Marcos José capturado pela semiótica-imobilizadora do mundo promovida pelo Estado paranoico-capitalista hegeliano, onde tantos os objetos e as ideias representam signos da lógica dos princípios de identidade e da não contradição, pode ser identificado como filósofo, teatrólogo, músico e teórico da psiquiatria materialista, membro da Associação Filosofia Itinerante (AFIN) e autor de textos do Blog da Afin, Afinsophia. Referenciais-identidades resultantes da seleção, classificação e hierarquização dos papeis sociais tão importante para o sistema paranoico de controle. Identidades que servem para a vaidade, prepotência, arrogância-narcísica e glamour da nulidade burguesa. Todas as formas espectrais de reconhecimentos degenerados.
Todavia, como nada é, mas devém-intensidades, devires, movimentos, repousos, lentidões, velocidades, longitudes e latitudes, como já sabiam os sofistas e os estoicos, Marcos José não é filósofo, teatrólogo, músico, teórico da psiquiatria materialista, membro da Afin e escritor de textos do Afinsophia, mas evanescências contínuas que se territorializam, se desterritorializam e se reatoritorializam em profusão de desejos práxis e poieses. Jamais estado de coisas-imóveis, capturados, como pretende a semiótica dogmática-sobrecodificadora do Estado-paranoico-capitalista com seus agenciamentos coletivos de enunciações que controla o sujeito-sujeitado, como sacam os filósofos Deleuze e Guattari.
São por essas contínuas ultrapassagens, como deslocamentos-políticos, que Marcos José pode afirmar que o Tagarelando em Nietzsche não tem qualquer intenção filosófica em discursar sobre o filósofo Nietzsche em forma de defesa ou negação. E que não há qualquer arroubo filosófico-intelectual-literário nesse sentido. O que se faz no livro é apenas se permitir deslocamentos desterritoriais provocados pelos sopros do filósofo e psicólogo da vontade de potência e do eterno retorno. Se deixar conduzir como uma lança se distribuindo em territórios onde a vida foi obliterada pelo niilismo do humano, demasiado humano contra a própria vida.
E nisso não há melhor corpo-movente para interpretar e avaliar a condição reativa dos homens fracos, ressentidos, de má consciência e ideal ascético, que predominam compulsivamente ainda hoje como simulação de saber, moral e saúde em todos os seguimentos da sociedade contemporânea tida como moderna, do que os sopros provocados por Nietzsche como boa estranheza. A estranheza que é estranha por não servir ao tagarelar que se toma como epistemológico, lógico e ético, sem sê-los.
Saber onde se encontram e como reagem – já que não agem – esses sujeitos-sujeitados produzidos por um agenciamento coletivo de enunciação paranoicamente dominante que os tornou homens cativos, portadores-replicantes dos corpos necessários à imobilização da vida, é o que as enunciações emergidas no Tagarelando em Nietzsche ligam tenuamente a Nietzsche.
Desta forma, Tagarelando em Nietzsche se mostra como enunciação filosófica heterogênea, encadeando potências que interpretam e avaliam a negatividade da existência reativa da linha dura que bloqueia os fluxos e refluxos desejantes através de seus territórios bem modelizados, serializados e registrados com o único propósito de impedir, pelo medo, que a felicidade seja a confirmação de que ela é vida.
O livro também encadeia conceitos que se deslocaram pelos sopros nietzscheanos, como são os casos dos devires-filosóficos de Deleuze, Guattari, Clèment Rosset, Baudrillard, além de enunciações dos filósofos Spinoza e Marx. Todos se movimentando como corpos dissipadores do tagarelar-tautológico que se encontram como marcadores de poder e de controle na família, escola, trabalho, meios de comunicação, entretenimento, esportes, etc.
O livro Tagarelando em Nietzsche, como flecha que se desloca, é impulsionado por dois aforismos. Um no prólogo do segundo volume do Humano, Demasiado Humano, de 1879 e 1880, “livro para espíritos livres”, onde Nietzsche diz: “Devemos falar apenas do que não podemos calar; e falar somente daquilo que superamos – todo o resto é tagarelice, “literatura”, falta de disciplina. Meus escritos falam apenas de minhas superações”.
O outro aforismo encontra-se no primeiro volume do Humano, Demasiado Humano de 1876, que trata do Homem do Espirito Livre e do Homem do Espírito Cativo, esse o que tagarela.
Tagarelando em Nietzsche encontra-se infestado do que Deleuze afirma sobre a impotência da palavra em um sistema dominante. “E, verdadeiramente, não há poder das palavras, mas somente palavras a serviço do poder: a linguagem não é informação ou comunicação, mas prescrição, ordenança e comando”.
Ficha filosófica-literária-editorial.
Livro – Tagarelando em Nietzsche.
Autor – Marcos José.
Páginas – 180.
Editora Garcia Edizioni.
Preço – R$ 30.
Para adquirir o livro fora de Manaus basta usar o e-mail afinsophiaitin.@yahoo.com.br
0 Respostas to ““TAGARELANDO EM NIETZSCHE”, NOVO LIVRO DO FILÓSOFO MARCOS JOSÉ”