Em suas condições biológicas-instituais, todos os animais têm fome. Os animais em seu hábitat natural comem. O homem em seu hábitat natural come e não come. O homem da sociedade capitalista come por força de seu dinheiro. Quem não tem dinheiro passa fome, mas a fome não passa.
O capitalismo se toma como sistema econômico de riqueza. Porém, a riqueza é para poucos que comem em abundância e estragam os alimentos. Outros que não são ricos, mas podem comprar a morte de suas fomes, comem. E também estragam alimentos. Os alimentos são mercadorias que proporcionam lucros para seus proprietários, desta forma a fome nas cidades encontra-se intrinsecamente ligada ao capital.
O instinto-fome tornou-se institucional por força dos Estados em forma de indústria alimentar ou instituição responsável pelos alimentos. Como ocorre com a institucionalização da água, onde o homem tem que pagar para beber. Para aplacar a necessidade da fome e da sede o homem, em sociedade, precisa se inserir nessas instituições do universo das mercadorias-alimentos-água. Na pré-história e nas áreas rurais distantes das urbes, os homens satisfazem o instituto-fome-sede sem precisar das instituições do instinto-fome-água.
Para ter dinheiro para alimentar sua fome e saciar sua sede, o homem precisa de emprego. Com emprego terá salário. E com salário poderá comprar alimentos para matar sua fome. Trabalhando, mesmo com um salário confirmando que é exploração, o homem não precisa da compaixão dos ricos para se alimentar. Nenhum homem precisa de compaixão, já que viver e viver bem, é seu compromisso existencial.
Todavia, o rico não tem compaixão. O que é bom para o pobre, já que ele não servirá de sublimação do mal do rico. Sua compaixão é mais uma de suas máscaras como agente do capitalismo. Concede algumas migalhas a alguns que têm fome para simular um “amor ao próximo”. E com isso lucrar por força de um sentimento calculista.
Quem passa fome sabe junto com o poeta acreano, que “minha miséria não foi Deus que quis muito menos eu”. A fome como reflexo da miséria, é criada pelos homens ricos. Não a fome como instinto é lógico, mas como não ter o que comer. A impossibilidade de comer é a maior ofensa que um homem rico impõe a um necessitado. Uma perversão que escapa do olhar de Deus. Impor fome ao necessitado é se alojar longe da ordem divina-natural.
É o que mostra o papa Chico ao afirmar que a fome hoje alcançou “dimensões de verdadeiro escândalo”. A afirmativa de Chico ocorreu, ontem dia 3, quando da comemoração dos 25 anos do Banco Alimentar.
“A fome alcançou dimensões de um verdadeiro escândalo que ameaça a vida e a dignidade de muitas pessoas, homens, mulheres, crianças e velhos.
Devemos lembrar diariamente desta injustiça: num mundo rico em recursos alimentares, também graças aos progressos tecnológicos, são demasiados aqueles que não têm o necessário para sobreviver.
E isso não acontece apenas nos países pobres, mas também cada vez mais nas sociedades ricas e desenvolvidas.
Este problema é hoje agravado mais pelo aumento dos fluxos migratórios, que leva à Europa milhares de refugiados, que fogem de seus países e que necessitam de tudo”, analisou Chico.
E no Brasil ainda tem uma corja de indigente de burgueses-bulímicos que pretendem o fim do Bolsa Família e invejam a saída do Brasil da faixa da fome.
Posição de pervertidos.
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