Se fosse em uma democracia-real, não haveria necessidade de Audiência Pública com professores: os governantes do estado e do município seriam sujeitos traspassados pela potência-política e saberiam de seus deveres e proporcionariam a realização dos direitos da classe. Se fosse pelo menos em uma democracia realisticamente representativa os professores também teriam seus direitos realizados, mesmo tendo que reivindicar. Mas que seria uma reivindicação conduzida por categorias da razão. Entretanto, como se trata de uma democracia-simulada, onde a maioria dos deputados finge ser democrata sem sê-lo, pois se encontra mais preocupada com seus interesses, que estão também ligados aos interesses do Executivo, os professores têm que lutar muito por seus direitos trabalhistas-profissionais garantidos. Luta que quase sempre não resulta profícua por força das tiranias dos governantes.
Por isso, não é nada surpreendente que em uma audiência pública só compareçam três deputados, José Ricardo, Luiz Castro, opositores do governo reacionário, e Belarmino Lins, ex-Belão, presente pela força do cargo na ocasião: presidente da mesa. Como não é nada surpreendente a ausência da maior parte dos professores. Esses professores não sabem distinguir o que seja trabalho e emprego. Eles não sabem que emprego é o bem social, e que trabalho é a potência antagônica em relação ao capital. Capital quer seja privado ou estatal é marcador de condições sociais do trabalhador. Daí que o trabalhador precisa de emprego, mas com consciência da potência do trabalho. Sujeito de transformação do mundo.
O certo é que com deputados ou sem deputados os professores presentes apresentaram suas pautas de reivindicação.
– 20% de reajuste salaria.
– Vale transporte e vale alimentação.
– HTP para o município e o estado.
– Plano de saúde.
– Posição das Secretarias de Educação contra as ameaças infringidas por diretores contra professores contratados.
Das discussões foram extraídas algumas decisões. Os professores determinaram o dia 7 de abril como data para que os governos do estado e município respondam às suas reivindicações. Caso os dois seguimentos político-administrativos não respondam ou respondam contra suas reivindicações eles, no dia 11 de abril, vão se reunir para estudar uma greve geral. É a luta da potência-trabalho contra o capital perversamente distribuído.
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