A não-cidade de Manaus nunca teve uma programação jornalística (seja via rádio ou televisão) como um serviço público. E muito menos com as finalidades que um servíço midiático: artísticas, culturais, educativas e informativas como prevê a Constituição Federal de 88. Além da midiotização manauara estar sempre ligada aos interesses dos governantes e dos valores estagnados da classe média ignara.
Os canais de televisão por ser uma concessão deveriam ter em sua programação um serviço público. Porém por se serem em empresas privadas com praticamente nenhum compromisso com uma comunicação de qualidade vemos uma programação alienante e tendenciosa cada vez mais a estupidez.
Em Manaus a programação televisiva, por ter na dita “tv aberta” apenas retransmissoras dos canais nacionais, se mostra diretamente atrelada a programação desta sacrossanta glória da burrice nacional (Tom Zé), inclusive copiando tudo que há de pior nas concessionárias nacionais, inclusive quadros, trejeitos e a inutilidade pública nos moldes da revolução do olhar e até mesmo do que prevê a Constitução.
Na televisão dita “fechada” ocorre a mesma realidade: canais que apenas repetem os mesmos estereótipos dos canais abertos, ou no caso da TV Ufam que praticamente não produz programas e apenas reproduzindo intermitentemente o que ocorreu há anos como seminários e programas como o do Rumos Itaú Cultural, não tendo assim nenhuma importância com o novo.
O DESSERVIÇO PÚBLICO E A VOLTA DO PROGRAMA/CANAL “LIVRE”
As televisões assim como os jornais impressos estão diretamente atrelados aos governantes e “representantes públicos”, e muitas vezes servem para defender suas práticas e esconder seus atos comprometedores.
No caso da televisão amazonense, desde sempre vemos uma grande inutilidade e um engodo para que apareçam pessoas descomprometidas com uma transformação social (o que no caso de uma não-cidade como Manaus é muito comum).
Assim como em outros lugares do país, o espaço público concessionado da televisão se torna um espaço de “produção” de candidatos antidemocráticos, onde há uma vantagem destes candidatos pois possuem uma maior exposição do que os outros e ainda favorece a troca de favores/exploração (ou compra de votos (?)).
Programas que exploram a miséria alheia tanto dos “convidados” quanto dos expectadores (com suas míseras produções intelectivas) e que auxiliam a existência da miséria para que sempre o programa continue vendendo ilusão e rendendo eleição.
Na não-cidade de Manaus foi notório o programa Canal Livre exibido há alguns anos pelos vulgos irmãos “coragem” que em sua covardia além de explorarem o povo, estiveram ligados em processos criminais de homicidios e ligações com tráfico de entorpecentes, crimes estes que mostravam no programa como relacionados a outrem. Seus apresentadores Carlos Souza, na época Vice-prefeito de Amazonino Mendes, e Wallace Souza foram condenados e “presos” por estes crimes.
Carlos Souza foi solto provisóriamente pelo desembargador Rafael Romano, logo conseguiu ser eleito em 2010 para o cargo de deputado federal, cargo que ocupa atualmente. Porém desde o mês passado Carlos voltou a exibir junto com seu outro irmão, Fausto Souza, o mesmo programa agora sob o nome “Programa Livre”.
Em seu formato a mesma lambança de antes: um programa de auditório que explora a miséria alheia e sua imagem “solidariamente” ajudando com o que o “povo necessita”, trazendo denúncias de problemas que o próprio Carlos, ligado ao grupo político há mais de 30 anos no poder, nunca fizeram questão de resolver. Além disto é comum o programa entrevistar e expor criminosos, os humilhando frente as câmeras. Os reporteres, quadros copiam o pior dos quadros/programas jornalísticos/policialescos da televisão brasileira com “personagens” como Gil Gomes por exemplo.
Isto se soma a falsa discussão de problemas da não-cidade e ufanismo ao governador do estado do Amazonas Omar Aziz, em uma evidente exposição de interesse político. Há ainda auto-elogios do apresentador Carlos Souza, em um comportamento esquizo elogia ele mesmo como deputado federal.
Dentro de um programa inútil no que se propõe a constituição e como discutimos anteriormente cria a seguinte questão: por que um canal regional de televisão permite este tipo de programa, agindo anticonstitucionalissimamente?
Não importa o canal deste programa, todos os outros tem uma mesma programação, a da inutilidade. A não-cidade de Manaus nunca utilizou do espaço midiático para construir junto a população espectadora saberes necessários a produção de uma existência libertária. Os empresários/produtores/apresentadores sempre estiveram aprisionados em suas paixões tristes e por isto nunca puderam fazer uma programação diferente das redes nacionais que também estão aprisionadas.
Os vereadores e prefeitos manauaras em seu desserviço público continua dando a concessão deste espaço público (os canais de tv e emissoras de rádio) para esta empresas de práticas anticonstitucionais. Estes programas nunca são livres, são sempre aprisionantes na irracionalidade produtora de miséria/resultado eleitoral. E assim a população que sempre se faz de espectadora alesada desta programação desrespeitosa continua vivendo nesta não-cidade e não “tendo direito” a um espaço de construção de novos saberes e novas formas de percepção da existência.
Leitores Intempestivos