O jovem Jean Cardoso Lopes nascido na bela cidade de Óbidos, a filha do Rio Amazonas, veio para Manaus há 2 anos e atualmente estuda (?) no último ano do Ensino Médio na Escola Estadual Sebastiana Braga. Um estudante exemplar, estudioso, que responde as exigências dos professores e da instituição escolar. Com grande dedicação aos estudos Jean sempre tirou notas altas e se deu melhor que a média das turmas da escola.
Nesta semana quando o estudante chegou na escola levando um documento que certificava sua aprovação no curso de medicina da Universidade de Harvard, sendo inclusive aprovado em outras cinco prestigiadas instituições americanas. Além disto o jovem foi convidado para um concurso de astronomia na Polônia. Alvíssaras para o estudante que cursou a escola pública no Amazonas e mostrou que pode dar certo. Correira total. A Secretaria de Educação só tem sorrisos e dá uma medalha ao estudante, estampando-o na capa do sítio virtual. A mídia amazonense retrata este orgulho da educação amazonense. Alvíssaras a nossa educação.
Tudo um falso problema. Dois dias após a divulgação o escritório da Harvard do Brasil divulgou que a notícia era falsa, que o nome de Jean não estava em nenhuma lista, e que a instituição nem possui curso de medicina. A Seduc após descobrir este desdobramento disse que desconfiava desde o príncipio da autenticidade e aguardava o certificado do jovem. A mídia então acusou o jovem de fraude e até levantou a possibilidade de prisão. No fim como na pior das novelas brasileiras, amargamos as cenas ilusórias dos próximos capítulos que já estão escritos.
A INEFICÁCIA DA MÍDIA MANAUARA
A mídia amazonense representada pelos jornais, emissoras de rádios e tvs e alguns blogs já está acostumada a defender os interesses do governo a quem suas informações estão diretamente atreladas. Vemos eles sempre omitindo informações prejudiciais ao governo ou a prefeitura, ou ainda engrandecendo e heroicizando os governantes e suas ações. Pobre do povo que precisa de heroi, já dizia Brecht. E neste esquema de atrelamento e dependência, a mídia mais uma vez foi manipulada e manipulou a informação pública.
Quando divulgaram a notícia de que Jean tinha sido aprovado, vários jornais e a própria Seduc apontaram que o jovem ainda estava matriculado na instituição e que era finalista. Porém após a descoberta da farsa os jornais e a Seduc divulgaram a notícia que Jean já tinha terminado o ensino médio no ano passado. Obviamente uma manipulação para tentar beneficiar a Seduc, mas que saiu pela culatra, pois quando a notícia da suposta fraude ficou evidente logo frisaram que o estudante não tinha qualquer relação formal com a Escola Sebastiana Braga e com a Seduc.
E ainda por cima julgam o estudante de ser um “falso aluno” um “jovem fraudador”. Mas quem tornou as notícias públicas sem verificar as fontes senão a própria mídia manauara? Quem mudou a situação de matriculado para egresso senão os próprios jornais e blogs? Além de entender de que se trata de um jornalismo parasitário e dependente dos poderosos percebe-se que o repasse das informação é automático, sem o comprometimento com a notícia em sua amplitude social.
Não se que não trata-se da declaração que é falsa ou não, mas de discutir o por que de um jovem estudante dedicado fraudar um documento dizendo que foi aprovado em uma ou mais universidades americanas. Teria ele vergonha de dizer que com toda sua capacidade, foi aprovado na UFAM ou UEA? Ou será ele carrega o discurso colonizado de que só presta o que vem do centro do império?
Não cabe agora discutir a escolha do rapaz, mas sim como o simulacro criado por ele demonstra toda uma ineficácia da mídia e do ensino amazonense, e como são postas estas notícias de maneira inescrupulosa para a população.
A ilusão de que a educação amazonense pode ser boa como é posta
A Seduc tentou aproveitar para mostrar que a educação amazonense, que ano após ano amarga ser uma das piores do país, poderia ter melhorado. Mas como ter melhorado não foi realizado nada pela Secretaria que transformasse esta realidade. É necessário que as experiências na sala de aula levassem este aluno para fora (educere) em uma ultrapassagem da forma que ele estivera anteriormente. Como foi discutido várias vezes neste bloguinho os representantes pela secretaria não tem a concepção da verdadeira educação transformadora, e por isto mesmo já se sabe da impossibilidade de transformação da educação por quem não a quer ver transformada.
Daí o orgulho da Seduc em ter um aluno, matriculado, institucionalizado em uma universidade americana é algo que fica apenas na ilusão. E mesmo que fosse verdade seria um orgulho de certa forma contraditório, pois como ter um estudante “nosso” em uma universidade internacional sabendo que “nosso” ensino não corresponde ao que ele sabe e pra piorar é um dos piores? Seria uma forma ou de fazer alguém acreditar que um milagre é possível, ou de mostrar que foi um caso isolado que nada reflete na educação em geral.
Assim esta sede de reconhecimento da Seduc em logo querer colocar o estudante como parte da educação, não funcionou. Talvez mostrou apenas que este estudante é parte de uma educação fraudulenta. Fraude no sentido de que não amplia a realidade dos estudantes, e não corresponde no sentido de ultrapassagem que a educação conduz. Nada adiantou amplificar aquela que foi uma “brincadeira”, passada pelas redes sociais e levada a escola Sebastiana. No fim, sabemos que tudo não passa de um ineficaz simulacro.
QUEM GARANTE QUE ESSE RAPAZ NÃO FOI VITIMA DE APROVEITADORES NO QUAL OS PLANOS VAZARAM PARA A MIDIA E HOJE DEVE ESTA SENDO AMEAÇADO PARA MENTIR COMO ACONTECE NA NOVELA SALVE JORGE?