
Sobre o suicídio do refugiado W.B.
Fiquei sabendo que você levantou a mão contra si mesmo/ Antecipando-se ao carrasco./ Depois de oito anos no exílio, observando a ascensão do inimigo/ Finalmente, levado a uma fronteira intransponível/ Você atravessou, segundo dizem, uma que era transponível./ Os impérios desmoronam. Os chefes de cangues/ Circulam por aí como estadistas. Os povos/ Já nem podem ser visto sob tantos armamentos./ De modo que o futuro está na escuridão e as forças do direito/ São fracas. Tudo isto estava claro para você/ Quando destruiu um corpo torturável. (Bertolt Brecht)

Hoje, 5 de agosto de 2016, iniciam no Brasil mais uma olimpíada da era moderna. Quando a cidade do Rio de Janeiro venceu suas concorrentes quem governava o país era Luis Inácio Lula da Silva e o feito foi comemorado por todos os brasileiros. Naquele momento, na comitiva de Lula, em Copenhague, na Dinamarca, estava o sabotador que hoje será trolado em todos os cantos do país, mas incisivamente no Rio de Janeiro no estádio do Maracanã.

Estádio Mané Garrincha, jogo Brasil e África do Sul. Imagem que a Globo não divulgou.
Antes, porém, das vaias ao sabotador, queremos nos reportar sobre o surgimento, de forma rápida, sobre os jogos olímpicos. O primeiro aconteceu no ano de 776 a.C. quando um cidadão da cidade de Olímpia chamado Corobeu venceu a primeira corrida de 190 metros de distância, disputada contra seis outros concorrentes. O fato interessante da corrida é que ele despiu-se e correndo nu, poderia melhorar seu desempenho.
Durante 40 anos os jogos foram realizados em Olímpia e possuí sua raiz na mitologia grega ligada ao herói Hércules, filho de Zeus, que forçado a executar um trabalho forçado (dos doze dos quais foi condenado); limpar o estábulo de Audias, rei de Elis. No término, ele promoveu os jogos em Olímpia onde o escultor Fídias construiu um templo dedicado a Zeus, pai de Hércules, no ano de 440 a.C e os jogos foram a partir daí para homenageá-lo. Na era moderna, no ano de 1896, Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, passou a promovê-lo e passou a ter a dimensão capitalista que vemos hoje em dia.
Um dos objetivos dos jogos é promover a paz entre os povos. Mas, isso nem sempre foi possível. Atitudes não políticas em algumas delas estiveram presentes. Na Berlim, de 1936, o Chanceler, Adolf Hitler, saiu do estádio e não participou da premiação do atleta negro norte americano vencedor de 4 medalhas de ouro, Jesse Owens. Em 1972, na cidade de Munique, o grupo palestino Setembro Negro matou 11 atletas judeus. Os Estados Unidos boicotaram a olimpíada de Moscou.
E, hoje, no Brasil vivemos uma situação semelhante as mencionadas acima. Temos um país ao pé de uma guerra civil por conta de um golpe de Estado jurídico-partidário-midiático.

Um governante, um estadista, querido por seu povo, na abertura de um grande evento internacional que será assistido por bilhões de pessoas não era para estar preocupados em utilizar sistema de som para abafar vaia contra si na hora de sua fala de 10 segundos e também não é para um ministro golpista, Eliseu Quadrilha, segundo o finado Antônio Carlos Magalhães andar fazendo ameaças para quem protestar contra a olimpíada e contra o sabotador.

Os golpistas estão tão apavorados que entendem que podem proibir o povo de se manifestar. Não entendem os golpistas que “povo é, segundo Michel Hardt e Antônio Negri, uno. A população, naturalmente, é composta de numerosos indivíduos e classes diferentes, mas o povo sintetiza ou reduz essas diferenças sociais a uma identidade. A multidão, em contraste, não é unificada, mantendo-se plural e múltipla. Por isto, segundo a tradição dominante da filosofia política, é que o povo pode governar como poder soberano, e a multidão, não. A multidão é composta de um conjunto de singularidades – e com singularidades queremos nos referir aqui a um sujeito social cuja diferença não pode ser reduzida à uniformidade, uma diferença que se mantém diferente.” Hardt, Michel e Negri, Antôno. Multidão, Record.
Como controlar então, as formas de manifestações desse povo que desde antes de 17 de abril vem se manifestando, protestando contra esse golpe de Estado.
Hoje, os golpistas não terão trégua. O povo vai se manifestar. O povo vai mostrar para o mundo o que está acontecendo no Brasil. Hoje Temer vai tremer, assim como todos os seu ministros golpistas e seguidores. Um evento que era para estar sendo festejado por todos é causador de uma cisão entre legalistas e golpistas. Sendo os legalistas a sua grande maioria. O golpe de Estado, hoje, diferente de 1964 que não teve tanques e militares prendendo opositores, temos um desgoverno cometendo crimes irreparáveis se não for contido, como por exemplo, a venda do pré-sal e privatização da Petrobrás. E vai além, um governo golpista que vai modificar toda a legislação trabalhista estabelecendo 12 horas de trabalho, fim das férias, 13º salários, FGTS, aposentadoria para homens só a partir dos 75 e 70 para mulheres, fim do Fies, Prouni, Minha Casa Minha Vida, Lei das Cotas, incentivo a terceirização, entrega da Casa da Moeda um de seus comparsas.
É contra tudo isso, que o povo, no Maracanã e nas cidades brasileiras e especialmente no Rio de Janeiro que recebeu manifestantes de todo o território nacional se manifesta vaiando essa anomalia, que sem voto, junto com o PSDB, PP, DEM e demais estão golpeando Dilma Vanna Rousseff, a democracia e a soberania brasileira.

Mas, não será fácil aceitar isso. O povo não dará trégua para golpistas. Ou os senadores que pretendem votar a favor do golpe mudam seus votos ou eles entrarão para a história como golpistas, golpistas, golpistas e aquela festa na Dinamarca que se estendeu pelo Brasil não se transforme num enorme pesadelo contrariando princípios olímpicos.
Leitores Intempestivos