A Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul chega em sua 8a edição como referência no debate dos direitos humanos através das imagens em movimento. Neste ano com o projeto “Inventar com diferença” a mostra chega a 600 pontos fora das grandes capitais sendo exibida até o dia 20 de dezembro em cineclubes, associação comunitárias, pontos de culturas etc.
Desta forma a cada ano que passa a Mostra traz novas imagens humanitárias produzidas por realizadores engajados no fim da exploração e qualquer forma de dominação de seres humanos.
Neste ano a Mostra trouxe produções de diversos países sulamericanos além de uma mostra indígena e uma homenagem ao documentarista Vladimir Carvalho que tem produções ímpares como O país de São Saruê, Barra 68 ou Conterrâneos Velhos de Guerra.
Em Manaus, onde tirando o kinemasófico afinado não existe uma programação cinematográfica que chegue aos bairros e as pessoas relegadas pelo governo, a Mostra de Cinema e Direitos Humanos é o único espaço institucional para brotar a inteligência. Tudo sem o falso glamour da projeção de filme e festiva de filmes para uma classe mediana ignara feitos em Manaus pelas secretarias.
Desta forma na não-cidade de Manaus sempre a programação programada nunca adentra os bairros, ficando segregada em grande maioria a parte central da cidade. Mesmo a Mostra ocorrendo no centro da cidade, há a possibilidade como falamos da sociedade civil ampliar esta limitação geopolítica imposta sempre pelos secretários e governantes.
Da mesma forma que ocorreu no ano passado, estudantes de uma escola na proximidades foram “liberados” para assistir a mostra. Embora a presença de todos seja muito importante, há de se convir que eles são utilizados pela secretaria como forma de mostrar que em Manaus “tem jovens interessados”.
Porém ao contrário de cidades como Belém, São Luiz, Aracaju, Cuiabá, Rio de Janeiro etc, não existe um interesse das secretarias de cultura/educação em que os estudantes possam ir ao menos uma vez por mês (sem nenhum custo) a qualquer atividade cultural.
Desta forma os jovens, crianças e adultos em Manaus são distanciados da arte, que grande parte das vezes não chega aos bairros. Bom seria que os jovens tivessem acesso constantemente a estas experiências.
Nesta última quinta (28) a abertura do evento contou com a projeção do tocante curta “A onda traz, o vento leva” de Gabriel Mascaro e da animação “História de Amor e Fúria” de Luiz Bolognesi.
A organização da mostra deste ano ficou por conta da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Esteve presente na ocasião a representante da SDH, Ana Lúcia que conversou com nosso bloguinho sobre esta nova edição da Mostra e a importância dos cinemas trazidos.
Nesta 8a mostra como nas 7 anteriores, há uma compreensão holística dos Direitos humanos. Sabemos que sempre vai ter um pouco mais de uma temática direcionada em determinada mostra, como neste ano na mostra indígena, mas não há um direcionamento. Temos também bons produtos com todas temáticas, o que contribui com a seleção independente. A 8a Mostra estárá em 26 capitais, no Distrito Federal e em centenas de outros espaços fora dos grandes centros, podendo uma cidade estar com mais do que três lugares de exibição. Isto é uma construção que só é possível quando a gente percebe que o Brasil não é só das instituições governamentais, mas que a gente precisa buscar parceira com a sociedade organizada, com quem pensa a cultura e tem interesse em trabalhar o humano de forma de ampliar o conhecimento, de sinergia, de aumentar a capacidade de entender o outro humano.
Os cinemas da Mostra criam a possibilidade de propiciar outros debates como de inclusão, de integração, de valorização das pessoas, da ética, da diversidade, da compreensão, da tolerância. Levam a refletir de forma integrada em que some, que seja uma sinergia das mais diversas variantes que se tem da cultura e também por que o Brasil é esta diversidade. Não podemos permitir um Brasil raivoso, sectário, de discriminação, conservador. Até por que o Brasil é um pais para todos, onde as pessoas se respeitem, se amem sem ódio e é o que temos tentado construir.”
Ana Lúcia ainda destacou a importância da mostra deste ano contar com um novo parceiro, a UFF, e da preocupação da secretaria e do governo federal com a educação como uma forma geral de ampliar o desenvolvimento social.
A mostra conta hoje como parceira a Universidade Federal Fluminense, que tem também um departamento de produção cultural inegável, mas continua havendo o apoio do Ministério da Cultura. Pelo que temos percebido esta nova parceria será exitosa.
A Secretaria de Direitos Humanos tem feito o exercício ou condução da política de direitos humanos pela ministra Maria do Rosário, que é professora, que foi sindicalista do sindicato dos Educadores do Rio Grande do Sul, vereadora, deputada estadual, deputada federal. A atuação dela foi sempre relacionada a educação e a gente sabe que não há outro caminho no Brasil que não seja o de incentivar de forma mais ampla a educação. Não é simplesmente dar instrução, mas a educação como sendo a base que pode de fato gerar diferença e confirmar a liderança do Brasil. Por isto o presidente Lula apostou em carreira da docência superior, concurso público, em ampliar as universidades,as escolas técnicas, profissionalizantes e expandir em toda territorialidade do Brasil.”
Em Manaus a Mostra continua hoje e na próxima semana de quinta à sábado no Teatro da Instalação no Centro da Cidade. No próximo ano esperamos auxiliar nesta ampliação humana e cultural que o Cinema e Direitos Humanos propicia a todos.
Leitores Intempestivos