A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou ontem, dia 5, o tema e o lema da Campanha da Fraternidade: Fraternidade e Tráfico Humano e É para Liberdade que Cristo nos Libertou. O lançamento da Campanha da Fraternidade tem como propósito, anual, conscientizar a população sobre um tema mais premente a ser discutido. Esse ano é o tráfico humano que vem se intensificando, apesar das ações dos órgãos de Justiça para coibir e penalizar os praticantes.
No começo do lançamento, foi lida a seguinte mensagem, com cunho socialista, do papa Francisco conhecido catolicamente como papa Chico.
“Não é possível ficar impassível, sabendo que seres humanos são tratados como mercadoria”.
É só no capitalismo, sistema econômico degenerado, que tudo é visto e tido como possibilidade de lucro: mercadoria. Objeto que circula como proporcionador de lucro. Objeto de consumo com valor de uso e de troca responsável pela forma mais alienante de relação social.
Para dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, o tráfico de pessoas é resultado de uma cultura em que o sofrimento do próximo não é respeitado por grande parte da sociedade.
“Queremos com a campanha identificar essa realidade e, junto com o Estado, realizar este trabalho para que as pessoas deixem de ser exploradas. O tráfico de pessoas é fruto da cultura que vivemos, atualmente quase nos habituamos ao sofrimento ao sofrimento do outro e é preciso se compadecer pela pessoa traficada”, disse dom Steiner.
Por sua vez, a pastora Romi Márcia Bencke, secretária executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristã (Conic) que o tráfico de pessoas tem relação direta de como a sociedade se estrutura economicamente.
“O tema toca em raízes profundas na forma como a nossa sociedade se estrutura e se capilariza em vários setores da economia”, observou a pastora.
Já o ministro da Justiça, José Cardozo, disse que é inaceitável o tráfico de pessoas e que a campanha junta com a sociedade pode criar um comitê para melhorar as políticas do Estado referente a essa situação.
“É inaceitável que pessoas sejam tratadas como escravas. Temos essa oportunidade de junção de forças com a sociedade, através da Campanha da Fraternidade e da formação de um comitê conjunto para aprimorar as políticas de Estado, receber sugestões e ao mesmo tempo enraizar atuações na sociedade”, disse Cardozo.
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