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O Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA) assim como a Constituição Federal garantem o direito de ir e vir. Mas em Manaus com a imobilidade do transporte público devido ao descaso e má-administração da prefeitura e das empresas concessionárias; os ônibus sucateados e abarrotados; não existência de fiscalização, este direito dos cidadãos são negados.

Ontem ao se manifestarem frente a Prefeitura de Manaus, foi-se negado durante o horário de funcionamento a entrada dos estudantes em um local que deveria ser público. Deveria ser público. Mas com a administração que é feita há mais de 20 anos pelo grupo político liderado pelo então prefeito Amazonino Mendes, cassado pela insigne juíza Maria Eunice, o que seria uma administração voltada para o povo é voltada a intere$$es privativos.
No meio das manifestações Carla, uma estudante do Instituto de Educação (IEA) e moradora da Zona Leste mostra um entendimento quanto o aumento da passagem:
“Eu quero dizer que eu pego ônibus lotado todo santo dia e muitas vezes eu já fui na porta do ônibus. Então com toda a educação, senhor prefeito Amazonino Mendes, eu quero que o senhor vá lá no Zumbi e pegue o ônibus e veja se é justo pagar R$ 2,80 de passagem!”

Em 2009, este bloguinho cobriu as manifestações estudantis contra a política de transporte coletivo. Naquela ocasião foi retirado o direito adquirido dos estudantes em utilizar os 120 passes durante o mês para se transportar. Mais uma vez os vereadores concordando com os prefeitos e empresários infringiram o direito legal de ir e vir. Na época discutiu-se que dois passes diários seriam mais que necessário para os estudantes exercerem sua profissão e estudar: um passe para ir para escola e outro para voltar para casa.

“O dinheiro do meu pai não é capim!
Eu quero passe-livre, sim!
Eu quero! Eu quero!
Eu quero passe-livre, sim!

Entretanto as escolas em sua maioria não são um local de aprendizado, ainda mais em um estado com uma das piores educações do país. A educação se faz a partir de relações e experiências, que ocorrem tanto dentro quanto fora da sala de aula. O saber não está preso em um espaço, ele está na inteligência coletiva que todas as pessoas fazem parte, podendo assim ser construído em qualquer local. Uma feira livre, um boteco, uma pinacoteca, um teatro, uma rua, todos podem ser locais onde as relações dos corpos e idéias produzam o saber.
A manifestação de ontem mostra que os estudantes estão produzindo um saber e uma reflexão social ao saírem das salas de aulas e reivindicarem o direito que lhes foi lesado. Não só o direito da passagem de ônibus, mas o direito de ir e vir. Uma passeata é um espaço de se colocar no mundo, em criar o movimento de corte a ré-alidade que tentam impor estes que se acham poderosos. A prefeitura no entanto estava sem representação nenhuma, o povo era o executivo dos gritos e falas. Os estudantes falavam, riam e mostravam toda sua vontade de transformação.
Bruno, um estudante da Ulbra, mostrou sua alegria com a organização e maturidade do movimento durante a manifestação. Tudo isso contra a irresponsabilidade da administração pública:
“Nós já tivemos uma grande vitória do movimento hoje. A comissão que está representando os estudantes hoje, mais de vinte estudantes, conseguiu adentrar a prefeitura de forma organizada eles estão com o documento em mãos que dizendo que nós somos contra todo e qualquer aumento de tarifa; contra o fim da domingueira; pela volta do pagamento em dinheiro na catraca para que a gente não tenha que encarar fila; pela ampliação da rede de creches que isso faz parte da educação infantil. Para que o Bolsa Universidade como disse aqui o Adolfo possa ser ampliado mas com uma fiscalização pública para que não volte a acontecer esses abusos que aconteceram. Então por tudo isso a comissão está entrando.”
Um outro estudante de uma faculdade particular mostra que todos os estudantes sofrem com a ineficiência do transporte e com o mau uso de um serviço público:
“Meu nome é Chico sou da Fametro e eu quero dizer que é decadente o transporte público. Que é decadente ficar esperando o ônibus e ainda pegar o ônibus lotado. Nós que moramos na Zona Leste, na Zona Norte. E eles que só saem com o carro deles! Por isso nós viemos aqui na prefeitura.

O pai de um estudante que também participou da manifestação deixou seu apoio e repúdio ao aumento da passagem:
“Os estudantes estão de parabéns por estarem organizando essa grande passeata! Deixa eu falar para a moçada os ônibus só vão sair meio dia! Então permaneçam aqui concentrados, nós só vamos sair depois que entregarmos nossas reivindicações ao prefeito Amazonino Mendes e assista a essa grande manifestação dos estudantes que se colocam aqui e que se posicionam contra o aumento da tarifa de transporte coletivo da cidade de Manaus. Porque nós, a população não aceita o preço de R$2,80 no transporte coletivo que é de péssima qualidade. Quando a gente anda em ônibus lotado, ônibus sucateado, ônibus que mais parece sardinha em lata! Nós perdemos o nosso direito quando reduziram a quantia de 120 meias-passagens para 70 apenas quando aumentaram a passagem para R$2,25. A promessa era a que ia aumentar a frota e que ia haver transporte de qualidade na cidade de Manaus. Hoje moçada a gente vem mais uma vez se organizar quanto ao aumento dessa tarifa. Nós não vamos aceitar!”
A presidente da UEE-AM, Maria das Neves parabenizou os estudantes e fez um discurso do entendimento de todo o movimento estudantil sobre a improbidade dos representantes políticos e ganância dos empresários:
“Parabéns a todos os estudantes pela grande mobilização! Saudar cada escola, cada grêmio estudantil! As escolas particulares. As universidades. A Universidade Federal do Amazonas. A galera que veio de tão longe caminhar com os estudantes secundaristas, porque nós entendemos que essa é a luta da galera que está na escola, mas é também é a luta da galera que esta na universidade. Nós aqui queremos entrar, porque está em horário de funcionamento. Essa é a casa do povo e ela tem que está aberta! É direito de cada um de nós de cada cidadão e de cada cidadã de Manaus entrar nessa casa para solicitar uma audiência, reivindicar seus direitos e ainda protocolar um simples ofício. Porque haverá o dia em que nós deveremos ocupar essa casa. Haverá o dia, não é hoje porque esse aumento ainda não foi dado. Os empresários e o prefeito são espertos. Eles deixaram para dar o aumento em junho achando que os estudantes vão arrefecer, vão esquecer que a tarifa aumentou. E nós temos que lembrar a cada dia, até o mês de junho que essa tarifa não cabe no nosso bolso que não é essa a tarifa que nós queremos pagar na cidade de Manaus. E sobretudo o que nós queremos é um transporte coletivo de qualidade, que chegue no horário, que possa atender as necessidades dos deficientes e que nós estudantes não podemos retroceder nos nossos direitos. Nós exigimos o imediato retorno da volta do pagamento em dinheiro da meia-passagem na catraca. Nós queremos sair daqui com essa vitória. Assim como também, nós da Ufam não aceitaremos a retirada do ônibus integração do campus universitário. Nós não aceitaremos a retirada do ônibus integração do T1 e do T2. E nós exigimos mais ponto de bilhetagem nessa cidade para poder diminuir as tantas filas que tanto prejudicam a nossa população.”

E assim foi a passeata que fez com que o prefeito cassado de Manaus, Amazonino, se escondesse e se refugiasse entre seus pares: os empresários. Foi uma verdadeira aula estudantil de como se faz política. Toda a passeata foi feita com alegria e descontração, sob o impressioante vigor da garotada. Fica aqui mais uma série de fotografias para documentar neste bloguinho a participação das escolas. O que se percebe é que a grande maioria era composta de crianças e adolescentes, significando que numa cidade com tal juventude os tiranos nunca estarão seguros.
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À direita, um trio de educadores afinados, participando e movimentando este intempestivo bloguinho.
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