Todo trabalhador como partícipe de uma comunidade exerce uma função social. Essa função social representa a singularidade de sua profissão comprometida com a sociedade como sujeito produtor de relações sociais. De forma mais simples, a função social não é nada mais do que o trabalho executado pelo trabalhador. O que lhe confere a importante de ser social produtivo para o bem da sociedade. Ou seja, seu trabalho representa sua relação com todos os sujeitos que vivem em sociedade.
Dessa forma compreende-se o que o filósofo Karl Marx, afirmou quando disse que um sapateiro, com sua função social, seu trabalho, representa todos os sujeitos que compõem uma sociedade. Assim, como todos os trabalhadores, com seus trabalhos, representam todos os outros sujeitos. É a universalização do trabalho partindo de uma atividade individual. Ou com diz o filósofo Hegel, a objetividade do trabalhador. Reconhecer em si esse laço de responsabilidade social faz do trabalhador um ser desalienado. Um ser que além de compreender a importância de seu trabalho para a sociedade, também compreende o valor de sua existência como sujeito produtor de história. Um saber que o impede de se tornar escravo das forças opressivas do sistema tirânico.
A POLÍTICA DOS SPAs E A DEMANDA DE PACIENTES
O Amazonas é um estado em que o sistema de atendimento médico sempre foi perversamente desumano. São poucas as unidades médicas em que os pacientes vivenciam um atendimento que lhe propicie um sentido de encontrar-se em um habitat civilizado. Em outros casos, essa vivência só é possível quando alguns pacientes encontram, por acaso, médicos enfermeiras e técnicos vocacionados. Mas contra estas poucas realidades médicas, existem outras perversas realidades.
A criação do Serviço de Pronto Atendimento (SPA) tinha como objetivo atender pacientes com necessidade de atendimento de urgência, e dessa forma, também, diminuir o fluxo de pacientes em postos de saúde e hospitais. Uma política de saúde necessária para a diminuição dos entraves do complexo que representa os quadros de enfermidades em Manaus.
Inicialmente os SPAs trabalhavam com dois médicos de acordo com as especialidades, em escalas de plantões de 6 e 12 horas, atendendo a demanda de enfermos. Logo se percebeu que Manaus sendo uma não-cidade com um grande número de pacientes, esse número de médicos era insuficiente. Com os médicos sobrecarregados nos atendimentos houve uma pressão feita pela população. Foi então que as cooperativas-médicas resolveram contratar mais médicos, já que são as responsáveis por esse serviço junto ao governo do estado e a população. Então, três médicos passaram a realizar os atendimentos.
OS MÉDICOS E O ESQUEMA “FAZER HORÁRIO”
Ocorreu, porém, que mesmo com três médicos designados para atender os pacientes, em alguns SPAs, e em alguns horários, a situação ficou da mesma forma ou pior. Embora a demanda de pacientes continuasse quase que a mesma, as filas continuavam perversas. Foi então, que alguns médicos perceberam que entre eles haviam outros médicos-esquematizados, que alienados do conhecimento de suas funções sociais, portanto sem qualquer responsabilidade com a sociedade, estavam sabotando o atendimento em seus benefícios.
Esses médicos-esquematizados compuseram um esquema chamado por eles de “fazer horário”. Durante o plantão combinam que um ou dois médicos atendem e o outro fica dispensado, por algumas horas, de sua obrigação. Quando não um atende e os dois ficam em ‘repouso’. Muitas vezes dormindo no conforto médico. Se, entretanto, um médico discordar da violência contra a comunidade, eles continuam em seus confortos, e o médico que discordou passa a atender a maioria dos pacientes. Um esquema próprio de desrespeito à comunidade que é cumpliciado por alguns médicos que sabem do esquema e não denunciam. Muitas vezes esses “fazedores de horário” deixam o plantão antes do horário acordado pela lei trabalhista.
Em alguns casos, os “fazedores de horário” são médicos escalados em vários plantões e aproveitam esse recurso para descansar, já que querem manter o seus status com o que ganham. Provavelmente, em função de não serem médicos vocacionados, por isso não conhecerem a importância de suas profissões como representantes da sociedade, esses médicos-trapaceiros, por causa desses predicados, possivelmente são dos tipos que são contra o Programa Mais Médicos do governo federal.
Diante desse quadro apresentado por esses médicos profissionalmente e socialmente enfermos a comunidade manauara, principalmente a mais carente, exige uma posição das cooperativas médicas, visto que elas prestam serviço público fundamentalmente por causa da população.
0 Respostas to “MÉDICOS CRIAM ESQUEMA, “FAZER HORÁRIO”, EM SPA DE MANAUS, E EXPÕEM SUAS IGNORÂNCIAS EM RELAÇÃO A FUNÇÃO SOCIAL DO TRABALHADOR”