Um dos principais sintomas apresentados no corpus patológico das organizações sociais é o assassinato de jovens negros. A violência física, psicológica, moral e humana desfechada contra os negros historicamente no Brasil não terminou com a chamada libertação dos escravos.
Os corpos étnicos-antropológicos clivados pelos códigos de dominação do branco sobre o negro permanecem como chagas incuráveis tanto no espaço urbano como no espaço rural da alcunhada modernidade. Sua exclusão não é só uma questão de uma perspectiva, mas de várias. Política, econômica, social, estética e até moral. Moral, porque o negro é visto como alguém que não tem fundamentos de valores que lhe permitam uma confiança por parte do branco-dominador. O negro é sempre o outro, o estranho, ou seja, aquele que ameaça por sua estrutura primitiva.
Essa psicologia nazifascista cunhada na estupidez do desconhecimento genético-humano leva por parte dessa classe discriminadora, a perseguição de todas as formas contra os negros. Sejam perseguições explícitas como faz a polícia, ou de forma implícita como no caso da procura de um emprego. Esse racismo ostensivo comprova o grau de irracionalidade da patologia que domina o corpus das organizações sociais, que Marx diz que só se transforma quando tiver uma nova direção que escape do capitalismo.
O capitalismo promove o racismo principalmente porque ele representa o espírito condutor da maioria da população como elemento das posses. Como o negro é tido, pelas forças repressivas do capital, como uma alteração moral é também clivado como uma ameaça aos chamados bens pessoais. Diante de um assalto em que estejam por perto dois jovens, um branco e um negro, é do negro de quem a polícia, primeiro suspeita. Mesmo que o branco tenha cometido o delito, a suspeita sobre ele é posterior. É como se a polícia já estivesse robotizada em relação ao racismo. Tudo isso, porque ela faz parte do corpo repressivo do sistema capitalista a quem deve defender.
Foi a partir desse quadro racistante, que o sociólogo Júlio Jacobo Weiselfisz, tomando os dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, trabalhou o Mapa da Violência no Brasil que mostra a cruel realidade que em duas horas sete jovens negros são mortos no Brasil.
A pesquisa que 82 jovens que morrem por dia, 30 mil por ano, e todos entre as idades de 15 anos a 29 anos. Desses jovens assassinados, 77% são negros, 93,30% são do sexo masculino. São moradores dos espaços periféricos das regiões metropolitanas dos centros urbanos.
Uma parte que chama atenção de forma preocupante na pesquisa é quanto a diminuição dos homicídios entre os jovens. Enquanto homicídio de brancos diminuiu, o número de vítimas negras aumentou. Em 2002, havia um número de 19.846 vítimas brancas. Em 2012, caiu para 14.928. Um percentual de queda de 24,8%. No mesmo período, 2002 e 2012, o numero de vítimas negras passou de 26.656 para 41.127. Um percentual de crescimento de 38,7%.
Não precisa ser cristão ou pertencer a uma sociedade humanista para saber que essa cruel realidade tem que mudar. E os princípios mutantes capazes de efetuaram essa mudança são a educação, o direito ao respeito, a inclusão na sociedade, como sujeito de produção de novas formas de existir e a ética social que tenha o homem como um ser vocacionado para a vida.
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