De todas as mimeses sociais, as imitações e mímicas dos indivíduos que vivem no mais baixo grau de inteligência, mesmos os com curso superior, a mais dominantes é a ignorância. Também conhecida nas redundâncias sinonímias como estupidez, irracionalidade e outras. Há um universo mimético de ignorantes. Isto porque é mais fácil imitar o que é mostrado como verdadeiro, estereótipo, do que apanhar o objeto ou a ideia mostrada e fazê-los passar pelo crivo do exame. Da crítica. Se modelar no modelo apresentado é fácil e permite segurança, já que o modelo é quase sempre tomado como real e, portanto, verdadeiro.
SOBRE MIMESES, MÍMICAS E AUTENTICIDADE
Sabe-se que a mimeses e a mímicas são necessárias na produção de cultura. Todos os indivíduos recorrem à imitação e a mímica para poderem delinear seu ser-no-mundo. Entretanto, o ser-no-mundo de um indivíduo necessita de fundação que deve sair de sua própria singularidade que vai lhe constituir como autêntico. É por essa fundação-autenticidade que ele escapa da imitação como ignorância, como estereótipo-social que caracteriza a consciência-replicante ou clonada. A consciência que é uma insuportável expressão de imitação e mímica de uma sociedade controladora. Como diz o filósofo Henri Lefebvre, “ordenar por dentro para controlSOBRE O MOVIMENTO REAL
No mundo capitalista de consumo, de mercado financeiro, de entretenimento dissipador de sensibilidade e cognição o elemento que mais serve a imitação e a mímica ignorante é o termo comunismo. Esse mundo capitalista replica o elemento comunista exatamente sem nenhuma crítica sobre o conceito. E pior ainda, o conceito filosófico de comunismo. Por tal, é muito comum se ouvir e ler indicações em relação ao elemento comunismo sem que seja ele em verdade. Para essas consciências-clonadas, o comunismo é um estado de coisa. Ou melhor: um Estado político, perverso, destruidor dos valores familiares, religiosos, etc.
ar por fora”.
Não podia ser diferente. Aprisionados nas mimeses e mímicas ignorantes essas consciências-clonadas não podem compreender que o comunismo não é um estado de coisa, uma forma social-política-econômica –cristalizada num Estado distribuído como Poder Jurídico, Poder Econômico, mas sim, o “movimento real”. Um devir que ultrapassa uma realidade petrificada que impede as revelações das potências criativas do homem. Como ser-humano, ser-espiritual, ser-poiético, ser-cognitivo, ser-estético, ser-ludens, ser-histórico, todas as potências que podem produzir um mundo assinado pela humanidade. Portanto, o comunismo não é um estado, uma forma, uma estrutura, uma função, uma utilidade, mas um movimento-infinito.
O COMUNISMO DE PAPA CHICO
O papa Francisco, Chico além dos íntimos, é um homem com uma sólida formação histórica, política, social, econômica, estética, além de sua formação religiosa. Assim, como um homem erudito, na acepção do fundamento, ele sabe que não adianta a teoria sem a prática. É essa sua essencialidade que perturba as ignorantes consciências-clonadas. Ele sabe que existem dois mundos no planeta Terra que mais chamam atenção. O mundo dos ricos que esbanjam suas riquezas com suas futilidades e ambições, e o mundo dos pobres que não tem sequer o que comer. Diante desses dois mundos ele não pode ficar passivo, como as ignorantes consciência-clonadas, já que ele é um homem-cristão. Um representante de Cristo perante a humanidade.
Daí, que Chico não cala diante de toda essa miséria fabricada pelo capital-predador. Daí, que ele diante de cinco jovens, na Bélgica, no dia 31 de março, expos sua missão evangelizadora que incomoda as ignorantes consciências-clonadas aprisionadas em suas mimeses e mímicas.
“Escutei há dois meses: “Com esses discursos sobre pobreza, esse papa é um comunista”. Mas essa é uma bandeira do Evangelho: a pobreza sem ideologia, os pobres ao centro do Evangelho de Jesus.
Esse é o coração do Evangelho, e eu sou crente em Cristo, e em Jesus Cristo. Para mim, o coração do Evangelho está nos pobres. Nos dias de hoje, o homem foi jogado para fora da sociedade. Ela está na periferia, enquanto o centro é ocupado pelo poder, pelo dinheiro.
Nesse mundo, os jovens foram jogados para fora, assim como as crianças. Não querem mais filhos, apenas famílias pequenas. E os idosos também foram jogados para fora. Muitos deles morrem em uma eutanásia escondida porque não há cura.
‘Não tenham medo!’ Jesus repetiu várias vezes no Evangelho, porque ele sabe que o medo é uma coisa normal” disse, aos cinco jovens, o papa comunista.
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