Uma obreira, no último carro, leu em uma placa a direita: “Você está saindo da fazenda Quintos dos Infernos”.  À meia-noite chegaram em um terreno com alguns platôs. Lugar ideal para prática da salvação. Mais alegres que das outras vezes, armaram o acampamento ao som de hinos sagrados. Tudo bonitinho. Cansados, preparam-se para dormir. Com um minuto de descanso, o terreno foi invadido por carnavalescos mascarados pulando com tochas nas mãos seguidos por dois carros alegóricos  que pararam no meio do terreno. Desesperados, viram quando desceram dos carros, imponentes, Jesus e o Diabo convidando-os a entrarem na folia, ao mesmo tempo em que o infernal afirmava que nenhum homem pode ser religioso sem provar da alegria desregrada da vida, e Jesus endossava afirmando: “Quem está perto de mim, está perto do fogo. Quem se distancia de mim, se distancia da vida”.  Como eles não queriam ficar distante de Jesus, caíram na folia.

Os darks queriam participar em Londres do Encontro Mundial do Dark-Dor, mas não tinham dinheiro. Pensaram em uma solução e não encontram nenhuma. Foi então que a facção Down Gótico Sofrido propôs uma saída: realizar um carnaval dark cobrando ingresso. Piração total: carnaval dark, nem sonhar! Dark não pode ser alegre, tem que ser sofrido. A facção não se deu por vencida. Apresentou convictamente seus argumentos e ganhou a parada. O baile seria realizado só com música de carnaval-doloroso do tipo: “Bandeira branca, amor… Carnaval desengano… Tanto riso, oh!… Você falou que junto comigo não mais desfilava…”. Aconteceu que o proprietário de um canal de TV mais alguns empresários, ao se certificarem que o carnaval há muito tempo era a maior tristeza, resolveram atribuir um prêmio ao mais doloroso. Para escolher o ganhador, visitaram todos os bailes, bandas, escolas… O resultado criou um dilema: todos eram ‘horroríveis’ de tristes, e a regra do concurso era só premiar o único mais triste. Foi então que alguém lembrou que ainda não haviam ido ao baile dark. Foram, e não deu outra: os darks ganharam. O resto foi chegar em Londres e realizar o pentagrama nos mausoléus da família real.

Então a igreja proferiu a sentença anti-carnavalesca: “Este ano não vai ser igual aquele que passou”, ninguém vai poder cantar “Oh, quarta-feira ingrata chega tão depressa só pra contrariar!”. Ao que os foliões, reagiram: “Não vamos poder cantar ‘quarta-feira ingrata’, então vão acabar as têmporas da igreja. Se não há quarta-feira, a carne não vai, não vai haver quaresma, Cristo não ressuscita e acaba o mundo!”. A igreja tremeu, baixou a bola, foi o ano que mais se cantou “quarta-feira ingrata”, e Cristo saiu fortalecido.

Embriagados pela festa carnavalesca mais as bebidas, os foliões resolveram segurar por mais tempo a carne: foram para um motel. Entre babas de beijos e grude do suor, chegaram ao ninho do love que estava fazendo uma promoção: um dia inteiro pelo preço de três horas, com a condição de só poder sair depois de 24 horas. Antes, nem com a polícia. Os dois zombaram da promoção e disseram que do jeito que estavam só tutano, nem mil anos secava a fonte. O funcionário apresentou o documento que selava o compromisso juridicamente do qual debocharam, mas assinaram. Entraram no quarto tortos de love. A noite correndo e eles só… Uma, duas, três, quatro, cinco, seis… Tantas que o bode de Dionísio dormiu. Treze horas, acordaram sem saber onde estavam e com quem estavam. Na base do “Quem é você? Diga logo que eu quero saber…”, olharam-se e se rejeitaram: a lombra havia passado e deixara eles querendo se desvencilhar um do outro. Chamaram o serviço, dizendo que iam sair, e ouviram a resposta: o carnaval está apenas começando. “Desesperaram. Tentaram várias vezes, e a resposta era: “Contrato é contrato. Vocês estão levando um boi. Vocês foram os únicos que ganharam esta promoção”. Enojados um do outro, vomitaram mais vezes que as transas que realizaram. Dominados pelo intransponível, entregaram os pontos e ficaram a ouvir o tempo se arrastar. Consumado o tempo do contrato, cada um tomou seu rumo. Ela para uma igreja dita evangélica, e ele para um baile gay.

SAÍDA DE DOIS OGANS E UMA OBÁ DE PAI EDSON DE OXALÁ

Numa comunhão candomblecista, Pai Antônio de Omolu emprestou a Pai Edson seu barracão para este realizar os rituais de saída de três filhos seus. Começamos, então, com Pai Antônio, que falou ao bloguinho de seu barracão e de sua amizade com a obrigação de Pai Edson.

Sou o babalorixá Antônio de Omolu, que leva essa casa pra frente, uma casa de raiz. Minha mãe é Francisca de Ogum, ainda é viva. É difícil a luta porque tem muito preconceito, mas o orixá dá força, dá saúde, dá paz, dá prosperidade, e por isso nós estamos tendo mais espaço na sociedade e estamos indo em frente. Hoje eu emprestei a casa. A irmandade existe pra isto. Pai Edson é um pai de santo que não é de Manaus, está se instalando em Manaus e precisa da casa, e de filhos, porque uma casa sem filhos não é uma casa…

E no início da festa conversamos ainda com o Ogan Betinho, a quem agradecemos o convite de participar e noticiar essas saídas, o qual nos relatou sobre sua história na religião e sobre os avanços dos cultos afro-brasileiros, principalmente no que diz respeito à sua difusão e diminuição do preconceito.

Eu sou ogan. Betinho de Oxalá, axogun, filho de Edelmim com Lufá de Logun Edé, iniciado há 39 anos pelo finado Djalma de Oxóssi, do Axé de Efon do Loroqué, de Salvador. Hoje meu pai não faz mais parte de Fon, é do Axé Cantuá, filho de Ebon Micidália de Iroco, uma senhora que tem 70 anos iniciada dentro da vida do Orixá. Sou iniciado na religião do Candomblé há 4 anos, mas já faço parte da Umbanda, que é minha raiz, de minha avó que é desta casa. Minha avó era a mãe pequena desta casa. E eu na barriga de minha mãe que está aqui presente, ela já dançava comigo dentro. Então eu tenho 24 anos de idade e 24 anos de religião, mas 4 iniciado no culto do Orixá pelo babalorixá Jean de Xangô, que hoje não é mais o meu pai de santo. Hoje eu sou filho de quem era meu avô. Meu avô se tornou meu pai, que é o Edelmim com Lufá de Logun Edé do Axé Cantuá.

Na verdade meu pai não é daqui. Ele é de São Paulo e montou a roça dele novamente. A roça dele foi a primeira roça de Candomblé, terreiro, de Londrina, no Paraná. O primeiro da história. Hoje ele mora em Santos, porque ele faz um programa de televisão, ele é colunista social e mora em Santos, vem a Manaus para dar a obrigação dos filhos. O nome dele é Edmilson Monteiro de Araújo, faz o programa “Bon Voyage” e o “Ed Deon e Você”.

Nós estamos usando a casa do nosso irmão babalorixá Antônio de Omolu, que é o dono da casa, emprestada até terminar a construção do barracão que já começou as obras. Essa já é a segunda festa que a gente faz aqui na casa do nosso irmão. Talvez próximas virão se tiver necessidade e o Orixá quiser. Será aqui ainda até a construção do nosso Ilê, que é a nossa casa.

O meu pai atende, com jogo de búzios, com o caboco dele. O pai Antônio atende também aqui na casa dele, é nosso irmão, uma pessoa muito respeitada na religião. Ele atende. O meu pai pequeno também, Edson de Oxalá, que eu apresentei pra vocês, com jogo de búzios, com tudo, com entidades, com Exu, com pombagira, com caboco.

Hoje é mais um dia de iniciação em nossa religião, que diga-se de passagem é muito doloroso, muito cansativo, e é muito gasto financeiro porque pra fazer uma festa dessa é muito gasto. Aqui tem no míni 3.000 de gasto em orçamento. São 19 dias de luta acordando cedo e dormindo tarde. Estão saindo hoje três iniciados que é uma yaô, a pessoa que entra em transe, incorpora o Orixá, que é Ana de Obá. O orixá dela é o terceiro, é a terceira Obá dentro de Manaus que eu tenho conhecimento.

Hoje, dentro de Manaus, com relação há 10 anos atrás já melhorou bastante, inclusive abriram-se muitas casas de Candomblé aqui dentro de Manaus. Este ano está previsto de abrirem entre 10 a 20 novas casas. Melhorou bastante, mas o respeito pela nossa religião ainda é mínimo na frente do que nós merecemos, porque somos tão dignos quanto um pastor, um padre, como um sacerdote de qualquer outra religião. Somos filhos de orixás, e nosso orixá não tem nada a ver com demônio, são as forças da natureza criadas por Deus para nos amparar nas nossas dores morais e físicas. Essa é a verdadeira essência da natureza. Cada orixá representa um elemento da natureza, com os quatro elementos que mantém o universo em equilíbrio, que são a terra, a água, o fogo e o ar.

Finalmente, conversamos com Pai Edson de Oxalá, que nos deu sua atenção e compartilha conosco seus conhecimentos da religião do Candomblé.

No momento eu não tenho barracão. Eu não sou daqui, sou de Curitiba, tem 6 anos que eu tô aqui. Eu tenho meus filhos de santo que têm barracão, então eu toco mais na casa deles. Quando tem uma obrigação ou um ato eu faço na casa deles. Pretendo abrir agora até o final do ano. Só que não é fácil, é muita burocracia, muita dor de cabeça então é super difícil a gente manter uma casa de candomblé aqui em Manaus. Uma que as pessoas tem um conceito diferente. Tem um mundo lá fora. La fora as pessoas tem a mente mais aberta, os rituais são mais diferentes. Aqui não, aqui eles fazem do jeito deles, ekes querem que faça do jeito deles não do jeito que nós fazemos la fora. As pessoas daqui não saem lá pra fora pra se aprofundar nas coisas, o que elas sabem é só da região daqui mesmo.

Saiu o yaô de Obá, saíram dois ogans, o Axogun de Oxóssi e o Alabé de Oxalá-Oxalufã. O axogun, a função dele dentro do terreiro é quando tiver matança. Ele foi preparado pra isto. O alagbê é pra tocar os couros, tocar, cantar, o yaô é pra ajudar no barracão. Porque cada um tem sua função no barracão. Tem o alagbê, tem o axogun, tem o yaô, cada pessoa tem a sua função dentro do barracão. Só os yaôs entram em transe. Por isso que a gente fala que ogan, na verdade ogan não se raspa, ele se confirma porque, já é a pessoa que nasceu predestinado pra isso. Já nasceu com esse dom, é uma pessoa que não pega santo. Então a gente só confirma essas pessoas. Yaô a gente raspa, faz aquele procedimento todinho pra poder dar iniciação. Daqui a 7 anos eu vou dar liberdade pra eles pra poder abrir a casa deles pra eles poder terem os filhos deles. Ogan já não pode fazer isso. A Obá que saiu ontem, daqui um ano tem obrigação novamente, aí tem obrigação de três anos, aí vem a obrigação de sete anos.

Porque nós cultuamos um culto afro-brasileiro, nós não fazemos igual como se faz na África. Aqui no Brasil nós não temos nem como cultuar conforme devemos cultuar. Nós todos só fazemos assim o básico. A primeira saída, que o yaô saiu todo pintado, dá paó na porta, sai com Oxum na cabeça. Aí vem a segunda saída que é pra Oxalá e pra Iemanjá. A terceira saída, que é a saída do nome, quando o orixá vai gritar o nome inteiro, pra dizer pro mundo que ele está nascendo. É por isso que se coloca umbigueira feita de palha da costa, porque o orixá está nascendo. É a única vez que ele vai gritar o nome, só quem sabe o nome do orixá, o oruncó, é o pai de santo, quando o orixá vai dizer o nome ele faz um gesto pra ninguém entender. A quarta e última saída é a saída de Ogum, que é a festa do orixá, na qual o orixá vem paramentado, pois cada orixá tem uma paramenta diferente, cada orixá dança diferente, e ele sai pra dançar, para as pessoas verem a dança do orixá.

Obá é um orixá que não tem uma orelha, porque teve um atrito e Xangô cortou a orelha da Obá. A Obá vem com uma folha na orelha e a Obá dança com uma mão na orelha, pra tampar. Isso ocorreu porque na África, cada toque é feito somente a um orixá. Então se você é de um orixá, você não pode ir à festa de outro, outra tribo. Então Obá, que era apaixonada por Xangô, só que Xangô tinha outras mulheres, tinha Oxum, Iansã. Então cortaram a orelha de Obá pra Xangô não achar ela mais linda e serviram a orelha de Obá pra Xangô.

Nós raspamos a cabeça do yaô, por causa de Oxum. Oxum foi o primeiro orixá, que ela mesma se raspou, pra se passar por homem e entrar em outra tribo, porque na África é assim: tribo da Oxum só pode entrar quem é de Oxum; se é tribo de Oxalá, só as pessoas de Oxalá. Oxum, como queria saber outras coisas de outros lugares, então ela se raspou pra se passar por homem pra poder assistir a rituais de outra tribo.

As pessoas acham que a pessoa fica recolhida, não come, não bebe, e não é nada disso. Nós recolhemos por quê? Porque antes da iniciação do orixá são feitos vários ebós, uma limpeza de corpo da pessoa. Aí a pessoa entra para o quarto de santo e fica meditando pro orixá. E por que a pessoa não sai? Porque às vezes chegam pessoas da rua, carregada, com mau-olhado, então é pra não pegar a carga negativa naquela pessoa que já está com o corpo limpo, por isso que a pessoa fica por 21 dias, mas a pessoa come normalmente, bebe, vai ao banheiro, toma banho. As únicas coisas que a pessoa não participa é televisão, rádio, que pra não tirar a concentração da pessoa ali dentro, porque ali a pessoa vai receber os ensinamentos do orixá. Nós fazemos mais quando a pessoa está de férias, quando a pessoa não está trabalhando, que é pra não prejudicar a vida lá fora dessa pessoa.

Há um preconceito muito grande com o Candomblé. Acham que mata criança, acham que Candomblé é coisa de magia e não tem nada a ver. A gente sacrifica o animal por quê? Porque o sangue pra nós é vida. É mais ou menos a mesma coisa do vinho na igreja pro padre. A carne nós comemos nas comidas preparadas pra festa…

*……….::::: CHAGÃO! :::::……….*

Chagão!

Θ CHILAVERT ENTRA DE CARRINHO EM MARADONA. O ex-goleiro e atual dublê do Ronaldo Fenômeno, José Luis Chilavert, discípulo de Higuita (sem o mesmo bom humor e brilho), e antecedente do insosso Rogério Ceni, esteve esta semana na Bolívia, para declarar seu apoio à campanha do país contra a decisão da FIFA em proibir jogos na altitude, além de ganhar uns trocados num torneio de verão patrocinado por uma empresa aérea. Aproveitou, em entrevista a uma rede privada de tevê que respeita El Diez como atleta “é um dos melhores do mundo”, mas que dá maus exemplos aos jovens com sua relação com as drogas, além de ser um “comunista da boca pra fora”, por que “gosta de viver bem”. E ainda ironizou: “seus ídolos são Chávez e Fidel Castro”. Como atletas, não há comparação. Politicamente, Chilavert apóia o partido Colorado, no poder paraguaio há décadas e responsável pelos pífios resultados econômicos do país nos últimos anos. Enquanto isso, Dieguito lutava contra a ditadura do mercado na Argentina, corporificada pelo FHC portenho, Carlos Menem. Diego é um dos poucos que discute a questão das drogas e da miserabilização do futebol pela FIFA, UEFA e outras entidades que lucram com o futebusiness, cada vez mais feio e árido. Chila perdeu uma grande oportunidade de não abrir a boca e não confirmar o que muitos já sabiam: sua tendência à conservação, politicamente aliado à direita.

Θ MAMÃE DOLORES QUER SEU PUTO DE OURO NO REAL MADRID. A simpática senhora portuguesa, mãe do ponta-direita Cristiano Ronaldo, jogador luso do Manchester United, declarou esta semana que quer ver o filho usando a camiseta alva do Madrid antes de morrer. Coincidentemente após o time madrilenho ofertar 80 milhões de dólares pelos dribles do puto d’oro da terrinha. Mas os Red Devils não estão a fim de perder um de seus melhores jogadores, e já falaram que não cedem por menos de 147 milhas. Resta agora saber se o filho, edipianamente, fará esse mimo à mãe caprichosa, e se ela leva algo nisso além do prazer de ver o filho no amado clube de seu coração.

Θ ENQUANTO ISSO, O BARCELONA SÓ… O clube catalão acaba de fechar outra parceria com a ONU. Depois de ceder o espaço de sua camisa gratuitamente para a UNICEF, o clube blaugrana fechou uma parceria com a ACNUR (Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), onde fará a integração de refugiados do Equador, Nepal e Ruanda através de clínicas de futebol capitaneadas por seus craques. A iniciativa é inédita entre os clubes, e mostra que em matéria do chamado “marquético”, palavra cunhada pelo filósofo francês Gilles Lipovetski para denominar as ações de marketing empresarial com vistas à atitudes social e politicamente corretas, o Barça sai na frente novamente. É pena que em casa o profeta não faça milagres, já que a torcida e o clube, que ficaram marcados nesta temporada com a frase tirada da semiologia ariano-burguesa, “ovelha negra”, para se referir aos jogadores que estariam fazendo corpo mole, dentre eles Ronaldinho e Deco, tem fama de ser mal agradecidas a seus ídolos. Assim o foi com Ronaldo, Rivaldo, e agora Ronaldinho, constantemente preterido e vaiado no clube, assim como Deco. Ainda que não joguem atualmente em nível excepcional, carregaram o time nos últimos anos de glória, quando conquistaram inclusive a Champions League, e por isso mereceriam um pouco mais de respeito dos torcedores e da imprensa catalã.

Θ COPA AFRICANA DE NAÇÕES. Completa a primeira rodada da fase de grupos, com algumas surpresas. Não adiantou Eto´o empurrar 2, porque o Egito fez 4. Os Bafana Bafana também encalharam nos lusófonos angoleses, 1 a 1. E no jogo mais esperado, os Marfineses venceram as Águias nigerianas, 1 a 0. Resultados:

Grupo A

Gana 2 – 1 Guiné-Conakri

Namíbia 1 – 5 Marrocos

 

Grupo B

Nigéria 0 – 1 Costa do Marfim

Mali 1 – 0 Benin

 

Grupo C

Egito 4 – 2 Camarões

Sudão 0 – 3 Gâmbia

 

Grupo D

Tunísia 2 – 2 Senegal

África do Sul 1 – 1 Angola 

Θ CAMPEONATOS REGIONAIS EUROPEUS. Resultados e um breve resumo das rodadas de alguns campeonatos regionais do Velho Continente.

FRANÇA: 22ª rodada excepcionalmente no meio de semana da Ligue 1. O Lyon resolveu se garantir e se deu bem em cima do Lorient, 2 a 0. O Bordeaux joga somente amanhã com o St. Etienne. Em terceiro, o Nancy continua estacionado. Outro empate, agora com o Marseille, 1 a 1. Nice e Monaco completam os cinco.

HOLANDA: 21ª rodada com vitória do líder PSV Eindhoven, 3 a 1 no Sparta Rotterdã. O Ajax segue na perseguição, venceu o FC Utrech por 2 a 0. Em terceiro, o FC Gronigen massacrou por 5 a 1 o NEC Nijmegen. Heerenveen e FC Twente completam os cinco primeiros.

 

O MEDIUM TELEVISIVO E A OPINIÃO PÚBLICA

A OUTRA VERTENTE DO TERRORISMO MIDIÁTICO

A palavra “terrorismo” tem sido usada nos últimos anos tanto pela mídia quanto pelos governos sobretudo estadunidense e aliados com um forte componente de moral de classe. Interessa dividir um mundo estupefato, em estado de choque, como sacou a filosofante Naomi Klein, e desorientado quanto a tempo e espaço vivenciais, em dois pólos facilmente identificáveis: os bons (ou “nós”), e os maus (eles, os terroristas).

O que escapa facilmente deste signo capturado pelo regime Significante Despótico do Estado capitalístico é que ele deixa de levar em conta as práticas, o modus operandi, que caracteriza e sempre caracterizou politicamente e cientificamente o terrorismo incluindo o terrorismo de Estado, praticado em ampla margem por EUA e muitos aliados, como Egito, Paquistão, Israel, dentre outros. Fato é que o Canadá, ainda que seja governado por um partido de direita, não hesitou em incluir os norte-americanos na sua lista de países que praticam o terrorismo.

Curiosamente, a mídia e estes governos procuram ocultar uma outra palavra, referente a uma prática próxima ao terrorismo: a tortura.

É sabido por quem se informa para além das ondas segmentadas da tevê e dos jornalões que os EUA praticam contumazmente a tortura em suas prisões no Iraque (Abu Ghraib é o exemplo mais conhecido), Cuba (a emblemática Guantánamo), Afeganistão, assim como praticou-a no Vietnam, nos Bálcãs, no seu quintal (podemos dizer ex-quintal?), a América Latina, em sua própria casa e em zil outros lugares. Consta que possui inclusive um serviço secreto, em estilo CIA, que seqüestra e tortura suspeitos de colaborar com os inimigos num avião, a fim de evitar as sanções internacionais, ligadas quase sempre aos territórios geopolíticos.

A mídia nesta jogada tem duas funções, uma bem clara, outra ainda difusa, mas com objetivos bem definidos e estratégias nada diferentes das usadas nos corredores e salas das já citadas prisões.

A primeira é a conhecidíssima cortina de fumaça. A criação do factóide e a ocultação do fato através do jogo de palavras, da omissão de informações que permitam a contextualização do acontecido no plano de historicidade, das trucagens de imagens e sons, fazendo com que se torne quase impossível a um videota-telespectador-leitor posicionar a notícia em relação ao seu próprio existir. Ao contrário, quando se trata de caluniar, difamar, criar uma situação inexistente a fim de prejudicar alguém, um governo ou um grupo de indivíduos, as notícias são minuciosamente construídas dentro do contexto individualista, de forma que o alvo possa adesivar o conteúdo à sua existência. Na primeira situação, o noticiário norte-americano de baixas no Iraque, bem como suas filiais mundo afora (Jornal Nacional e afins brazucas incluídos), que delimita o número de mortos diários numa enxurrada de outras palavras e num show estroboscópico de imagens. A notícia tem efeito neuroléptico. Sem possibilidade de reação. No segundo caso, a febre midiática é uma boa ilustração de como explorar o medo individualizado pode gerar resultados a curto prazo em termos de imobilização popular.

A outra vertente do terrorismo midiático é bem mais sutil.

A filial brasileira da MTV exibe na sua programação noturna um programa de uma colega estrangeira, legendado, onde um grupo de pessoas, com o objetivo de ganhar dinheiro, se submete a provas de tortura, como fazer cortes nas mãos com uma folha de papel e mergulhá-la em seguida numa solução de sal e vinagre, ou ser surrado nas nádegas com um pé-de-pato. A prova final é de inspiração Abu Ghraibiana: amarrar barbantes nos genitais e ter esse barbante violentamente puxado por outrem. E sem poder gritar. Na programação da engajada MTV brasileira (que já produziu a campanha que bem poderia ser by Boninho “ovos e tomates contra a corrupção”, e que defende ideais ambientais Greenpeaceanos), este programa é apenas mais um. Já houve quem se submetesse a cirurgias plásticas para ficar parecido com famosos, e até grupos considerados humorísticos (sic) cujo humor consistia em se colocar em situações de espancamento e outras violências auto-infligidas. A MTV brasileira, neste quesito, só tem rival na Rede TV!, com o seu anódino “Pânico”. Qual delas será a primeira a apresentar como atração principal o famoso waterboarding?

No entanto, existem formas mais sutis de tortura: humilhar, submeter as pessoas a situações vexatórias, condicionar o comportamento alheio e explorar a miséria social e existencial produzida pelos governos a fim de lucrar são formas de tortura que em nada diferem das torturas físicas, morais e psicológicas realizadas nos vôos da tortura estadunidenses. Programas de auditório estilo caldeirão, o humor estilo casseta, os programas pseudo-popularescos tipo ratinho, datena, irmãos covardes e companhia epistemologicamente limitada, Xuxa, enfim, qualquer programa televisivo ou coluna jornalística que coloque as pessoas como objeto de humilhação com o objetivo do lucro, ou que colocam as pessoas numa posição de impotência diante da sua própria condição social pode ser caracterizado como torturador.

Alguém poderia afirmar que se vive em uma sociedade civil de liberdades individuais, e que a estes participantes é dada a total livre escolha de participação ou não nestes programas. Não importa. Os meios de difusão de informações, independente se televisivos, impressos ou eletrônicos, são um serviço público, e devem ser analisados como tal. Tampouco se pode acusar telespectadores, produtores, apresentadores e participantes de sadismo. Sade buscava a libertação do corpo, não seu aprisionamento através da confirmação pelo olhar do outro (que não é outro) da condição de passividade social. Ainda, os participantes não estão limitados a um nicho social em particular. Todas as classes socioeconômicas tem seus representantes. Trata-se de uma modalidade da moral de classe, que se alimenta da dor própria e alheia para sustentar a ilusão do existir.

Mais sobre a Doutrina do Choque, aqui.

Esta coluna acredita na possibilidade da expansão da consciência pelas experiências autênticas que fazem soltar novas percepções, a criação de novos olhares sobre o mundo. Na alegria-estética de perceber o medium televisivo como uma violência à inteligência coletiva, contamos com a sua contribuição.

SAÍDA DE OGAN NO NO ILÉ AŞÉ DO PAI GEOVAŅO DE AJAGÙNNỌN

O milho branco estava no meio do barracão e os alagbês soaram alegres os atabaques para receber mais um que estará ao lado deles para compor as músicas para os orixás nos próximos xirês. E foi nesse sentido que prosseguiu o ritual no ilé axé de Pai Geovano.

E chegou a hora de Pai Gilmar, Fômu de Iemanjá, tomar o adjá para que Oxaguiã trouxesse ao salão seu filho, o Ogan-Alagbê Jonas de Oxaguiã, para apresentá-lo ao público e deixar suas bênçãos aos presentes.

E logo Jonas passou ao toque dos atabaques, lugar ao qual de hoje em diante ele será visto nas festas vindouras, tocando com alegria para louvar todos os orixás.

Finalmente Oxaguiã distribuiu sua comida aos presentes, deixando para Jonas e todos as suas bênçãos de enaltecimento a essa religião de música, de rezas e de crença autêntica que é o Candomblé, que se enaltece cada vez mais a cada saída. Axé!

A CONSTITUIÇÃO DO SENADOR

A comemoração dos 20 anos da Constituição Brasileira permitiu expressões de várias opiniões, entre elas, no Amazonas, salta a do senador Jéferson Peres, que se dedicou a selecionar palavras: encontrou uma quantidade abusiva da palavra direito em detrimento da palavra dever. Para ele, resultado da última reforma constitucional saída do afã de liberdades democráticas oriundas do passado ditatorial. A preocupação do senador é que a Constituição deve apresentar mais deveres, pois com muito direito o cidadão brasileiro confunde suas obrigações com o Estado e a Sociedade. Adenso a sua retidão discursiva, o senador não percebe ser o processual constitutivo um movimento de potências emaranhando-se como modus de ser do homem de onde sai a sua Constituição Política/Jurídica. Não uma lei à priori à práxis do sujeito saída de um ato moral quase sempre oriunda dos desejos de uma classe dominante que a pretende imprimida como hábito e tradição de um povo, sem originalidade popular. É no movimento criador do sujeito como força de produção física (fundação) e intelectiva (superfície) que os signos lingüísticos direito e dever se mostram. Exteriorizam-se nas relações sociais e não, através de um enunciado moral de acordo com as interpretações jurídicas. Diretos e deveres saem das experiências/comunalidades dos homens que constituem o Direito Civil e o Bem Comum. Nenhum dos dois conceitos, como práxis/comunalidade, é menos ou mais que o outro. São apenas as faces da mesma Potência democrática. É anterior aos conceitos Direitos e Deveres saídos da Idéia hegeliana de Estado e do conceito de democracia representativa, que, em relação a democracia constitutiva, chegam tarde para o homem, já um atuante de seu modus de ser político singular e original: Ética. Por tal, preso no truque/moral lingüístico, o senador não percebe que direito e dever não são signos lingüísticos, mas práxis constitutivas. Ou como diriam os estóicos: não são lectons palavras sem suporte material/prático. Eco fonemático. Daí não serem simulacros de obrigações sociais, mas idéias e imagens sociais provenientes do essencial e o do intelectual do homem.

DAS MÍDIAS SEM RUÍDOS

Entre as várias características decadentes que fazem da mídia uma doença social, a mercadológica é a que se destaca com maior força. Esta carrega consigo a covardia do funcionário capacho que anula a sua existência no mundo para se tornar um servo das vontades do patrão. Daí ocorrer a contratação e demissão de articulistas, colunistas e profissionais dos meios de comunicação em geral, na maioria das vezes, segundo indicações de pessoas envolvidas com os mercados da publicidade, empresas transnacionais e partidos políticos (que nada tem de políticos enquanto polis e produção da alegria de uma vida sem privações física-biológicas, econômicas e afetivas), sempre presos aos seus próprios interesses barrigais. É desta situação de onde sai uma mídia que não corresponde ao seu trabalho comunitário na sociedade, como um serviço público. Ela não traz consigo a informação como uma atitude que modifique o estagnado estado de coisas concebido por uma política reduzida a funções estatais tecnoburocráticas comuns ao neoliberalismo. Disto uma lógica surge para a mídia (seja ela impressa, digital, radiofônica ou televisiva): o que é informado pela mídia internacional é assegurada pela mídia nacional e esta, por sua vez, pauta a mídia local. E a informação deve seguir a harmonia do neoliberalismo, pois quando há um ruído (aqui, diferente da teoria da informação clássica, o significado de ruído não é um distúrbio na informação que indica problemas na comunicação, mas como produção de linha de fuga que escapa à realidade constituída) na informação que desloca a percepção para outros entendimentos que não sejam os centralizados na lógica do capital, a informação é desconsiderada. Foi o que aconteceu com funcionários da doente mídia padronizada (nacional e local) quando não se esforçaram nem um pouco para compreender o caso em que Kaká é chamado a depor no processo do casal Hernandes da igreja Renascer em Cristo. Eles apenas se conservaram na lógica midiática: reproduziram as débeis informações da mídia internacional. Mas o que se torna motivo de medo e desespero desta mídia enferma é quando os ruídos das informações padronizadas começam a saltar evidenciando a harmonia estagnada da violência midiática. O que resta para os defensores da insuficiência epistemológica midiática é atacar aqueles que conseguiram ter a percepção distorcida pelos ruídos que saltam da informação padronizada. Aí eles se aborrecem, reclamam, e fazem todo tipo de infantilização, posto que não alcançam estes ruídos e se mantêm passionalmente presos à percepção que o mundo constituído os ofereceu e eles abraçaram com força.

COLUNA VERTEBRAL

Se a Vertebral não analisou nada se realizou

# Esta Filó está barbaramente filosofante. Vejam só. Estava ela, neste sábado passado, em arrepiante festa com convivas variados, até pastor. Lá pras tantas, em meio a altercações harmônicas e dissonantes, um pastor aproveitou a onda e mandou falação teo-partidária estimulada pela candidatura a prefeito de um disangelista (o que não é evangelista, o homem da boa mensagem, mas o mensageiro da má notícia, o pessimista, culpado, juiz, tirano). A filósofa Filó, mandou ver uma inquirição: “Eu sou capaz de entrar pra tua igreja se me responderes quem nasceu primeiro, Deus ou o pecado”. O pastor acusou o golpe. Fico pétreo. Mudo. Ela, filosoficamente obscena, com o pastor fora de cena, disse que se levarmos em conta que tudo sai da providência divina, se Deus é primeiro, o pecado é invenção Dele, e se o pecado é primeiro, Ele é fruto do pecado, logo, Ele encontra-se no mesmo degrau do homem/pecador. Isto põe o homem como senhor de sua história. Saindo do choque, ele sorriu malárico, e saiu de fininho. E ela gargalhou, dizendo ser bem provável que este pastor agora vá pensar como é perigoso querer se meter nas coisas de Deus e querê-Lo misturado nas coisas banais do homem, principalmente campanha eleitoral. Esta é muito boa para uma segundona TDPM – Transtorno Disfórico Pré Menstrual.

# A Tininha está cada vez mais esperta em matéria de futebol, principalmente em relação ao seu Palmeiras. Ontem, no auge dos seus 11 aninhos, depois da partida entre seu time e o de Pelé, ela afirmou que o juiz da partida deveria escrever na súmula do jogo que estava profundamente ofendido por ter sido atingido em sua honra profissional pelos dois times. Sendo um profissional pago muito bem para apitar partidas profissionais, fora transformado em juiz de peladeiro dada a pobreza do anti jogo produzido pelos jogadores e, em seguida, colocar na justiça os dois times para serem multados. Fiquei imaginando: esta Tininha deveria estagiar como repórter da coluna esportiva Chagão. Pelo menos é imparcial, coisa que muitos repórteres e jornalistas não são.

# A imprensa imprensada no óbvio sem percebê-lo, noticia que a banda da Bica corre o perigo de não sair neste carnaval em razão de em sua letra/tema fazer alusão a um parente do português Armando, gene/nominal da existência da mesma. Em sua obviedade, ela discorda desta catástrofe alegria manauense, pois para ela trata-se de uma das identidades do carnaval de Manaus. Uma instituição consagrada pelos brincantes e seus fundadores, que se tomam como irreverentes, irônicos e inteligentes. Verdadeiros representantes momesmos da resistência à ditadura. Personalidade exigida por professor universitário a ser transformada em patrimônio público. Todavia, esta obviedade impede deslumbrar duas marchas. Uma, tomando a lógica da semelhança, ela já se apresentou em todas as outras bandas que já saíram, e ainda vai em todas as outras que vão se apresentar. Graças às semelhanças, que nem a tentativa protética em querer se tomar em charme diferencial, não a torna outra. Dois, seus adjetivos rebeldes e intelectuais são tão adesivados quanto “é dos carecas que elas gostam mais” e “olha a cabeleira do Zezé”. Os clichês preconceituosos e sensorialmente impulsivos. Tudo muito bem propagado como enunciado/promocional/fálico. Uma resistência à ditadura sem Marx. Sequer idealizado pela imaginação. Mais espectro satírico lamê do que Dionísio, o Destemido. Em síntese, apenas uma banda do todo da classe média bem determinada e bem demonstrada, o que não possibilita movimento nem alegórico.

# Ainda tem gente boba mesmo pra acreditar nesses alarmêêêês midiáticos, pois eu não notei que o Fafinho tava só um stress, então perguntei qual foi, e ele me falou que talvez fosse que faz uns dois mês que não tira um piço com o Valdo. “E por quê?”, perguntei. “Pois não é que ele cismou que pode contrair a tal da MRSA USA300”, falou o Fafo. Sem compreender, perguntei-lhe: “E o que é essa agora?”. Fafinho me explicou: “E não é uma variante da bactéria Estaphiilococos Aureus Resistente à Meticilina que, dizem, está dando nos homossexuais”. Euzinha, então, que estou já acostumada com os alardêêês falsos da mídia sobre doenças, fui pesquisar. Chamei ele e disse: “Olha, Fafo, não precisa ficar na seca assim não. Primeiro porque o boato era apenas em relação aos homossexuais de São Francisco e Boston, divulgado pela revista científica Annals of Internal Medicine e alastrado pela mídia alarmática. Segundo, o próprio CDC – Departamento de Controle de Doenças dos EUA pronunciou-se, desfazendo esse alarmório, que a tal MRSA é transmitida por contato de pele, inclusive em relações sexuais, e de forma nenhuma exclusivamente nas relações homossexuais”. Eu vi o contentamento tomar conta do semblante do Fafinho; ele foi logo dizendo: “Vou agora mesmo contar pro Valdo; vou dizer que foi tu, Vertebra, quem me disse, que aí ele acredita mesmo”. “Vai logo, antes que a mídia brazuca comece a fazer com a MRSA o mesmo alardismo que tentou com a febre amarela. Ah!, e eu ia esquecendo de dizer que a camisinha também nesse caso pode ajudar a prevenir”, acrescentei. Fafo só fez bater com a mão na bolsa e saiu rindo, apressado.

É carnaval, mas salta Rock!

E pelo meio produz o choque!

Abraços e Beijos Momescos!


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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