Eis o primeiro episódio do projeto “O Povo Pode”, documentário e websérie sobre a Caravana de Lula no Nordeste.
Com a ajuda dos leitores do DCM, foram captados R$ 55 mil, com mais de seiscentas doações oriundas de todo Brasil.
Com estes recursos demos início ao processo de montagem do documentário e finalizamos três excertos: “Escravidão”, “Justiça Social” e ”Educação para a Liberdade”.
Na sexta, dia 2, a Americas Society/Council of the Americas (AS/COA), um think tank e lobby de Wall Street, realizará em Nova York um evento sobre um suposto “movimento anticorrupção” na América Latina. O principal palestrante, o juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, será em seguida nomeado homem do ano em outro evento especial patrocinado pelas maiores instituições bancárias.
Este artigo publicado pela Brazil Wire em 28 de janeiro deste ano explica a história dos EUA na “guerra contra a corrupção”, na qual a AS/COA atuou como uma agência de relações públicas, em parte através de sua revista, a Americas Quarterly, autodenominada “diário de políticas para o Hemisfério Ocidental”, mas também via outros de seus tentáculos, que se estendem à política, judiciário, mídia e academia.
A organização AS/COA, além de suas conexões com o governo dos EUA – organiza um evento anual no próprio Departamento de Estado –, é a editora da Americas Quarterly e abriga não somente os principais bancos, corporações extrativistas e gigantes do setor de tecnologia, mas também as mais importantes plataformas para a divulgação dos interesses de seus clientes na América Latina, como a Bloomberg.
Tem, ainda, ligações com importantes agências de notícias como a Reuters. Sua própria Americas Quarterly ridiculamente se apresenta como “a América Latina real, e não a que você vê no Twitter”, o que é irônico, considerando não apenas que seus funcionários são extremamente ativos na plataforma, mas pelo fato de o próprio Twitter ser membro corporativo do Council of the Americas (COA).
Sua presidente e CEO Susan Segal, chamada por alguns como “a mulher mais influente das Américas”, sustenta comandar uma organização hemisférica, que pretende expandir-se ainda mais, triplicando seu alcance na próxima década. É um estudo sobre como políticos, políticas e a própria democracia são capturados através de relações diretas e incentivos do poder corporativo transnacional.
Brian Winter, atual editor-chefe da Americas Quarterly e vice-presidente de políticas da AS/COA, escreve também para agências de notícias como a Newsweek & CNN na qualidade de especialista em Brasil. Outros funcionários do COA são convidados pelas redes de notícias para discutirem política latinoamericana, como se fossem observadores neutros.
Em agosto de 2016, por ocasião do golpe que afastou Dilma Rousseff, Brian previu que a vitória da equipe brasileira de futebol nas Olimpíadas do Rio poderia ser um momento catártico, permitindo que o país seguisse adiante frente à crise política e econômica pela qual passava. Naquela mesma época, os manifestantes antigolpe enfrentavam uma brutal repressão da Polícia Militar.
Brian, que já havia atuado como ghost writer de biografias de líderes alinhados aos EUA, como Avaro Uribe, da Colômbia, e o próprio Fernando Henrique Cardoso, trocou a Reuters Brasil pela AS/COA em 2015, com o golpe já em andamento, algumas semanas depois de censurar o papel de Fernando Henrique no escândalo de corrupção da Petrobras – envolvimento que precedeu a presidência de Lula. Seus colegas insistiram que sua saída era uma simples coincidência. [Era o caso do “podemos tirar se achar melhor”, frase publicada inadvertidamente numa reportagem da Reuters]
Apesar das constantes manobras públicas de seus editores, a AQ é a plataforma mais evidente do modelo narrativa do Norte para a América Latina.
Originalmente chamado de “Grupo Empresarial para a América Latina”, a COA foi criado por David Rockefeller, então presidente do Chase Manhattan Bank, a pedido do presidente Kennedy, nos anos que se seguiram à Revolução Cubana em 1959, para ajudar a combater a propagação dos governos de esquerda no hemisfério.
Rockefeller permaneceu na liderança do grupo até sua morte em 2017. Outros funcionários notáveis incluem o ex-Secretário de Estado dos EUA, primeiro Diretor de Inteligência Nacional, conspirador-chave do fracassado golpe da Venezuela de 2002 e supervisor de crimes de guerra na América Central, John D. Negroponte.
O slogan da Americas Society/Council of the Americas é “unir líderes de opinião para trocar idéias e criar soluções para os desafios das Américas hoje”. Sua biografia online afirma: “A Americas Society (AS) é o principal fórum dedicado à educação, debate e diálogo nas Américas”. Sua missão é “promover uma compreensão das questões políticas, sociais e econômicas contemporâneas enfrentadas pela América Latina, o Caribe e o Canadá, e aumentar a conscientização pública e a valorização da diversidade do patrimônio cultural da região e a importância do intercâmbio interamericano”.
“OCouncil of the Americas (COA) é a principal organização empresarial internacional cujos membros compartilham um compromisso comum com o desenvolvimento econômico e social, os mercados abertos, o Estado de Direito e a democracia em todo o Hemisfério Ocidental. Os membros do Conselho são constituídos por empresas líderes internacionais, que representam um amplo espectro de setores, incluindo bancos e finanças, serviços de consultoria, produtos de consumo, energia e mineração, indústria, mídia, tecnologia e transportes”.
A organização se baseia na “crença fundamental de que os mercados livres e a iniciativa privada oferecem o meio mais eficaz para alcançar o crescimento econômico regional e a prosperidade”. A adesão ao COA cresceu para mais de 200 empresas, que respondem pela maioria do investimento privado dos EUA na América Latina. O COA acolhe presidentes, ministros, chefes de bancos centrais, funcionários do governo e especialistas em economia, política, negócios e finanças, o que lhe dá acesso exclusivo a informação sobre a região.
O COA defende acordos de livre comércio e tem sido fundamental na concepção do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e do Tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana (CAFTA)… além da área de livre comércio das Americas (Free Trade Area of the Americas – FTAA), ainda a ser implementada – uma antiga e duradoura ambição do próprio David Rockefeller.
A elite do COA inclui: Bloomberg, Blackrock, Bank of America, Barings, Barrick Gold Corporation, Boeing, Bombardier, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Cisco, Citigroup, Coca Cola, ExxonMobil, Ford, General Electric, General Motors Google, Itaú Unibanco, IBM, Johnson & Johnson, JP Morgan Chase, Lockheed Martin, McDonalds, Moody’s, Morgan Stanley, Microsoft, News Corp / Fox, Pearson, Pfizer, Philip Morris, Raytheon, Shell, Television Association Of Programmers Latin America (Associação de Programadores de TV da América Latina), Time Warner/Turner, Toyota, Viacom, Wal-Mart.
Uma das empresas sucessoras da Standard Oil, a Chevron Corporation, é listada como Patron Corporate Member (Membro Corporativo Benfeitor), e há tempos tem especial interesse em quem governa o Brasil. Em 2010, a Chevron foi desmascarada ao recrutar jornalistas para espionar a América Latina.
Os membros do Council of the Americas muito se beneficiaram do golpe de Estado de 2016 no Brasil. Os mercados estarão assistindo muito de perto as eleições presidenciais do país deste ano, prevê a Bloomberg, membro do COA, quando os eleitores do país terãoseus votos contados pela Smartmatic, membro do COA.
Brian Winter, editor chefe da Americas Quarterly, propagandeia o evento com Moro
Membros do Council of Americas, Chevron e ExxonMobil estão aproveitando os frutos de suas aquisições dos campos de petróleo em alto mar do Brasil a preços reduzidos, livres agora da exigência de incluir a Petrobras nas explorações.
Monsanto, membro do COA, conseguiu aprovação do governo Temer, controlado por lobistas ruralistas, para vender mais do que nunca seuspesticidas tóxicos, enquanto a Microsoft, membro do COA, tem um acordo multibilionário para substituir o moderno software de código aberto do Brasil pelo Windows. A Coca-Cola está em negociações com o governo Temer para a privatização do Aquífero Guarani, um dos principais recursos hídricos do mundo.
Os benefícios para as empresas estrangeiras resultantes do golpe de 2016 ecoam os de 1964. Em seu livro A Penetração dos Estados Unidos no Brasil, Jan K. Black explica como o ex-agente da CIA, Philip Agee, confirmou muitas das descobertas e suspeitas de uma comissão do Congresso brasileiro sobre a interferência estrangeira na eleição de 1962 do país. A investigação revelou que das principais operações de ação política (CIA), o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), e uma organização afins, a Ação Democrática Popular (ADEP), gastaram entre 12 e 20 milhões de dólares para financiar ações anti-Goulart e anticandidatos comunistas durante a campanha eleitoral de 1962.
A comissão de investigação parlamentar era mais ou menos controlada – cinco de seus nove membros foram beneficiados com os fundos da IBAD e do ADEP. Mas foi somente a recusa do First National City Bank, do Banco de Boston e do Royal Bank do Canada em revelar a fonte estrangeira dos fundos depositados para a IBAD e a ADEP que impediram que a operação viesse à tona. Os beneficiários do IBAD foram proeminentes entre os conspiradores no golpe de 1o de abril, e alguns, particularmente os militares favorecidos, estavam entre os que ganharam o poder como conseqüência disso: Standard Oil of New Jersey, US Steel, Texas Oil, Gulf Oil, Hanna Corporation, Bethlehem Steel, General Motors e Willys Overland estavam entre os depositantes nas contas do IBAD-ADEP.
O economista e ambientalista Jean Marc von der Weid sustentou que “mais de cem empresas estrangeiras e algumas nacionais estavam envolvidas no financiamento do instituto”, e que o Grupo Rockefeller IBEC foi um dos principais benfeitores.
Desafie qualquer um dos funcionários da sombria história da organização e você provavelmente não conseguirá resposta alguma. Sua autopromoção como organização benigna, amigável e mesmo inclusiva é absurda.
A revista Americas Quarterly atua nas sombras entre jornalismo e propaganda transnacional corporativa/política em tempos reconhecidamente precários para o primeiro. Se há uma Organização Não Governamental mais empenhada em influenciar como o mundo de língua inglesa percebe as realidades políticas/econômicas da América Latina é indiscutivelmente a AS/ COA.
Seu objetivo é impulsionar a política na direção de estruturas como a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) e, portanto, tem uma participação em quem governa na região. É, também, inegavelmente, bem financiada e conectada.
Transformar a anticorrupção em uma arma é tão antigo quanto a política, e a AS/COA defendeu esse conceito na América Latina, muitas vezes seletivo e espúrio, ignorando qualquer dano colateral – social, constitucional ou econômico. É uma ferramenta de conveniência, que acaba por permitir a remoção de opositores políticos à sua visão particular de “livre comércio”, em especial aqueles que desejam soberania econômica e de recursos, e política externa independente.
A operação Lava Jato foi chamada de “lawfare” pelos críticos e, ao ajudar a criar um pretexto à mídia para que Temer assumisse o poder (apesar de estar pessoalmente envolvido na investigação), ofereceu uma série de benefícios ao capital transnacional, incluindo uma austeridade radical e um programa de privatização –uma ponte para um futuro que nunca teria ganhado nas urnas. Com a perda da soberania e o retorno à dependência, os brasileiros são agora parecidos com o lado derrotado de uma guerra, uma guerra que a maioria da população nem sequer sabe que ocorreu.
O alcance e a influência da AS/COA sobre os jornalistas se estende além da própria revista, funcionando como um ecossistema. Em particular, há uma grande sobreposição e interação entre AS/COA, Reuters, Washington Post e Bloomberg. A organização alcançou e construiu redes de patrocínio não só com jornalistas, mas também com universitários em instituições como a FGV.
O incentivo prático é raramente ideológico, simplesmente voltado para a autopreservação profissional e a recompensa financeira. Em 2015, a Americas Quarterly defendeu um relatório que afirmava que a pobreza não tinha correlação com o crime e a segurança pública. Isso não é surpreendente quando o inimigo do capital transnacional na América Latina (ou em qualquer lugar) é um aumento do salário mínimo.
Em outros lugares, a AS/COA emplacou artigos contra programas de cotas destinados a melhorar a igualdade racial nas universidades. Há também uma ironia trágica na ênfase da AS/COA ao “feminismo corporativo”, quando tacitamente apoiou a expulsão ilegítima da primeira mulher presidente do Brasil e a ascensão do presidente do pós-golpe, Michel Temer, um retorno profundamente chauvinista: dissolveu o Ministério Nacional dos Direitos da Mulher durante os primeiros dias de mandato, criou o primeiro gabinete só de homens desde o ditador Geisel e proferiu um discurso surpreendente no Dia Internacional da Mulher, minimizando seu papel na organização doméstica e educação de crianças.
Pior ainda, em outubro de 2017, a AS/COA realizou uma reunião estritamente privada em Nova York com o notório misógino e fascista, o candidato presidencial Jair Bolsonaro, que por duas vezes fez ameaças e observações relacionadas a estupro à colega deputada Maria do Rosario, pelas quais foi processado.
Ele é, também, um famoso racista e homofóbico – em dissonância com as recentes afirmações de inclusão e diversidade na Americas Quarterly e na Americas Society/Council of the Americas. O encontro com o COA evidentemente transcorreu bem, já que foi seguido por uma aparição na capa da Americas Quarterly, que apresentou Bolsonaro, eleitoralmente, como um “populista” no estilo do socialista mexicano Andrés Manuel López Obrador.
A AS/COA até agora se recusou a divulgar o conteúdo de seu encontro com Bolsonaro.
Bolsonaro, um Pinochet mela cueca, também palestrou lá
O capital favorecendo um autoritário de extrema-direita que protegerá seus investimentos em um país rico em recursos? Não seria a primeira vez, nem a última, em que o Council of the Americas apoia esse tipo de líder: Pinochet no Chile é o melhor exemplo. Em “Price of Power” (“O Preço do Poder”), Seymour Hersh escreveu sobre a campanha de uma década do COA para controlar a democracia do Chile: “O candidato de 1964, Eduardo Frei Montalva, que estava plenamente consciente da fonte de seu financiamento, também recebeu ajuda secreta de um grupo de corporações americanas conhecido como Business Group for Latin America… Ele incluiu em seu comitê executivo corporativos proeminentes como C Jay Parkinson, presidente do conselho da Anaconda; Harold S. Geneen, chefe da International Telephone and Telegraph Corporation, que possuía e operava as instalações telefônicas no Chile; e Donald M. Kendall, presidente da PepsiCo, a empresa de refrigerantes com amplas atividades comerciais na América Latina. A CIA e o Business Group, que em 1970 foram reorganizados no Council of the Americas, dependeram fortemente de Eduardo para usar sua organização e seus contatos para canalizar seus recursos para a campanha política de 1964. Muitos dos laços entre o Business Group e a CIA em 1964 permaneceram em vigor muito depois das eleições. Por exemplo, Enno Hobbing, um funcionário da CIA inicialmente designado como um negociador para o Business Group, finalmente deixou a CIA e tornou-se o principal oficial de operações do COA”.
Realmente, para uma organização focada na América Latina, ela está dizendo que nenhum de seus funcionários escolheu comemorar publicamente, como fariam em outras datas históricas, o próprio 11 de setembro do Chile, o golpe de 1973, que acabou com a morte do presidente eleito Salvador Allende. Brian Winter prefere descrever seu inimigo, general Augusto Pinochet, não como um ditador genocida, mas como um “revolucionário”.
A região entende talvez mais do que qualquer outra que não há distinção entre o poder norteamericano governamental e o corporativo; política externa serve monopólios e o cartel dos credores. Enquanto isso, a classe de compradores quer a proteção de seus privilégios de elite contra a concorrência – a hegemonia provê isso – e a AS/COA é a coisa mais próxima de um concubinato direto com ele. Qualquer lado dessa barganha vem sendo historicamente confortável com governos fascistas, se ele proteger seus interesses.
Se você trabalha com eles, se escreve para eles, está participando consciente ou inconscientemente de um programa neocolonial de décadas, projetado para destruir a participação popular e a soberania na América Latina, se você puder viver com isso.
Vaccari já havia sido inocentado em primeira instância e o Ministério Público apelou, mas o TJ recusou a apelação, confirmando a decisão – Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
O Tribunal de Justiça de São Paulo ratificou, nesta quinta-feira (1º), a absolvição do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e mais quatro pessoas, em ação sobre supostos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). Também foram absolvidos Ana Maria Érnica, Tomás Edson Botelho Fraga, Leticya Achur Antonio e Henir Rodrigues de Oliveira. Vaccari foi diretor administrativo e financeiro da cooperativa e responde a outros processos. O ex-tesoureiro já havia sido inocentado em primeira instância e o Ministério Público apelou, mas o TJ recusou a apelação, confirmando a decisão.
O processo estava na fase da sentença desde o início do ano. O promotor José Carlos Blat, autor da denúncia, responsabilizou a defesa pela demora. Blat é o mesmo promotor que apresentou em março, junto com outros dois colegas, uma nova denúncia relacionando a Bancoop ao triplex no Guarujá, que seria do ex-presidente Lula. Segundo eles, a posse do imóvel seria um “tentáculo” das irregularidades na cooperativa dos bancários.
O caso acabou fatiado, a contragosto dos promotores: os trechos contra Lula, seu filho Fábio Luís e a ex-primeira-dama Marisa Letícia ficaram nas mãos do juiz federal Sergio Moro, enquanto as acusações contra Vaccari Neto, o ex-presidente da construtora OAS José Adelmário Pinheiro e outras dez pessoas continuaram em São Paulo, com a juíza Maria Priscilla Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal. O desenrolar mostra uma falta de sintonia do judiciário, pois, enquanto o TJ absolve, Moro condena o mesmo caso.
Defesa de Vaccari
De acordo com a defesa de Vaccari, durante o “processo ficou demonstrado que o Sr. Vaccari, à frente da Bancoop, saneou a cooperativa e viabilizou a entrega dos apartamentos aos cooperados, inclusive por meio de acordos com o Ministério Público, homologados pelo Judiciário”.
“O TJSP bem decidiu este processo, pois ao rejeitar este recurso, confirmando a absolvição do Sr. Vaccari, fez justiça à luz dos elementos constantes dos autos, pois o Sr. Vaccari é inocente”, diz o texto. O Ministério Público afirmou que vai tomar conhecimento do acórdão para depois se pronunciar.
Ele tinha sido denunciado pelos crimes de formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A juíza Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa, da 5ª Vara Criminal, afirmou em sua decisão, de novembro de 2016, que alguns fatos descritos na denúncia não foram demonstrados.
“Desde logo se assenta que não foi especificado qual a informação omitida, nem quais os balanços e muito menos quais seriam as ‘contas, balanços e outro documentos’ que constituiriam a própria materialidade do pretenso delito”, escreveu a magistrada, referindo-se a uma das acusações (falsidade ideológica).
Conteúdo originalmente publicado no jornal paulista
Conteúdo originalmente publicado pelo jornal Folha de S. Paulo*
Mônica Bergamo
O ex-presidente Lula recebeu a Folha em sua sala no Instituto Lula, na terça-feira (27), para uma rara entrevista exclusiva.
Com a Justiça prestes a decidir se ele vai ou não preso por causa da condenação no processo do tríplex, o ex-presidente afirma que é “um homem muito tranquilo, que sabe o que está sendo traçado para ele”.
Ainda assim, Lula rechaça abrir qualquer discussão sobre uma candidatura alternativa à dele no PT. “Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado.”
Antes de começar a entrevista, o petista passou os olhos por um sumário que a assessoria havia feito para ele sobre a entrevistadora.
“Busca esta entrevista faz anos, cercando amigos e conhecidos do presidente para isso. Ela tentará: interromper, questionar o discurso, apontar contradições, tentar que assuma erros e investir muito em plano B”, dizia o resumo.
Com o gravador já ligado, Lula disse: “A senhora pode perguntar tudo o que vossa excelência quer perguntar. Tá? Não tem pergunta sem resposta. A não ser que eu não saiba. Se eu não souber eu vou dizer ‘não sei’ e você vai perguntar para um candidato que sabe”.
A seguir, um resumo da conversa.
Folha de S. Paulo: O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) fala em voz alta o que muita gente murmura e pensa: ninguém no Brasil acredita que o senhor poderá ser candidato a presidente. Quando chegará a hora de discutir o lançamento ou o apoio a um outro nome?
Lula: Se eu não acreditasse na possibilidade de a Justiça rever o crime cometido contra mim pelo [juiz Sergio] Moro, [que o condenou à prisão] e pelo TRF-4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou a sentença], eu não precisaria fazer política. Quem sabe eu virasse um moleque de 16 anos e fosse dizer que só tem solução na luta armada. Não. Eu acredito na democracia, eu acredito na Justiça. E acredito que essas pessoas [Moro e desembargadores] mereciam ser exoneradas a bem do serviço público. Porque houve mentira na denúncia [feita pela] imprensa [que revelou a existência do tríplex], no inquérito da Polícia Federal, na acusação do Ministério Público Federal, na sentença do Moro e na confirmação do TRF-4. Então o que eu espero? Que o Supremo Tribunal Federal [que deve julgar habeas corpus em que Lula pede para não ser preso] analise o processo, veja os depoimentos, as provas e tome uma decisão. Por isso tenho a crença de que vou ser candidato.
O STF não entrará no mérito da sentença. E não haveria nem tempo, caso isso ocorresse, para garantir a candidatura.
Eu vou dizer uma coisa: eu só posso confiar no julgamento se ele entrar no mérito. A Justiça não é uma coisa que você dá 24 horas, 24 dias ou 24 meses. Ela tem o tempo necessário para fazer a investigação correta e punir quem está errado. E quem deveria ser punido era o Moro, o MPF, a PF e os três juízes que fizeram a sentença lá. A segunda questão: não acho que ninguém acredita na possibilidade de eu ser candidato. Era mais fácil o Ciro dizer “tem gente que não quer que Lula seja candidato”. E ele quem sabe se inclui nisso. Só tem unanimidade hoje no meio político: as pessoas não querem que o Lula seja candidato. O Temer não quer, o Alckmin não quer, o Ciro não quer. Eles pensam: “ele [Lula] vai para o segundo turno e pode até ganhar no primeiro. Se ele não for candidato, em vez de uma vaga no segundo turno, podemos disputar duas”. Aumenta a chance de todo mundo. Eu respeito que todo mundo seja candidato. Até o Temer resolveu ser! Qual é a aposta dele? É a de defender os seus três anos de mandato.
E é importante ter em conta que o Temer teve uma vitória quando derrubou o golpe que a TV Globo, o [ex-procurador-geral Rodrigo] Janot e o [empresário] Joesley [Batista] tentaram dar nele. Aquele golpe tinha como pressuposto básico o Temer cair, o Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados] assumir a presidência e o Janot ter um terceiro mandato [na PGR].
O senhor acha que a Globo tentou dar um golpe?
Acho. Eu acho.
E por que isso ocorreria?
Porque era importante manter o Janot. Era importante tirar o Temer. E era importante colocar o Rodrigo Maia. Isso para mim tá claro.
Mas por que Rodrigo Maia se o Temer tem uma plataforma…
[Interrompendo] O Temer se prestou a fazer o serviço do golpe. Mas não era uma figura palatável, e houve uma tentativa de golpe. Senão, me explica o que aconteceu.
Você acha que na Globo [que publicou a primeira reportagem sobre a delação da J&F] alguém faz jornalismo livre? O jornalista decide e faz uma denúncia como aquela que foi feita contra o Temer? No mesmo dia já tinha jornalista apostando na renúncia do Temer. E já tava se discutindo quem ia assumir e o que ia acontecer. Ora, o Temer resolveu enfrentar. Teve a coragem de desmascarar o Janot, o Joesley e ficou presidente. E ainda ganhou duas paradas no Congresso Nacional [para impedir que o processo contra ele no STF seguisse], não se sabe a que preço. A imprensa dizia que R$ 30 bilhões foram gastos, não sei quantos bilhões. Mas ganhou.
E o senhor o admira por isso?
Não. Eu continuo pensando o mesmo do Temer. Eu estou contando o fato. E o fato histórico não tem sentimentalismo. Tem uma fotografia.
O senhor hoje faz críticas à TV Globo mas, no governo, teve uma boa relação com a emissora.
Para não ser ingrato com os outros meios, eu vou olhar bem nos seus olhos e dizer: duvido que em algum momento da história desse país um presidente tenha tratado os meios de comunicação com a deferência e a “republicanidade” que eu tratei.
Eu tinha uma relação maravilhosa com o velho [Octavio] Frias [de Oliveira, publisher da Folha morto em 2007]. Eu tratei bem o Estadão. Eu tratei bem o Jornal do Brasil, a Globo, a Bandeirantes, o SBT, a Record. Você há de convir que tenho comportamento exemplar no meu tratamento com a imprensa brasileira. Mas acho que eles não são honestos na cobertura.
A Folha, mesmo nos bons tempos, nos anos 70, 75, quando começou a ser um jornal mais progressista, quando o pessoal de esquerda começou a ler, mesmo assim a gente sentia [no jornal] uma espécie de ojeriza de falar bem de uma coisa boa. É uma necessidade maluca de não parecer chapa branca. Ah, se fez uma matéria boa hoje, amanhã tem que fazer outra dando um cacete.
O senhor fala “eles não me aceitam”. Quem são eles?
Ah, não sei. São eles. Eu não vou ficar nominando.
Nesse sistema em que “eles” mandariam, o senhor foi eleito, reeleito, fez uma sucessora e a reelegeu. Tinha uma convivência boa com construtoras e bancos. Como dizer que a elite é contra o senhor?
Eu não tive uma relação boa só com esse setor que você falou. Eu tive uma relação boa com todos os segmentos sociais desse país. Eu tenho orgulho de dizer que o meu governo foi o período em que os empresários mais ganharam dinheiro, os trabalhadores mais ganharam aumento de salário, em que geramos mais empregos, em que houve menos ocupação no campo, na cidade, e menos greve. Eu trago comigo essa honraria de saber conviver com a sociedade brasileira. E de repente eu vejo o tal do mercado assustado com o Lula. E eu fico pensando, quem é esse mercado? Não pode ser os donos do Itaú. Não pode ser os donos do Bradesco, do Santander.
Uma coisa são os donos do banco. Outra coisa é um bando de yuppies, jovens bem aquinhoados que vivem ganhando dinheiro através de bônus, de não sei das quantas, para vender papel sem vender um produto.
Essa gente esteve no FMI durante a crise na América do Sul. Falaram o tempo todo mal dos países pobres. Quando a crise foi nos EUA parece que fizeram cirurgia de amígdalas e não falavam nunca. Eles sabem que, se eu voltar, o FMI não dará palpite na nossa economia. Então, querida, quando eu digo eles…
…fica parecendo as famosas “forças ocultas” do ex-presidente Jânio Quadros [quando se referia a quem o tinha levado a renunciar, em 1961].
Quando eu falo “eles” e “nós”, é porque você tem lado na política brasileira. Quando ganhei as eleições, fiz questão de conquistar muita gente. Criei o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social [com representantes de empresários, trabalhadores e setores sociais]. Tinha gente que achava que eu queria criar uma fissura na relação entre Senado e Câmara com a sociedade. Eu falei “não, eu quero é estabelecer uma política de convivência verdadeira com a sociedade”.
Empreiteiras fizeram uma reforma no sítio de Atibaia porque o senhor o frequentava. Independentemente de a Justiça concluir se houve ou não crime, não foi no mínimo indevido, uma relação promíscua entre um político e uma empreiteira?
Não. Esse é um outro tipo de processo. Não é o processo do qual estou sendo vítima.
É uma pergunta que estou fazendo ao senhor.
Essa pergunta eu espero que seja feita em juízo, pelo Moro. Porque primeiro disseram que o sítio era meu. Aí descobriram que ele tem dono. Então mudaram [para dizer que] me fizeram favor. Se fizeram, não me pediram. Eu fiquei sabendo desse sítio no dia 15 de janeiro de 2011.
Por que empreiteiras tinham que bancar a manutenção do acervo formado na presidência, por que tinham que reformar o sítio? Essa relação não passou do ponto?
Quando eu for prestar depoimento, eu espero que essas sejam as perguntas que eles me façam.
Mas eu estou fazendo agora.
Não, você não é juíza. Eu vou esperar o juiz. Porque se eu responder para você, o Moro vai fazer outras. Aí, quer discutir a questão da ética, vamos discutir. É um outro processo. Eu quero saber onde eles vão chegar. Eu quero saber o limite da mentira.
Segundo uma pesquisa do Datafolha, 83% acham que o senhor sabia que tinha corrupção no governo. Era possível não saber?
É possível não saber até hoje. Você tem filho? Sabe o que ele está esta fazendo agora? Quando você esta na cozinha e ele no quarto, você sabe? Outro dia vi o caso de venda de sentenças em gabinetes de juízes. E eles foram inocentados porque não eram obrigados a saber o que estavam fazendo do lado de sua sala. Deixa eu te falar uma coisa: ninguém é colocado no governo pra roubar. Ninguém traz na testa “eu sou ladrão”. Há um critério rigoroso de escolha [de diretores de estatais].
Muita gente pensa que eu sou contra a Operação Lava Jato. Eu tenho orgulho de pertencer a um partido e a um governo que criou os mecanismos mais eficientes de combate à lavagem de dinheiro e à corrupção nesse país. Não foi ninguém de direita, não. Fomos nós.
O senhor manteria hoje o sistema de indicação dos procuradores-gerais, sempre os mais votado pela categoria?
Esse critério é herança minha do movimento sindical. Eu achava que era o mais acertado. Hoje eu analisaria o histórico da pessoa. Veja, o que ocorreu com a Lava Jato? Ela virou refém da imprensa e vice-versa. E hoje eu estou convencido de que os americanos estão por trás de tudo o que está acontecendo na Petrobras. Porque interessa para eles o fim da lei que regula o petróleo, o fim da lei que regula a partilha. O Brasil descobriu a maior reserva de petróleo do mundo do século 21. E não se sabe se tem outra.
Não sei se você já tem uma compreensão sociológica de junho de 2013 [mês de grandes manifestações no país]. O Brasil virou protagonista demais. E ali eu acho que começava o processo de tentar dar um jeito no Brasil. Como diria meu amigo [e ex-chanceler] Celso Amorim, eu não acredito muito em conspiração. Mas também não desacredito.
O senhor faz uma conexão entre tudo isso e o que acontece com o senhor agora?
Faço. E se estiver errado, vou viver para pedir desculpas.
Mas o senhor acha, por exemplo, que os procuradores da Lava Jato vão aos EUA e se reúnem com um mentor?
Eu acho. Agora mesmo o Moro está lá [no exterior] para receber um prêmio dessa Câmara de Comércio Brasil-EUA. Ele foi lá para ficar 14 dias. Eu já recebi prêmios. Você vai num dia e volta no mesmo dia. Ô, querida, não me peça provas de uma coisa que eu não tenho. Eu estou apenas insinuando que pode ser, tal é a proximidade do Ministério Público com a Secretaria de Justiça dos EUA.
O senhor já deu muitas voltas por cima na vida. Enxerga agora um caminho de saída, depois de duas condenações?
É muito simplista essa pergunta. Você deveria estar perguntando é se eles vão conseguir juntar uma prova de cinco centavos contra mim. Esse é o dilema.
Mas, presidente, eles já condenaram o senhor.
Eu não tenho que encontrar saída. O que vocês da imprensa têm que pedir são provas. Vocês não podem retratar “ipsis litteris” [como está escrito] a mentira da Polícia Federal. Essa gente está me acusando há cinco anos. Essa gente não sabe o mal que causou à minha família. Eu tenho todos os meus filhos desempregados. Todos. E ninguém consegue arrumar emprego. Essa gente já foi na minha casa. Ficaram três horas, levantaram o colchão da minha cama, revistaram tudo e não encontraram nada. Poderiam ter chamado a imprensa e falado “queríamos pedir desculpas”. Eles saíram com o rabinho no meio das pernas e não falaram nada. Quando o Moro leva um Pedro Corrêa [ex-deputado do PP] para prestar depoimento contra mim, se ele entendesse um milímetro de política, ele não deixaria o Pedro Corrêa entrar naquele salão.
E o Palocci?
É uma pena. A história dele se esvaiu com isso. O Palocci demonstrou gostar de dinheiro. Quem faz delação quer ficar com uma parte daquilo de que se apoderou. Não vejo outra explicação.
Ou quer a liberdade.
Se fosse só por liberdade o [ex-tesoureiro do PT João] Vaccari não tinha feito a carta que fez nesta semana [inocentando Lula no caso do tríplex]. Porque é o cara que está preso há mais tempo. E está demonstrando que caráter e dignidade não são compráveis.
Deixa eu te falar: você está lidando com um homem muito tranquilo, que sabe o que está sendo traçado para ele. Desde o impeachment eu dizia: eles não vão tirar a Dilma e dois anos depois deixar o Lula voltar gloriosamente nos braços do povo. Era preciso impedir o Lula.
E isso está perto de ocorrer.
Vamos aguardar, querida. Se eu acreditar que o jogo está definido, o que eu estou fazendo nesse país? Eu quero saber o seguinte: eu, proibido de ser candidato, na rua fazendo campanha, como eles vão ficar? Eles estão me transformando numa vítima desnecessária.
O senhor diz que sabe o que está sendo traçado. Mesmo assim, não abre brecha para a discussão de uma outra candidatura?
Não abro. Não abro. Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado. Eu vou brigar até ganhar. E só vou aventar a possibilidade de outra candidatura quando for confirmado definitivamente que não sou candidato.
Algumas correntes do PT já pensam em uma outra candidatura e alguns defendem o boicote das eleições.
Quando chegar o momento certo, o PT pode discutir todas as alternativas. Eu sou contra boicotar as eleições.
O ex-prefeito Fernando Haddad já falou que, mesmo sendo o maior partido, o PT não terá mais a hegemonia da esquerda.
Eu sou contra a tese da hegemonização. Em algum momento pode ter candidato de outro partido e o PT apoiar. Se o Eduardo Campos tivesse aceitado a proposta que eu fiz para ele e para a Renata em Bogotá, em julho de 2011, de ele ser o vice da Dilma [em 2014] e ser nosso candidato em 2018, a gente agora estaria gostosamente discutindo a campanha dele à Presidência da República. E não a minha.
O PT poderia apoiar Ciro Gomes? Ele tem feito críticas ao senhor e ao partido.
Eu não ando vendo o que o Ciro tá falando porque ele anda falando demais. O Ciro ou vai para a direita ou não pode brigar com o PT. Eu fico fascinado de ver como uma pessoa inteligente como o Ciro fala tão mal do PT. Não consigo entender. Vamos ser francos: pela direita, ninguém será presidente sem o apoio dos tucanos. Pela esquerda, ninguém será presidente sem o PT.
Quem o senhor acha que tem chance de chegar ao segundo turno na eleição presidencial?
Eu, se entendo um pouco de política, vou dizer uma coisa: a disputa deverá ser outra vez entre tucanos e PT.
O senhor pode ser preso em breve, caso não obtenha um habeas corpus nos tribunais superiores. Não tem medo?
Sabe por que não tenho medo? Porque eu tenho a consciência tão tranquila. Sabe do que eu tenho medo de verdade? É se esses caras pudessem mostrar à minha bisneta que fez um ano no domingo que o bisavô dela roubou um real. Isso realmente me mataria.
O senhor está preparado?
Eu estou preparado. Estou tranquilo. E tenho certeza de que vou ser absolvido e de que não vou ser preso.
Há quem defenda que o senhor faça uma greve de fome caso vá para a prisão.
Eu já fiz greve de fome. Eu sou contra, do ponto de vista religioso. Eu não acho correto você judiar do próprio corpo. Quando eu fiz greve de fome [em 1980], dom Claudio Hummes foi à cadeia pedir para pararmos a greve.
O senhor já afirmou que se 10% dos que foram às ruas quando o presidente Getúlio Vargas morreu tivessem ido antes ele não teria se suicidado. O senhor teme que isso ocorra com o senhor? Eu não digo morte, mas…
Até porque não vou me matar. Eu gosto da vida pra cacete. E quero viver muito. Tô achando que eu sou o cara que nasceu para viver 120 anos. Dizem que ele já nasceu, quem sabe seja eu?
Tô me preparando. Levanto todos os dias às 5h da manhã, faço duas horas e meia de ginastica, tomo whey [complexo de proteínas] todo dia para ficar bem forte. E vou levando a vida assim. Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui. Aqui eu nasci, aqui é o meu lugar. Eu não tenho medo de nada. Só de trair o povo desse país. É por isso que eu estou aqui, fazendo a minha guerra.
E o povo na rua?
Você não leva o povo na rua para qualquer coisa. Mas também não duvidem do povo na rua porque ele pode vir.
Mas o senhor não esperava que ele já viesse, no seu caso?
Ele nunca foi chamado! Eu sou um homem tão civilizado, acredito tanto nas instituições que estou apostando nelas. Eu ando no Brasil, mas eu não ando chamando o povo numa pregação contra ninguém. Eu ando chamando o povo para ele acreditar que é possível esse país ser diferente.
Eu não imaginei viver esse período. Eu me lembro do [ex-presidente da França Nicolas] Sarkozy querendo discutir a minha ida para a secretaria-geral da ONU. Eu lembro dele conversando com o [ex-primeiro-ministro espanhol] José Luís Zapatero, em 2008, e eu falava “para com isso, você não pode politizar a ONU, colocar um ex-presidente lá”.
O senhor imaginava outra coisa para a sua vida nessa fase.
Eu imaginei tranquilidade, querida. Eu imaginei viver meu fim de vida com a dona Marisa, cuidar dos filhos que eu não tive tempo de cuidar e viver. Não me deixaram ou não estão me deixando. Eu poderia abaixar a cabeça e ficar pedindo favor, ajuda. Não vou, querida. Não vou porque estou certo.
A minha educação é a de uma mulher [a mãe, dona Lindu] que viveu e morreu analfabeta. E ela dizia “não baixe a cabeça nunca a ninguém. Nunca roube uma laranja mas não baixe a cabeça”. E é isso o que vai me fazer seguir em frente.
“A estante de Lula”
Alguns livros que o ex-presidente guarda
Frei Betto: Biografia Américo Freire e Evanize Sydow A história do fundador da CUT, amigo e ex-assessor especial do petista Direito Penal Juarez Cirino Obra do criminalista que, ao defender o ex-presidente no caso tríplex, discutiu com o juiz Sergio Moro O Brasil que Queremos Org. Emir Sader Coletânea de textos organizada por sociólogo de esquerda, com apresentação do próprio Lula Tempos Muito Estranhos Doris Kearns Goodwin Relato dos anos de governo do democrata Franklin Roosevelt (1933-1945) nos EUA Um País Sem Excelências e Mordomias Claudia Wallin Livro sobre os políticos e o sistema político na Suécia
EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO!
Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia.
Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador.
Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.
Acesse esquizofia.wordpress.com
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CAMPANHA AFINADA CONTRA O
VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN
Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.
"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).
Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.
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