A presidenta Dilma Rousseff participou da sabatina do jornal Folha de S. Paulo e soube sair de várias saias justas que os jornalistas tentaram impor a ela.
Najla Passos
A presidenta Dilma Rousseff participou da sabatina do jornal Folha de S. Paulo, na tarde desta segunda-feira (28) e soube sair de várias saias justas que os jornalistas escalados para a missão tentaram impor a ela. Confira aqui as 10 principais:
1 – Caso Santander
Mesmo sem dar nomes aos bois, a presidenta classificou como “lamentável” a postura do Banco Santander, que enviou uma carta aos clientes afirmando que uma possível reeleição de Dilma poderia ter efeitos negativos para a economia. Para ela, é inadmissível a interferência de qualquer agente financeiro na vida econômica e política do país. “Sempre que especularam, não se deram bem. Acho muito perigoso especular em situações eleitorais”, afirmou.
2 – Inflação
Dilma admitiu que a inflação deste ano vai fechar no teto da meta prevista (6,5%), mas negou que esteja descontrolada, como acusam seus opositores. Ela lembrou que, no final do governo FHC, a inflação era quase o dobro da prevista para este ano. “O presidente Lula pegou taxa de inflaçãoextremamente alta, de 12,5%, do FHC. Acho que usam dois pesos e duas medidas para julgar meu governo”, atacou.
3 – Crise econômica
A presidenta também negou que o Brasil passe por uma crise econômica. Segundo ela, o Brasil enfrenta agora o período mais difícil da crise mundial iniciada em 2008, mas garantiu que a situação está sob controle e pediu mais seriedade nas projeções do mercado e dos analistas: “Está havendo o mesmo pessimismo que aconteceu com a Copa com a economia brasileira. E com a economia é mais grave, porque economia é feita com expectativa”.
4 – Caso Pasadena
A presidenta reafirmou que sua posição favorável à compra da refinaria de Pasadena, como a de todo o conselho da Petrobrás, foi baseada em um parecer “tecnicamente falho”, conforme ela admitiu desde o início. Ela lembrou que participavam do Conselho empresários de renome nacional – como Jorge Gerdau e o diretor do Grupo Abril. E rebateu os jornalistas que apontaram a história como responsável por seu desgaste com a opinião pública. “Ao contrário. Pasadena mostra que eu sempre tive uma conduta muito decente no desempenho da função pública”, afirmou.
5 – Mensalão do PT
A presidenta quebrou o jejum que se auto impôs desde que assumiu o cargo e criticou a forma diferenciada com que o judiciário tratou o “mensalão do PT”. “Foram dois pesos e umas 19 medidas”, afirmou. Segundo ela, as acusações contra o PT foram aceitas e julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto a denúncia por crime similar e anterior cometido pelo PSDB foi desmembrada, encaminhada às instâncias inferiores e até hoje não foi julgada.
Dilma também lembrou que, ao contrário da forma como procedem e procederam outros governos, o do ex-presidente Lula e o seu não interferiram no trabalho do Judiciário. “Quando foi o nosso caso, tomamos todas as providencias. Não tivemos nenhum processo de interromper a justiça. Não pressionamos juiz, não falamos com procurador, não engavetamos o processo”, afirmou.
6 – Pobres X ricos
Dilma rebateu a tese de que seu governo estimula uma radicalização da luta de classes, colocando pobres contra ricos. Ela lembrou que, nos 12 anos de governos petistas, todos ganharam, só que os pobres ganharam mais. Segundo ela, no Brasil de 2002, de cada 4 brasileiros, 2 eram pobres ou miseráveis. No Brasil de 2014, dos mesmos 4 brasileiros, 3 pertencem às classes A, B ou C. “Tem gente que não gosta muito que, ao lado dele no avião, sente uma empregada doméstica”, acrescentou.
7 – Conflito em Gaza
Apesar do ministro das Relações Exteriores de Israel ter se chamado o Brasil de “anão diplomático”, a presidenta ressaltou que as relações diplomáticas com o país são de amizade e serão mantidas. Entretanto, não chancelou a ação desproporcional do país que já vitimou mais de mil palestinos. “Não acho que é genocídio, mas acho que é um massacre. Não há genocídio, mas ação desproporcional. Tem que acabar aquela história de matar os três jovens israelenses. Mas não é possível matar crianças e mulheres de jeito nenhum”, sustentou.
8 – Dinheiro no colchão
A presidenta surpreendeu os jornalistas ao explicar porque guarda, em casa, R$ 152 mil em espécie, conforme consta na sua declaração de bens. Enquanto eles a provocavam, questionando se temia uma quebradeira geral dos bancos ou mesmo um confisco dos depósitos em poupança, Dilma buscou no seu passado de luta contra a ditadura a resposta para o hábito incomum: “durante muito tempo eu dormi de sapatos. Passei muito tempo fugindo”, revelou. Bem-humorada, a presidenta acrescentou que se sente confortável em guardar certa quantia ao alcance das mãos e se negou a contar o local exato: “Depois eu coloco na poupança”.
9 – Mais Médicos
A candidata rebateu as acusações da oposição de que o Mais Médicos foi criado para financiar a ilha comunista, com quem o Brasil mantem proximidade ideológica. “Em pleno século 21, depois de tudo que passou, essa posição fundamentalista sobre Cuba é um despropósito. Na América Latina, em reunião da Celac, todos os países do México para baixo aprovaram o fim das restrições à Cuba”, argumentou. Ela também justificou a necessidade de contratação dos cubanos até que o Brasil consiga formar mais médicos dispostos a atuar no interior e nas periferias e destacou o legado de humanização do atendimento que irão deixar. A presidenta ainda provocou o PSDB, um dos principais críticos da política pública: “O estado que tem o maior pedido de médicos no Brasil é São Paulo”.
10 – Alta rejeição ao governo
A presidenta também enfrentou a questão da alta da rejeição ao seu governo, que encontra seu maior nível em São Paulo. “Nós estamos no início do processo eleitoral, e não há conhecimento do povo sobre o que nós fizemos para os cidadãos de São Paulo”, justificou. A presidenta disse apostar no início do horário eleitoral gratuito para ter maior acesso à mídia eletrônica e reverter o quadro. Segundo ela, a maior rejeição ao governo é comum nesta fase da campanha eleitoral e a reversão de um quadro como este, no Brasil, pode ser muito rápida. “Como é que a gente explica que mais de 70% dos brasileiros era contra a Copa, 30 dias antes, e, depois da Copa, essa situação se reverteu. Então é assim. Nós temos a oportunidade de mostrar e mudar a opinião das pessoas”, acrescentou.
Créditos da foto: Ichiro Guerra/Sala de Imprensa Dilma
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