Arquivo para novembro \30\-04:00 2011
MANIFESTAÇÃO CONTRA O CÓDIGO FLORESTAL
Published quarta-feira, 30 novembro, 2011 Manifestos , Meio Ambiente , Notícia , Política Leave a CommentAGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO NÃO VAI REVOGAR CONTRATO DA CHEVRON
Published quarta-feira, 30 novembro, 2011 Justiça , Meio Ambiente , Notícia , Política Leave a CommentA empresa norte-americana Chevron, que causou crime ambiental ao lançar no mar mais de 440 mil litros de petróleos, que corresponde a 2,4 mil barris, do Campo de Frade, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, não terá sua licença de exploração de petróleo revogada. A informação foi fornecida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), através de seu representante, Sílvio Jabloniski, durante audiência no Senado Federal.
“Em nenhum momento se pensou em cassar o registro da empresa no Brasil. A extração está suspensa até entendermos o fato”, o representante da ANP.
A suspensão das atividades da empresa poluidora, Chevron, ocorreu no dia 23 deste mês, até enquanto não forem identificadas as causas e os responsáveis pelo vazamento de petróleo e restabelecidas as condições de segurança no local.
Segundo o representante da ANP às informações conseguidas durante a etapa de apuração de responsabilidades, pode permitir a ANP propor mudanças no marco regulatório brasileiro.
“Estamos sempre prontos a aprender com qualquer tipo de incidente que aconteça no Brasil”, disse o representante da ANP.
RELATÓRIO DA CGU MOSTRA IRREGULARIDADES NO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E CONAB
Published quarta-feira, 30 novembro, 2011 Agricultura , Notícia , Política Leave a CommentMuitas irregularidades foram encontradas na pasta do Ministério da Agricultura e na Companhia de Abastecimento (Conab) de acordo com o relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
De acordo com o relatório as irregularidades mais graves, como referentes gerenciais e de contratos, encontram-se na Conab, que é um órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. Um prejuízo potencial de R$ 228 milhões de subvenções pagas indevidamente a empresas que não respeitaram as regras do programa foi encontrado nas operações do Prêmio para Escoamento de Produto (PEP). Outro prejuízo de R$ 20,5 milhões foi computado em 2010, relativo à prática de deságio, em que empresas contratadas pelo governo pagaram ao produtor menos que o preço mínimo determinado em contrato.
O relatório da CGU mostra que há erros de gerenciamentos de dados. Há pelo menos 10 mil processos envolvendo a companhia, gerenciados de forma errada. Há ainda denúncia da venda de um terreno em área nobre de Brasília, gerando prejuízo à companhia. Além da liberação de R$ 8,2 milhões para uma empresa de armazenagem realizada por ordem do diretor financeiro da Conab, Oscar Jucá Neto, que serviu de motivo para demissão.
Referente ao Ministério da Agricultura, o relatório mostra um prejuízo de aproximadamente R$ 1,1 milhão motivado por uma contratação indevida da Fundação São Paulo (Fundasp) que é mantenedora da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP). Foram encontrados erros na contratação de serviços gráficos e de comunicação, na contratação de planos de saúde para adidos agrícolas, contratação de serviço de análise laboratorial relativa a agrotóxicos e na aquisição de equipamento de informática.
O relatório da CGU mostra claramente que o combate à corrupção do desvio do dinheiro público no governo da presidenta Dilma segue os moldes do governo do ex-presidente Lula. Hoje, no Brasil é impossível não se saber para onde foi um centavo desviado dos cofres públicos. Fato que em governo passados, como no de Fernando Henrique, não ocorria. Muito pelo contrário. A Polícia Federal, que é o órgão que trabalha conjuntamente com a CGU, no governo do PSDB encontrava-se manietada.
Agora, as duas entidades estão comprometidas profundamente em combater o perverso abuso de apropriação do dinheiro público feito por indivíduos corrompidos.
GRVE DE 48 HORAS DO FUNCIONALISMO PÚBLICO DO CHILE
Published quarta-feira, 30 novembro, 2011 America Do Sul , Notícia , Política Leave a CommentComo rejeição ao ajuste salarial apresentado pelo governo do presidente Piñera os trabalhadores públicos do Chile deflagram uma paralisação de 48 horas. Os membros dos três principais sindicatos como Associação Nacional de Empregados Fiscais (ANEF), Colégio de Professores e a Federação Nacional de Profissionais Universitário de Serviços de Saúde param por completo o país.
“O que o governo está propondo mal representa 3% de aumento real e não se ajusta ao 6,5% de crescimento da economia previsto para este ano”, analisou Raúl da Ponte, líder maior da ANEF.
Por sua vez, Nuly Benítez, vice-presidenta da ANEF, disse que é preciso que o funcionalismo público se defenda contra possíveis demissões impostas pelo governo Piñera.
“Para a greve, com força; não permitamos que nossa gente seja jogada à rua”, disse Benítez.
Os representantes dos sindicatos denunciaram a prisão na segunda-feira de um grupo de dirigentes sindicais que apoiava trabalhadores que estavam ameaçados de denissão.
ESTUDANTES DA UNICAMP, MOVIMENTO TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA, PRODUZEM VÍDEO-HUMOR-INTELIGENTE QUE DISSIPA OS AMESTRADOS DA TV GLOBO
Published quarta-feira, 30 novembro, 2011 Comunicação , Ensino , Ilusão , Notícia , Política Leave a Comment“NOSSO SAMBA TÁ NA RUA”
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 Cultura , Música , Política 1 CommentEm entrevista ao jornalista Valmir Moratelli, do iG por ocasião do lançamento do CD de músicas inéditas “Nosso samba tá na rua” – dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo – a cantora Beth Carvalho é mordaz : “a CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura”, diz a cantora, presidente de honra do PDT.
“Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade”iG: Em seu novo CD, a letra “Chega” é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?
Beth Carvalho: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mnão é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.
iG: De que forma o samba é machista?
Beth Carvalho: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens (risos).
iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação?
Beth Carvalho: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.
iG: Alguns culpam o governo Leonel Brizola (1983-1987/1991-1994) pelo fortalecimento do tráfico nos morros. A senhora, que era amiga do ex-governador, concorda?
Beth Carvalho: Isso é muito injusto. É absurdo (diz em tom áspero). Se tivessem respeitado os Cieps, a atual geração não seria de viciados em crack, mas de pessoas bem informadas. Brizola discutia por que não metem o pé na porta nos condomínios da Avenida Viera Souto (em Ipanema) como metem nos barracos. Ele não podia fazer milagre.
iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita no modelo socialista?
Beth Carvalho: Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz ‘me deixem em paz’. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.
iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba?
Beth Carvalho: Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.
iG: Por quê?
Beth Carvalho: Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.
iG: Como quais?
Beth Carvalho: Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.
iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?
Beth Carvalho: Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.
iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?
Beth Carvalho: Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano. Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes… A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.
iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.
Beth Carvalho: Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)
iG: Com a democracia…
Beth Carvalho: Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.
iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez…
Beth Carvalho: Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.
iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?
Beth Carvalho: Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.
iG: O samba vai resistir a esta “guerra” que a senhora diz existir?
Beth Carvalho: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: “Nosso samba tá na rua”.
II Encontro de Jovens Gays, outros HSH e Travestis debate a campanha do Dia Mundial Contra a Aids.
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 LGBT , Notícia , O Mundo é Gay , Política , Saúde 1 CommentA campanha do Dia Mundial Contra a Aids foi debatida ontem no II Encontro Nacional de Jovens.
A abertura do encontro contou com a presença do presidente do Conselho Nacional de Juventude, Gabriel Medina, e do assessor da Secretaria Nacional de Juventude, Eduardo Santarelo. Cerca de 80 jovens representando 23 estados da Federação participam do encontro, que é organizado pela Associação de Populações Vulneráveis, com apoio do Departamento Nacional de DST/Aids, Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e RNAJVHA – Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids.
No debate, o tema da campanha de prevenção de 1º de dezembro, a implementação do Plano de Enfrentamento da Epidemia de HIV/Aids entre Gays, outros HSH e Travestis e equipamentos de promoção da testagem rápida em HIV/Aids. O projeto “Quero Fazer”, um piloto da oferta do teste gratuito do HIV, em funcionamento em três cidades do país – Recife, Rio de Janeiro e Brasília – foi apresentado e debatido. Toni Reis defendeu a criação desses equipamentos. “A testagem tem que ser oferecida no cotidiano das pessoas”. A iniciativa se mostra necessária quando se leva em consideração o percentual de casos de diagnóstico tardio de HIV que, segundo Eduardo Barbosa, gira em torno de 48%.
“A Aids não tem preconceito”. Esse é o mote da campanha de 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, realizada pelo Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. A campanha será lançada durante a Conferência Nacional de Saúde, que acontece de 30 de novembro a 4 de dezembro de 2011, em Brasília. O assunto foi discutido hoje, na primeira mesa de debates do II Encontro Nacional de Jovens Gays, outros HSH e Travestis, em São José do Rio Preto, São Paulo. Participaram do debate o diretor adjunto do Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa; Toni Reis, presidente da ABGLT; Jean Dantas, pelo Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, e Kleber Mendes, da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids.
RELATÓRIO DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA DENUNCIA COMUNIDADES TERAPÊUTICAS PARA USUÁRIOS DE DROGAS
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 Notícia , Política , Psicologia , Saúde 7 CommentsUm verdadeiro quadro de violência contra os direitos humanos dos usuários de drogas foi denunciado pelos membros da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que visitaram 24 estados e o Distrito Federal e computaram a prática em 68 instituições de internação.
Imposição de credo, desrespeito à orientação sexual, violências físicas como castigos e torturas, isolamentos em quartos fechados com cadeado, escuro e pouco arejado para onde são levados os usuários recém-chegados ou que têm comportamento agressivo, são alguns dos desrespeitos aos direitos humanos constatados nessas comunidades terapêuticas.
Mas não é só esse tipo de violência que os internos sofrem nessas comunidades terapêuticas, de acordo com o relatório. Em algumas instituições os internos são enterrados até o pescoço e são obrigados, como castigo, a beber água do vaso sanitário, além de comerem comida preparada com alimentos estragados. Usando o eufemismo de laborterapia, elas aplicam trabalho forçado aos internos.
Ana Luiza Castro, conselheira do CFP, comentando o relatório, afirmou que os dependentes químicos não são tratados nas comunidades terapêuticas.
“Eles estão sendo mantidos em lugares baseados na fé religiosa e no trabalho sem remuneração. A maioria não tem psicólogos, assistentes sociais, médicos ou técnicos em enfermagem”, disse Ana Luiza.
Ainda de acordo com a conselheira, muitas comunidades terapêuticas ainda não têm convênios e recebem verbas públicas, e não se sabe quantas comunidades terapêuticas existem.
“A gente desconfia de que tem muitas instituições funcionando à margem da lei, de qualquer regularização. A maioria desses locais é afastada. Não conseguimos localizar o site ou não tem telefone”, afirmou Ana Luiza Castro.
A situação dessas comunidades terapêuticas força o surgimento de um problema. O governo federal, tendo como modelo as comunidades terapêuticas, vai tentar criar unidades de acolhimento de usuários de álcool e outras drogas, dentro do Sistema único de Saúde (SUS). Se essas comunidades terapêuticas denunciadas pelo relatório servissem de modelo seria uma loucura. Mas é claro que o governo não às tomará como referência.
O relatório foi entregue ao ouvidor nacional dos Direitos Humanos, Domingos da Silveira, que irá entregar à ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário.
“Vou encaminhar o relatório à ministra Maria do Rosário, e vou estudá-lo e, é meu dever, percebendo algumas consistências nas denúncias, instaurar um procedimento coletivo de apuração”, disse.
Por sua vez, diante das acusações, o diretor executivo da Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas, Maurício Landre, disse que os conselhos regionais e Federal de Psicologia estão fazendo um movimento para atacar o nome das comunidades terapêuticas.
“O que eles têm observado na maioria dos casos de violação e problemas com a questão manicomial não são comunidades terapêuticas.
Tudo que é involuntário, ou seja, o caso das internações compulsórias não é comunidade terapêutica mesmo que use esse nome. Eles resolveram colocar tudo no mesmo saco e tratar do mesmo jeito”, afirmou Landre.
TRÊS INQUÉRITOS SÃO INSTAURADOS PELO MPF SOBRE O VAZAMENTO PROVOCADO PELA CHEVRON
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 Justiça , Meio Ambiente , Notícia , Política Leave a CommentA empresa norte-americana que poluiu o Campo de Frade, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, vai ser objeto de três inquéritos instaurados pelo Ministério Público Federal, em Macaé. Entretanto, a empresa poluidora ainda não confirmou o recebimento da aplicação dos três inquéritos instaurados pelo Ministério Público Federal (MPF).
O órgão federal, em Macaé, notificou que os mesmos já foram instaurados com o objetivo de investigar as causas, condições e conseqüências do vazamento – o desastre ecológico -, ocorrido no dia 7 de novembro, quando milhares de litros de óleo foram vazados.
De acordo com o MPF o primeiro inquérito vaia avaliar os impactos que o acidente pode causar às atividades pesqueiras e a economia de Macaé, Carapebus e Rio das Ostras, localidades do litoral fluminense.
Os dois últimos vão avaliar se houve omissão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em elaborar os planos regionais e nacional de contingência. Ainda será apurado se a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) cometeu falhas de controle das atividades petroleiras no local do vazamento.
Foi pedido também à Marinha expedição de ofício requisitando cópia de todos relatórios técnicos referentes ao acidente e esclarecimento sobre o impacto causado à atividade pesqueira da região.
PISTOLEIROS VOLTAM A ATACAR O ACAMPAMENTO DOS ÍNDIOS GUARANI KAIOWÁ, NO MATO GROSSO DO SUL
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 Índios , Justiça , Notícia , Política 1 CommentDois pistoleiros muito bem armados, em uma mota, invadiram, na tarde de ontem, dia 28, o Acampamento Pyelito Kue, próximo ao município Iguatemi, atiraram contra os índios, e ameaçaram voltar.
Segundo os indígenas, foi mais uma ameaça de intimidação por causa do conflito criado pelos fazendeiros do sudoeste do Mato Grosso do Sul. Há décadas os grandes proprietários usam todos os meios para se apropriarem das terras indígenas. Os ânimos ficaram acirrados depois que pistoleiros, no dia 18, mataram o cacique Nísio Gomes, levaram seu corpo e seqüestraram três indígenas.
Apesar das constantes ameaças os indígenas não vão sair da terra para satisfazer o anseio explorador dos fazendeiros que não se satisfazem com a terra que já têm e cobiçam a terra indígena.
“Eles passaram de moto, atirando, e disseram pra gente sair até a noite, porque vão voltar mais tarde.
Não vamos sair daqui. Estamos aqui na nossa terra, vamos permanecer aqui, vamos morrer nós e vão morrer eles”, afirmou o líder indígena Dorival.
Eles devem permanecer na terra que lhes pertence, mas é preciso que a Justiça fortaleça a segurança, porque pela própria demonstração de ousadia – melhor covardia – dos pistoleiros, talvez eles não estejam levando em conta a presença da Força Nacional de Segurança e do Ministério Público acreditando que a impunidade nos crimes agrários é a tônica no Brasil.
Comunicação Social no Brasil: o direito e o avesso
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 Brasil , Comunicação , Cultura , Política , Televisao 1 Comment“– Bem sei, mas a lei?
– Ora, a lei… o que é a lei, se o Senhor major quiser?…
O major sorriu-se com cândida modéstia.”
Manoel Antonio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias.
Fabio Konder Comparato aponta os vícios praticados pela imprensa no Brasil
No conto O Espelho, de Machado de Assis, o narrador assevera a seus ouvintes espantados que cada um de nós possui duas almas. Uma exterior, que exibimos aos outros, e com a qual nos julgamos a nós mesmos de fora para dentro. Outra interior, raramente exposta aos olhares externos, que nos permite julgar o mundo e a nós mesmos, de dentro para fora.
Importa reconhecer que essa duplicidade, no exato sentido de algo dobrado ou dissimulado, tal como a metáfora do conto machadiano, encontra-se tanto em nosso caráter, quanto em nossa organização político-econômica.
É inegável que o caráter brasileiro contém um elemento de dissimulação constante nas relações sociais. Nossa afabilidade de maneiras, tão elogiada pelos estrangeiros, dissimula com frequência sentimentos de desinteresse e desprezo.
Já em matéria de organização político-econômica, sempre tivemos, desde a Independência, um duplo esquema institucional. Há, de um lado, o direito oficial, que é a nossa alma exterior exibida ao mundo. Mas há também, no foro interior de nossas fronteiras, um direito oculto, que acaba sempre por prevalecer sobre o direito oficial, quando este se choca com os interesses dos poderosos.
Creio que o exemplo mais conspícuo dessa duplicidade institucional ocorre nos meios de comunicação de massa.
A maioria das normas sobre a matéria, constantes da Constituição de 1988, é certamente de bom nível. Acontece, porém, que quase todas elas ainda carecem de regulamentação legislativa, vinte e três anos após a promulgação da Carta Constitucional. São armas descarregadas.
Como se isso não bastasse, em decisão de abril de 2009 o Supremo Tribunal Federal julgou que a lei de imprensa de 1967 havia sido tacitamente revogada com a entrada em vigor da Constituição de 1988. Ora, nessa lei de imprensa, como em todas as que a precederam, regulamentava-se o exercício do direito de resposta, inscrito no art. 5º, inciso V da Constituição. Em conseqüência, esse direito fundamental tornou-se singularmente enfraquecido.
Como bem lembrou Lacordaire na França no século XIX, numa época em que a burguesia montante já impunha a política de desregulamentação legislativa de todas as atividades privadas, “entre o rico e o pobre, entre o forte e o fraco, é a lei que liberta e é a liberdade que oprime”. De que serve, afinal, uma Constituição, cujas normas não podem ser aplicadas pela ausência de leis regulamentares? Ela existe, segundo a clássica expressão francesa, como trompe l’oeil, mera ilusão pictórica da realidade.
Inconformado com essa negligência indesculpável do órgão do Poder Legislativo – negligência que, após mais de duas décadas da entrada em vigor da Constituição, configura uma autêntica recusa de legislar – procurei duas entidades, que são partes constitucionalmente legítimas para propor ações dessa espécie: o PSOL e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comunicação e Publicidade. Elas aceitaram ingressar como demandantes perante o Supremo Tribunal Federal, onde tais ações foram registradas como ADO nº 9 e ADO nº 10.
Qual não foi, porém, meu desencanto quando, intimados a se pronunciar nesses processos, tanto a Câmara dos Deputados, quanto o Senado Federal, tiveram a audácia de declarar que não havia omissão legislativa alguma nessa matéria, pois tudo transcorria como previsto no figurino constitucional!
Acontece que, para cumular o absurdo, a duplicidade no campo da comunicação social não se reduz apenas ao apontado descompasso entre a Constituição e as leis.
Se considerarmos em particular o estatuto da imprensa, do rádio e da televisão, encontraremos o mesmo defeito: o direito oficial é afastado na prática, deixando o espaço livre para a vigência de um direito não declarado, protetor dos poderosos.
A Constituição proíbe ao Poder Público censurar as matérias divulgadas pelos meios de comunicação de massa. Mas os controladores das empresas que os exploram, estes, são livres de não divulgar ou de deformar os fatos que contrariem seus interesses de classe.
Como não cessa de repetir Mino Carta, este é o único país em que os donos da grande imprensa, do rádio ou da televisão fazem questão de se dizer colegas dos jornalistas seus empregados, embora jamais abram mão de seu estatuto de cidadãos superiores ao comum dos mortais.
Cito, a propósito, apenas um exemplo. Em fevereiro de 2009, o jornal Folha de S.Paulo afirmou em editorial que o regime empresarial-militar, que havia assassinado centenas de opositores políticos e torturado milhares de presos, entre 1964 e 1985, havia sido uma “ditabranda”. Enviei, então, ao jornal uma carta de protesto, salientando a responsabilidade do diretor de redação por aprovar essa opinião ofensiva à dignidade dos que haviam sido torturados, e dos familiares dos mortos e desaparecidos. O jornal publicou minha carta, acrescida de uma nota do diretor de redação, na qual eu era gentilmente qualificado de “cínico e mentiroso”. Revoltado, ingressei com uma ação judicial de danos morais, quando tinha todo o direito de apresentar queixa-crime de injúria. Pois bem, minha ação foi julgada improcedente, em primeira e em segunda instâncias. Imagine-se agora o que teria acontecido se as posições fossem invertidas, ou seja, se eu tivesse tido o destrambelho de insultar publicamente o diretor de redação daquele jornal, chamando-o de cínico e mentiroso!
A lição do episódio é óbvia: a Constituição reza que todos são iguais perante a lei; no mundo dos fatos, porém, há sempre alguns mais iguais do que os outros.
Vejamos, agora, nesse quadro institucional dúplice, o funcionamento dos órgãos de rádio e televisão.
Dispõe o art. 21, inciso XII, alínea a, que “compete à União explorar diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens”.
No quadro constitucional brasileiro, por conseguinte, a exploração dessas atividades constitui um serviço público; isto é, no sentido original e técnico da expressão, um serviço prestado ao povo. E a razão disso é óbvia: as transmissões de radiodifusão sonora ou de sons e imagens são feitas através de um espaço público, isto é, de um espaço pertencente ao povo. Escusa lembrar que, como todo bem público, tal espaço não pode ser objeto de apropriação privada.
Da disposição constitucional que dá à radiodifusão sonora e da difusão de sons e imagens a natureza de serviço público decorrem dois princípios fundamentais.
Em primeiro lugar, o Estado tem o dever indeclinável de prestá-lo; e toda concessão ou permissão para que particulares exerçam esse serviço é mera delegação do Poder Público. Assim dispôs, aliás, a Lei nº 8.987, de 1995, que regulamentou o art. 175 da Constituição Federal para as concessões de serviços públicos em geral.
Em segundo lugar, na prestação de um serviço público, a realização do bem comum do povo não pode subordinar-se às conveniências ou aos interesses próprios daqueles que os exercem, quer se trate de particulares, quer da própria organização estatal (em razão de economia orçamentária, por exemplo).
Ora, neste país, desde o início do regime empresarial-militar em 1964, ou seja, antes mesmo da difusão mundial do neoliberalismo capitalista nas duas últimas décadas do século passado, instaurou-se o regime da privatização dos serviços de rádio e televisão. A presidência da República escolheu um certo número de apaniguados, aos quais outorgou, sem licitação, concessões de rádio e televisão. Todo o setor passou, assim, a ser controlado por um oligopólio empresarial, que atua não segundo as exigências do bem comum, mas buscando, conjuntamente, a realização de lucros e o exercício do poder econômico, tanto no mercado quanto junto aos Poderes Públicos.
Ainda hoje, todas as renovações de concessão de rádio e televisão são feitas sem licitação. Quem ganha a primeira concessão torna-se “dono” do correspondente espaço público.
A aparente justificação para esse abuso é a norma mal intencionada do art. 223, § 2º da Constituição, segundo a qual “a não-renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal”. Basta, porém, um minuto de reflexão para perceber que esse dispositivo não tem o efeito de suprimir a exigência de ordem pública, firmada no art. 175, segundo a qual todas as concessões ou permissões de serviço público serão realizadas mediante licitação.
Outra nefasta consequência dessa privatização dos serviços públicos de rádio e televisão entre nós, é que as autoridades públicas, notadamente o Congresso Nacional, decidiram fechar os olhos à difundida prática negocial de arrendamento das concessões de rádio e televisão, como se elas pudessem ser objeto de transações mercantis. Ora, tais arrendamentos, muitas vezes, dada a sua ilimitada extensão, configuram autênticas subconcessões de serviço público, realizadas com o consentimento tácito do Poder concedente.
Será ainda preciso repetir que os concessionários ou permissionários de serviço público atuam em nome e por conta do Estado, e não podem, portanto, nessa qualidade, buscar a realização de lucros, preterindo o serviço ao povo? O mais chocante, na verdade, é que o Ministério Público permanece omisso diante dessa afrontosa violação de normas constitucionais imperativas.
Sem dúvida, o direito brasileiro (Lei nº 8.987, de 13/02/1995, art. 26) admite é a subconcessão de serviço público, mas desde que prevista no contrato de concessão e expressamente autorizada pelo poder concedente. A transferência da concessão sem prévia anuência do poder concedente implica a caducidade da concessão (mesma lei, art. 27).
Mesmo em tais condições, uma grande autoridade na matéria, o Professor Celso Antonio Bandeira de Mello, enxerga nesse permissivo legal da subconcessão de serviço público uma flagrante inconstitucionalidade, pelo fato de burlar a exigência de licitação administrativa (Constituição Federal, art. 175) e desrespeitar com isso o princípio da isonomia.
Para se ter uma idéia da ampla mercantilização do serviço público de televisão entre nós, considerem-se os seguintes dados de arrendamento de concessões, somente no Estado de São Paulo:
BANDEIRANTES: 24 horas e 35 minutos por semana (tempo estimado)
2ª a 6ª-feira
5h45 – 6h45 (Religioso I)
20h55 – 21h20 (Show da Fé)
2h35 (Religioso II)
Sábado e domingo
5h45 – 7h (Religioso III)
4h (Religioso IV)
REDE TV!: 30 horas e 25 minutos por semana (tempo estimado)
Domingo
6h – 8h – Programa Ultrafarma
8h – 10h – Igreja Mundial do Poder de Deus
10h – 11h – Ultrafarma Médicos de Corpos e Alma
16h45 – 17h – Programa Parceria5
3h – Igreja da Graça no Seu Lar
2a e 3ª feiras
12h – 14h – Igreja Mundial do Poder de Deus
14h – 15h – Programa Parceria 5
17h10 – 18h10 – Igreja da Graça – Nosso Programa
1h55 – 3h – Programa Nestlé
3h – Igreja da Graça no Seu Lar
4a feira
12h – 14h – Igreja Mundial do Poder de Deus
14h – 15h – Programa Parceria 5
17h10 – 18h10 – Igreja da Graça – Nosso Programa
3h – Igreja da Graça no Seu Lar
5a e 6ª feiras
12h – 14h – Igreja Mundial do Poder de Deus
17h10 – 18h10 – Igreja da Graça – Nosso Programa
3h – Igreja da Graça no Seu Lar
Sábado
7h15 – 7h45 – Igreja Mundial do Poder de Deus
7h45 – 8h – Tempo de Avivamento
8h – 8h15 – Apeoesp – São Paulo
8h15 – 8h45 – Igreja Presbiteriana Verdade e Vida
8h45 – 10h30 – Vitória em Cristo
10h30 – 11h – Igreja Pentecostal
11h – 11h15 – Vitória em Cristo 2
12h – 12h30 – Assembléia de Deus do Brasileiro
12h30 – 13h30 – Programa Ultrafama
2h – 2h30 – Programa Igreja Bola de Neve
3h – Igreja da Graça no Seu Lar
TV GAZETA: 37 horas e 5 minutos por semana
2ª a 6ª-feiras
6h – 8h – Igreja Universal do Reino de Deus
20h – 22h – Igreja Universal do Reino de Deus
1h – 2h – Polishop
Sábado
6h – 8h – Igreja Universal do Reino de Deus
20h – 22h – Igreja Universal do Reino de Deus
23h – 2h – Polishop
Domingo
6h – 8h – Igreja Universal do Reino de Deus
8h – 8h30 – Encontro com Cristo
14h – 20h – Polishop
0h – 2h – Polishop
A lição a se tirar dessa triste realidade é bem clara: os meios de comunicação social, neste país, permanecem alheios aos princípios e regras constitucionais.
Para a correção desse insuportável desvio, é indispensável e urgente tomar três providências básicas.
Em primeiro lugar, impõe-se, na renovação das concessões ou permissões do serviço de radiodifusão sonora, ou de sons e imagens, cumprir o dispositivo de ordem pública do art. 175 da Constituição Federal, que exige a licitação pública.
Em segundo lugar, é preciso pôr cobro à escandalosa prática de arrendamento de concessões de rádio e televisão.
Em terceiro lugar, como foi argüido nas ações de inconstitucionalidade por omissão, acima mencionadas, é urgente fazer com que o Congresso Nacional rompa a sua prolongada mora em cumprir o dever constitucional de dar efetividade aos vários dispositivos da Constituição Federal carentes de regulamentação legislativa, a saber:
1) O art. 5º, inciso V, sobre o direito de resposta;
2) O art. 220, § 3º, inciso II, quanto aos “meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente;
3) O art. 220, § 5º, que proíbe sejam os meios de comunicação social, direta ou indiretamente, objeto de monopólio ou oligopólio;
4) O art. 221 submete a produção e programação das emissoras de rádio e televisão aos princípios de: “I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”.
É o mínimo que se espera nessa matéria dos nossos Poderes Públicos, como demonstração de respeito à dignidade do povo brasileiro.
*Fabio Konder Comparato é advogado, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), doutor em Direito, Prêmio Louis Milliot pela sua tese de doutoramento em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Paris, entre outros; e escritor, autor de A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos (COMPARATO, Fábio Konder) – 4ª edição. São Paulo: Saraiva Editores S.A., 2005. 577 p., além de extensa obra intelectual.
VÍDEO: BERLIN ENSEMBLE
Published terça-feira, 29 novembro, 2011 Cultura , Música , Política Leave a CommentSEGUNDA-FEIRA DOMINICAL
Published segunda-feira, 28 novembro, 2011 Segunda-Feira Dominical Leave a CommentO Dia das boas almas
# Com o objetivo de construir um inventário que mostre os lugares onde ocorreram os protestos, no estado de São Paulo, contra as forma s de opressões oficiais o Memorial da Resistência inaugurou no final da semana passada uma exposição de fotografias e documentos onde os visitantes poderão se cientificar dos fatos ocorridos, assim como os lugares e terem um conhecimento mais real da história do Brasil.
“Essa exposição faz uma amostragem de lugares da memória da resistência e da repressão no Estado de São Paulo. Pegamos alguns lugares referenciais, como por exemplo, a Praça da Sé, o Largo de São Francisco, o Tuca – Teatro da Universidade Católica de São Paulo -, o Convento dos Dominicanos e o Presídio Tiradentes.
Pretendemos que as pessoas pensem em lugares que elas conhecem ou já ouviram falar e reflitam em como esses lugares podem ser apropriados tanto para manifestações de resistência como contra a repressão. Acreditamos que a educação do olhar também pode evitar que muitos desses lugares sejam apropriados indevidamente. Sabemos que há lugares que são apropriados para tortura inda hoje”, observou Kátia Felipini, museóloga e coordenadora do Memorial da Resistência.
A exposição é mais uma produção em favor da dignidade humana que fortalece – sem neurose do culto do passado – a frase política-existencialista do escritor Milan Kundera: “A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento”.
# Dois deputados federais do Partido dos Trabalhadores (PT) ofereceram, na semana passada, um espetáculo de negação da política que talvez só fosse protagonizado pelos confusos senhores da direita do tipo Álvaro Dias (PSDB/PR), Agripino Maia (DEM/RN) e Roberto Freire (PPS/SP).
No episódio nazi-fascista, em que o racista e homofóbico deputado da extrema-direita, Jair Bolsonaro, chama a presidenta Dilma Vana Rousseff de homossexual, um deles pediu para que o outro não registrasse nos anais do Parlamento as falas patológicas do representante da extrema-direita.
O ato dos dois deputados do PT confirma o quanto o partido está repleto de figuras surreais. O quanto o partido perdeu do entendimento do que seja socialismo real, com esses tipos de filiados. O que eles cometeram não foi apenas uma violência parlamentar, mas uma violência contra a história. Um crime de ocultação oficial da realidade parlamentar brasileira.
A retirada das falas do deputado representante da extrema-direita dos anais do parlamento configura-se em censura ao conhecimento futuro. Quando alguém for pesquisa nessa data esse fato, vai encontrar uma lacuna que falará em favor do deputado nazi-fascista. Uma lacuna de autoria de dois parlamentares que se diziam de esquerda, construtores do socialismo. Um socialismo que não chega a ser nem utópico, e muito menos científico.
# “Atire a primeira pedra” quem não conhecer a verve poética, musical e política do escritor, compositor, ator e combatente comunista Mário Lago, que se vivo estivesse, no dia 26 passado, teria completado 100 anos de inquieta existência.
Em sua homenagem, para comemoração de seus 100 anos, foi realizado o Projeto Mário Lago – Homem do Século XX e Cordão do Bola Preta, na sede do Cordão, no Rio de Janeiro. Na programação correu um baile de lançamento do CD Folias do Lago, com as participações do Cordão do Boitatá, João Roberto Kelly e Chamon apresentando musicais, principalmente carnavalescas, compostas pelo atuante artista.
No dia 2, em São Paulo, a programação continua como parte do Projeto Autor na Praça, na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima, quando ocorreram exibições de vídeos, leituras de textos e poemas.
Mario Lago era advogado com profunda formação marxista o que lhe valeu sete prisões, todas elas em função de sua defesa férrea do pensamento comunista contra o capitalismo violento que impossibilita a felicidade humana com dignidade. Em sua produção musical, ele, teve alguns parceiros, mas foi o compositor Ataulfo Alves que ele criou um das canções mais catadas do cancioneiro brasileiro: “Ai que Saudades da Amélia”.
Em sua inconstante criação artística, Mário Lago, participou de várias telenovelas, cinema e teatro. Foi locutor da Rádio Nacional de onde foi demitido por força da intervenção da ditadura que lhe também cassou os direitos políticos.
Mário Lago é daqueles homens que não merece parabéns, porque sua existência foi sempre um bem. Parabenizá-lo é redundância.
# Cariocada do Flusão alivia o sofrimento de cinco minutos dos torcedores do Vascão. A partida ia chegando ao seu final com o placar de 1 a 1para ambos os peladeiros, com o Coringão envolvido com a taça, quando o Flusão resolveu cariocar e adiar o sofrimento dos vascaindos para o começo da próxima semana, no embalo da Segunda-Feira Dominical.
O Vascão fez seu segundo tento com mais um auxílio do goleiro Cavalieri, que foi um perfeito cavalheiro com o atacante Bernardo do Vascão. Um goleiro cuja atuação é um verdadeiro protesto contra a tecnologia que fabricou a máquina de lavar. Um goleiro que defende as lavadeiras, por isso está sempre batendo roupa.
No meio da semana o Vascão vai encarar, no Chile, a Universidade Católica. Tem vascaindo já preparando argumento para tirar as broncas da perca do campeonato dos pernas-de-pau. O time vai ficar cansado para encarar o Mengão. Entretanto, a questão não é o Mengão. A questão é o Periquito que possivelmente, mesmo com a pernada no São Paulo por 1 gol a 0, não tem tutano para ganhar do Coringão. Além de que, o Vascão tá pebado de todos os lados. Pegar o Mengão e o Coringão jogar por um empate contra um time que antigamente era verde e agora é amarelo.
Mas os vascaindos não devem ficar tristes. A conquista do Peladão Brasileiro não é motivo para se orgulhar, mas sim se encabular. O troféu é a confirmação de que o time reúne os melhores pernas-de-pau do Brasil. O que é bom para o Amazonas, porque como não tem futebol ele não está incluído no conjunto dos pernas brasileiros.
ISTO É FRANCÊS
Published segunda-feira, 28 novembro, 2011 Cultura , Música , Política Leave a CommentMÚLTIPLAS CULTURAS SÃO INCLUIDAS NA HERANÇA CULTURAL E IMATERIAL DA HUMANIDADE PELA UNESCO
Published domingo, 27 novembro, 2011 Cultura , Mundo , Notícia , Política Leave a CommentA Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) divulgou a lista da herança cultural imaterial da humanidade que composta por múltiplas expressões culturais do mundo, e que a partir de dessa resolução ganham apoio para sua preservação.
Na lista encontram-se o fado português, os grupos mariachis, do México, o ritual agrícola de replantio de arroz em Hiroxima, mo Japão, e vários rituais de sociedades indígenas do Brasil, assim como o Samba de Roda do Recôncavo Baiano.
Referente ao Brasil, a lista do Patrimônio Mundial da UNESCO traz 18 bens nacionais como tradições orais, cultura e artes populares, línguas indígenas e manifestações tradicionais, como as expressões orais e gráficas dos Wajãpis, do Amapá, e o Samba de Roda do Recôncavo Baiano.
Na lista a UNESCO apresentou alguma manifestações típicas intangíveis que devem ser “urgentemente protegidas”, como um ritual de um povo indígena brasileiro, para “manter a ordem social e cósmica. Os saberes dos xamãs de Yuruparí, da Amazônia colombiana. Procissões de cavaleiros, da República Tcheca. A peregrinação à uma santuário Inca no Peru, e um teatro de Sombra Chinês.
Praça Tahrir é, de novo, o centro da Revolução Egípcia
Published domingo, 27 novembro, 2011 Mundo , Notícia , Política 1 CommentA revolução egípcia é um universo em expansão, uma massa em permanente fusão cuja propagação nada detém. O centro desse universo é a Praça Tahrir. Já não é um emblema ou um símbolo, mas sim uma irremovível plataforma de luta. Milhares e milhares de pessoas voltaram a lotar a praça para exigir da Junta Militar, que governa o país desde a queda do regime de Hosni Mubarak, que transfira os poderes a um governo civil e que anule o processo eleitoral marcado para essa segunda-feira. A reportagem é de Eduardo Febbro, direto do Cairo.
Eduardo Febbro – Direto do Cairo
“Marechal, acorda, este é teu último dia”. Os gritos da multidão reunida na Praça Tahrir contra o chefe do conselho Supremo das Forças Armadas, o Marechal Mohamed Hussein Tantaui, soam com o acento e o humor da juventude. A revolução egípcia é um universo em expansão, uma massa em permanente fusão cuja propagação nada detém. O centro desse universo é a Praça Tahrir. Já não é um emblema ou um símbolo, mas sim uma irremovível plataforma de luta.
Milhares e milhares de pessoas voltaram a lotar a praça para exigir da Junta Militar, que governa o país desde a queda do regime de Hosni Mubarak, que transfira os poderes a um governo civil e que anule o processo eleitoral marcado para essa segunda-feira. Na quinta-feira, a Junta reafirmou que as eleições seriam realizadas segundo o calendário previsto. No dia seguinte, o povo respondeu com uma mobilização quase comparável às de 25 de janeiro que precipitaram a queda de Mubarak.
A praça voltou a se encher na sexta-feira, com um ingrediente a menos: a violência. Desde a semana passada, a repressão policial deixou um saldo de 40 mortos e milhares de feridos. Desta vez, só a arte capciosa com que a Irmandade Muçulmana embaralha as cartas conseguiu apaziguar a violência e, ao mesmo tempo, salvar as Forças Armadas de uma humilhação nas ruas ainda maior na jornada denominada “a sexta-feira da última oportunidade”. Mas o destino do gigantesco retrato de Mohamed Hussein Tantaui foi a melhor sondagem sobre o ânimo da população: os cairotas colocaram em uma placa de madeira o retrato de Tantaui e, como em uma procissão, insultos e cusparadas caíram todo o dia como golpes de faca no rosto do velho companheiro de armas de Hosni Mubarak.
Depois da primeira Revolução, de 25 de janeiro, a segunda, que começou no dia 18 de novembro, segue em pé sem que o poder militar tenha cedido no essencial: a postergação das eleições, a passagem do poder para um governo civil e a renúncia á intenção de introduzir por conta própria princípios supra-nacionais na futura Constituição, passando por cima do Conselho Constitucional que deve redigir a nova Carta Magna depois das eleições. Diante da pressão popular, o Marechal Mohamed Hussein Tantaui forçou esta semana a renúncia do governo e nomeou outro sobrevivente da era Mubarak a frente de um governo de emergência. Trata-se de Kamal-el Ganzuri, ex-primeiro ministro de 1996 a 1999. Segundo declarou, logo depois de ser nomeado, o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) outorgou-lhe “todas as prerrogativas” dentro deste “Governo de Unidade Nacional”.
A rua, porém, atrasou o exercício dessas “prerrogativas”: a primeira coisa que o povo fez foi bloquear a passagem da entrada da sede do governo. Kamal-el Ganzuri não conseguiu entrar em seu gabinete. Ao cair da noite de sexta, os acessos continuavam bloqueados pelos manifestantes: “é uma relíquia, uma garantia desgastada, que vá embora também”, gritavam as pessoas sob o nariz da polícia.
Com a certeza da vitória eleitoral, a Irmandade Muçulmana se aliou com a Junta Militar na reta final do processo e, com isso, abandonou as manifestações e os lugares estratégicos que tinha ocupado dentro da Praça Tahrir, tanto em janeiro como no 18 de novembro. A segunda Revolução egípcia foi lançada por eles, mas ontem a Irmandade não apareceu na praça. O grito da multidão, “abaixo a ditadura militar”, não contou com suas vozes.
A Irmandade Muçulmana já está contando os votos de amanhã, enquanto as pessoas se expõem nas ruas à terrível barbárie policial. A confraria religiosa caminha com um pé em cada caminho: não critica os manifestantes, pelo contrário, mas tampouco os apoia na rua com sua presença e seu estatuto de força social e política mais poderosa do país. O Islã político que representam se apoiou na mobilização popular em sua disputa interna com os militares. Foram eles que, no dia 18, convocaram a primeira manifestação na Praça Tahrir em protesto contra o projeto central da Junta: sob a nova Constituição, os militares não dependeriam do governo civil nem no plano político nem no orçamentário. A Irmandade lançou então a batalha e, quando melhor lhe conveio, se retirou da mesma.
No entanto, os jovens do movimento do 6 de abril e outros grupos de militantes laicos permaneceram ocupando a Praça Tahrir e assim nasceu a segunda Revolução: com balas reais, gases lacrimogêneos paralisantes, e surras policiais de uma crueldade medieval, mortos e hospitais improvisados construídos ao redor da praça, no pátio de uma esquina, no cruzamento das ruas. Há dois dias, a Irmandade Muçulmana montou uma estratégia para separar a polícia do povo ao longo da rua Mohamed Mahmud, o epicentro dos mais cruentos enfrentamentos entre manifestantes e policiais.
A rua é estratégica: por ali se tem acesso à Praça Tahrir e ao Ministério do Interior. Foi precisamente neste local que ocorreram as batalhas mais sangrentas que se possa imaginar. Na quinta-feira, um sólido grupo da Irmandade formou um cordão humano para separar policiais e manifestantes e essa astúcia permitiu que o Exército se interpusesse entre ambos com a construção de uma barricada de concreto armado.
Ao contrário da Irmandade Muçulmana, os salafistas (que advogam um Islã muito mais rigoroso) se aproveitaram do fervor revolucionário para pedir o fim da Junta. “Parece que não se lembram do que aconteceu em fevereiro. O povo derrubou Mubarak e esse mesmo povo colocará esse regime na rua e não permitirá que seja imposta uma Constituição alheia a sua escolha”, dizia aos gritos um salafista que falava em um microfone com os olhos exaltados. “Tantaui, o povo vai te decapitar”, gritava saltando com uma bandeira egípcia um grupo de jovens que entrava na Praça Tahrir”.
Os clamores da contra-manifestação organizada pelos adeptos do marechal não eram ouvidos. Alguns milhares de pessoas gritavam: “este é verdadeiro Egito e não o que está na praça Tahrir”. Mas a correlação de forças na praça era assombrosa. “Eles são mandados para cá para que saiam na televisão, mas não representam mais do que alguns policiais disfarçados de povo”, dizia com raiva um jovem cairota. Tinha um braço quebrado e o rosto ferido. Havia participado durante dois dias na ocupação da praça até que a polícia o tirou dali a pauladas. A dor dele era visível mesmo na sombra, mas ele estava ali presente de novo.
Os egípcios acabaram vendo os 20 membros do Conselho Supremo das Forças Armadas com um grupo de piratas que roubou o barco da Revolução de janeiro para ganhar poder e lucros. “Nos roubaram a Revolução e nossos sonhos, pisotearam o sangue derramado, não ouviram o anseio de um povo inteiro, mataram, reprimiram, cometeram crimes espantosos. Não tem perdão e não os perdoaremos”, disse com veemência Saad, um jovem também protagonista da primeira Revolução. Para Rami el-Souissy, líder do Movimento 6 de abril, a situação é muito clara: “Os militares entraram em um caminho sem saída, caíram em sua própria armadilha; ou saem do poder como exige o povo, ou o país se levantará de novo e haverá outro grande incêndio”.
Um dos imãs que falou sexta-feira na Praça Tahrir não fazia mais do que repetir: “a Junta só tem uma opção: ir embora e que em seu lugar assuma um governo de unidade nacional dotado dos poderes de um presidente”. Fato pouco comum nos lábios de um religioso, o grande imã da mesquita de Al-Azhar, o xeique Ahmed el-Tayyeb, fez chegar aos manifestantes uma mensagem dizendo que “rezava para a vitória”.
Para o Marechal Mohamed Hussein Tantaui, a sexta-feira foi um dia de más notícias. O povo continua ocupando a Praça Tahrir e, além do apoio da Irmandade Muçulmana, se atravessou a opção de Washington. A Casa Branca se meteu pela primeira vez na segunda Revolução mediante um comunicado onde a administração norteamericana contempla os argumentos do povo: “o novo governo egípcio deve estar imediatamente dotado de autoridade real (…) Acreditamos que uma transferência completa do poder a um governo civil deve ocorrer de uma maneira justa e responda às legítimas aspirações do povo egípcio tão logo seja possível”.
A rota de fuga apontada por Washington é clara, ainda mais que os EUA fornece ao Egito 1,3 bilhões de dólares anuais em ajuda militar. Neste complexo e instável terreno, o ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e prêmio Nobel da Paz, Mohamed el Baradei, parece ser quem mais tira proveito. Enquanto Tantaui e seu recém-nomeado primeiro ministro eram insultados em todos os tons, el Baradei foi aclamado como um herói quando ingressou na praça. Há alguns meses, Mohamed el Baradei, que também é candidato à presidência, era tratado com certo desprezo. Como há muito tempo não vivia no Egito foi chamado de “o estrangeiro”. Na sexta, foi aclamado como uma esperança cheia de legitimidade. “Ele não sujou as mãos com esse jogo”, comenta Hussein, um dos jovens que o aclamavam.
Tahrir é um lugar, ao mesmo tempo, trágico e mágico. Houve muitos mortos e feridos. Sofrimento extremo. Mas uma força coletiva transcende a tragédia e deixa intacta a magia. Daqui ninguém se move. O Cairo é como um beijo cálido. A noite já o envolveu. Envolveu tudo menos a combatividade e a convicção deste povo que desafia a repressão e a morte que espreita em cada esquina. Hazem tenta conter a emoção ao olhar a Praça Tahrir cheia de gente. Faz isso com esforço. Tem um olho vendado, dois dedos quebrados e várias luxações sérias herdadas da repressão policial dos últimos dias. Mesmo assim, veio para a praça: “para estar presente na construção do futuro, para ser mais. Meu povo já sofreu muito. A dor do meu corpo passará amanhã. Isso se decide hoje e é hoje que é preciso estar presente”.
*Tradução: Katarina Peixoto
Leitores Intempestivos