Arquivo para agosto \31\-04:00 2014

As mil faces de Marina Silva

Do ponto de vista dos valores, Marina representa o completo oposto da renovação, possuindo opiniões bastante conservadoras sob qualquer prisma que se olhe.

Guilherme Santos Mello – Brasil Debate(*)

Se eleita, a candidata do PSB se aliará aos interesses dos bancos, do mercado financeiro e de parcelas do empresariado, enquanto que, no Congresso Nacional, se verá obrigada a amarrar uma aliança que conte ao menos com o PSDB e o PMDB para lhe garantir governabilidade.

Em política, uma imagem vale mais que mil palavras. A construção da imagem política é um processo lento, que exige a repetição contínua de alguns mantras e a obstinação de seus seguidores.

Uma vez construída, a desestruturação da imagem de um partido ou candidato pode se provar dificil de se consumar, mesmo com bons argumentos para isso.

No caso do PT, por exemplo, ao longo de sua história constituíram-se duas fortes imagens vinculadas ao partido: a de guardião da ética na política e a de defensor dos mais pobres e trabalhadores.

A primeira imagem, formada enquanto o PT se encontrava na oposição, foi fortemente abalada por alguns escândalos de corrupção ocorridos nas gestões petistas.

Mesmo assim, até hoje o PT não representa, no imaginário da maior parte da população (excluíndo-se aí parcelas tipicamente anti-petistas), um partido corrupto, apesar do bombardeio midiático incessante contra a agremiação partidária.

Por outro lado, a imagem de partido defensor dos interesses dos pobres e trabalhadores apenas se reforçou com os quase 12 anos de governo petista à frente da Presidência da República.

Projeto próprio

No caso de Marina Silva, a construção de sua imagem é mais recente. Após cumprir mandato no Senado pelo PT e ser ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina abandonou o partido em busca da construção de um projeto político próprio.

Sua histórica ligação com as causas ambientais iniciaram a construção da imagem de uma militante verde, que apenas se reforçou com seu ingresso e candidatura federal pelo Partido Verde.

No entanto, a causa ambiental, apesar de possuir forte apelo em parcelas da juventude, é insuficiente para construir uma imagem política forte para gabaritar alguém a assumir o cargo máximo da república.

Novidade política?

Sendo assim, outro fator teve que ser agregado à imagem de Marina ao longo dos últimos anos: a de novidade política que propõe uma ruptura com o sistema político atual.

Com essas duas imagens construídas, Marina Silva parece conquistar parte significava da juventude de classe média alta das grandes cidades, que se preocupam com a questão ambiental e gostariam de ver uma nova ordem política no País.

Neste momento em que Marina mais uma vez se lança à Presidência da República, nos cabe perguntar: qual o conteúdo por trás de sua imagem?

De galho em galho

Pois vejamos: do ponto de vista político, Marina é uma ex-petista que, após sua saída do PT, passou pelo PV, do qual fez uso como plataforma para organizar sua campanha.

Após desavenças no PV, tentou fundar um novo partido a tempo de servir como plataforma eleitoral para seu renovado projeto eleitoral. Não tendo êxito nesta empreitada, aceitou aderir ao PSB para ser capaz de manter seu projeto de poder vivo.

O projeto político de Marina Silva parece ser a ascensão ao poder de Marina Silva, independente de por qual partido isso ocorra.

Nada mais tradicional no jogo de poder da política brasileira do que políticos com projetos pessoais de poder, independentemente de partidos e base social, como o caso aqui descrito.

Além disso, Marina é incapaz de explicar como irá governar sem o apoio dos principais partidos políticos constituídos, se valendo de frases de efeito como “governar com os melhores”, que não possuem aderência à realidade do modelo político brasileiro.

Discurso frágil

O fato de sua campanha ser liderada pela família Bornhausen em Santa Catarina e por Heráclito Fortes no Piauí, ambos conservadores políticos tradicionais ex-integrandes do DEM, demonstra a fragilidade do discurso marinista.

Do ponto de vista econômico, Marina Silva não representa nenhuma novidade no debate público. Suas posições sobre o tema, até o momento, são repetições do discurso liberal de Eduardo Giannetti, seu assessor econômico ligado historicamente ao PSDB.

Em recentes declarações, Gianetti tem repetido para quem quiser ouvir que o projeto econômico de Marina é basicamente o mesmo que o projeto de Aécio Neves, o que ao contrário de representar uma novidade, parece apontar para um retorno ao modelo econômico do governo FHC.

A defesa da redução do papel do Estado, do corte de gastos (inclusive de gastos sociais) e do controle radical da inflação, mesmo que as custas de maior desemprego e de uma recessão, foram plenamente incorporadas no discurso de Marina.

Dúbia e conservadora

Por fim, do ponto de vista dos valores, Marina representa o completo oposto da renovação, possuindo opiniões bastante conservadoras sob qualquer prisma que se analise.

Sua postura sobre aborto, combate às drogas, criminalização da homofobia dentre outros tópicos polêmicos a tornam a candidata mais conservadora do pleito atual no que diz respeito ao debate sobre costumes.

Sua formação evangélica, que lhe serve como base de sustentação política, permite que mantenha em público um discurso dúbio sobre temas polêmicos (como sua proposta de realizar um plebiscito para discutir a questão do aborto), mantendo assim seu eleitorado evangélico ao mesmo tempo em que sinaliza alguma esperança aos eleitores mais progressistas.

Imagem e semelhança

Ao final, o que sobra de novidade em Marina? Apesar de incorporar ao seu discurso a temática ambiental, em todas as outras áreas Marina se parece muito com um político tradicional.

Politicamente, muda de partido com o objetivo de viabilizar seu projeto pessoal de poder. Economicamente, se alinha ao discurso liberal do PSDB, se valendo de ex-tucanos como seus principais assessores.

No quesito dos valores, adota posturas conservadoras e as minimiza posteriormente para agradar algumas parcelas da juventude mais progressista.

Em caso de vitória eleitoral, um possível governo Marina Silva se veria diante do seguinte dilema: garantir governabilidade se apoiando em setores políticos tradicionais dentro e fora do Congresso, o que equivaleria a uma traição aos eleitores que apostaram na ideia de que é possível fazer política de uma forma “nova”; ou honrar seus compromissos com o eleitorado e não ter força política para governar, caindo no risco de paralisia governamental ou mesmo instabilidade institucional.

Caso resolva construir uma aliança com os setores tradicionais,suas recentes declarações e seus apoiadores atuais nos fazem crer que seu governo se aliará aos interesses dos bancos, do mercado financeiro e de parcelas do empresariado, enquanto no Congresso Nacional se verá obrigada a amarrar uma aliança que conte ao menos com o PSDB e o PMDB para lhe garantir governabilidade. O que há de “novo” nessas alianças de poder?

Não seria esse arco de sustentação o retorno à velha coalizão liberal de FHC? Talvez isso explique o recente abondono do ex-presidente ao candidato de seu partido e suas declarações de apoio velado à Marina Silva.

Apesar de seu discurso e suas ações não corresponderem à sua imagem, será difícil a seus adversários desconstruir o mito Marina Silva.

Além de haver pouco tempo de campanha eleitoral, a candidata dificilmente irá assumir posturas muito claras na maior parte do debate, mantendo-se como um “espectro” inatacável. Caso se mantenha bem posicionada nas pesquisas, dificilmente tal espectro irá se materializar em verdadeiros compromissos políticos, seja com os eleitores, seja com outros partidos políticos.

Caso, no entanto, a população passe a duvidar da imagem de Marina, ela terá que se materializar, sair do campo das ideias dúbias e assumir algumas posições concretas. Se isto ocorrer, o “mito” Marina Silva estará seriamente ameaçado, pois suas contradições podem vir à tona e torná-la apenas mais uma dessas boas ideais que se desmancham no ar.

É economista com doutorado pela Unicamp, pesquisador do Cecon-IE/Unicamp e professor da Facamp – See more at: http://brasildebate.com.br/as-mil-faces-de-marina-silva-a-camaleoa/#sthash.6wMHRiek.dpuf

(*) Economista com doutorado pela Unicamp, pesquisador do Cecon-IE/Unicamp e professor da Facamp

A ESTÚPIDA PRETENSÃO DOS MARINANGÉLICOS EM TENTAREM IGUALAR SUA PASTORA A LULA

Lula PeB

Nos últimos dias, depois que Marina se autodeterminou (tem incautos que acreditam que foi o PSB quem indicou) candidata ao cargo de presidenta da República, tem surgido na mídia-sequelada, sites e blogs, até em chamados de esquerda, uma estupida tentativa de marinangélicos em pretenderem igualá-la a Lula. É lógico que se trata de uma trapaça com o objetivo de seduzir – mentir- os eleitores alienados, ausentes e lupemproletários da política.

Trata-se de estupidez, porque no mundo nada é igual. Tudo se encontra em movimento. Nem o ser-em-si, é igual a si mesmo. Muito menos Marina é igual a Lula. Os elementos que os marinangélicos recorrem para construir a estupida igualdade se baseiam nos fatos de que os dois nasceram em famílias pobres, que eles lutaram para sobreviver (na verdade, subviver, já que durante algum tempo passaram por privações)  e que sobreviveram e construíram existência políticas.

DAS ESTÚPIDAS FANTASIAS CALCULISTAS

Fantasias-calculistas das mais estúpidas. Outros nasceram pobres, sofreram e se tornaram burgueses. Abstraindo do modelo patriarcal, da moral-burguesa e da dogmática judaica-paulínea para não comprometer preconceituosamente o homem Lula, os percursos existenciais são produtos de acasos e escolhas comprometidas. Para isso, existem dois tipos de escolhas. Uma individual cujo sujeito visa si mesmo como beneficiado, outra coletiva, cujo sujeito se observa em relação comunalidade.

Entretanto, nos dois casos os percursos são sempre singulares. Duas pessoas podem ser gêmeas e caminharem pelos mesmos cômodos, ruas, estradas e terem convivências com as mesmas pessoas, mas seus percursos são diferentes. E, como é do conhecimento, até do sociólogo positivista, os percursos além de terem encadeamentos sócios-culturais, também contam com a genética como sua produtora.

Eles por si bastam para eliminar qualquer tentativa de igualar Marina a Lula. Embora os processuais atualizados por uma pessoa em seus percursos não sejam visíveis nem a ela nem a outra, entretanto o resultado desses processos é testemunhado  pelos outros através, das manifestações que essa pessoa materializa em suas relações sociais.  São através das exteriorizações dos dois que são concebidas as diferenças abismais entre eles, e que os marinangélicos estupidamente não enxergam.

ONDE AS DIFERENÇAS SE ESCANCARAM

Para Lula, como metalúrgico, a consciência do trabalhador nasce da relação do trabalhador com a matéria, trabalho assalariado. Ou seja, o mundo objetivo produz a consciência que vai compreender a condição de explorado pelo capital. Para Marina, a ideia produz o mundo e não a matéria. Essa ideia deriva da determinação de um poder sobrenatural. O que significa dizer, que para ela, primeiro existe a ideia de trabalhador e não a força de trabalho traduzida em faculdades física, cognitiva, imaginativa, memorial. Ou seja, o trabalhador não é primeiro uma realidade física-psíquica, mas antes uma ideia. Nessa posição, Marina é uma idealista-teológica, por isso obreira da Assembleia de Deus, e crente da teoria criacionista. O que a impede de acreditar na evolução, na história e na política.

Lula é católico, mas é um realista. Lula concebe a Natureza nela mesma. Marina concebe a Natureza pela força de sua fantasia-sobrenatural. O filósofo Nietzsche, diria que ela concebe a Natureza por uma visão divinizada, por isso não alcança o Naturante da Natureza. Esse o motivo de ser companheira da Natura que usa esse termo natureza alienado de seu conceito real, para melhor enriquecer. Entre Marina e a Natureza existe uma quimera, como dizem os estóicos, que a impede de chegar à substância Natureza-Naturante.

DAS DESIGUALDADES DOS VALORES

Outras desigualdades entre os dois encontram-se nos valores que os dois expressam em suas convivências. Lula criou o Partido dos Trabalhadores, junto com filósofos, antropólogos, sociólogos, poetas, músicos, jornalistas, atores, atrizes, cientistas, operários, dramaturgos, cinegrafistas, a subjetividade expressiva que se opunha à ditadura civil-militar e ainda hoje permanece nele. A cartografia de desejos políticos que mudou o Brasil.

Lula continua com a mesma consciência trabalhadora, mesmo depois de eleito duas vezes presidente. Não se tornou vaidoso, burguês, e muito menos ambicioso. É respeitado como o maior líder do país, e quiçá do mundo, porque sempre agregou e tem o homem como um ser concreto que pode criar as condições históricas para sua vida ser produtiva e alegre.

Marina, em razão da idade e das circunstâncias, não participou da produção dessa cartografia de desejos políticos que criou poieticamente o PT. Entrou no PT com sentido de criação do partido muito diferente de seus princípios cartográficos. Diferente de Lula, não é de partido, como diz a deputada Erundina. Já transitou por alguns e agora tenta criar sua Rede. E, também, ao contrário de Lula, é vaidosa, ambiciosa, desagregadora, prepotente, homofóbica, tem o homem como um ser abstrato, visto que para ela o homem é uma ideia que sai das determinações de um poder sobrenatural, e não de suas vivências históricas. Mesmo assim, acredita na bancocracia, como diz Marx, sobre a ideologia do burguês capitalista.  

Por essa condição idealista-teológica não pode conceber a miséria como possível de desparecer quando se conceber, realistamente, um mundo sem miséria, como diz o filósofo, Sartre. Quando fala em governar com “os bons” seu enunciado não é produzido na concretude da objetividade perversa do capitalismo. Foi por essa falha-epistemológica que afirmou que Chico Mendes era elite. E não percebeu que ele não era ambientalista e sim sindicalista.

NÃO HÁ MILAGRES

Diante dessas demonstrações óbvias, fica a certeza frustradora dos marinanagélicos de que nem por obra de um milagre, Marina pode ser igualada a Lula. Lula escapa, por sua singularidade, dos pressupostos metafísicos-burgueses de Marina.

CANDIDATURA DE MARINA NA BERLINDA DA JUSTIÇA. PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL INSTAURA PROCEDIMENTO SOBRE O CASO DO AVIÃO

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O caso já é do conhecimento público. O avião Cessna 560XL, que Eduardo Campos sofreu o acidente fatal se encontra em um emaranhado de comprometimentos. Envolve amigos de Eduardo, ‘laranjas’, falta de declaração no Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), informações desencontradas feitas pelo PSB e a própria candidata Marina Silva. Um caso que pode ser sentenciado como crime eleitoral.

Diante do fato que tomou conta da opinião pública, o procurador-geral eleitoral Rodrigo Janot resolveu instaurar procedimento que determina o Ministério Público Eleitoral apurar se o avião respeitava a legislação eleitoral referente à prestação de contas parcial de acordo com a arrecadação e gastos envolvidos na campanha.

Desta forma, o comitê do Partido Socialista Brasileiro (PSB) terá que apresentar documentação comprovando a movimentação financeira para a utilização da aeronave na campanha presidencial. O PSB deve encaminhar a PGE os recibos eleitorais que comprovam a prestação de contas parcial, como determina a Resolução 23,406/2014 do Tribunal Superior Eleitoral.

No procedimento a PGE também pede da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informações sobre a propriedade do avião, e também sobre o registro de voou desde o mês de maio e do custo de locação de uma aeronave do mesmo modelo.

Analisando o quadro mostrado pela mídia de mercado e a descapitalizada, como os sites e blogs sujos, como também a informação do TSE que diz que o avião usado por Eduardo não foi declarado, a situação de Marina e do partido está periclitante. Juridicamente, se for comprovado tudo que já foi divulgado, até pela Polícia Federal, Marina, vai colher o que sua imprudência e ambição plantaram.

O SENTIDO DE NOVA POLÍTICA REPRESENTADO POR MARINA COMO CONCEITOS DE MENTIRA E MÁ-FÉ NO FILÓSOFO SARTRE

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A sociedade brasileira tem observado nos últimos dias, desde a morte de Eduardo Campos, a candidata-substituta Marina, se autonomear representante da nova política que carece o Brasil. Uma propaganda que tenta diferenciá-la dos outros candidatos pretendentes à Presidência da República. Uma representação que vem, segundo ditos especialistas, tomando corpo entre alguns eleitores.

Entretanto, a sociedade brasileira tem compreendido que Marina, não apresenta qualquer novidade no corpus político. Ela é tão apolítica como muitos que ela rejeita como contrários à vida política. Em sua ambição pelo poder, ela vem se aliando com o que há de mais reacionário no Brasil. O capitalismo financeiro representado por sua coordenadora-financeira Maria Alice Setúbal, vulgo Neca, uma das proprietárias do banco Itaú, o maior banco privado do Brasil, especuladores do capitalismo de mercado, o economista-burguês Eduardo Giannetti, e tem como seu vice Beto Albuquerque, representante obstinado do agronegócio entre outros personagens da velha política.

Além de quê, Marina, é carregada por afetos tristes fundados na base arcaica da história como, ambição, sentido de desagregação por interesse individual, ideia fixa, messianismo e uso de sua compleição física para catalisar consciências malogradas ou coaguladas, aqueles que se encontram imobilizadas, como diz o filósofo Sartre.

MARINA E AS ESTRUTURAS ONTOLÓGICAS

Diante dessa encenação de Marina, é oportuno recorrer ao filósofo da liberdade, Jean Paul Sartre, para tentar uma compreensão sobre sua consciência-representada. Compreender se essa consciência é fundada como estrutura ontológica da mentira ou da má-fé. Para isso precisamos entender que existem duas estruturas ontológicas, segundo Sartre, que nos fundamenta como existentes no mundo. A relação de uma existência com outro e a relação de uma existência consigo mesmo (ipseidade).

Na primeira, encontram-se dois projetos ontológicos: minha existência para o outro e a existência do outro para mim. Nos dois casos existem duas transcendências, a minha para chegar ao outro e a do outro para chegar a mim. O que o filósofo Heidegger chama de mit-sein: ser-com. Na segunda, há um projeto ontológico: eu chego em mim mesmo como Em-Si.

 A MENTIRA

Na mentira, que “é conduta de transcendência”, como diz Sartre, é necessário que o sujeito que mente, seja conhecedor da verdade que ele tenta esconder do outro. Impedir a transcendência do outro de sua liberdade como criadora de possíveis. Fazer com ele fique coagulado em relação à verdade. Torna-se imóvel em relação da verdade que lhe é ocultada pelo mentiroso. Em síntese: nadificar o outro.

O mentiroso, em seu projeto da mentira, tem inteira compreensão da verdade que altera. Por isso, há no mentiroso uma forma cruel de sadismo. Ele aproveita em seu benefício a dualidade ontológica de seu “eu e do eu do outro”. Esse sadismo se revela como a confirmação da anulação do projeto do outro.

A MÁ-FÉ

Enquanto o projeto da mentira é ocultar a verdade do outro, o projeto da má-fé é mentir para si mesmo. Mascara uma verdade desagradável para si ou “apresentar como verdade um erro agradável”. O que significa que eu escondo a verdade de mim mesmo. O que elimina a dualidade do enganador e do enganado que existe na mentira. Porque a má-fé não chega a mim de fora da realidade humana, mas a partir de mim mesmo. Ou seja, a consciência se afeta de má-fé. Para me enganar tenho que conhecer a verdade que pretendo ocultar de mim mesmo. Sou enganador e enganado na estrutura de um só projeto. Assim, o sujeito da má-fé tem consciência de sua má-fé, “pois o ser da consciência é consciência de ser”.

BREVE ILUSTRAÇÃO DA MÁ-FÉ EM UMA MULHER

Uma breve ilustração do filósofo Sartre, para entender melhor a consciência que Marina leva como representação. Uma mulher se encontra com um homem sabendo de suas intenções. O homem lhe fala com claro respeito e expressa sentimentos amáveis. A mulher, em sua facticidade, seu presente, aceita o jogo, mesmo sabendo o que ele objetiva. Aceitar o jogo é se colocar em transcendência àquilo que ela é. O homem segura sua mão, ela tem duas escolhas: recolhe a mão ou a abandona no desejo do homem. Se ela tira a mão revela o que é e o que sabe, e se ela deixa a mão ela se mostra não sendo. Ela escolhe a última. Configura-se a má-fé: ela mente para si, visto que o que queria era ser amada sem recorrer à mentira. Ela é facticidade, presença, e transcendência, com predominância da transcendência.

A MULHER NA MÁ-FÉ E O HOMEM NA MENTIRA

Na condição do projeto de má-fé, ela não foi amada em si, mas como outra, uma coisa divorciada do espírito que acreditou e aceitou os cortejos que o homem realizou e ela retribuiu como essa outra. Assim, como o homem não a amou em si, mas a sua transcendência como outra. Dessa forma, ela mentiu para si e o homem mentiu para ela. O homem só queria a experiência sexual de seu corpo como coisa, uma cadeira, uma mesa. Para seu propósito, elogiou sua inteligência, seus bons sentimentos, e ela aceitou para realizar seu projeto de má-fé, já que sabia o que realmente ele pretendia.

Sartre diz que ambos estão em condição de consciências malogradas. A opacidade de suas consciências impossibilitou que eles realizassem um encontro, já que nenhum dos dois era o que era. Ausentes de seus corpos e atos, foram a “divina ausência”, como diz Valéry, citado por Sartre.

A LIBERDADE MARINA ESCOLHER SUA REPRESENTAÇÃO

Como a filosofia de Sartre é a filosofia da liberdade que afirma que o homem encontra-se condenado à liberdade, e a liberdade se concretiza como “escolha que cria suas próprias possibilidades”, e não sendo Marina, a nova política, mas apenas uma representação no sentido teatral em que um ator se passa por uma outra personagem, Marina  encontra-se, de acordo com Sartre, tanto como consciência de projeto da mentira e consciência da má-fé. Tanto como uma consciência como outra, ela situa-se em estado de transcendência. É o que não é. Sua posição representada como nova política nada mais é do que a expressão da “divina ausência”.

OS ELEITORES DE MARINA SE ESCOLHEM ENGANADOS

E como diz Sartre, que todo homem é responsável por suas escolhas, seus eleitores são responsáveis por seus votos. Não estão sendo enganados. Eles escolheram o engano. Mas o grande perigo seria se Marina fosse eleita. Porque não governaria no estado de facticidade, mas no estado de transcendência. Muito distante do que é o Brasil e precisa.   

SINDICATO DE XAPURI, NO ACRE, PROTESTA CONTRA A AFIRMAÇÃO DE MARINA QUE DISSE SER CHICO MENDES ELITE

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Para fugir de um questionamento levantado por um dos participantes no alcunhado debate da TV Band, que afirmou que Marina estava se aliando com a elite, ela, de forma recorreu à estratégia de escape afirmando que todo mundo é elite. Os capitalistas, os trabalhadores, Chico Mendes… Uma forma de desconstruir a opinião pública de que está fazendo a velha política que ela nega.

Diante da conceituação de que Chico Mendes é elite feita por Marina, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri, no Acre, publicou uma nota de protesto contra o acinte eleitoreiro da candidata sobrenatural. No mesmo sentido a filha de Chico Mendes disse que não vota em Marina, mas em Dilma.

Leia a nota e a entrevista com  Dercy Cunha, a vice-presidenta do sindicato.

Diante da declaração da candidata à Presidência da República para as próximas eleições, Marina Silva, onde esta coloca o companheiro Chico Mendes junto a representantes da elite nacional, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri (Acre), legítimo representante do legado classista do companheiro Chico, vem a público manifestar-se nos seguintes termos:

Primeiramente, o companheiro Chico foi um sindicalista e não ambientalista, isso o coloca num ponto específico da luta de classes que compreendia a união dos Povos Tradicionais (Extrativistas, Indígenas, Ribeirinhos) contra a expansão pecuária e madeireira e a conseqüente devastação da Floresta. Essa visão distorcida do Chico Mendes Ambientalista foi levada para o Brasil e a outros países como forma de desqualificar e descaracterizar a classe trabalhadora do campo e fortalecer a temática capitalista ambiental que surgia.

Em segundo, os trabalhadores rurais da base territorial do Sindicato de Xapuri (Acre), não concordam com a atual política ambiental em curso no Brasil idealizada pela candidata Marina Silva enquanto Ministra do Meio Ambiente, refém de um modelo santuarista e de grandes Ong’s internacionais. Essa política prejudica a manutenção da cultura tradicional de manejo da floresta e a subsistência, e favorece empresários que, devido ao alto grau de burocratização, conseguem legalmente devastar, enquanto os habitantes das florestas cometem crimes ambientais.

Terceiro, os candidatos que compareceram ao debate estão claramente vinculados com o agronegócio e pouco preocupados com a Reforma Agrária e Conflitos Fundiários que se espalham pelo Brasil, tanto isso é verdade, que o assunto foi tratado de forma superficial. Até o momento, segundo dados da CPT, 23 lideranças camponesas foram assassinadas somente neste ano de 2014. Como também não adentraram na temática do genocídio dos povos indígenas em situação alarmante e de repercussão internacional.

Por fim, os pontos elencados, são os legados do companheiro Chico Mendes: Reforma Agrária que garanta a cultura e produção dos Trabalhadores Tradicionais e a União dos Povos da Floresta.

Xapuri, 27 de agosto de 2014

José Alves – Presidente

Há desconforto dos trabalhadores de Xapuri com a forma como o legado de Chico Mendes está sendo tratado pela campanha de Marina Silva?

Sim, exatamente.

Por quais motivos?

O nome de Chico Mendes é usado de forma indevida, colocando ele em uma condição do que ele não era. Ele era um sindicalista defensor dos direitos dos trabalhadores, de melhoria de qualidade de vida, e nunca foi esse ambientalista da forma como é colocado pelos políticos.

Por que isso acontece, na sua opinião?

Porque isso rende, né? Isso, de certa forma, em termos de angariar recursos e apoios, tem importância.

Que relação a senhora teve com o Chico Mendes?

Fui a segunda presidenta do sindicato, logo depois do presidente fundador, e antes do Chico. Tivemos sempre uma relação muito boa, de muito trabalho conjunto.

Pelo que a senhora conhecia dele, acredita que ele concordaria com a forma como o legado dele surge na campanha eleitoral? Ele apoiaria Marina?

Só se ele tivesse mudado muito de opinião. Do contrário, eu imagino que ele teria a mesma postura que nós. A gente entende que, na campanha política, tudo acontece para chegar ao poder, mas as alianças e os vínculos que a Marina tem nos mostram que ela jamais teria condições de aplicar um projeto de sustentabilidade. A verdadeira sustentabilidade ofende os interesses do grande capital.

Existe alguma candidatura que contemple as demandas dos trabalhadores e trabalhadoras de Xapuri?

Olha, infelizmente, as candidaturas que representam aquilo que a gente sonha estão em desvantagem em termos de preferência. Tem algumas candidaturas que, se não mudarem ao chegar ao poder (porque o problema é quando os partidos chegam ao poder), seriam alinhadas, como as do Psol e do PSTU. São candidaturas que representam o que a gente sonha. Não orientamos votos, preferimos que as pessoas tirem suas próprias conclusões.

Entre as que estão disputando a liderança das pesquisas de opinião, há alguma mais próxima das posições do sindicato?

Não, são todas muito próximas. As propostas postas para a Amazônia, todos eles, são projetos de destruição, como as grandes obras de hidrelétricas e mineração. Isso não combina com nossos ideais.

DILMA CONCEDE ENTREVISTA COLETIVA E FALA SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA E PROGRAMAS NO NORDESTE

Em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, presidenta Dilma Vana Rousseff falou sobre segurança pública e também sobre os programas sociais no Nordeste. Sobre segurança, Dilma afirmou que a União sempre respeitou a autonomia federativa e o papel das polícias, mas quer tomar mais responsabilidade para si. E para isso deve promover mais integração entre as polícias, além das forças.

Dilma mostrou que a boa experiência em segurança durante a Copa do Mundo deve continuar. Para reforçar o que mostrou, ela vai enviar ao Congresso Nacional uma PEC com o objetivo de ampliar o papel da União na questão da segurança pública. Para isso é preciso “integrar a inteligência para potencializar a ação”.

Inquirida por um jornalista para falar sobre o que disse Aécio, que afirmou que seu governo só tinha como programa Nordeste o Bolsa Família, Dilma, sorriu e falou sobre as obras de infraestrutura , a integração do Rio São Francisco, as obras no semiárido, o Pronatec, entre outras.

“Segurança pública é de competência dos estados. Não é possível que seja fragmentada entre os diferentes órgãos da federação.

Temos que integrar a inteligência para potencializar a ação. O difícil não é construir os Centros de Comando e Controle, mas integrar as pessoas. Nisso, acredito que fomos bem sucedidos com a experiência da Copa do Mundo.

O Nordeste não tem só pobreza. Uma parte importante do Pronatec, por exemplo, está na Bahia. Tem interiorização das universidades no Nordeste. Tem Escolas Técnicas. Não é só pobreza.

Além disso, tem Minha Casa Minha Vida em todos os estados, tem Bolsa Família em todos estados”, afirmou Dilma.

Um jornalista perguntou o que ela falaria sobre a decisão do TCU de isentar a presidenta da Petrobrás, Graça Foster, dos bloqueios de bens.

“Se a maioria do TCU decidiu, se fez Justiça. Graça é uma pessoa íntegra, competente e capaz”, respondeu a presidenta.

DILMA ENCONTRA-SE COM O POVO EM BANGU (RJ)

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A presidenta Dilma Vana Rousseff, candidata à reeleição, esteve durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, na Zona Oeste, especificamente no bairro de Bangu. Durante sua estadia no bairro, almoçou em um Restaurante Popular com sob o olhar e os aplausos de centenas de pessoas. Os responsáveis pelo restaurante ficaram preocupados com a quantidade de pessoas no local.

Durante o tempo que ficou no restaurante, mais de meia hora, Dilma falou com as pessoas, abraçou e beijou muitos eleitores. Diante do número de pessoas Dilma, teve dificuldade de sair do recinto. O candidato do PR, Anthony Garotinho, ao governo do Rio de Janeiro, e que se encontra em primeiro lugar na intenção de votos de acordo com os institutos de pesquisa, também esteve presente. Dilma também apoia a candidatura de Garotinho. Por tal, sua equipe de campanha filmou o evento.

O messianismo da terceira via é neoliberal

O Brasil já conheceu candidatos messiânicos. O Jânio ia salvar o Brasil da corrupção. O Collor, do Estado povoado de marajás e das carroças. Deu no que deu.

por Emir Sader

O messiânico se julga agente da Providência, diz que veio para dar um jeito em todos os problemas do mundo, escolhe os bons, que devem acompanhá-lo na gesta, não diz quais são os problemas, nem como vai resolvê-los. Se julga acima de tudo o que o mundo conhece.

O Brasil já conheceu candidatos messiânicos. O Jânio ia salvar o Brasil da corrupção. O Collor, do Estado povoado de marajás e das carroças a que o mercado interno protegido nos condenava. Deu no que que deu.

Marina diz que veio para nos salvar da polarização PT-PSDB, como se fosse uma terceira via. Esta foi uma operação internacional levada a cabo pela segunda geração de governantes neoliberais – Bill Clinton, Tony Blair – que pretendiam ser uma visão adocicada do neoliberalismo duro de Margareth Thatcher e de Ronald Reagan. Era a terceira vida quem convidada a FHC para suas reuniões, para mostrar que havia vida inteligente nestas paragens barbaras.

O próprio FHC queria ser a terceira via aqui, mas diante do fracasso do Collor teve que vestir o tailleur da Thatcher e fazer o jogo mais pesado do neoliberalismo: privatizações, abertura dos mercados, Estado mínimo, precarização laboral. Uma vez mais a terceira via não pôde se realizar.

Marina apela de novo a esse chavão gasto da terceira via, desta via, de forma messiânica, para nos salvar da polarização PT-PSDB. Só que deixa seu rabo de fora: equipe econômica ortodoxamente neoliberal – Andre Lara Resende, Neca Setubal, Eduardo Gianetti da Fonseca -, independência do Banco Central, etc., etc. , o mesmo tipo de equipe dos tucanos – da mesma estirpe de Arminio Fraga -, e as mesmas posições.

A terceira via da Marina se volta contra o Estado e sua apropriação pelo PT, pregando a superação disso, que chama de “bolivarianismo”.

A mescla integra componentes da salada ideológica do seu discurso: ONGs, sociedade civil, menos Estado. Silêncio total sobre as teses que caracterizam os avanços na superação do neoliberalismo do FHC: centralidade das políticas sociais, integração regional e intercâmbio Sul-Sul, papel ativo do Estado na economia e nos direitos sociais.

A equipe econômica e o discurso sobre a apropriação do Estado pelo PT não deixa dúvidas que traz no seu bojo um duro ajuste fiscal, tendo as políticas sociais e a massa da população como suas vítimas.

Marina se afirma assim como uma farsante, que afirma distância da polarização do PT e do PSDB, mas substitui a este, decadente, na polarização, com teses e equipes similares. Vem dar novo fôlego na direita brasileira, neoliberal como tem sido desde Collor, passando por FHC e chegando agora na Marina, segunda vida, estepe dos neoliberais, prestes a sofrer outra derrota.

Desmistificar essa “novidade” da Marina é o caminho para desinflar sua popularidade, mostrando seu caráter, a quem serve, que não tem nada de novo, menos ainda corresponde ao que as manifestações de junho de 2013 levantaram e ao que Brasil precisa para avançar.

O CONSELHEIRO ECONÔMICO DE MARINA, EDUARDO GIANNETTI, QUE SE DIZ FILÓSOFO, QUER LULA E FHC NO GOVERNO DA OBREIRA. FANTASIA

Eduardo Giannetti é um economista-burguês e não precisa ninguém se apoiar em Marx para afirmar essa realidade. Ele mesmo já se posicionou como um liberal. Daí que todas suas enunciações sejam baseadas na política econômica clássica. Ele é o conselheiro econômico da candidatura de Marina, e com essa função faz as articulações com os empresários de forma geral.hqdefault

Entretanto, se é fácil entender a posição de economista-burguês de Eduardo Giannetti, é impossível entendê-lo como filósofo, porque não existe filósofo-burguês. O filósofo sempre carrega devires, fluxos mutantes e quantas desterritorializantes que se mostra como movimento real que escapa da imobilidade. Como diz o filósofo Henri Lefebvre, um sujeito das ultrapassagens. Um sujeito transcendental que escapa dos estados de coisas definidos.

O burguês é capitalista, um sujeito molar, por isso conserva os estados de coisas que são seus constantes lucros saídos da exploração da força de trabalho do operário como mais valor. Esse o estado de coisa que ele luta para preservar. Aí o seu pavor do movimento real. Nada de mudanças. A não ser simuladas mudanças. O devir é seu maior inimigo. Para ele não existem os princípios dialéticos: nenhum corpo encontra-se isolado, todo corpo encontra-se em movimentos e todo corpo sofre mudanças quantitativas e qualificativas. Ou seja, todo corpo, por seu modus de ser-devir, ele é vida. E o burguês, em seu estado molar, nega a vida.

Assim, é possível entender que Eduardo Giannetti seja verdadeiramente um economista-burguês e jamais um filósofo. Talvez, ele assim se autocognomine porque tenha estudado doutrinas filosóficas, o que não faz ninguém filósofo. Não é porque alguém completou um curso em uma Faculdade de Filosofia que seja um filósofo. É mais fácil ser filósofo sem ter um curso de filosofias, do quem o tem. A filosofia escapa dos sistemas como pressupostos determinantes. Que o diga o filósofo Nietzsche. E também Deleuze, entre poucos.

Ao afirmar, como conselheiro econômico da candidata metafísica, que pretende reunir Lula e Fernando Henrique no governo de Marina, ele enunciou o economista. Daí a fantasia. Três princípios impossibilitam essa fantasia. Claro, que toda fantasia é impossibilidade de realização. Escapa do princípio de realidade.10563_2_L.jpg

1 – Lula não compõe com Marina, em razão de alguns fatos. Se Lula pretendesse proximidade com Marina, teria permitido que ela continuasse como ministra em seus governos. Outro fato é que Lula é pessoa de associação, de agregar, de se dá em relação, distributivo. Já Marina, ao contrário, não agrega, é ambiciosa, imperativa, excludente e acredita demais no sobrenatural. Já Lula tem a consciência no real. Se funda no princípio e realidade. Marina nem no princípio do prazer, já que não há prazer no sobrenatural-metafísico.

2 – Lula não pode jamais compor com Fernando Henrique, visto que ele é totalmente diferente do ‘príncipe’ sem trono. Lula, como operário, compõe potências produtivas, que lhes fazem ser um homem oblativo, aquele que se doa. O ‘príncipe’ sem trono é um neoliberal cujo amor é concentração de riqueza extraída do trabalhador, o que lhe faz um homem captativo, sujeito do capitalismo predador que tudo devora. Como Marina, ele também é um poço de vaidade e ambição. O contrário de Lula que prima pela simplicidade.  

3 – De acordo com o quadro apresentado por Marina, onde são imbricados elementos metafísicos, sobrenaturais, messiânicos, ódio ( “tenho que acabar com esse demônio PT”), ideias confusas, agora o caso do avião fantasma e suas relações com o empresariado reacionário meramente calculista, e a inteligência da maioria do povo brasileiro, ela possivelmente não será eleita.

Portanto, concebe-se, sem qualquer receio de errar, que essa enunciação de Eduardo Giannetti de unir Lula e Fernando Henrique no governo de Marina, foi de autoria, incontestavelmente, do economista-burguês da economia clássica. Os apologistas do lucro, como afirma Marx. 

Filiado ao PSB, Adriano Benayon diz que não vota em Marina

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Comunicado aos co-filiados do PSB, amigos e leitores,

Há alguns anos, sou filiado ao PSB, em que ingressei, tendo tido a honra de ter tido minha ficha assinada pelo competente e digno Carlos Siqueira.

Sem solidariedade social e sem aspiração de independência nacional, socialismo é apenas uma palavra falsa.

Assim, diante do fato de que o PSB adotou a candidatura da Sra. Marina Silva à presidência da República, declaro que não votarei na candidata do partido.

Não estamos, senão formalmente, em regime democrático, haja vista a urna eletrônica absolutamente inconfiável, e  a influência nas eleições do poder econômico concentrado e da desinformação em massa, a cargo da grande mídia, a serviço dos interesses imperiais. Meu voto, pois, tem peso ínfimo.

Mas para mim é importante declará-lo.

No 2º Turno, entre Dilma e Marina, sua provável concorrente, já que Aécio é fraco eleitoralmente e deverá ser preterido pelos imperiais, GAFE, PIG etc., penso que o PSB deveria apoiar a atual presidente, mediante compromissos de eliminação das políticas de juros altos, subsídios às montadoras estrangeiras e a outros concentradores, abandonar o tripé do FMI, intensificar as relações com os BRICS e com o MERCOSUL.

Devo concitar outros membros do PSB a pedir às lideranças do partido não persistirem no grave erro de se terem associado a uma certa rede ou teia, comprometida com interesses contrários aos de nosso País.

Errou o falecido Eduardo Campos ao entrar nessa associação, como erraram os que o acompanharam nesse passo.

Pior ainda foi, após a morte dele, apoiar a candidatura da Sra. Marina, sob pressão dos elementos mais entreguistas da coligação, como os Srs. Roberto Freire, Jarbas Vasconcellos et alli.

Mas o importante e recomendável é reconhecer os erros e fazer o possível para desfazê-los e/ou reduzir-lhes as consequências.

A prioridade então é dissociar-se da Rede e de D. Marina, pois essa aliança significa o fim do PSB como partido e sua identificação como mais uma sigla de aluguel.

Muitos estão ironizando, ao dizerem em relação a D. Marina: “Basta de intermediários. Neca Setúbal para presidente”.

Esses estão alienados da dura realidade, que é pior, pois a oligarquia dos grandes bancos locais é apenas subalterna dos interesses imperiais, tal como seus economistas, da mesma laia que os dos tucanos e ligados ao mega-entreguista FHC. Os críticos, se mais inteirados dos fatos e mais corajosos, deveriam dizer:

“Basta de intermediários. George Soros (ou o príncipe Charles, da família real britânica,  Reino Unido) para Pró-Cônsul do império.”

Saudações a todos e todas,

Adriano Benayon*

*Doutor em Economia, pela Universidade de Hamburgo, Bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Diplomado no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco, Itamaraty. Diplomata de carreira, postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México.

COM O PROPÓSITO DE CONSEGUIR O MÁXIMO DE APOIO DOS EMPRESÁRIOS, VICE DE MARINA FECHA COM A INDÚSTRIA BÉLICA. META CAPITALISTA QUE PODE PRIVATIZAR O BOLSA FAMÍLIA

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Desde que tomou conhecimento da morte de Eduardo Campos, Marina caiu na batalha para ser indicada a candidata do PSB. A ambição era tamanha que até afirmou que Deus lhe impediu de entrar na aeronave que o candidato do hoje partido de aluguel, entrou para morrer. “Foi a providência divina que impediu que eu embarcasse naquele avião”. Avião esse que começou a fazer estrago em sua campanha. Esse o mote de Marina que hoje ela, junto com outros, entre eles membros do partido alugado, sem qualquer pudor ético, glosam.

Marina caiu “na estrada tirana (Belchior)”, e foi oferecendo o futuro do Brasil se a providência divina assim quiser. O que ela pode afirmar. De saída, encontrou na estrada tirana do capitalismo representante do sistema financeiro Neca, filho de Olavo Setúbal, criador do Banco Itaú, a instituição financeira que mais lucra no Brasil e que tem mais demitido nos últimos meses, de acordo com o sindicalismo bancário.

A missionária e metafísica Marina prometeu, segundo gente do setor financeiro, tornar independente o Banco Central, uma instituição que é fundamentalmente administradora do setor financeiro do Estado. Uma festa na estrada tirana. Uma festa tamanha que a Bolsa Valores tem tido grandes lucros nós últimos dias por ter Marina como sua solidária parceira.

Como a estrada tirana é longa e muito bem frequentada Marina, com sua turma, cada dia que passa vai arregimentando parceiros defensores e usufruidores do capital, em nome de um governo onde predomina o bem. Foi assim que, movido pelo sentido do bem, que seu vice, Beto Albuquerque, personagem ligadíssimo ao agronegócio que é inimigo das terras indígenas e quilombolas que ambiciona, fechou acordo com representantes da indústria bélica, tudo em nome da vida ideal que Marina segue. É logico, que a maioria da população brasileira sabe que o sentido da vida que Marina transporta é a vida-metafísica. A vida, no caso humano, sem sistema nervoso central, cerebral e, portanto, racional.

Como a razão para Marina é instrumental, apenas elemento de direcionamento ao que óbvio relativo aos seus interesses, ela não pode entender que esses acordos com a nata empresarial é um perigo porque se trata de gente calculista que só persegue os seus interesses. E essa condição racional própria de Marina, é uma fonte de lucro para eles. Daí o perigo para uma grande parcela da sociedade brasileira se ela for eleita. Porque algum empresário pode bem propor, em nome do bem, a privatização do Bolsa Família.

Partindo do entendimento do que ela quer fazer com o Banco Central, pode-se aventar que é possível que as políticas sociais criadas pelos governo populares de Lula e Dilma sejam privatizadas. Quem não conhece o espírito do capitalismo, acredita ser impossível, coisa de louco. 

SÉRGIO FIGUEIREDO MOSTRA A MONTAGEM DO JORNALISMO “MAIS SÓRDIDO” PRODUZIDO PELA TV GLOBO PARA DESTRUIR LULA

Já faz parte da memória-coletiva brasileira a manipulação sórdida que a TV Globo fez do debate entre Lula e Collor com objetivo de promover seu candidato, vendido, na época, como ‘caçador de marajá’. A TV Globo simplesmente, como já é notório de sua índole, manipulou o debate colocando Collor com os melhores momentos  que nunca existiram, visto que Lula o desmascarou diante do público brasileiro.

Pois, embora seja da memória-coletiva brasileira, entretanto nunca um programa infotécnico havia mostrado as personagens envolvidas na manipulação explicando como tudo ocorreu. Aí a importância desse vídeo. Um trabalho que mostra o que pode ainda acontecer com Dilma quando de um debate na TV Globo. Porque, se o Brasil mudou a TV Globo continua a mesma cultuadora da patologia-comunicacional. Ela continua impulsionada por sua patologia midiática-alucinante.

Veja o vídeo, ouça os personagens testemunhando e fala sua reflexão.

O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas

Enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como um escândalo, a dentada rentista desfruta o espaço de uma pauta séria nos seus espaços midiáticos.

por: Saul Leblon

O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas

A dentadura que devolveu o sorriso à boca de uma sertaneja pobre de Paulo Afonso, na Bahia, foi transformada pela mídia isenta em um escândalo eleitoral.

As escolhas que ela envolve são mais sérias do que esse factoide.

Oito incisivos, 4 caninos e 20 molares de resina da sertaneja Nalvinha receberam da mídia um tratamento equivalente ao dispensado ao aeroporto de R$ 14 milhões que Aécio construiu com dinheiro público na fazenda do tio Múcio.

Mereceram a mesma gravidade atribuída ao misterioso jatinho Cessna, de R$ 24 milhões, cuja queda matou Eduardo Campos e abriu uma cratera de dúvidas quanto à origem, a legalidade e os interesses que embalam a candidatura do PSB.

Não importa que os trinta e dois dentes novos façam parte de um amplo programa federal lançado em março de 2004, destinado a devolver o sorriso a milhões de brasileiros cujo único vínculo com a saúde bucal era o velho boticão.

Não é uma miragem.

Ao completar uma década, o ‘Brasil Sorridente’ já entregou quase 500 mil próteses dentárias parecidas com a de Nalvinha. Estendeu o direito a tratamento dentário a 79,6 milhões de adultos e crianças em 4.971 municípios brasileiros.

A julgar pelo martelete midiático, tudo não passa de uma fraude.

A tola e/ou ingênua decisão de providenciar a prótese da sertaneja Nalvinha na véspera da visita da Presidenta Dilma a sua casa, também equipada de cisternas –o governo federal já financiou 481 mil delas em 1.426 municípios do semiárido nordestino e liberou R$ 1 bilhão este ano para chegar a 750 mil até dezembro— alimentou o banzeiro.

Foi o suficiente para que o maior programa de saúde bucal do mundo evaporasse na conveniência da narrativa conservadora.

O episódio seria só mais um embate em torno de um programa social, não fosse tão representativo da imensa dificuldade que é mover a fronteira da inclusão social no Brasil à margem do Estado e das políticas públicas.

Entre outras coisas, a polêmica da ‘dentadura eleitoral’ sonegou ao eleitor alguns paradoxos de uma matriz conhecida.

Por exemplo, o fato de o Brasil ser o país com o maior número de dentistas do mundo.

Tem-se aqui quase 20% dos profissionais de odontologia do planeta.

São cerca de 250 mil dentistas de um total pouco superior a um milhão no mundo; um contingente que mesmo em termos relativos impressiona. Com população superior a nossa, os EUA, por exemplo, dispõem de pouco mais que 170 mil dentistas; a Alemanha tem 70 mil deles; França, México e Argentina contam com 40 mil cada.

A dianteira pelo jeito veio para ficar.

A Associação Brasileira de Odontologia (ABO) informa que quase 15 mil novos dentistas chegam ao mercado brasileiro a cada ano, formados pelas 203 faculdades de odontologia existentes no país.

O segundo paradoxo: esse superlativo arsenal está longe de se refletir no sorriso de boa parte da população que não tem acesso ao cuidado odontológico.

Até entrar em campo o ‘Brasil Sorridente’, um contingente da ordem de 30 milhões de brasileiros nunca havia sentado em uma cadeira de dentista.

A razão é a mesma que levou o governo a importar mais de 14 mil médicos cubanos para levar assistência a 50 milhões de brasileiros pobres, através do ‘Mais Médicos’.

A mesma que gerou o Bolsa Família. A mesma que levou à criação do Prouni. A mesma que promoveu a instituição de cotas na universidade. A mesma que impulsionou o crédito subsidiado à agricultura familiar. A mesma que leva o BNDES a carrear recursos do Tesouro para áreas do interesse estratégico do país. A mesma que fez o governo Lula instituir uma regulação soberana para o pré-sal. A mesma que encorajou a Petrobrás a impor um índice de nacionalização de 60% nas encomendas de serviços e equipamentos necessários à exploração.

A razão é que o capitalismo deixado à própria sorte é incapaz de construir uma sociedade. E menos ainda uma democracia social como a que se pretende no Brasil.

O sorriso devolvido à sertaneja Nalvinha não é fruto das forças de mercado.

Ele só ressurgiu no rosto da sertaneja de Paulo Afonso porque os governos Lula e Dilma tomaram a decisão política de resgatá-lo investindo R$ 10 bilhões no ‘Brasil Sorridente’.

Vem daí a pergunta incomoda, abafada pela pauta dos operadores e herdeiros da alta finança.

Se nem mesmo uma dentadura chega à boca do brasileiro pobre, sem a ação do Estado, como conceber que um novo ciclo de desenvolvimento associado à justiça social possa florescer por força da lógica estrita da ‘racionalidade dos mercados’?

Aquela que inclui entre os seus preceitos a ideia de que a moeda de uma nação deve ser entregue à administração de um banco central independente do governo e da democracia.

A diretriz anunciada tanto pelo operador tucano Armínio Fraga, quanto pela coordenadora do programa do Partido Socialista, Neca do Itaú, vende como ciência aquilo que é a essência da dominação financeira no capitalismo: o manejo dos juros na economia.

Trata-se de ‘proteger’ as decisões monetárias das pressões originárias do mundo político, alega-se.

Por mundo político entenda-se o conflito de classes, ilegítimo aos olhos de quem enxerga a política como excrescência e o seu interesse como uma segunda natureza, e não parte de uma correlação de forças que disputa o destino da economia e o da sociedade.

A repartição do ônus gerado pela maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos demonstra a pouca aderência dessa visão à realidade.

Seis anos após o colapso de 2008, a lucratividade dos bancos norte-americanos registrou lucros recordes nesse segundo trimestre.

Em contrapartida, a subutilização da força de trabalho –indicador que soma emprego parcial e desistência de buscar vaga- atinge assustadores 13%.

Na maior economia capitalista da terra, metade das vagas criadas no pós-crise é de tempo parcial, com salários depreciados.

Não é um aquecimento de motores. É o padrão de uma economia desossada em seus esteios produtivos , por obra da desregulação financeira promovida pelo ciclo neoliberal, a partir de Reagan.

É esse subenredo de uma recuperação tíbia que leva a criteriosa presidente do BC de lá, Janet Yellen, a resistir às pressões dos interesses rentistas para elevar as taxas de juros do mercado.

Pressões políticas, como se vê, partem muitas vezes de onde menos esperam os defensores da independência do BC por essas bandas.

Um dos maiores gargalos do Brasil nesse momento é justamente a ausência de espaço para a discussão madura dessas interações entre política e economia, entre opções, custos, concessões, salvaguardas e requisitos à ordenação de um novo ciclo de crescimento, que só virá por força de uma repactuação democrática da sociedade.

A eleição deveria servir para isso.

Mas enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como escândalo, a dentada rentista subjacente ao BC independente desfruta do privilégio de pauta ‘séria’.

Sob a pressão desse maxilar ideológico o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro gira em círculos que sonegam futuro ao país e esclarecimento à sociedade.

Não é uma combinação promissora. E a história já evidenciou isso algumas vezes. A ver.

DILMA, EM ENTREVISTA COLETIVA, FALA SOBRE A MORTE DE GETÚLIO, ENTRE OUTROS TEMAS, E ENCARA O “ESTADÃO’

A presidenta Dilma Vana Rousseff, concedeu entrevista coletiva onde falou sobre os 60 anos da morte de Getúlio Vargas, relembrada ontem, dia 24, o almoço que teve com o jornalista Lira Neto, autor de uma trilogia sobre o ex-presidente gaúcho, a Petrobrás, sua candidatura à reeleição a Presidência da República, e de quebra mandou o Jornal Estado de São Paulo apresentar prova de que o pagamento do PAC encontra-se atrasado. A cobrança ocorreu por causa de uma reportagem do jornal reacionário, que em plena campanha contra a reeleição de Dilma, afirmou o despropósito.

Da importância de Getúlio – “Se nós não entendermos a História de nosso país, nós não entenderemos a construção da nação brasileira. Não é o momento que faz o país. Um país é feito de sua História, suas memórias, suas lideranças políticas e acredito que o Getúlio, com toda a humanidade dele, permite entender o Brasil de um determinado momento histórico”.

Sobre as acusações contra agentes da Petrobrás – “A Petrobrás é muito maior que qualquer agente dela, seja diretor ou não, que cometa equívocos crimes (…) isso não significa a condenação da empresa”.

Sobre o período eleitoral para divulgar as obras do governo – “É como se tivesse fazendo uma prestação de contas para a sociedade. Por exemplo, as pessoas que nunca tiveram e nem passaram pela cabeça delas, que eram pessoas muito humildes, que elas teriam como ver um filho se formando como médico. Isso está acontecendo no Brasil. Eu quero mostrar as conquistas desse país, eu quero mostra que esse país mudou”.

Sobre a acusação leviana do reacionário pasquim, Estadão – “O que existe é o seguinte: até você empenhar, fiscalizar e pagar tem um período, não é automático, você não sai pagando.

Vocês têm que mostrar e provar que tem atraso de tantos dias. Porque tem horas que as afirmações, e é por isso que eu quero esse período de resposta na televisão, é que tem hora que as afirmações nossas não chegam ao leitor”, mandou ver a presidenta. 

O PERIGO DO ‘BEM’

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“Devemos falar apenas do que não podemos calar; e falar somente daquilo que superamos. Todo o resto é tagarelice…”, diz o filósofo da tresvalorização dos valores, Nietzsche. É exatamente a tagarelice que se mostra, contundentemente, em nosso país, nessa época de eleições. Fala-se o que se pode calar, como, também, fala-se do que não foi superado. Tudo isso é muito simples de compreender. Para se descobrir que se deve falar daquilo que não se pode calar e falar sobre o que foi superado é necessário um exercício transcendental dos sentidos e do intelecto que se encontram determinados pela objetividade dominante. E os tagarelas não conseguem esse movimento de ultrapassagem de um estado de coisa estabelecido.

SOBRE OS TAGARELAS METAFISICADOS

Esses são os sem vozes e sem intelecto-agente. Foram apanhados desde criança pelos agenciamentos de enunciação coletiva-dominante que refletia a objetividade tida como real, e a eles se submeteram e se tornaram sujeitos-sujeitados, como nos dizem os filósofos, Deleuze e Guatarri. Daí a impossibilidade do exercício transcendental dos sentidos e intelecto. São sujeitos-sujeitados cujo sistema de valores que carregam, propagam e defendem não saiu de uma crítica sobre a origem e a cristalização desses valores. Assim como também não podem saber, a quem interessa esse sistema de valores.

Se perguntarmos a eles por que seguem uma específica religião, eles têm basicamente duas respostas: Porque Deus existe e porque a família deles sempre seguiu essa religião. O que demonstra que eles jamais realizaram a crítica da religião. Daí que são religiosos por tradição e não por fundamento. Por exemplo, acreditam em um Deus hebreu, ao mesmo tempo, que acreditam em Cristo que foi perseguido pelos hebreus, como se Cristo fosse filho do Deus hebreu. Tudo sem qualquer ação dos sentidos livres e do intelecto agente. Assim, dogmatizados, afirmam que religião não se discute.

A NÃO SUPERAÇÃO DO MÍTICO E DO MÍSTICO

Calados e não superados, não percebem que suas falas de sujeitos-sujeitados de enunciação estão cristalizadas por elementos míticos e místicos. Corpos mitológicos sobrenaturalizados e metafísicos teologizados muito distantes dos corpos sensoriais-devirianos e intelectivos-mutantes e desterritorializantes. O movimento que afirma a vida. E é dessa cristalização que eles extraem seus valores de bem e mal. O que corresponde aos seus anseios, se adequa as suas perspectivas, é bem. O que não corresponde e nem se adequa aos seus anseios e perspectivas, é mal.

Para o filósofo Nietzsche, esse tipo de sujeito-sujeitado é o tipo reativo. O que negou a vida em benefício da culpa, da dívida, do ressentimento e o ascetismo. É alguém sempre em dívida em busca do perdão de sua dívida. Assim, que quando encontra outro semelhante, porém muito mais tagarela, passa a se submeter ao que  é expressado por esse semelhante, que em sua relação, lhe surge como muito mais superior, visto que carrega sinais metafísicos, sobrenaturais, messiânicos e divinizantes que os usa para controlar o sujeitos-sujeitados cujo o bem é a submissão.

O PERIGO DOS TAGARELAS PARA A DEMOCRACIA

Para a democracia essa identificação é perigosa, posto que a democracia é um estágio político da razão coletiva. Uma democracia é produzida através dos sentidos-livres e da razão-criativa cujos corpos são encadeados produtivamente no mundo real e não no fantasioso. O trabalho, a moradia, a saúde, a educação, a alimentação, o entretenimento, a locomoção acontecem no mundo real. Por isso, a democracia se expressa como física-politica e não como metafísica, onde o sistema nervoso central e o cérebro, como razão e sentidos, encontram-se ausentes.

O sujeito metafísico, sobrenatural, messiânico e auto-divinizado, é alguém que não superou os pressupostos que lhe captaram impedindo a falar diante “do que não podemos calar”, e, não superou as ideias inadequadas, ideias confusas, como diz o filósofo, Spinoza, “para falar somente daquilo que superamos”. Desta forma, só lhe resta à tagarelice. Como a tagarelice é uma pseuda-fala, porque não tem suporte linguístico derivado da experiência direta com a matéria, lhe corresponde, então, um falso significante sem significado-concreto.

O LÍDER MESSIÂNICO E A QUEDA DO REBANHO

Assim, quando esse sujeito metafísico, sobrenatural, messiânico e auto-divinizado se toma como líder, porque, segundo ele, tem uma missão a cumprir, impulsionada pelo seu sentido de bem, o perigo se dilata, visto que seu rebanho pode cair todo no precipício. E o pior, tratando-se de democracia, a queda no abismo não é só de seus fieis, mas também do país onde predominam estes tipos de fiéis.

AFORISMO DE NIETZSCHE PARA TEMPO DE ELEIÇÃO

Partindo desse quadro, o filósofo Nietzsche, nos proporciona dois aforismos de sua intrigante obra Humano Demasiado Humano II, para a crítica desta metafisicada do real. Em um, o “Deixar-se levar”, ele diz – “Quanto mais alguém se deixa levar, tanto menos os outros o deixam andar”. E em outro, “Contra os fantasiosos”, ele diz – “O fantasioso nega a verdade para si mesmo; o mentiroso, apenas para os outros”.

Esse, Nietzsche, é atualíssimo. Principalmente nessas eleições quando o ‘bem’ é um perigo.

 

A justiça reacionária de Gilmar Mendes em 5 atos

Por que Gilmar Mendes conferiu Habeas corpus a Daniel Dantas e Roger Abdelmassih? Por que protegeu a Rede Globo e os financiadores privados de campanha?

1) Com argumentos falaciosos, Gilmar Mendes pede vistas do processo sobre o fim do financiamento privado de campanha.

Embora o julgamento tenha sido suspenso devido a um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, seis outros já votaram pela procedência do pleito, reconhecendo que o financiamento privado de campanha desequilibra o sistema eleitoral brasileiro, enquanto apenas um foi contrário. Mendes pediu vistas do processo justamente após fazer as contas e ver que o resultado caminhava para este desfecho. Gilmar Mendes, sempre ele, travou a porta com o pé direito ao pedir vista do processo. E Fux adicionou a sua relatoria — impecável, como uma ponte de sobrevivência depois do mergulho no lamaçal da AP 470 — um prazo capaz de jogar a regra para 2018.

2) Habeas corpus em favor de Roger Abdelmissih

Para quem já esqueceu o episódio, Roger Abdelmassih mantinha uma clínica de genética na Avenida Brasil, região nobre da capital paulista, onde atendia clientes milionários. Durante muito tempo, ele foi paparicado pela mídia privada. Em 2008, porém, surgiram as primeiras denúncias de que o médico sedava as pacientes e cometia crimes sexuais. Em junho de 2009, ele foi indiciado por estupro e atentado violento ao pudor. Aos poucos, 35 pacientes denunciaram os crimes do “médico das elites”, que teria cometido 56 estupros. Abdelmassih chegou a ficar detido de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes.

3) Procuradores e juízes repudiam decisões de Gilmar Mendes quanto ao Habeas Corpus dado a Daniel Dantas

Para Procuradores, Regime Democrático foi atingido pela decisão do Presidente do STF, proferida em tempo recorde, desconstituindo a decisão que decretou a prisão temporária de conhecidas pessoas da alta sociedade brasileira, sob o argumento da necessidade de proteção ao mais fraco. Juízes federais também divulgam carta de protesto.

4) Habeas Corpus para Cristina Maris Meinick Ribeiro, condenada por sumir com o processo de sonegação fiscal da Receita Federal contra a Globo

Em 2007, uma funcionária da Receita Federal, Cristina Maris Meinick Ribeiro, foi denunciada pelo Ministério Público Federal por ter dado sumiço no processo contra a Globopar, controladora das Organizações Globo, por sonegação fiscal. Como não poderia deixar de ser nesses casos, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, deu sua contribuição às trevas: foi ele que relatou o habeas corpus que soltou a funcionária da Receita, depois da ação de CINCO advogados junto ao STF.

Fábio Rodrigues Pozzebom / ABR

5) Gilmar Mendes votou contra a lei da Ficha Limpa

O ministro chegou quase a perder a compostura ao defender seu ponto de vista. E, no calor do debate, distribuiu críticas aos legisladores que aprovaram a lei, por unanimidade, na Câmara e no Senado. Também sobrou para os membros dos conselhos de classe (como a OAB e o Conselho Nacional de Medicina, por exemplo), que, pela Lei da Ficha Limpa, também tornariam inelegíveis profissionais expulsos por infrações ético-profissionais. 

Por que os brasileiros desconhecem as realizações do governo Dilma?

Em 2014, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu mais de 9 horas de notícias desfavoráveis ao governo Dilma, contra apenas 45 minutos de favoráveis.

Brasília – Os brasileiros que assistiram ao horário eleitoral gratuito da última quinta, na TV, se surpreenderam com a grandiosidade das realizações do governo Dilma Rousseff (PT), mostradas com extremo cuidado estético pela propaganda eleitoral. Quando a peça publicitária exibiu a imagem de duas torres de transmissão de energia instaladas sob o Rio Amazonas, na fronteira do Pará com o Amapá, cada uma delas com 295 metros, só 29 a menos do que a Torre Eiffel de Paris, a reação de muitos foi protestar nas redes sociais: “Isso só pode ser mentira”.

Não é. As duas torres compõem um conjunto de outras 3,3 mil, de menores proporções, instaladas em uma rede de transmissão de 1.750 Km, que levam a energia gerada pela Usina de Tucuruí, no Pará, até Macapá, no Amapá, e depois até Manaus, no amazonas. Absolutamente desconhecida dos brasileiros, a obra faz parte de um programa maior que, nos quatro anos do governo Dilma, implantou 23 mil Km de linhas de transmissão, o equivalente à metade da circunferência do planeta. E, dessa forma, permite que uma região do país possa socorrer a outra, em caso de insuficiência energética.

“Mas como nós nunca soubemos disso? Como uma imagem dessas proporções e significado nunca estampou a capa dos jornais e revistas”, se questionavam muitos. A resposta é simples e foi dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo programa. “Meus amigos e minhas amigas, eu tenho certeza que você já tá surpreso com tanta coisa que a Dilma fez e você não sabia. Garanto que ficará ainda mais. Esta campanha vai servir exatamente para isso: para você ver como certa imprensa gosta mais de fazer política do que informar bem, como só consegue falar mal e é capaz de esconder obras fundamentais que estão transformando o Brasil. É por isso que a gente diz que, na minha primeira campanha, a esperança venceu o medo e, nesta da Dilma, a verdade vai vencer a mentira”, afirmou.

Lula não fez bravata. A afirmação tem lastro científico. Pesquisa realizada pelo Laboratório de Mídia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no projeto batizado como “Manchetômetro”, comprova que, em 2014, o Jornal Nacional da TV Globo, o principal do país, exibiu 9 horas, 19 minutos e 37 segundos de notícias desfavoráveis ao governo federal. Já as positivas ocuparam um espaço de apenas 29 minutos e 40 segundos. A pesquisa considerou toda as notícias exibidas este ano. Como é atualizada diariamente, os dados contidos nesta matéria englobam até o noticiário da última sexta (22).

A pesquisa classifica também as notícias negativas por partido: o PSB de Marina Silva teve 1h 12m e 12 S de noticiário neutro, o PSDB de Aécio Neves foi retrato em 1h 25m e 31s de notícias neutras, 1 h 19m e 18s de notícias contrárias e 8m de favoráveis. Já o PT de Dilma Rousseff contou com 1h 9m e 13s de neutras, 55s de favoráveis e 3h 25m e 5 s de negativas. Em relação aos candidatos, o estudo aponta que o JN exibiu 1h, 25m e 30s de notícias negativas sobre a presidente, e apenas 3m e 35s de notícias favoráveis.

A proporção muda significativamente quando o candidato em questão é Aécio Neves. Foram 5m e 35s de notícias desfavoráveis a ele, contra 7m e 45s de favoráveis. No restante da imprensa monopolista, não é diferente. Outra pesquisa realizada pelo mesmo instituto mostra que, durante todo o ano, as manchetes dos três principais jornais do país (O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) são visivelmente contrárias ao governo da presidenta Dilma: 48 negativas contra 8 positivas. Os candidato Aécio Neves (PSDB) teve 6 favoráveis e 3 contrárias, uma proporção bastante diferente. O então candidato Eduardo Campos, do PSB, morte recentemente em acidente aéreo, tal como o tucano, teve 6 favoráveis e 3 contrárias. O PT foi retratado em 56 manchetes negativas e apenas uma única positiva.

Preconceito contra a atividade política e crítica à economia

As pesquisas da UERJ revelam também o preconceito exacerbado da mídia contra a atividade política e a crítica permanente ao modelo econômico adotado pela presidenta para enfrentar a crise econômica mundial, sem prejudicar os mais pobres. Nos três principais jornais do país, foram 136 manchetes negativas acerca da atividade política, contra apenas duas positivas. Em relação à economia, o Brasil do pleno emprego e da inflação controlada dentro da meta foi retratado em 118 desfavoráveis e apenas 5 positivas. No Jornal Nacional, foram 15h, 58m e 5s de notícias contrárias à atividade política e apenas 1h, 21m e 10s de favoráveis. Em relação à economia, 3h, 5m e 2s de noticiário negativo, contra 18m e 40s de positivo.

A RISÍVEL TRANSMUTAÇÃO DO SOCIALISTA PSB EM PARTIDO DE ALUGUEL

 

Etica]Brevíssima enunciação a ser lançada ao vento que importa a quem tem lépido movimento. Marina queria oficializar seu partido Rede Sustentabilidade para poder concorrer às eleições. Para isso precisava de 500 mil assinaturas. Não consegui e ficou a ver navios. Quer dizer, a ver as eleições lhes escaparem. Todavia, Marina, que é ambiciosamente obreira e é crentíssima de sua missão de salvar o Brasil contra “o demônio PT”, arquitetou um lance de primeira. Filiou-se ao partido que se diz socialista, PSB, e se ofereceu a posição de vice de Eduardo Campos, afirmando seguir os objetivos do candidato à presidência da República.

Acontece que a ‘providência divina’ tirou Eduardo da disputa e ofereceu o cargo a sua representante-maior. Marina não contou desgraça: no mesmo dia da morte de Eduardo, ainda com seu cadáver quente, ela começou a arquitetar seu plano providencial. E com ela alguns alcunhados socialistas. Até a família de Eduardo auxiliou Marina, no plano providencial. Que foi muito bem embalado pela mídia sequelada.

Na reunião para oficializar seu nome como candidata à presidência da República, Marina mandou às favas as intenções dos alcunhados socialistas depois de encenar uma tirada histérica com um calculado choro ao falar sobre Eduardo. Como se trata de uma fervorosa crente, o choro logo virou um breve pigarro. Desfez o comando da campanha de Eduardo, colocou seus parceiros e deixou claro que era candidata de sua Rede e não do PSB. E com o aval do presidente do partido que se diz socialista, Gurgel, que disse que a partir do momento que ela for eleita ela é presidenta da Rede.

Marina causou o maior frisson entre os mais fieis a Eduardo, como o coordenador de sua campanha, Carlos Siqueira, que se desligou da falsa aliança. Resulta resultado, como diz o pedagogo Abdiel, Marina disputa as eleições como do PSB no faz de conta. Ou melhor, na simulação: ser o que não é. Já que em verdade é da Rede mesmo ser oficializada pela justiça eleitoral.

Desta forma, ela, que não tem qualquer cacoete de socialista, transmutou o socialista PSB, em um risível partido de aluguel. Apesar de alguns membros do PSB serem a favor deste ponto da reforma política, que é impedir a proliferação de partido de aluguel que só serve para em tempo eleição servir de sustentação de outro partido. Cláusula que não foi observada pela direção do PSB ao se alugar para a Rede sobrenatural.

O aluguel foi tão acordado, que contou com beneplácito ridículo da deputada Erundina que se tornou a coordenadora-geral da campanha da sobrenatural, depois de em uma entrevista na televisão ao jornalista da Folha de São Paulo, Kennedy Alencar, haver afirmado que Marina não associa e que sua Rede não é partido político. Basta ver o nome, Rede. Com sua decisão Erundina, mostrou que tem um senso de humor impagável. Mas já anda rolando a informação que ela é apenas laranja, pois quem vai estabelecer as coordenadas será uma das donas do banco Itaú, Neca. E Erundina terá neca de participação.  

E é essa ‘coerência’ e harmonia-política que ambiciona governar o Brasil em nome de Deus. Ainda bem que existem outro Deus diferente do de Marina e Erundina.  

Jovens católicos criam Manifesto em apoio a Dilma Rousseff

 

Marina e Neca do banco Itaú: o ambientalismo argentário

Uma agenda acima das urnas inclui a independência do BC, emenda a responsável pelo seu programa de governo, a Neca do Itaú.

por: Saul Leblon

Menos de 24 horas depois de ocupar a vaga de candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva tropeçou na imagem de santa que seus seguidores reverenciam e ela cultiva.

O coordenador de campanha do partido renunciou ao cargo em caráter irrevogável.

Foi um mal entendido, justificou Marina.

É possível.

Mas não há mal entendido no que acaba de anunciar a coordenadora de programa do PSB, Neca Setúbal.

Uma das donas do Itaú –espécie de Banco Central tucano— Neca avisa que num eventual governo marineiro será implantada no país uma das teses mais caras ao neoliberalismo duro: a independência do Banco Central.

Ao experiente repórter da Folha, a quem confiou a diretriz estratégica, não ocorreu perguntar à herdeira do Itaú em relação a quem, ou a quê, destina-se a independência mais valorizada que a do próprio país.

Quantos dentro do PSB e entre os recém seduzidos pela imagem pura e firme de Marina sairão à medida em que a plataforma made in Itaú for, aos poucos, esclarecida?

A nova coordenadora de campanha da ex-ministra, por exemplo.

O que a respeitável, coerente e combativa ex-prefeita, Luiza Erundina, acha disso?

Não é fácil opor-se às santidades.

Por duas vezes Lula esteve a ponto de demitir Marina Silva de seu ministério. Ao final das audiências o ex-Presidente deixava o gabinete balançando a cabeça para desabafar com os auxiliares mais próximos:

‘Como é que eu posso demitir uma santa?’

Marina fala como santa. Veste-se como uma. Sobretudo, acha que é predestinada pela providência divina.

Marina ficou no ministério de Lula até sair por conta própria no dia 13 de maio de 2008.

Alegou que não se sentia mais em condições de preservar a coerência de seus ideais e princípios no âmbito de um governo de coalizão imantado de inegáveis contradições.

Não se diga que a posição é descabida.

O espaço da coerência histórica num sistema político em que o Presidente é refém de um Congresso no qual a bancada ruralista conta com 162 deputados e a dos trabalhadores rurais inclui dois representantes, está longe de ser razoável.

Marina não compactuou com o constrangimento de uma correlação de forças difícil, muitas vezes regressiva.

E para onde foi Marina?

Foi sentar-se à direita da santíssima trindade dos mercados.

Em rumoroso encontro a portas fechadas com banqueiros, em outubro do ano passado, a ex-ministra ,segundo o bem informado Valor Econômico (14/10/2013), explicitou pela primeira vez, de forma clara, o seu cuore independente do constrangimento petista.

Conforme relato de investidores que estiveram no evento, ouvidos pelo Valor, a agora candidata do PSB disse então para gáudio da banqueirada: a) o tripé “ficou comprometido e é preciso restaurá-lo’; b) o ‘expansionismo fiscal adotado pelo governo Dilma’deve ser revertido em superávits primários “expressivos, sem manobras contábeis’; c) o câmbio ‘deve voltar a flutuar livremente’.

Por aí afora.

Não foi um arroubo apenas para agradar plateias afins, como indica a senhora Neca Setúbal na Folha desta sexta-feira. Era uma oferta ao desfrute do dinheiro grosso.

Em resumo, afinal livre dos constrangimentos petistas, a ex-senadora revela-se uma convicta defensora do sacrossanto ‘tripé’.

Que vem a ser uma espécie de enforcador à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.

A coleira tacheada permite que o dinheiro grosso submeta governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.

A saber:

I) regime de metas de inflação– ancorado no chicote dos juros ‘teatrais’, se necessário, como asseverou a nova cristão do monetarismo à banqueira embevecida com o intercurso entre ecologia e rentismo.

II) câmbio livre — leia-se, nenhum aroma de controle de capitais; vivemos, afinal, em um período de pouca volatilidade e incerteza global mínima…

III) o superávit ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos, é arrocho fiscal: corte de investimentos públicos estratégicos para garantir o prato de lentilhas dos rentistas.

Marina descobriu ali que quando abre a boca encanta os banqueiros.

Pudera.

O que sai de seus lábios é música aos ouvidos sensíveis do capital a juro.

Nas palavras da ex-senadora –sempre segundo o credenciado Valor– trata-se agora de buscar ‘uma agenda que não mude porque mudou o governo’.

Uma agenda independente das urnas?

Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o seu poder efetivo de alterar os rumos da economia é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.

Incluir o Banco Central independente no programa de governo é um sinal de que a coisa é para valer.

Se alguém é capaz de tratar esse estupro com leveza e sedução, como resistir?

‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes endinheirados do Credit Suisse , banco que patrocinou o mencionado encontro a portas-fechadas com a ex-ministra .

Desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica que se avoca autossuficiente e autorregulável é com eles mesmos.

O principal assessor de Marina para assuntos econômicos, Eduardo Gianetti da Fonseca, acaba de reforçar essa embocadura histórica.

Desprendido, Gianetti reiterou em encontro empresarial, na semana passada, que entre ele e Armínio Fraga –o centurião ortodoxo que tutela Aécio Neves– não há nenhuma diferença substancial de conteúdo.

Às favas a terceira via.

Dias depois, o mesmo tutor de Marina debulharia as razões pelas quais considera os economistas da Unicamp uma espécie de contrapartida acadêmica da ditadura militar –o denominador comum seria a resistência ao Estado mínimo neoliberal (leia a resposta educada de um punhado de mestres da luta pela desenvolvimento brasileiro nesta pág)

Quem ouve Marina, Gianetti e Neca do Itaú acha mesmo que o problema do Brasil é a dupla dissonância histórica representada, hoje, pela Unicamp e o PT; antes, por Vargas e os desenvolvimentistas, depois, por Jango, Celso Furtado e a república sindicalista’…

Não fosse a mão dura da Dilma – ‘ela fala como homem, bate na mesa’, reclama Neca do Itaú– o país estaria liso e pronto para decolar.

Falta só Marina assumir o manche e dar o start.

Embora martelada diuturnamente pelo jogral do Brasil aos cacos, a tese é controvertida.

O relevo econômico brasileiro, na verdade, inclui-se entre as encostas mais acidentadas pela ação secular de predadores ora cativados pela heroína verde – e a metáfora cromática aqui nomeia mais de um sentido.

Os ouvidos para os quais as palavras de Marina, Aécio, Neca do Itaú, Gianetti e Armínio soam como música –assim como soavam as de Palocci, em 2003– sabem que drenar cerca de R$ 200 bilhões em juros de um organismo social marcado por carências latejantes de serviços e infraestrutura não é politicamente palatável.

Sustentável, na chave de Marina.

O valor refere-se ao gasto médio do país na rubrica de juros pagos aos rentistas da dívida pública (nas três esferas da federação) nos últimos anos .

Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do Bolsa Família, programa que beneficias 55 milhões de brasileiros.

Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras.

Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros 2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o que se destina ao rentismo em um ano. Hoje o Mais Médicos já atende cerca de 50 milhões de brasileiros.

O ponto é: como Marina que se avoca herdeira dos votos da ‘ insatisfação da sociedade civil’, pretende lidar com essas assimetrias descomunais, apoiada na defesa do ‘tripé’ –se preciso cometendo ‘juros teatrais’, diz ela?

“Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase mística aos cliente do Credit Suisse em rota de levitação.

Ao abraçar a utopia neoliberal, sem abdicar da santidade, Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira.

A dúvida é saber por quanto tempo a pluma pode pairar acima da história.

É uma boa pergunta à coerência de Luiza Erundina.

A combativa socialista sabe que por trás da neutralidade das plumas esconde-se a bigorna em cima da qual poderosos interesses submetem povos, nações e governos às marretadas impiedosas do dinheiro.

Há um tipo de neutralidade que só enxerga os erros da esquerda.

E costuma rejuvenescer o cardápio da direita, sempre que esta se ressente de espaços e agendas para disputar o poder.

O ziguezague entre a forma e o conteúdo de Marina reflete a dificuldade histórica dessa agenda.

O ambientalismo de Marina terá que decidir se quer ser um guia de boas maneiras para o ‘capitalismo sustentável’, que encanta o público da Casa do Saber –espaço de tertúlias dos endinheirados que se cultivam em SP; ou um projeto alternativo à lógica desenfreada da exploração da natureza e do trabalho?

Não são escolhas postergáveis.

Ignorar as urgências sistêmicas escancaradas pela desordem capitalista, desde 2008, equivale a adotar como bússola o oportunismo.

O oportunismo acredita que pode transitar entre leões famintos sem ser notado.

Marina quer levar o Brasil a esse safári desconsiderando a determinação das mandíbulas do capital financeiro em devorar a natureza , a economia, a sociedade e a civilização em nosso tempo.

Negligenciada pelos adeptos da ‘terceira via’, ou melhor cortejada por eles, a supremacia das finanças desreguladas condiciona todo o cálculo econômico nos dias que correm.

A essa bocarra pantagruélica a gentil Neca do Itaú pretende oferecer a ‘independência do BC brasileiro’, conforme nos informa a Folha desta sexta-feira.

Taxas de retorno incompatíveis com a exploração sustentável dos recursos naturais – de ciclo mais lento e mais longo – constituem o cardápio de engorda desse metabolismo insaciável.

Ele dá as ordens na cozinha globalizada.

Sob a ameaça de migrar para opções especulativas de maior retorno, exige-se a maximização permanente das taxas de lucros, dos juros e dos dividendos — que a Petrobrás insiste em comprimir para investir na exploração soberana do pré-sal.

Dissemina-se assim um padrão de retorno econômico incompatível com a sustentação dos direitos sociais (‘o custo Brasil’), e a preservação dos recursos que formam as bases da vida na Terra.

Que tipo de Estado é necessário para viabilizar essa pilhagem?

Fica claro por que Gianetti atacou a agenda de desenvolvimento preconizada pela Unicamp como tributária do estatismo da ditadura.

O Estado mínimo é a ‘transversalidade’ (para ficar, de novo, na chave de Marina) de uma ‘terceira via’ que se credencia para terceirizar o país aos mercados.

À outrance dessa aposta acomoda-se o jogral verde, que cerra fileiras contra o ‘estatismo da Unicamp’ por ver aí um inimigo do ‘decrescimento’ ambientalmente sustentável.

O tucano André Lara Resende, interlocutor de Marina, ex-presidente do BNDES e protagonista do escândalo da privatização das teles, em 1998, é um dos teóricos desse braço alternativo da terceira via.

Em vez de respostas, a tese do ‘decrescimento’ repõe velhas perguntas dirigidas às utopias centristas.

Quem decidirá o quê, como, quanto e para quem a sociedade vai produzir, ou deixar de produzir no reino do decrescimento?

Como planejar o decrescimento com um Estado mínimo?

Quais critérios definirão o rateio sustentável do uso dos recursos naturais dentro de cada nação e entre as nações?

Como serão superadas as desigualdades históricas acumuladas até então –por exemplo, o patrimônio em cavalos de corrida acumulado pelo cosmopolita Lara Resende terai qual destinação?

A verdade é que a tese do ‘não crescimento’ responde aos desequilíbrios sociais e ambientais tanto quanto a panaceia do crescimento é vendida como sinônimo de desenvolvimento.

A despolitização dos conflitos subjacentes à destinação do excedente econômico é a pátina dessa dupla mistificação.

Em bom português: arrocho ou democracia social?

Ao eximir-se das consequências de sua aliança com o capital financeiro, Marina joga a equação do desenvolvimento brasileiro nos marcos insolúveis da agenda conservadora, a saber: descontrole inflacionário ou juros argentários; arrocho ou estagnação; Estado mínimo ou recessão?

Abstraída a centralidade da democracia social na qualificação do desenvolvimento tudo é possível.

Inclusive transformar a campanha de 2014 num atalho para a restauração de um neoliberalismo ainda mais devastador que a experiência vivida nos anos 90. Agora travestido de econeoliberalismo, à la Lara Resende.

Ou de ambientalismo argentário, à la Neca do Itaú.


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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