SABATINA MIDIÁTICA

Êxtase da informação: simulação. Mais verdadeira que a verdade. Jean Baudrillard

@A Presidenta da República Dilma Vana Rousseff  colocou nesta semana na internet a sua prestação de contas do ano de 2012. O documento foi liberado pela  Controladoria-Geral da União (CGU)  e já está disponível para todos os brasileiros. A longa publicação é dividido em sete partes e  possui mais de 880 páginas.

O documento foi  elaborado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento  e Gestão (Mpog) e pela CGU e traz desde política  econômico-financeira e social do governo até os sistemas de custos  do governo federal.

Segundo a CGU é importante observar nesta prestação de contas a condução das políticas de assistência social, “notadamente as que  envolvem o Programa Brasil sem Miséria, bem como as ações que  garantem o crescimento inclusivo da população”.

Percebe-se que no meio a tantos números, indicadores e programas sociais estão presente um Brasil mais igualitário, com brasileiros sem medo de enfrentar as intempéries da vida e com  fortalecimento social. Vemos que nestes dois anos do governo Dilma um país que continua crescendo tanto economicamente quanto humanamente e que cada vez mais demonstra ser capaz de transformar sua realidade. Que o governo Dilma continue seus progressos para que juntos possamos continuar a crescer.

@ Terminou nesta quinta (11) a campanha dos candidatos  à presidência da Venezuela, cuja eleição ocorre amanhã, domingo (14).  O sucessor de Chávez, Nicolás  Maduro é o favorito para a reeleição e provavelmente abrirá 10 pontos de diferença contra Henrique Capriles, representante da direita reacionária que sempre criticou com violência e afirma buscar uma obscura “nova Venezuela”.

Em seu último comício, o sindicalista Maduro exibidiu trechos com o final da campanha do  presidente Hugo Chávez e seu último discurso em dezembro. No telão Chávez dizia: “Se algo acontecer eu  peço que votem em Nicolás Maduro, porque ele é um dos líderes  jovens com maior capacidade para a Presidência da República. Eu  peço de coração”.

Maduro ainda explorou sua  relação pessoal com Chávez, de quem se considera um sucessor:. “Ele inaugurou uma época histórica e democrática de união e  participação das maiorias que foram excluídas”, disse Maduro,  prometendo continuar as missões sociais criadas por Chávez.

O opositor Capriles  fez muitas promessas, disse que manterá programas sociais  desenvolvidos por Chávez e abrirá aos poucos a Venezuela a uma política internacional menos radical. Para ele “O que virá é uma Venezuela de vida e não de  morte. Vamos eleger entre a segurança para o povo  e esse grupinho que está aí.”

Que a Venezuela e sua soberana população vá às urnas amanhã e seja a grande vitoriosa com a continuidade dos programas sociais iniciados com Chávez, com a importante política internacional no Mercosul e na América Latina e com um governo que continue respeitando as instituições democráticas e a força deste povo bolivariano.

@ A partir desta segunda-feira (15) começa em todo o país em mais de 65 mil postos de saúde a campanha de vacinação contra a gripe. A vacina traz como grupos  prioritários as gestantes, os idosos com mais de 60 anos, as  crianças entre 6 meses e 2 anos, os profissionais de saúde, índios,  a população carcerária e os doentes crônicos, e espera vacinar 31,3 milhões de pessoas.

Este ano as mulheres em período de puerpério (até 45 dias após o  parto) também vão receber a dose. Outra novidade é que pacientes com doenças crônicas podem ser imunizados nos postos de saúde e não  apenas nos centros de referência. Basta apresentar uma prescrição  médica no ato da vacinação.

Esta importante campanha profilática segue até o dia 26 de abril e pretende proteger contra os seguintes  subtipos de influenza: A (H1N1) ou gripe suína, A (H3N2) e B. Então não deixe de ir aos postos de saúde e levar seus amigos, vizinhos e companheiros para se vacinar.

@ A Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou nesta semana o “matrimônio igualitário” que iguala os direitos dos homossexuais e heterossexuais. O texto que será sancionado pelo presidente José Mujica determina que “o matrimônio civil é a união permanente de duas pessoas de sexos diferentes ou iguais”.

A lei também estabelece mudanças no Código Civil, onde determina que a ordem do sobrenome dos filhos obedeça somente à vontade de seus pais, ao contrário da legislação anterior onde sempre era o nome do pai. Além disto direitos como divórcio, pensão alimentícia, a filiação e separação de bens ficam equiparados.

Segundo a advogada, redatora da lei e integrante do grupo Ovelhas Negras, Michelle Suárez “com essa lei, o que se reconhece é o olhar de uma sociedade heterogênea, onde não se determina quais corpos são os corretos, onde não há uma leitura homogeneizante”.

O Uruguai é o segundo país na América do Sul, após a Argentina, a permitir legalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, apesar do Brasil reconhecer a união estável entre casais homossexuais desde 2011. Devido a aprovação destas e outras leis o Uruguai é considerado por especialistas o país mais avançado da América do Sul nos direitos dos homossexuais e dos direitos civis.

Enquanto isto apesar dos diversos avanços brasileiros como a diminuição da burocratização cartorial, a facilidade de adoção, alguns direitos civis, ainda possuimos um grande retrocesso e preconceito na área educativa e no combate à homofobia, além de termos uma das Comissões de Direitos Humanos  (da Câmara) mais reacionárias e desumanas do mundo.

@ Nesta semana foi homologado o tão esperado acordo de indenização milionário que Shell e Basf fecharam com os ex-trabalhadores da fábrica de agrotóxicos controlada pelas empresas no município de Paulínia, interior de São Paulo. As imprudentes multinacionais comprometeram-se judicialmente a pagar atendimento médico vitalício a mais de mil ex-trabalhadores diretos e terceirizados, e seus dependentes, o que torna este caso um dos mais abrangentes na história do Tribunal Superior do Trabalho.

Somam-se ainda R$ 200 milhões em indenização por danos morais coletivos e aproximadamente outros R$170 milhões aos ex-trabalhadores e seus dependentes, a título de indenização individual. Como já haviamos debatido aqui,  este processo é bastante antigo e envolveu  a contaminação por agrotóxicos cancerígenos (como os drins) do lençol freático pela empresa e a saúde dos trabalhadores  pela negligência “em relação à saúde, à vida e à integridade física e psíquica dos trabalhadores.”.

Para a milionária Shell esta é “uma excelente oportunidade para o término da disputa judicial” embora para os petrodolarizados norte-americanos “a ocorrência de contaminação ambiental não implicou, necessariamente, em exposição à saúde de pessoas”. Segundo o advogado dos trabalhadores Vinícius Cascone  isto , “significaria dizer que eu pulei numa piscina cheia de água e, ao sair, não fiquei molhado”.  Já a Basf confirmou o acordo e afirmou “compromisso em posicionar-se com transparência em todos os aspectos relacionados a este assunto”.

Para trabalhadores como Ciomara Rodrigues não há muito o que comemorar. Há dez anos, ela briga na Justiça por uma indenização mais adequada para a chácara em que viveu de 1974 a 2003, quando foi forçada a sair de lá, só que ao invés de vendê-la à Shell decidiu acionar a Justiça. “O dinheiro que a empresa quer pagar pela minha propriedade não dá nem para comprar uma casinha na periferia de Paulínia”. Enquanto a ação não for julgada, a Justiça obrigou a Shell a pagar um quarto de hotel para Ciomara e seus dois filhos. Isso faz dez anos, mas ela continua lutando e tem um blog onde faz denúncias referente ao caso e contra a prefeitura de Paulínia que vem dificultando a recuperação ambiental e segundo ela inclusive não protegendo os trabalhadores.

Mesmo com este caso ainda não sendo definitivo, demostram a patogenia das multinacionais em sua irresponsabilidade com os seres humanos e o meio ambiente. A ironia da Shell em dizer que não prejudicou os seres humanos é parte desta degeneração psicopática da empresa. Sabemos de várias políticas internacionais irresponsáveis, sendo inclusive uma das mais poluentes empresas do planeta e sendo responsável por conflitos na África e na Ásia. Mas no Brasil a justiça começa a virar o lado da balança.

“Minha família foi dizimada”, diz parente de vítima da ditadura

da Agência Brasil

São Paulo – A Comissão Estadual da Verdade de São Paulo ouviu hoje (12) os depoimentos de parentes de desaparecidos políticos que participaram da Guerrilha do Araguaia, grupo armado de resistência à ditadura militar instalado no Pará na década de 1970. Foram discutidos os casos de nove militantes nascidos em São Paulo ou que tiveram atuação no estado.

O caso dos irmãos Jaime e Lúcio Petit da Silva foi relembrado por Laura Petit, irmã dos ex-militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). “Eu tive três irmãos desaparecidos no Araguaia [o desaparecimento de Maria Lúcia Petit foi analisado no mês passado]. A minha família foi dizimada pela ditadura. Espero que o Estado brasileiro faça jus ao resultado da Comissão da Verdade e responsabilize as pessoas que praticaram esses atos”, disse.

De acordo com o histórico dos desaparecidos, organizado pela comissão, Jaime desapareceu em 28 ou 29 de novembro de 1973 após um cerco militar à região da guerrilha. Lúcio está desaparecido desde 21 de abril de 1974, e sumiu também depois de ataque dos militares no Araguaia. Os dados constam no Relatório Arroyo, escrito pelo dirigente do PCdoB, Ângelo Arroyo, que sobreviveu às investidas militares na região.

Laura Petit está confiante no trabalho feito pelas Comissões da Verdade, mas acredita que os familiares apresentaram todos os dados que deveriam e agora é preciso escutar os agentes da repressão. “Existe um arquivo vivo da ditadura militar que precisa ser ouvido. Gostaria de ver sentado naquela mesa as pessoas que praticaram esses atos”, disse à Agência Brasil.

De acordo com o deputado estadual Adriano Diogo, que preside os trabalhos, neste primeiro semestre a comissão está empenhada em reunir o máximo de informações sobre os 154 casos analisados para, em seguida, identificar quais informações de cada fato ainda devem ser buscadas. “As audiências, por enquanto, são praticamente com o que já havia. Vamos ter que aprofundar. Saber como foi, quem praticou. É uma fase mais complexa”, explicou.

Outro depoimento de hoje foi Rosana de Moura Momente, filha do militante Orlando Momente. “Tenho poucas lembranças do meu pai. Na verdade, nunca convivi com ele. Acabei sabendo um pouco mais sobre ele a partir do contato com a Criméia [Almeida, também participante da Guerrilha do Araguaia]. Até hoje enfrento dificuldades relacionadas ao meu pai, porque nós não temos a data exata da morte e minha mãe não pode receber pensão por isso”, disse. Orlando foi visto pela última vez em 30 de dezembro de 1973 no sul do Pará.

A escritora Liniane Brum, sobrinha de Cilon Brum, morto em 27 de fevereiro de 1974, relatou durante a audiência o resultado das entrevistas feitas por ela na região do Araguaia. “A ausência do meu tio tem exatamente a minha idade. Eu vivi esse vácuo, esse silêncio. A espera da minha avó durante todo esse tempo. Movida por essa dor, em 2000, decidi ir ao Araguaia e ouvir das pessoas que lá viveram o que aconteceu”, disse. O material desse trabalho foi reunido no livro Antes do Passado – o Silêncio Que Vem do Araguaia.

“Fiz três viagens independentes ao Araguaia. A primeira em dezembro de 2009. Fui com o foco familiar, mas chegando pude encontrar pessoas que me falaram principalmente do fim da vida do Cilon. Ele já abatido, preso, a fase de extermínio mesmo. Acho que essas pessoas [da região] deveriam ser ouvidas em espaços como esses. Eles têm a memória desse pedaço da história”, disse.

Também participaram da audiência Maristela Nurchis, irmã do guerrilheiro Manoel José Nurchis; José Dalmo Ribas, irmão Antônio Guilherme Ribeiro Ribas; Igor Grabois, filho de Gilberto Olímpio Maria. Parentes de Pedro Alexandrino de Oliveira Filho e Miguel Pereira dos Santos foram convidados, mas não compareceram à reunião.