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MÃE LUCI, ENTREVISTADA PELO AFINSOPHIA NO 1° DE JANEIRO, PREVIU QUE TEMER COMEÇARIA A CAIR EM JUNHO ENTRE FOGOS JUNINOS. NÃO DEU OUTRA. AQUI A ENTREVISTA TRANSMUNDIVIDENTE

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Produção Afinaosphia.

  No dia 1° de Janeiro, o Blog Afinsophia entrevistou a Mãe Luci para saber dela quais as previsões para o ano de 2017. Como o país vivia sob o cutelo do golpe idealizado, elaborado e executado por parte do judiciário, Congresso Nacional e as mídias capitalisticamente acéfalas que assaltaram o país depois de usurpar o cargo da presidenta Dilma Vana Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos democráticos, a entrevista se transformou em trans-mundividência cujos encadeamentos enunciativos foram movidos pela realidade perversa que permeava a existência dos brasileiros que eram ofendidos pelos desatinos do golpista-mor, Temer coadjuvado por seus mentores e comparsas. 

  Agora, com a constatada deterioração do desgoverno golpista e com denúncia da Procuradoria-Geral da República que o indica, junto seu maleiro Rocha Loures, como autor de corrupção passiva, e que, consequentemente, fecha o ciclo de dor que os brasileiros são submetidos por essa tara-social, decidimos republicar a entrevista com Mãe Luci onde ela prever o fim de Temer no mês de junho sob os cantos, danças, iguarias típicas da época e foguetes.

   Entrevista publicada no dia primeiro de janeiro de 2017.

Em tempo-imóvel obstruindo o movimento real democrático por força da estupidez, cobiça e indigência existencial, saber de possíveis prospectivas que possam auxiliar nas manifestações futuras, O Blog Afinsophia, movido por seu engajamento no devir Afrosófico, foi até a Casa da Mãe Luci para ouví-la e saber quais as suas previsões para o ano de 2017.

Mãe Luci é mulher ativista, militante que luta em todos os territórios onde a liberdade encontra-se travada ou em ameaçada. As causas femininas, as defesas das crianças e adolescentes, causas dos trabalhadores, causas LGBT, causas indígenas, causas dos negros, do desemprego, da violência policial, do descaso escolar, etc.

Engajadíssima, Mãe Luci, é uma Mãe singular. Em função de sua estadia concreta na terra, ela pode manter estreitas relações com suas entidades que, como sensíveis observadoras das coisas da terra, lhe presenteiam com informações preciosas aos que acreditam nelas e necessitam de seus auxílios.

Só a título de informação as aberrações expressadas no Brasil através dos golpistas, nazifascistas, capitalistas vorazes e perversos, falsos políticos, entreguistas, americanófilos, entre outras indigências, para que elas não usem seu tempo morto lendo essas previsões, já que nada de alvissareiro encontrarão no futuro, Mãe Luci é uma das maiores defensoras das políticas sociais criadas pelos governos populares de Lula e Dilma. Desde pequena se viu envolvida com o povo, não só através das manifestações populares produzidas pelos moradores do bairro onde morava, mas também pelos comícios de candidatos quando era levada por sua irmã mais velha, que durante a ditadura fora presa e torturas, como foi Dilma.

Colocadas essas breves informações, vamos às previsões que também serão breves, justo porque Mãe Luci ainda tem que realizar uma oferenda na Praia da Ponta Negra que está sendo dominada por falsos pais e mães de santos submissos aos interesses da prefeitura que os têm como bons cabos eleitorais. E como Mãe Luci é original, singular e autêntica representante da cultura Afrosófica, só ela pode encarar os simuladores da Umbanda, Candomblé, Macumba e outras expressões negras que fazem uso da cultura afro para benefício próprio.

Blog Afinsophia (Reverenciando Mãe Luci) – Sua bênção, Mãe Lucia
Mãe Luci (Sorrindo afável) – Axé meus filhos e minhas filhas!

BA- Vamos iniciar provocando: o Brasil tem jeito?

ML – Não!

BF (Surpreso) – Não!?

ML – Não. O Brasil dos golpistas não tem jeito.

BA (Aliviando) – Que susto. Nós pensávamos que fosse o com letras maiúsculas: O BRASIL!

ML (Sorrindo) – Esse BRASIL não precisa de jeito. Ele não é torto. Ele é sua própria substância criada por si mesma. A questão é que nem todos que nascem no Brasil são brasileiros, e não sendo brasileiros não podem saber quem é o Brasil. Não basta ter uma carteira de identidade para se tornar nacionalmente brasileiro-patriota. Vejam os golpistas. Estão entregando as riquezas do país para o capital estrangeiro, principalmente o capital norte-americano. Esse Brasil que esses golpistas-entreguistas estão fazendo uso, não é Brasil substância de si mesma.

BA (Batendo palmas) – Essa pegou na veia. Com essa previsão a gente já poderia terminar a entrevista.

ML – Mas essa verdade é tão visível. A sociedade civil, que o Brasil substância de si mesma, vai às ruas, nesse ano de 2017, e desmontar esse golpe alienígena. E isso não é previsão é constatação.

BA – Bem, pelo o que a senhora está afirmando, o Temer vai cair?

ML (Dá uma profunda tragada no charuto) – Ele não vai cair.

BA (Preocupados) – Não vaia cair!?

ML (outra tragada profunda) – Não. Ele nunca esteve em pé.

BA (Aliviando) – É verdade.

ML – Foi por isso que os reacionários tramaram o golpe com ele como chefe. A mídia Rede Globo, CBN, GloboNews, Bandeirantes, Folha de São Paulo, Estadão, Veja, Época, IstoÉ, todas empresas burguesas têm ele como um inútil.

BA – Uma breve variável no entrevista. Esse charuto que a senhora está fumando é Havana?

ML – Sim. Foi uma amiga que trouxe de Cuba. Ela foi participar das homenagens ao comandante e trouxe alguns. Mas aqui no Brasil tem bons charutos. Vocês gostariam de provar?

BA – Não, com todo respeito ao comandante e ao povo cubano, principalmente os trabalhadores que cultivam a folha do fumo. Mas, Mãe Luci, dá para calcular em que momento o “deitado” vai sair?

ML – O “deitado” não vai sair, já que ele não tem pés. Ele vai ser tirado pelo povo. E isso vai acontecer ali pelas bandas das festas juninas. Para o povo aproveitar os fogos.

BA – E em ele saindo, quem vai assumir? Os reacionários tagarelam que querem o príncipe sem trono.

ML – O Brasil não é uma monarquia. E se fosse não haveria lugar para esse tipo entreguista.

BA – Mas quem assumiria? O presidente da Câmara Federal? O Renan não pode de acordo com o acordo que foi feito com Supremo Tribunal Federal. Quem assumiria, então?

ML – Ninguém.

BA – Ninguém!?

ML – Ninguém, porque vai ter eleições diretas. A partir de hoje, o povo vai às ruas lutar pelas Diretas Já. E apressadamente Já.

BA – E quem vai ser eleito?

ML – Putz! Isso é pergunta que se faça? Logo vindo de vocês da Associação Filosofia Itinerante? Gente ultra sacal?

BA – Sabe como é que é…

ML – Sabe como é que é, é Lula. Não tem pra ninguém!

BA – Mas aí, essa onda de perseguição do Moro sobre ele?

ML (Calmamente) – Meus filhos e minhas filhas. O Moro não é Deus. Ele pode até ter um complexo de Deus, mas como Deus não é uma psicopatologia, para Dele sair um complexo, Moro não é superior a Justiça. A Justiça exercida pelos justos que são movidos pela virtude da Justiça, e não pelos que se consideram justos porque concluíram um curso de Direito e foram outorgados pelo Estado como autoridades. Não esquecer que autoridade não é princípio nascido no Estado, mas nas vivências virtuosas que afirma a humanidade.

BA – Cacete, Mãe Luci! A senhora vai nas profundidades e transcende, também, a superfície. Vai muito além!

ML – Ora, minhas filhas e meus filhos, se eu não frequentasse esses territórios, profundidades e transcendência da superfície como eu iria encontrar minhas companheiras entidades, meus cabocos e minhas cabocas? E como eu poderia acreditar que eles e elas são autênticos, honestos e comprometidos com os que trabalham pela vida?

BA – E sobre aqui Manaus. Quais são as previsões?

ML – Olhem, se nós fossemos olhar e pensar através das perspectivas das representações dos poderes Executivo e Legislativos, tudo ficaria no mesmo. Na verdade, pior. Nós temos a pior bancada federal cujo caráter é golpista e é acometida de uma severa indigência intelectual. O que compromete o desempenho político-ético. Uma bancada de deputados estaduais, com pouquíssimas exceções, e uma bancada de vereadores sofrível. Também com pouquíssimas exceções. Por essas perspectivas 2017 será pior do que 2016, o ano perdido. Mas pelas perspectivas do povo amazonense e algumas categorias, o buraco vai ser mais em cima. Por incrível que pareça, até a classe dos professores, que é contagiosamente reacionária, vai fazer exame de autocrítica e vai infernizar, com toda razão o governador e o prefeito.

BA – Mas o governador parece que vai ser cassado definitivamente.

ML – Não importa. O governador que for vai andar nas pontinhas dos pés. Vai ter que ouvir os professores. E não só professores, os funcionários públicos em geral, porque são eles que fazem a máquina-produtiva e revolucionária do Estado se mostrar transformadora.

BA – Já que a senhora está falando sobre esses poderes, significa então que poderemos ter nas de 2018, para deputados algumas surpresas, já que os funcionários públicos ao tomarem consciência de suas importâncias para a sociedade, podem votar conscientemente, não votarem mais nesses golpistas atuais, e elegerem verdadeiros democratas.

ML – Certíssimo. Mas eu tenho uma previsão, nessa questão, para 2018.

BA (Ansiosos) – Qual?

ML (Sorrindo baforando) – O ex-deputado Francisco Praciano vai se candidatar, e ganhar com uma votação estrondosa.

BA (Batendo) – É isso aí, mãezita! E tem alguma previsão afirmando que alguns desses deputados reacionários não vão ser eleitos?

ML (Balançando a cabeça sorridente) – Tem algumas. Mas tem uma que vocês vão vibrar. É um deputado que é puta velha em mandatos. Já foi eleito tantas vezes que já poderia ter aposentadoria. Vou apresentar uma pista. Se dizia de esquerda.

BA – Será o…

ML – Eu não posso dizer, porque se não ele, sabendo que não ia ser eleito, não se candidataria, e não gastaria dinheiro na campanha. Como já ganhou muito, é melhor deixar que ele gaste inutilmente.

BA – Agora, Mão Luci, pra terminar duas perguntas. E a AFIN como vai ficar?

ML – Como sempre ficou: comprometida com as comunidades, trabalhando com a inteligência coletiva na produção de novas formas de existências, novas formas de ver, ouvir e pensar.

BA – Valeu. A outra pergunta é, será que o Flamengo vai conseguir ganhar do Vasco? Só mais uma: será que o Vasco volta para segunda divisão.

ML – A existência é vitória, derrota, empate e divisão, mas nada disso é fundamental para nós sermos felizes. O que conta mesmo é o trabalho coletivo que leva todos ao estado de comprometimento, solidariedade e, aí sim, a felicidade.

BA (Abraços e beijos) – Valeu, Mãe Luci! Boa atuação lá na Ponta Negra para espantar os falsos pais e mães de santos sem entidades.         

BLOGS AFINSOPHIA E ESQUIZOFIA ENTREVISTAM BELCHIOR JÁ QUE “SEMPRE É DIA DE IRONIA NO MEU CORAÇÃO”

Os Blogs Afinsophia e Esquizofia, da Associação Filosofia Itinerante (AFIN), publicam a entrevista, alegria como aumento de potência de agir, com o Rapaz Latino-Americano Belchior.

BREVE APRESENTAÇÃO

Antônio Carlos Gomes Belchior Fonteneles Fernandes – cearense da simpática cidade de Sobral -, gostaríamos de fazer um acordo com você nessa entrevista trans-histórica, na névoa inassinalável, ou hecceidade. O acordo é o seguinte: como nós vamos recorrer as nossas faculdades memorativas, além de informações extraídas de nossa arqueologia do saber-Belchior, é possível que venhamos cometer alguns equívocos em relação a fatos aqui apresentados por nós atribuídos a personagens em relação a você. Se por acaso você perceber que algumas enunciações nossas são lendas ou mitos, queira nos corrigir. Certo?

Belchior você é da geração que “por força desse destino um tango argentino” pegava “bem melhor” que “uns blues”. A ditadura civil-militar que dominou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985. Você, como muitos brasileiros, por força da ditadura, não teve adolescência, e se quer pode vivenciar as fragrâncias de maio de 68. Enquanto a França, e grande parte da Europa explodia, produzindo linhas de cortes, fissuras através das potências dos trabalhadores e estudantes. Ao contrário, em 68, o Brasil era submetido à força do AI5, implantado pelos militares da repressão-nacional. Foi o ano que começou para valer as perseguições, prisões, sequestros, torturas e mortes.

Todavia, arigó Belchior, você já havia sido traspassado pelas enunciações políticas, estéticas, filosóficas, antropológicas, históricas, psiquiátricas, etc., e podia com clareza entender as notas desterritorializadas de Sartre, Marcuse, Foucault, Deleuze, Guattari, Simone Beauvoir, entre outros que se movimentavam em latitudes e longitudes capazes de lhe afetar spinozianamente: aumentar sua potência de agir. Já havia sido afetado pela potência da comunalidade em forma de erudição. Erudição que levou certa vez Caetano chamar de cultura inútil. Sem falar que você já havia encontrado Marx, Cristo, aliás, o Homem de Nazaré foi quem primeiro lhe encontrou, daí sua vida de noviço, depois rebelde (Gargalhadas), quem sabe a influência a posteriori para criar o projeto de tradução do latim A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Musicólogo roqueiro, corpo que lhe moveu com “os pés cansados e feridos de andar léguas tiranas, a ponto de lhe deixar “com lágrimas nos olhos de ler o Pessoa, e ver o verde da cana”, compôs com as baladas de Bob Dylan, composição que levou o compositor do Maracatu Atômico, George Mautner, a afirmar que entre o original e a cópia preferia o original. Declaração que confirmava que sua entrada no mercado musical brasileiro já estava incomodando. Claro, você como sobralense nunca negou que ouvira muito as baladas de Dylan. E, aliás, quem daquela época, não ouviu? Quem, preocupado com a Napalm lançada pelos Estados Unidos no Vietnã, não ouviu Dylan? E não só Dylan, como também Neil Young, entre outros cantores e compositores de opunham a ferocidade genocida do império. Você sempre foi um homem engajado. Mas um cara que não fazia gênero de rebelde sendo um puta burguês, como seu conterrâneo Fagner. Poucas sabem, mas você participou, convidado pela talentosíssima atriz de teatro Lélia Abramo, no lançamento do primeiro manifesto do Partido dos Trabalhadores, em 1981. O que confirma que suas baladas são politizadas não por dependência de Dylan. Como invejavam seus detratores. E para piorar – para eles, é claro -, você foi parceiro do companheiro Lula na luta pela redemocratização do Brasil. ão do Brasil.

Mesmo só com a adolescência biológica, já havia traçado o compromisso, com Bertolt Brecht, de não deixar seu “charuto apagar-se por causa da amargura”, mostrado na canção Não Leve Flores. Daí que sua obra, apesar de manter alguns elementos regionais, melhor dizendo, nordestinos, foi na “Selva das Cidades”, empurrado pelo teatrólogo da Exceção e a Regrar, que você fez movimentar sua arte como forma de afetar o corpus da urbe atomizada. Como você mesmo diz: “se não for para balançar o coreto, não adiante fazer arte”.

E balança. Belchior, você instituiu no país a música urbana inspirada e alocada no concreto das cidades como corpo da poesia concreta. Você verseja concretamente. A poesia concreta é seu território de práxis e poieses. “Vamos andar, pelas ruas de São Paulo, por entre os carros de São Paulo, meu amor vamos andar e passear. Vamos sair pela rua da consolação, dormir no parque em plena quarta-feira. Sonhar com o domingo em nosso coração. Meu amor, meu amor, meu: a eletricidade dessa cidade me dá vontade de gritar que apaixonado eu sou. Nesse cimento, o meu pensamento e meu sentimento espera o momento de fugir no disco voador. Meu amor, meu amor”, nada de sentimentalidade compassiva, do tipo Roberto Carlos, nesse Passeio do seu primeiro LP, Mote Glose, pela gravadora Chantecler, com a regência do talentoso músico pernambucano Marcus Vinícius, do PCBão, um disco profundamente experimental, onde salta livre a poesia concreta.

Dizem que você canta a liberdade, claro que é uma afirmação abstrata, já que a liberdade não se canta se vive, mas nos diga: nessa tão concreta e cruel realidade produzida pelo capitalismo paranoico com sua dogmática opressora, você é um “passarinho urbano”, ou um “Robô Goliardo” (Gargalhada geral)?

A ENTREVISTA

AFINSOPHIA E ESQUIZOFIA – Começando pelo meio. O que é melhor? Viver, sonhar ou um canto?

Belchior (Sorrindo cúmplice) – “Viver é melhor que sonhar. Eu sei que o amor é uma coisa boa, mas sei também que qualquer canto é menor que a vida de qualquer pessoa”.

AE – Nesse momento em o Brasil encontra-se sob o cutelo de um perverso golpe contra a democracia, você tem alguma paixão?

B – “Você me pergunta pela minha paixão, digo que estou encantado com uma nova invenção, eu vou ficar nessa cidade, não vou voltar pro sertão, pois vejo vir vindo no vento cheiro da nova estação”.

AE – Verdade? Maravilha! Belchior, você é uma cara que viveu as décadas de 60, 70, não teve adolescência no sentido ontologicamente-social, por força da ditadura, mesmo assim conseguiu construir uma das mais inquietantes estéticas do Brasil, todavia, muitas pessoas não conhecem essa obra. E entre essas pessoas têm os nazifascistas. Se por um acaso algumas dessas pessoas, como uma variável-política, perguntasse de você, por onde você andava nesse tempo, o que você responderia?

B (Pensativo) – “Amigo, eu me desesperava!”.

AE – Você tem estilo. Não estilo no conceito burguês, mas como diz o filósofo Deleuze, você cria em sua singularidade como ninguém poderia criar de forma igual. Por isso você faz corte no estado de coisa petrificado. Você libera potências. Como você responderia se alguém pedisse para você compor de outra forma?

B – “Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve correta, branca, suave, muito limpa, muito leve, sons palavras são navalhas, e eu não posso falar como convém sem querer ferir ninguém”.

AE (Vibrando) – Cacete! Esse cara é foda, moçada. Ainda nessa linha. Não precisa nem dizer, mas você tem Nietsche e Spinoza na veia: você é exaltação da “vida que ativa o pensamento e o pensamento que afirma a vida”. Até quando se encontra “mais angustiado que um goleiro na hora do gol”. A onda é essa: se um pessimista, um compassivo, uma baixa potência de agir, lhe dissesse que queria lhe ajudar, o que você diria para ele?

B (Gargalhando) – “Saia do meu caminho! Eu prefiro andar sozinho! Deixem que eu decida a minha vida. Não preciso que me digam de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração”.

AE (Explodindo de emoção) – Coisa de louco, moçada! “Você pode até dizer que eu estou por fora e que até estou inventando”, mas para o nosso entendimento, há uma confissão aí nesse “não preciso que me digam de que lado nasce o sol, porque bate lá meu coração”. O sol nasce no Leste, até Galileu já sabia. E o Leste europeu tem Marx, mano. Não precisa responder.

B (Interferindo) – “É claro que eu quero o clarão da lua! É claro que eu quero o branco no preto! Preciso, precisamos da verdade nua e crua, mas não vou remendar vosso soneto. Batuco um canto concreto pra balançar o coreto…”.

AE (Tentando uns movimentos afros) – Grande saída, hein cara? Ok, baby! Diz uma coisa cara. Já viu que há muita gente pessimista diante do desgoverno golpista acreditando que ele será eterno. O que você diz para essa gente?

B – “Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer meu amigo, que uma nova mudança, em breve vai acontecer”.

AE (Palmas) – É o devir-povo! Dando uma deslocada. O que você quer agora?

B (Sorrindo) – “Quero uma balada nova, falando de broto, de coisas assim: de money, de lua de ti e de mim, um cara tão sentimental…”.

AE – Você estudou medicina até o quarto ano, lógico que deve ter entrado em contato com algumas noções freudianas. Freud diz que é muito difícil uma geração se libertar da anterior. Há sempre fantasmas. Vendo o mundo como se encontra, qual a sua maior dor?

B – “Minha dor é perceber que, apesar de termos feito tudo, tudo, o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

AE – Bel, aproveitando essa questão de continuar o mesmo, tem também aquela questão dos que posaram como revolucionários, e hoje são tremendos reaças, inclusive muitos operando como golpistas, como é o caso do senador do PSDB, Aloysio Nunes que foi motorista do Marighella. Você poderia descrever para nossos seguidores quem são esses simuladores e nos dizer quem são eles?

B (Dando uma boa baforada no cachimbo) – “Os filhos de Bob Dylan, clientes da Coca-Cola: os que fugimos da escola, voltamos todos pra casa. Um queria mandar brasa; outro ser pedra que rola… Daí o money entra em cena e arrasa e adeus caras bons de bola”.

AE – Esse cara vai na ferida dos caras, mas não confundir com “a ferida viva do meu coração”, não é? O quê? Ainda tem mais? Então, manda brasa.

B (Continuando) – “Donde estás los estudiantes? Os rapazes latino-americanos? Os aventureiros, os anarquistas, os artistas, os sem-destino, os rebeldes experimentadores, os benditos malditos – os renegados – os sonhadores? Esperávamos os alquimistas…  E lá vem os arrivistas, consumistas, mercadores. Minas, homens não há mais? Entre o céu e a terra não há mais que sex, drugs and rock ‘n’roll? Por que o adeus às armas? Não perguntes por quem os sinos sobram… Eles dobram por ti! O último a sair apague a luz azul do aeroporto. E ainda que mal pergunte: a saída será mesmo o aeroporto?”.

AE (Vibrando) – Loucura, moçada! O quê? Ainda tem mais? Manda brasa, arigó!

B – “Onde anda o tipo afoito que em 1-9-6-8 queria tomar o poder? Hoje, rei da vaselina, correu de carrão pra China, só toma mesmo aspirina e já não quer nem saber”.

AE –Loucura, loucura, loucura! Ainda agora você disse que “uma nova mudança vai acontecer”. Qual a forma para essa mudança?

B – “A única forma que pode ser nova é nenhuma regra ter; é nunca fazer nada que o mestre mandar. Sempre desobedecer. Nunca reverenciar”.

AE – A noite tem para você um signo profundo?

B – “Anoite fria me ensinou a amar mais o meu dia. E, pela dor eu descobri o poder da alegria e a certeza de que tenho coisas novas pra dizer”.

AE – Você é nordestino, e como você sabe, há hoje no Brasil uma consciência nazifascista que discrimina violentamente o povo do Nordeste. Como você concebe esse comportamento genocida contra o Nordeste?

 B (Sorrindo) – “Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve! Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos! Não sou da nação dos condenados! Não sou do sertão dos ofendidos! Você sabe bem: conheço o meu lugar”.

AE – E o medo de avião?

B (Balançando a cabeça sorrindo) – “Agora ficou fácil. Todo mundo compreende aquele toque Beatles: – “I WANNA HOLD YOUR HAND!”.

AE – E aquela namorada e aquele teu melhor amigo?

B – “Minha namorada voltou para o norte, ficou quase louca e arranjou um emprego muito bom, meu melhor amigo foi atropelado voltando pra casa. Caso comum de trânsito”.

AE – Os filósofos Epicuro, Spinoza, Nietzsche dizem quase o mesmo sobre falar sobre a morte. É claro que ninguém pode falar sobre a morte, porque é a última experiência e a única que não se pode contar nada sobre ela. Eles dizem que falar sobre a morte enquanto se está vivo é imundo. Mas vamos conceder uma cortesia sobre esse tema. Como você cogita sua morte?

B (Sorrindo) – “Talvez eu morra jovem: alguma curva do caminho, algum punhal de amor traído completará o meu destino”.

AE – Belchior você é uma cara corajoso. Sua obra e sua existência comprovam sua coragem. Mas nos responda: você tem Medo?

B – “Eu tenho medo. E medo anda por fora, medo anda por dentro do meu coração. Eu tenho medo em que chegue a hora em que eu precise entrar no avião. Eu tenho medo de abrir a porta que dá pro sertão da minha solidão. Apertar o botão: cidade morta. Placa torta indicando a contramão”.

AE – O que você pode nos dizer sobre a sorte na vida?

B – “Coisa muito complicada o amigo tem ou não tem. Quem não tem sucesso ou grana tem que ter sorte bastante para escapar salvo e são das balas de quem lhe quer bem”.

AE – Temer, o golpista-mor junto com sua escória, vem desmontando as leis democráticas do país. Porém, ele tem, com ajuda da mídia capitalista também golpista, feito pronunciamentos como se tudo estivesse às mil maravilhas. Como você concebe o presente e estes pronunciamentos?

B – Olho de frente a cara do presente e sei que vou ouvir a mesma história porca. Não há motivo para festa: ora esta! Eu não sei rir à toa!”.

AE – Você como pintor e desenhista pode nos apresentar um quadro da família-nuclear-burguesa-patriarcal?

B – “No centro da sala, diante da mesa no fundo do prato, comida e tristeza, a gente se olha se toca e se cala e se desentende no instante em que fala. Medo, medo, medo, medo. Cada um guarda mais o seu segredo a sua mão fechada, a sua boca aberta, o seu peito deserto, a sua mão parada, lacrada e selada e molhada de medo. Pai na cabeceira…”.

AE – Essa família lhe concedeu um prêmio no começo de 70, certo? Contam que na noite que você recebeu o prêmio os canas deram uma chegada em você, certo (Belchior sorrir)? Se alguém tentasse lhe obrigar a parar de cantar, o que você diria?

B – “E eu vos direi, no entanto”: enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer Não! Eu canto”.

AE – O que você diz sobre a vida?

B (Com ar apaixonado) – “Eu escolhi a vida como minha namorada com quem vou brincar de amor a noite inteira. Vida, eu quero me queimar no teu fogo sincero. Espero que a aurora chegue logo. Vida, eu não aceito não a tua paz, porque meu coração é delinquente e juvenil, suicida, sensível demais. Vida, minha adolescente companheira, a vertigem, o abismo me atrai: é esta minha brincadeira”.

AE – Observando sua temporalidade ontológica como você concebe sua existência?

B (Pensativo) – “Até parece que foi ontem minha mocidade, meu diploma de sofrer de outra universidade, minha fala nordestina, quero esquecer o francês. E vou viver as novas que também são boas o amor/humor das praças cheias de pessoas, agora eu quero tudo, tudo outra vez”.   

AE (Afetados de alegria) – Chegado a esse platô, você gostaria de desejar algo às pessoas?

B (Muito contente) – “Quero desejar, antes do fim, pra mim e os meus amigos, muito amor e tudo mais: que fiquem sempre jovens e tenham as mãos limpas e aprendam o delírio com coisas reais”.

AE – Belchior, nós trouxemos alguns instrumentos, você aceitaria terminar a entrevista cantando uma de suas músicas que tocam diretamente ao momento atual do golpe que estanca o Brasil. Como somos seus fãs de carteirinhas, nós até poderíamos fazer o backing vocal. Mote e Glosa? Vamos nessa! Aí, moçada, acessante do Afinsophia e Esquizofia, um abração e beijos. Logo, logo estaremos novamente com Belchior “balançando o coreto”. Não é. Belchior (Ele balança a cabeça gargalhando)?

“é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo

é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo

é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo

é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo é o novo

passarim no ninho

(tudo envelheceu)

cobra no buraco

(palavra morreu)

você que é muito vivo

me diga qual é o novo

me diga qual é o novo

me diga qual é o novo

                            novo

                            novo

                            novo

me diga qual é o novo

me diga qual é

me diga qual é o novo

me diga qual é

me diga qual é o novo

me diga qual é”.

Obs: Embora Belchior tenha musicalizado várias letras de outros companheiros seus,  como por exemplo, Jorge Melo, Fausto Nilo, Francisco Casaverde, Gracco, até com o reacionário coxinha Fagner, entretanto, a maioria das letras aqui expostas são de sua autoria.

GABI AMARANTES, COMPOSITORA E CANTORA PARAENSE, MOSTRA EM VÍDEO O HINO LULA: “LULA, A VOZ QUE CLAMA POR JUSTIÇA E PAZ… PARA SEMPRE LULA, O BRASIL É LULA, SOMOS TODOS LULA”

 Sem palavras! Só o som da engajadíssima compositora e cantora paraense, Gabi Amarantes, com seu hino a Lula.

BANDINHA DO OUTRO LADO FAZ FESTA MOSTRANDO QUE É NETA SINGULAR-ORIGINAL DE DIONÍSIO

4360506631_cce515d11b_oEntre os vários vetores fluxos mutantes e quantas desterritorializantes da Associação Filosofia Itinerante (Afin) que agenciam há mais de 14 anos em Manaus produções-moventes como corpos de novas formas de existir, sentir, ver, ouvir e pensar, a Bandinha do Outro Lado é festa singular e original da potência dionisíaca.

p1090569 p1090574 p1090576 p1090577 p1090581 p1090584 p1090589 p1090590 p1090599 p1090600A Bandinha do Outro Lado se imbricou como corpo dionisíaco há nove anos na Rua Jaú do Bairro Novo Aleixo, zona Leste de Manaus. Uma das muitas regiões populacionais desassistidas pelos governos reacionários que se apossaram do estado do Amazonas e da capital Manaus. Na linguagem politicofastra (linguagem do falso político, o tagarela do Legislativo, Executivo e Judiciário, corpos alienados da democracia), é um curral eleitoral onde esses personagens exploradores da miséria do povo, que eles mesmos fomentam, conseguem suas eleições, reeleições constantes.

Desde sua inicial apresentação nas ruas do bairro que a Bandinha do Outro Lado se atualiza como real através das próprias criações das crianças. Suas fantasias são concebidas e elaboradas por elas. Certo que com o auxilio de alguns moradores. Como Dona Antônia, por exemplo.

p1090602 p1090604 p1090609 p1090622 p1090627 p1090640 p1090652Como a Afin é um corpo comunalidade e sua atuação é sempre um processual coletivo, não seria coerente a Bandinha do Outro Lado, como expressão do personagem que forneceu corpos para a emergência do Teatro Grego, a Filosofia e a Política, que os moradores ficassem fora da composição festeira de seus netos.

p1090653 p1090663 p1090665 p1090678Nesse carnaval, que apesar de Temer e seus cúmplices golpistas, a Bandinha do Outro Lado fez sua festa em outra zona abandonada pelos exploradores governantes: Bairro Nova Cidade, que de novo só tem o nome: segue a antiga violência administrativa de outras zonas que não têm seus direitos urbanos garantidos. Fica no extremo de Manaus. Agora, a Bandinha do Outro Lado se apresenta na última rua, número 72, do bairro no limiar da mata, fronteira com um cemitério indígena. Porém, a potência dionisíaca-contínua segue a movimentação intensiva da poieses.

p1090686 p1090690 p1090691 p1090697 p1090702 p1090723 p1090742 p1090749 p1090757 p1090761Aqui a letra desse ano do carnaval da Bandinha do Outro Lado. Carnaval que vibrou por todo Brasil em um uníssimo Fora Temer! Para o bem da Democracia!

     A Bandinha do Outro Lado está na Nova Cidade Ô, Ô,Ô

     Veio lá do Novo Aleixo com sua festa vontade Ô,Ô

     Para fazer o carnaval Dionísio da criança

     Por isso, ninguém vai ficar fora da dança.

     “Corre, corre lambretinha”,” se a canoa não virar”,

     “Eu vou pra Maracangalha” “abre alas que eu quero passar”

     “Viva o Zé Pereira, viva o carnaval,

      Viva o Zé Pereira que a ninguém faz mal”.

     Vejam algumas imagens dionisíacas.

  Vejam um breve vídeo. 

O HOMEM QUE MATOU LULA

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                                           Em memória de Dona Marisa Letícia

Imagino que começou assim. Eu deveria ter 4 ou 5 anos quando passando por uma rua com minha mãe vi um cachorro morto na sarjeta. Pela primeira vez minha atenção se fixou em um animal morto. Já havia visto outros, mas nunca minha atenção havia se fixado em um animal morto com tal grau de intensidade. E foi essa visão intensiva que me trouxe, também pela primeira vez, o questionamento sobre a morte.

Durante todo o trajeto de volta para casa, minha consciência era o cachorro morto. Não o cachorro morto em si, jogado na sarjeta, mas o sentido da morte emergido dele. O sentido impalpável, diferente de seu corpo na rua. Não era o cachorro, era um muito além que eu não sabia responder para mim.

Já em casa perguntei à minha mãe o que era a morte. Ela respondeu que era o fim da vida. O momento em que Deus termina a sua obra em relação ao que antes era vivente. Completando com a afirmação de que tudo que nasce morre. Minha mãe imaginando que minha pergunta se tratava de uma preocupação pessoal, procurou me confortar afirmando que eu não deveria me preocupar com a morte, porque eu era uma criança e ainda tinha muita vida para viver.

As afirmações de minha mãe foram boas para ela, na medida em que lhe confirmavam ser ela uma pessoa que acreditava ter preocupação com o filho. Todavia, para mim não acrescentaram nada a minha inquietação. Eu não era uma criança gênio, mas já havia experimentado os nascimentos e as mortes de dois gatinhos que um amiguinho tinha. Eles nasceram e viveram somente dois meses. O que minha mãe me dissera só afirmou o que antes eu havia vivenciado: a morte fora de mim.

Foi quando eu estava com 6 anos que a minha inquietação dirigida à morte com seus corpos físicos e metafísicos se dissiparam e em mim se revelou o que me conduziu durante a maior parte de minha existência: o impulso para matar. Foi exatamente no grupo escolar que senti friamente esse impulso. Havia na sala que eu frequentava um garoto valentão que metia medo nos outros colegas, principalmente nos mais fracos. Uma manhã, na hora do recreio, o vi batendo covardemente em um garotinho de uma série abaixo da que era eu aluno. Fui tomado por um afeto intenso que me causou medo. Aliás, foi o primeiro medo que tive.

Como se não fosse mais eu, peguei o valentão, que era muito maior que eu, libertei o garotinho de seus braços afastando-o para distante, e com força o joguei o valentão no chão. Ele se apavorou e revelou seu medo diante de mim. Hoje, depois de meus estudos filosóficos, entendi o que Sartre escreveu sobre a consciência empastada, coagulada, a consciência do sujeito tornado objeto pelo olhar do outro. Era essa a consciência do valentão: uma consciência que perdeu a liberdade. Pura facticidade.

Esse impulso, que me conduziu durante a maior parte de minha existência, não era o que alguns etologistas, como Konrad Lorenz chamam de instinto. E que foi aproveitado por Freud para desenvolver sua teoria tanática. Ou a luta de Eros e Morte, expressada também nos seus dois princípios: princípio do prazer e princípio de realidade. Ou ainda, a teoria da libido. Era impulso puro de querer matar que não era uma tensão que procura um alvo qualquer para descarregar e voltar a se energizar para outro ato homicida. Nada de estado compulsivo psicopata.

Com passar do tempo, ao entrar na adolescência, se afirmou mais o impulso. Então, com ele, procurei estudar autores que tratassem desse tema. Foi quando entrei em contato com a psicanálise que me levou logo ao berço de Édipo. O menino deseja a mãe, mas teme seu pai que é o senhor da mãe. Diante do temor ele toma o pai como rival, e como rival ele fantasia matá-lo para ficar com a mãe. É nesse momento que eclode no menino o medo de ser castrado pelo pai. O que Freud chama de complexo de castração. Foi também nessa fase que consegui comprar uma pistola alemã.

Foi então que comecei a me questionar: será que esse impulso tem um alvo específico e esse alvo é meu pai? Será que eu, como Édipo, devo matá-lo para me tornar livre e ser uma pessoa autônoma e viver minha existência em concreta liberdade? Compreendi que não era meu pai que deveria matar. Eu gosto muito dele e ele de mim. É um gosto recíproco que foi criado pela respeitabilidade que cada um tem pelo outro. Uma respeitabilidade distribuída nas relações com outras pessoas. Sim, não era meu pai que eu queria matar.

Cada percurso que eu ultrapassava mais se intensificava o impulso para matar. Depois que casei, terminei o curso superior, mestrado, doutorado e pós-doutorado, me fixei em um emprego que muito me gratifica, e tive os meus dois amores, duas meninas maravilhosas, em nenhum momento concebi que o impulso iria diminuir, porque já entenderá que o que ocorria comigo não estava nos signos que Sartre chama de realidade humana. E muito menos em um mundo teologicamente- metafísico.

Pois foi quando estudei Marx e compreendi com ele que o homem é ele, o Estado, a sociedade e o mundo, e encadeie essa concepção transmundana com o dizer de Nietzsche Ecce Homo, que concebi que quem eu deveria matar tinha que ser essa singularidade, no sentido que trata o filósofo Michel Serres.

Um dia me perguntei se não estava me equivocando acreditando que o impulso era para um homem. Será que, em verdade, quem eu deveria matar era uma mulher? Fiz o entendimento de minha relação com minha mãe e não concebi qualquer signo que indicasse ser ela. Nenhuma relação mística mariana. Nunca odiei qualquer mulher como nunca odiei qualquer homem, assim como jamais tive ciúme. O ódio é o pai da inveja e nunca tive inveja de ninguém. Muito antes de estudar o anti-psiquiatra sul-africano David Cooper que afirma que a inveja é querer ser o outro, e o ciúme querer ter o outro, eu já era assim.

Essa modalidade de existência me fez crer que o impulso de matar que procurava não era provocado por esses sentimentos expressos como sintomas de uma cruel repressão. Essa compreensão piorou meu estado, posto que os homens se destroem impulsionados por essas paixões tristes, como afirma o filósofo Spinoza.

Todavia, mesmo sabendo que o impulso para matar não era agenciado por essas paixões tristes, procurei observar homens considerados como importantes no Brasil. Quem sabe eu estivesse errado e algum deles fosse, na verdade, o que daria um fim ao meu impulso assassino com sua morte. Então, uma noite deitado no sofá da sala, liguei a TV sem qualquer interesse nas imagens exibidas, comecei a lembrar desses homens. Lembrei-me de Fernando Henrique, não presenciei qualquer singularidade. Moro, idem, também nenhuma singularidade que me impulsionasse a mata-lo. Dallagnol, idem, idem. Os ministros e ministras do Supremo Tribunal Federal (STF), também não. Rodrigo Janot, nada. Os irmãos Marinhos, nada de importante. Jornalistas da imprensa tida como dominante, também nada. Empresários, o mesmo. Temer, Serra, Aécio, Jucá, Renan, Sarney, Alckmin, Alexandre Moraes, Arthur Neto, Eduardo Braga, Omar Azi, Pauderney, Moreira Franco, Padilha, Geddel, todos os que participaram sem que nenhum me afetasse.

No transcurso desse desfile imagético, minha filha menor, chegou perto de mim me admoestando perguntando como eu tinha coragem e dignidade de ainda ligar em TV que fala contra Lula. Prestei atenção na TV e vi que era mais uma reportagem acusando Lula. Os milhões de pontinhos coloridos das imagens e o som metálico se fundiram em minha mente e um frêmito imperioso tomou conta de meu corpo e minha alma. Uma força envolvente me dominou. Fiquei parado não sei quanto tempo e ouvindo muito distante minha filha dizer que era Lula e ia desligar a televisão. Aos poucos fui adormecendo.

Meu sono foi continuamente conturbado com imagens e pessoas que não conseguia identificar. Foi aí que fui tomado de total surpresa. Acordei dominado por uma intensa alegria dizendo para mim que era Lula o homem que deveria matar. A certeza era tamanha que rapidamente fiz buscas sobre o endereço de Lula, e me certifiquei se ele estaria lá onde morava. Comprei a passagem e fui para São Bernardo. Hospedei-me em um pequeno hotel, e às dez horas em ponto estava na frente do prédio onde Lula.

Pensei entrar no prédio e ir logo ao encontro de Lula e acabar com o impulso assassino. Não precisou porque chegaram alguns trabalhadores e Lula apareceu na frente do prédio de bermudas, camisa da CUT e tênis. Foi chegando e sendo abraçados pelos trabalhadores que disputavam sua atenção. Com a mão no bolso esquerdo da calça, fiquei segurando a pistola. Não sei quanto tempo passou, mas fiquei paralisado quando vi Lula. Paralisia geral com sensação intensiva de deslocamento e quebra espacial-temporal. Síncope ontológica, diria Sartre.

O meu lugar, meu passado, os meus arredores, meus amigos, meus objetos, minhas ideias, minha morte, tudo como situação expressa pela liberdade e facticidade, o Para-si que se ultrapassa rumo ao ser do Em-si, como diz Sartre, tudo se dissipara. Não posso afirmar que fui nadificado, porque vivenciei minha volta ao Estar-no-Mundo. No mundo com Lula.

Voltei ouvindo Lula me chamar de companheiro pedindo que eu me aproximasse dos trabalhadores. Ele me abraçou e perguntou se eu era chegada a uma pinga, eu sou, mas não respondi. Ele lhe pegou pelo braço esquerdo e pediu que eu entrasse. Já na sala, olhei as paredes com fotos de dona Marisa Letícia. Ele me viu olhando as fotos e disse em um profundo suspiro, minha grande estrela companheira. Tomei um trago da melhor pinga que já provara, conversei com os trabalhadores, e quando já começava a noitecer, me despedi, e disse que tinha que ir para uma reunião em outro lugar. Lula me abraçou e me aconselhou para que eu tivesse cuidado.

Na rua, me senti como se tivesse pela primeira vez existindo. Tudo era tão claro e distinto. Tudo tão compreensivo e aconchegante, tão sublime. Era isso que eu procurava: o sublime. Meu impulso não era para matar um homem, mas encontrar um homem que me auxiliasse a matar, em mim, o homem-dogmaticamente paranoico que me impedia de existir autenticamente. E só Lula poderia realizar essa transmutação. O sublime-Lula era o movimento real, de Marx, a vontade de Potência, de Nietsche, o conatus, de Spinoza, o Devir-Povo. O corpo constituinte da democracia.

O júbilo! Lembrei-me do filósofo Clèment Rosset, com seu entendimento de júbilo como alegria a força maior. Era o que vivenciava. Jubilosamente dei um pulo sobre um bueiro e a pistola saltou de meu bolso caindo no bueiro disparando um tiro. Um grupo de jovens, ao ouvir o estampido, bradou eufórica, gol do Corinthians!

 

A AVENIDA PAULISTA É DO POVO EXPRESSADO PELO MTST

Ocupe a Avenida Paulista reverbera democracia como direito de todos, inclusive ter moradia digna de ser humano.

NOS 37 ANOS DO PARTIDO DOS TRABALHADORES BERTOLT BRECHT, AOS 119 ANOS, MANDA MENSAGEM A LULA

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“MAGNÍFICO É O QUE NO FOGO NÃO SE TORNA CINZAS”

                                                                     Bertolt Brecht. 

O COMPANHEIRISMO DE MANO BROWN A LULA: “FICA FORTE COMPANHEIRO PRECISAMOS DE VOCÊ. MEU PRESIDENTE”

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A questão é a escolhe original, afirma o filósofo Sartre, diferente de Freud que acredite que os traumas que determinam o homem na criança. É isto mesmo. Sartre tem razão: a questão é a escolha original. É a escolhe original que processará a escolha do homem e da mulher como dignos ou indignos.

 A escolha original do burguês é refletida pela sua forma indigna de tratar o mundo. Mano Brown foi uma criança pobre economicamente, mas sua escolhe original mostra o quanto era rico para poder, hoje como homem adulto, vivenciar o que é ser companheiro. Foi sua escolha original que o fez capaz de entender a dor de Lula. Sua humanidade, que vai além do conceito de o mundo é propriedade do senhores e a nação da classe burguesa dominante, lhe revelou o companheirismo.

    Reprodução/Instagram

A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO, DIANTE DA RUPTURA DO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA POR FORÇA DO DESGOVERNO GOLPISTA TEMER, DECIDIU REALIZAR GREVE NACIONAL NO DIA 15 DE MARÇO

 A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), frente aos desmandos provocados pelo desgoverno golpista-Temer, obstruindo direitos garantidos e impossibilitando avanços na educação, desmonte da Previdência Social, alteração nas leis Trabalhistas e outras violências contra os direitos do trabalhador brasileiro, decidiu tirar pauta de greve nacional depois do 33° Congresso Nacional da CNTE, ocorrido entre os dias 12 e 15 de janeiro de 2017. O dia escolhido foi o dia 15 de março.

  A CNTE, embora esteja preocupada com todos os retrocessos impostos ao povo brasileiro pelo irracional, estúpido e bruto desgoverno golpista-Temer, tem como pontos principais de seu combate sois seguimentos político-social-jurídico. Combate a proposta à reforma da Previdência defendida pelo desgoverno, e cumprimento integral da Lei do Piso Nacional do Magistério. 

    Hoje, dia 23 de janeiro, a CNTE publicou nota informando ao povo brasileiro e sua categoria a decisão pela greve nacional a partir do dia 15 de março.

     Leia a nota e divulgue se você é comprometida (o) com a sensibilidade, a inteligência e a ética do povo brasileiro.

O 33º Congresso Nacional da CNTE, ocorrido de 12 a 15 de janeiro de 2017, deliberou a deflagração de GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO, a partir de 15 de março. Os eixos centrais da greve são a nefasta Reforma da Previdência, encaminhada pelo governo golpista de Michel Temer ao Congresso Nacional (PEC 287/16), e o cumprimento integral da Lei do Piso Nacional do Magistério. Outras pautas serão agregadas nos estados e municípios, de acordo com as realidades locais.

O Congresso da CNTE considerou inevitável a realização da greve nacional em função dos desdobramentos do golpe jurídico-parlamentar e midiático no Brasil, que busca:

  • – Afrontar o Estado Democrático de Direito previsto na Constituição;
  • – Substituir as políticas de distribuição de renda por políticas de terceirização e privatização;
  • – Engessar o Estado brasileiro impedindo-o de promover o crescimento econômico por meio do congelamento dos investimentos por 20 anos;
  • – Impor uma REFORMA DA PREVIDÊNCIA que castigará a classe trabalhadora e os mais pobres do país, especificamente na educação as mulheres, patrocinando o desmonte da previdência pública e promovendo os fundos privados.

O golpe no Brasil teve por objetivo devolver o poder político às elites, abrindo caminho para a privatização de empresas públicas e das riquezas minerais, recolocando o país na agenda global do neoliberalismo, inclusive transferindo serviços e fundos públicos para o mercado, em especial os de educação, saúde e previdência.

Ademais, o golpe se mostra orquestrado na América Latina e requer a união dos/as trabalhadores e dos movimentos sociais para contrapor a hegemonia neoliberal e conservadora na Região. E a CNTE encampa a luta de resistência e luta com a urgência que a conjuntura necessita, esperando agregar outros atores sociais na greve nacional.

Portanto, a GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO caminha na perspectiva de fortalecer a construção da GREVE GERAL da Classe Trabalhadora, a ser convocada pelas centrais sindicais.

CALENDÁRIO DA GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO

– Demarcar o dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher) para realização de Assembleias Gerais nos sindicatos locais, com atos e passeatas para deliberar sobre o início da Greve em cada uma das redes de ensino do país.

– Até 14/03 – Mobilização de preparação da Greve Nacional da Educação.

– Dia 15/03 – indicativo para o início da Greve Nacional da Educação.

– Dia 25/03 – Reunião da Coordenação Nacional da Greve Nacional.

– De 27 a 31/03 – Período para as entidades filiadas à CNTE e entidades parceiras realizarem avaliações do movimento paredista.

 

FILMAGEM SÁDICA DE “QUATRO VIDAS DE UM CACHORRO” MOSTRA OBSCENIDADE ANTROPOMÓRFICA DA AMBIÇÃO DO LUCRO SOBRE OS ANIMAIS

peta

 O filósofo Jean Baudrillard mostra a obscenidade como êxtase do real. A dissipação do real pelo virtual. O fim da objetividade como referência dos sujeitos reais. A antropomorfização dos animais, atribuir sentimentos chamados humanos aos animais, é uma forma de obscenidade. O animal perde seu instinto natural, sua natureza, através da força obscena do homem.

 Desde pequena a criança, e os adultos e idosos de hoje, é obrigada a ter dos animais um entendimento “humanizado”. Cujo objetivo é tornar o animal seu parceiro. Principalmente quando é uma criança criada sozinha, sem irmãos, ou colegas com quem ela possa distribuir vivências reais.

    Antropomorfizados os animais foi fácil transformá-los em fonte de lucro. O circo é um cruel exemplo. Com a indústria cinematográfica, essa fonte de lucro foi super dimensionada. Disney que o diga. Sem essa violência contra os animais não haveria esse pseudo mundo infantil que é a Disney World. A ilusão compensatória de adultos cujas infâncias foram obstruídas. A mentira satisfatória, como diz Baudrillard, para o adulto acreditarem que existe um mundo adulto fora da Disney.

  Seguindo essa fonte perversa de lucro, o deus Mamon do capitalismo, a companhia de filmes Universal Pictures resolveu produzir o filme “Quatro Vidas de Um Cachorro”, que conta a luta do cachorro, personagem principal, por sua sobrevivência, e que será lançado no dia 28 de janeiro. Só que durante as gravações, o cachorro, melhor amigo do homem, homem que não alcançou o grau superior da amizade, é continuamente violentado para realizar os objetivos das filmagens que vão servir de adestramento sensorial e mental do público cúmplice. Que vai pagar o ingresso para confirmar sua cumplicidade antropomórfica. E voltar para casa, se tiver algum bichinho doméstico, para transferir sua cumplicidade ao amigo do lar.

   O técnico-homem das gravações, amigo do cachorro, tenta jogar o amigo de Lázaro – esse era amigo – em uma piscina simulando correnteza, mas o amigo de Lázaro se opõe à tortura. O técnico-homem não quer que o personagem principal tenha um momento de autonomia e o tenta jogar da água. O cachorro, amigo de Lázaro, reluta, mas é empurrado para o sadismo dos produtores do filme. Até que o cachorro afunda e os técnicos e a direção ficam preocupados. Preocupação não com o cachorro, é óbvio, mas a perca de lucro se o cachorro morre.

   O site TMZ obteve o vídeo e jogou na rede. A maior ONG do mundo responsável pela defesa dos animais A People For The Ethical of Animals (PETA) entrou em ação e já deflagrou o boicote ao filme que para ser realizado violentou o amigo de Lázaro. Daí, a lógica capitalista ser um estrondoso deboche contra o público: segundo os realizadores o filme é uma mensagem de amor pelos animais. Há quem goste desse tipo de “amor”, mas não os animais.

   Síntese da antropomorfização-fílmica: o mal contra o cachorro como forma de entretenimento para fortalecer o mal que é capitalismo.

    Vejam o vídeo, ouçam e constitua sua consciência defensora dos direitos à vida dos animais. E de quebra, se nega a seguir o êxtase do real, a obscenidade.

     E aqui o trailer do filme para os cúmplices da violência contra os animais. É tão bonitinho! Parece comigo.

A QUADRA MOMESCA ATIVA. ENQUANTO O BLOCO DE OLINDA FREVA O “FORA TEMER”, CAIADO, ACUSADO DE EXPLORAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO, QUER CPI CONTRA A IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE.

CARNAVAL

Imperatrizleopoldinense.com.br/Reprodução

“Sempre é carnaval, sempre é carnaval, vamos embora pessoal”. Fundado no ano de 1976 com o objetivo de contestar a ditadura civil-militar, o Bloco Eu Acho É Pouco”, de Olinda, continua mantendo a verve e o ativismo. É o que confirma a comemoração dos seus carnavalescos 40 anos.

Esse ano, estimulado pela contribuição alegórica dos golpistas, ele vai desfilar com indumentária ressaltando o golpista-mor: “Fora Temer”. Além de outras enunciações políticas na indumentária como “Lutaremos pela Liberdade Sempre”, Trumpocalipse, Golpe e Regresso, Por uma Mídia Democrática”. Enunciações que já se tornaram palavras de ordem e que são ressaltadas nas cores vermelho e amarelo. Cores do ouro.

Aqui a programação do Eu Acho é Pouco.

  • 4 de fevereiro: Baile Vermelho e Amarelo – Eu Acho é Pouco.
  • 25 de fevereiro: Eu Acho É pouco.
  • 27 de fevereiro: Eu Acho é Pouquinho.
  • 28 de fevereiro: Eu Acho é Pouco.

E fora do ritmo, já que burguês além de não descender de Dionísio, mas Mamon (deus da cobiça), sua alegria é compensatória como alimento material, lucro, e não a alegria que aumenta a potência de agir, como afirma o filósofo Spinoza, o senador Caiado (DEM/GO), fundador da União Democrática (imaginem que tipo de democracia) Ruralista (UDR), cuja família é acusada de exploração do trabalho escravo, vai propor ao Senado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar quem são os financiadores da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense que vem com o Samba Enredo criado pela sensibilidade, inteligência, ética e engajamento dos sambistas Moises Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senn. Não esquecer que Caiado, apesar de caiado, é campeão do agronegócio.

O Samba Enredo toca no tema explorador realizado pelo agronegócio que envolve as terras indígenas e quilombolas. Aí a represália do senador latifundiário.

Olha a letra e o áudio aí, gente! E com a participação especial do amazonense David Assayag que foi além do Boi Bumbá.

Compositores: Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna
Participação especial: David Assayag
Intérpretes: Tinga, Celino Dias, Tuninho Júnior e Tinguinha

BRILHOU… A COROA NA LUZ DO LUAR!
NOS TRONCOS A ETERNIDADE… A REZA E A MAGIA DO PAJÉ!
NA ALDEIA COM FLAUTAS E MARACÁS
KUARUP É FESTA, LOUVOR EM RITUAIS
NA FLORESTA… HARMONIA, A VIDA A BROTAR
SINFONIA DE CORES E CANTOS NO AR
O PARAÍSO FEZ AQUI O SEU LUGAR
JARDIM SAGRADO O CARAÍBA DESCOBRIU
SANGRA O CORAÇÃO DO MEU BRASIL
O BELO MONSTRO ROUBA AS TERRAS DOS SEUS FILHOS
DEVORA AS MATAS E SECA OS RIOS
TANTA RIQUEZA QUE A COBIÇA DESTRUIU

SOU O FILHO ESQUECIDO DO MUNDO
MINHA COR É VERMELHA DE DOR
O MEU CANTO É BRAVO E FORTE
MAS É HINO DE PAZ E AMOR
SOU GUERREIRO IMORTAL DERRADEIRO
DESTE CHÃO O SENHOR VERDADEIRO
SEMENTE EU SOU A PRIMEIRA
DA PURA ALMA BRASILEIRA

JAMAIS SE CURVAR, LUTAR E APRENDER
ESCUTA MENINO, RAONI ENSINOU
LIBERDADE É O NOSSO DESTINO
MEMÓRIA SAGRADA, RAZÃO DE VIVER
ANDAR ONDE NINGÚEM ANDOU
CHEGAR AONDE NINGUÉM CHEGOU
LEMBRAR A CORAGEM E O AMOR DOS IRMÃOS
E OUTROS HERÓIS GUARDIÕES
AVENTURAS DE FÉ E PAIXÃO
O SONHO DE INTEGRAR UMA NAÇÃO
KARARAÔ… KARARAÔ… O ÍNDIO LUTA PELA SUA TERRA
DA IMPERATRIZ VEM O SEU GRITO DE GUERRA!

SALVE O VERDE DO XINGU… A ESPERANÇA
A SEMENTE DO AMANHÃ… HERANÇA
O CLAMOR DA NATUREZA
A NOSSA VOZ VAI ECOAR… PRESERVAR!

 

FILÓSOFO E SOCIÓLOGO ZYGMUNT BAUMAN DA “MODERNIDADE LÍQUIDA”

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 Nascido no mesmo ano do filósofo francês Gilles Deleuze, 1925, o filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, casado com Janine Lawinson-Bauman no pó-guerra, que que ele participou, tem como sua mais consistente e difundida teoria a “modernidade líquida”. As formas de relações sociais na pós-modernidade.

      “Viver entre uma multidão de valores, normas e estilo de vida, em competição, sem uma garantia firme e confiável de estarmos certos é perigoso e cobra um alto preço psicológico”, mostra o filósofo no seu Amor Líquido.

  A modernidade líquida apresenta uma pós-modernidade onde predomina o individualismo impondo corpos antagônicos nas relações sociais. Uma clara deferência ao que se experimenta hoje, como no Brasil do golpe. O filósofo é um ativo militante que luta contra todas as formas de antidemocracias, e principalmente contra a tirania do capitalismo.

    Seu último livro apresentado no Brasil foi “A Riqueza de Poucos Beneficia Todos Nós?”. O corte existencial de Zygmunt Bauman dado na linha do tempo cronológico é 91 anos, mas na intensidade aion é infinito.

   “O capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento.

     Numa sociedade de consumo, compartilhar a dependência de consumidor – a dependência universal das compras é a condição sine qua non de toda a liberdade individual.  Acima de tudo na liberdade de ser diferente, de “ter identidade.1

(…) um comercial de TV mostra uma multidão de mulheres com uma variedade de penteados e cores de cabelos, enquanto o narrador comenta: “Todas únicas; todas individuais; todas escolhem X” (X sendo a marca anunciada de condicionador). O utensílio produzido em massa é a ferramenta da variedade individual. A identidade – “única” e “individual” – só pode ser gravada na substância que todo o mundo comprar que só pode ser encontrada quando se compra. Ganha-se a independência rendendo-se.

   A tarefa é o consumo, e o consumo é um passatempo  absolutamente e exclusivamente individual, uma série de  sensações que só podem ser experimentadas – vividas –  subjetivamente. As multidões que enchem os interiores dos “templos de consumo” de George Ritzer são ajuntamentos, não  congregações, conjuntos, não esquadrões; agregados, não totalidades. Por mais cheios que possam estar, os lugares de consumo coletivo não têm nada de “coletivo”.

Numa sociedade sinóptica de viciados em comprar/assistir, os pobres não podem desviar os olhos; não há mais para onde olhar. Quanto maior a liberdade na tela e quanto mais sedutoras as tentações que emanam das vitrines, e mais profundo o sentido da realidade empobrecida, tanto mais irresistível se torna o desejo de experimentar, ainda que por um momento fugaz, o êxtase da escolha. Quanto mais escolha parecem ter os ricos, tanto mais a vida sem escolha parece insuportável para nós.

Claude Lévi-Strauss, o maior antropólogo cultural de nosso tempo, sugeriu em“Tristes trópicos” que apenas duas estratégias foram utilizadas  na história humana quando a necessidade de enfrentar a alteridade dos outros surgiu: uma era a antropoêmica, a outra antropofágica.

A primeira estratégica consiste em “vomitar”, cuspir os outros vistos como incuravelmente estranhos e alheios: impedir o contato físico, o diálogo, a interação social e todas as variedade de commercium, comensalidade e connumbium. As variantes extremas da estratégia “êmica” são hoje, como sempre, o encarceramento, a deportação e o assassinato. As formas elevadas, “refinadas” (modernizadas) da estratégia “êmica” são a separação espacial, os guetos urbanos, o acesso seletivo a espaços e o impedimento seletivo a seu uso.

A segunda estratégia consiste numa soi-disant “desalienação” das substâncias alheias: “ingerir”, “devorar” corpos e espíritos estranhos de modo a fazê-los, pelo metabolismo, idênticos aos corpos que os ingerem, e portanto não distinguíveis deles. Essa estratégia também assumiu ampla gama de formas: do canibalismo à assimilação forçada – cruzadas culturais, guerras declaradas contra costumes locais, contra calendários, cultos, dialetos e outros “preconceitos” e “superstições”. Se a primeira estratégia visava ao exílio ou aniquilação dos “outros”, a segunda visava à suspensão ou aniquilação de sua alteridade.

Em um dos maiores sucessos entre os popularíssimos livros de autoajuda (vendeu mais de 5 milhões de cópias desde a publicação em 1987), Melody Beattie adverte/aconselha seus leitores: “A maneira mais garantida de enlouquecer e envolver-se com assuntos de outras pessoas, e a mais mais rápida de tornar-se feliz é cuidar dos próprios”. O livro deve seu sucesso instantâneo ao título sugestivo(Codependent no More), que resume seu conteúdo: entrar resolver os problemas de outras pessoas nos torna dependentes, e a dependência oferece reféns ao destino – ou, mais precisamente, há coisas que não dominamos e há pessoas que não controlamos; portanto, cuidemos de nossos problemas, e apenas de nossos problemas, com a consciência limpa.

Há pouco a ganhar fazendo o trabalho de outros, isso desviaria nossa atenção do trabalho que pode fazer senão nós mesmos. Tal mensagem soa agradável – como uma confirmação, uma absolvição e uma luz verde necessária – a todos os que, sós, são forçados a seguir, a favor ou contra seu próprio juízo, e não sem dor na consciência, a exortação de Samuel Butler: “No fim, o prazer é melhor guia que o direito e o dever”.

Ao fim da sessão de aconselhamento, as pessoas aconselhadas estão tão sós quantos antes. Isso quando sua solidão não foi reforçada: quando sua impressão de que seriam abandonadas à sua própria sorte não foi corroborada e transformada em uma quase certeza. Qualquer que fosse o conteúdo do aconselhamento, este se referia a coisas que a pessoa aconselhada deveria fazer por si mesma, aceitando a inteira responsabilidade por fazê-las  de maneira apropriada, e não culpando ninguém pelas consequências desagradáveis que só poderiam ser atribuídas a seu próprio erro ou negligência.

A infame frase de efeito de Margaret Thatcher “não existe essa coisa de sociedade” é ao mesmo tempo uma reflexão perspicaz sobre a mudança no caráter do capitalismo, uma declaração de intenções e uma profecia auto-comprida: em seus rastros veio o desmantelamento das redes normativas e protetoras, que ajudavam o mundo em seu percurso de tornar-se carne. “Não sociedade” significa não ter utopia nem distopia: Peter Drucker, o guru do capitalismo leve, disse, “não mais salvação pela sociedade” – sugerindo (ainda que por omissão e não por afirmação) que, por implicação, a responsabilidade pela danação não pode ficar com a sociedade, a redenção e a condenação são produzidas pelo indivíduo e somente por ele – o resultado do que o agente livre fez de sua vida.

O mundo está cheio de possibilidade, é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos que nem o mais dedicado comensal poderia provar de todos. Os comensais são os consumidores, a mais custosa e irritante das tarefas que se pode pôr diante de um consumidor é a necessidade de estabelecer prioridades: a necessidade de dispensar algumas opções inexploradas e abandoná-las. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso e não da falta de escolha. “Será que utilizei os meios à minha disposição da melhor maneira possível”? Será que utilizei os meios à minha disposição da melhor maneira possível? É a pergunta mais assombrosa e causa insônia ao consumidor.

Ninguém ficaria surpreso ou intrigado pela evidente escassez de pessoas que se disporiam a ser revolucionários: do tipo de pessoas que articulam o desejo de mudar seus planos individuais como projeto para mudar a ordem da sociedade.

A tarefa de construir uma ordem nova e melhor para substituir a velha ordem defeituosa não está hoje na agenda – pelo menos não na agenda que se supõe que a ação política resida.

No seu último encontro anual, realizado em setembro de 1997 em Hong Kong, os diretores do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial criticaram severamente os métodos alemães e franceses para trazer mais gente de volta ao mercado de trabalho. Achavam que esses esforços iam contra a natureza “flexível do mercado de trabalho”. O que este requer, disseram, é a revogação de leis “favoráveis demais” à proteção do emprego e do salário, a eliminação de todas as “distorções” que se colocam no caminho da autêntica competição e a quebra da resistência da mão-de-obra a desistir de seus “privilégios” adquiridos – isto é, de tudo que se relacione à estabilidade do emprego e à proteção do trabalho e sua remuneração”, trechos da Modernidade Líquida.

“POR QUE QUEREM ME CALAR”, ARTIGO ESCRITO POR LULA

O mais importante personagem político – no sentido filosófico de político, nada platônico – do mundo,o arigó Lula, presenteia o brasileiro democrata com o artigo Por Que Querem Me Calar. Um produção literária-politica que mostra, com fineza o sentido nietzscheano de homem aristocrático: o homem forte, o diferente.

O homem que os ressentidos invejam e odeiam em função de sua grandeza. Lula o homem forte que os doentes, os de baixa potência de agir, os que foram oprimidos em suas infâncias, e tentam sublimar seus recalques com a delusão da respeitabilidade outorgada por seus iguais, expressa o que há de mais digno em quem a autoestima é devir-fluxo histórico. Lula, o homem em que a vida ativa o pensamento, e o pensamento afirma a vida, como diz o filósofo da Vontade de Potência, Nietzsche.

Por Que Querem Me Calar, um artigo “para os espíritos livres”.

Em mais de 40 anos de atuação pública, minha vida pessoal foi permanentemente vasculhada – pelos órgãos de segurança, pelos adversários políticos, pela imprensa. Por lutar pela liberdade de organização dos trabalhadores, cheguei a ser preso, condenado como subversivo pela infame Lei de Segurança Nacional da ditadura. Mas jamais encontraram um ato desonesto de minha parte.

Sei o que fiz antes, durante e depois de ter sido presidente. Nunca fiz nada ilegal, nada que pudesse manchar a minha história. Governei o Brasil com seriedade e dedicação, porque sabia que um trabalhador não podia falhar na Presidência. As falsas acusações que me lançaram não visavam exatamente a minha pessoa, mas o projeto político que sempre representei: de um Brasil mais justo, com oportunidades para todos.

Às vésperas de completar 71 anos, vejo meu nome no centro de uma verdadeira caçada judicial. Devassaram minhas contas pessoais, as de minha esposa e de meus filhos; grampearam meus telefonemas e divulgaram o conteúdo; invadiram minha casa e conduziram-me à força para depor, sem motivo razoável e sem base legal. Estão à procura de um crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar.

Desde que essa caçada começou, na campanha presidencial de 2014, percorro os caminhos da Justiça sem abrir mão de minha agenda. Continuo viajando pelo país, ao encontro dos sindicatos, dos movimentos sociais, dos partidos, para debater e defender o projeto de transformação do Brasil. Não parei para me lamentar e nem desisti da luta por igualdade e justiça social.

Nestes encontros renovo minha fé no povo brasileiro e no futuro do país. Constato que está viva na memória de nossa gente cada conquista alcançada nos governos do PT: o Bolsa Família, o Luz Para Todos, o Minha Casa, Minha Vida, o novo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Programa de Aquisição de Alimentos, a valorização dos salários – em conjunto, proporcionaram a maior ascensão social de todos os tempos.

Nossa gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não menos direitos.

“Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram”

Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito.

Jamais pratiquei, autorizei ou me beneficiei de atos ilícitos na Petrobras ou em qualquer outro setor do governo. Desde a campanha eleitoral de 2014, trabalha-se a narrativa de ser o PT não mais partido, mas uma “organização criminosa”, e eu o chefe dessa organização. Essa ideia foi martelada sem descanso por manchetes, capas de revista, rádio e televisão. Precisa ser provada à força, já que “não há fatos, mas convicções”.

Não descarto que meus acusadores acreditem nessa tese maliciosa, talvez julgando os demais por seu próprio código moral. Mas salta aos olhos até mesmo a desproporção entre os bilionários desvios investigados e o que apontam como suposto butim do “chefe”, evidenciando a falácia do enredo.

Percebo, também, uma perigosa ignorância de agentes da lei quanto ao funcionamento do governo e das instituições. Cheguei a essa conclusão nos depoimentos que prestei a delegados e promotores que não sabiam como funciona um governo de coalizão, como tramita uma medida provisória, como se procede numa licitação, como se dá a análise e aprovação, colegiada e técnica, de financiamentos em um banco público, como o BNDES.

De resto, nesses depoimentos, nada se perguntou de objetivo sobre as hipóteses da acusação. Tenho mesmo a impressão de que não passaram de ritos burocráticos vazios, para cumprir etapas e atender às formalidades do processo. Definitivamente, não serviram ao exercício concreto do direito de defesa.

Passados dois anos de operações, sempre vazadas com estardalhaço, não conseguiram encontrar nada capaz de vincular meu nome aos desvios investigados. Nenhum centavo não declarado em minhas contas, nenhuma empresa de fachada, nenhuma conta secreta.

Há 20 anos moro no mesmo apartamento em São Bernardo. Entre as dezenas de réus delatores, nenhum disse que tratou de algo ilegal ou desonesto comigo, a despeito da insistência dos agentes públicos para que o façam, até mesmo como condição para obter benefícios.

A leviandade, a desproporção e a falta de base legal das denúncias surpreendem e causam indignação, bem como a sofreguidão com que são processadas em juízo. Não mais se importam com fatos, provas, normas do processo. Denunciam e processam por mera convicção – é grave que as instâncias superiores e os órgãos de controle funcional não tomem providências contra os abusos.

Acusam-me, por exemplo, de ter ganho ilicitamente um apartamento que nunca me pertenceu – e não pertenceu pela simples razão de que não quis comprá-lo quando me foi oferecida a oportunidade, nem mesmo depois das reformas que, obviamente, seriam acrescentadas ao preço. Como é impossível demonstrar que a propriedade seria minha, pois nunca foi, acusam-me então de ocultá-la, num enredo surreal.

Acusam-me de corrupção por ter proferido palestras para empresas investigadas na Operação Lava Jato. Como posso ser acusado de corrupção, se não sou mais agente público desde 2011, quando comecei a dar palestras? E que relação pode haver entre os desvios da Petrobras e as apresentações, todas documentadas, que fiz para 42 empresas e organizações de diversos setores, não apenas as cinco investigadas, cobrando preço fixo e recolhendo impostos?

Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública.

Tento compreender esta caçada como parte da disputa política, muito embora seja um método repugnante de luta. Não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil.

É necessário frisar que nós, do PT, sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na prática.

Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o crime organizado. Isso é reconhecido até mesmo pelos procuradores que nos acusam.

Tenho a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o país.

UNE FAZ CONVOCAÇÃO PARA O DIA NACIONAL DE LUTA DO MOVIMENTO EDUCACIONAL

 

Escute e veja o vídeo em que Moara Correia, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) convoca a categoria para o Dia Nacional de Luta do Movimento Educacional.

MANIFESTANTES ENTREGARAM AOS TRANSEUNTES, NA FRENTE DO EDIFÍCIO DA UNU, ONDE TEMER TAGARELOU, O MANIFESTO: “GOLPE – ANTOLOGIA MANIFESTO”

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Todo homem carrega em si sua própria alma. Nenhum homem escapa de sua alma. Onde o homem vai sua alma vai com ele. Pode-se dizer que se trata de um estado paranoico intrínseco que vai além da vontade desse tipo de homem. Certo que a alma não é companhia apenas do homem paranoico, já que ela também acompanha os homens livres como liberdade.

          O golpista-mor Temer é do tipo primeiro de homem com a alma paranoica. Mas é preciso entender que ela lhe persegue paranoicamente só porque ele foi seu próprio criador ao conceber seu ato sórdido de usurpar o governo Dilma eleito com mais de 54 milhões de votos. Não, ela lhe persegue em uma vontade além dele. A vontade dos que não aceitam seu ato sórdido. Daí que a presença contínua de pessoas se manifestando contra ele em todos os lugares até onde ele não se encontra, é paranoica por se endereçar a ele. E não paranoia dos manifestantes.

       Hoje, dia 20, quando tagarelou (para o filósofo Nietzsche, tagarelar é falar sobre aquilo que não se superou, tudo que é Temer: tagarela o que não superou) na Organização das Nações Unidas (ONU), manifestantes distribuíram na frente do edifício o manifesto Golpe – Antologia Manifesto. Uma obra artística composta por poesias, artigos, charges, fotografias, etc. cujo objetivo-didático é mostrar como se processou o golpe.

         A obra-manifesto conta as presenças da cartunista Laerte, humorista Gregório Duvivier, o chargista André Darmer, a escritora Denise Bottman, entre outros e outras e conta com o prefácio da filósofa Márcia Tiburi.

        Que alma essa de Temer. E pior, ela é imortal.

 

OS VERDADEIROS PALHAÇOS PROFISSIONAIS DO BRASIL DIVULGAM CARTA DE REPÚDIO CONTR O FALSO PALHAÇO GOLPISTA E MISÓGINO TIRIRICA. A ABERRAÇÃO DA ARTE CIRCENSE

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No momento em que as aberrações se mostram ousadas, sem qualquer brio – não poderiam ter – que possam ser tidas como seres de humanidade, já que a democracia é o reflexo político maior da humanidade, protestar contra o falso palhaço, golpista e misógino Tiririca é querer transformar o impossível em realidade, posto que Tiririca é só mais um na trupe dos pervertidos partidários que promovem o golpe contra a democracia representada por Dilma e o povo brasileiro.  

Mesmo assim, é importante que os palhaços profissionais que sabem o que é a arte do humor como potência criadora, divulguem a carta de repúdio ao falso e estúpido Tiririca.

“Ao Excelentíssimo Senhor Tiririca Deputado Federal

Senhor Deputado,

Nós, palhaças e palhaços profissionais, brasileiros e estrangeiros engajados na defesa da democracia do Brasil, manifestamos nossa mais completa insatisfação e repúdio em relação à postura e ao voto de V.Exa na votação do processo de impeachment do último domingo, 17 de abril de 2016.

Como o senhor bem sabe, nossa profissão se baseia, acima de tudo, na verdade e na honra com a qual o artista se dirige a seu público.

O que certamente nos diferencia do senhor, na atual situação de nosso país, é a coragem ética com a qual nós, ao contrário de V.Exa, lutamos pela consolidação da, ainda frágil, democracia brasileira.

Sabemos perfeitamente que, em nosso sistema constitucional, não se pode derrubar um governo simplesmente porque não se concorda com sua política. É preciso que se prove a existência de crime de responsabilidade. E tal noção de crime, forjada do dia para noite, em uma Câmara cujo presidente é investigado na operação Lava Jato, arranha consideravelmente a legitimidade de um processo que se pretende honesto.

V.Exa não quer, ou não tem interesse em observar esses fatos com isenção, honra e justiça. Daí nossa brutal e essencial diferença.

Portanto, deputado Tiririca, trocando em miúdos: no último domingo, lamentavelmente, o senhor não representou os palhaços e palhaças profissionais, envergonhando aqueles que buscam honrar o seu ofício de levar alegria ao povo brasileiro”.

Assinam esta carta, as entidades circenses, os coletivos de circo e da palhaçaria e os artistas abaixo:

Cooperativa nacional de CircoCooperativa Paulista de TeatroHugo Possolo e Raul barretto – Parlapatões Patifes e Paspalhões – SP Fernando sampaio – Cia. La mínima – SPesio magalhães e tiche vianna – Barracão Teatro – SP – Campinas
fernando yamamoto – cLOWNS DE SHAKESPEARE – RN
Lily curcio – Seres DE LUZ – sp – cAMPINAS
dagoberto feliz e suzana aragão – folias d´arte – sp
Vera Abbud – As Graças – sp
VAL DE CARVALHO – Coletivo SampalhAças – SP
paulo federal – Casa 360 – Espaço de Arte e bem estar – sp
SILVIA LEBLON – NA Companhia dos anjos – sp – campinas
christiane paoli quito – professora da escola de arte dramática/eca-usp
bete dorgam – professora da escola de arte dramática/eca-usp
Angel Bonora Jorda – Espanha.
Angela de Castro – Inglaterra
Claudio Carneiro – Cirque du Soleil
Ivan Prado – PORTAVOZ INTERNACIONAL DE PALLASOS EM REBELDIA
Duo Finelli – EUA
giovanni foresti – oucloup – itália
Erin Leigh Crites – EUA
Daniela barros – RJ
ÂNGELO BRANDINI – SP
CHRISTIANE GALVAN -SP
VERA LUCIA RIBEIRO – aS MARIAS DAS GRAÇAS – RJ
eSTUDANTES DO INSTITUTO DE ARTES DA UNESP
Festival dos Inhamuns de Circo, Bonecos e Artes de Rua – CE
Circo Escola Lona da Maria – Ce – Itapipoca
MOVIMENTO POPULAR ESCAMBO LIVRE DE RUA – Brasil
ANEPS (Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde) – SC
Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca – ce
Associação de Artes Cênicas de Itapipoca -AARTI- Ce
CIRCO GUARACIABA – SP – SOROCABA
CIRCO KOSKOSWISK – SP – SOROCABA
Cia. Balé Baião – ce
Arte JUCÁ – ce
CERVANTES DO BRASIL – CE
Coletivo M´Boitata – MS – Dourados
paola mussati – cia. pelo cano – sp
lUCIANA vIACAVA – cia do ó – sp
Instituto hahaha – Mg
bando de palhaços – rj
lona bamba – sp
Dona Zefinha – ce
circo klenquen – SP
forças armadas – sp
circo di só ladies – sp
CIA. Cromossomos – SP
Circo do Asfalto – SP – São Bernardo do Campo
Coletivo Bassusseder – SP
Cia Vôos – Sp
Esquadrilha da risada – sp
Cia. da Reprise – sp
Exército contra nada – sp
clowbaret – sp
Cia. Maravilhas – PE
Cia. Humatriz – PE
Las cabaças – pará – brASIL
CIRCOVOLANTE – MG
Grupo Off-Sina – RJ
Cia do Solo – RJ
Núcleo Artístico Gema – RJ
Cia Theatro em Cena – MT
Companhia Cênica Ventura – RN
Grupo Teatral Nativos da Terra Rasgada – SP – sorocaba
Charanga Mutante – rj
BANDO LA TRUPE- RN
CIA. CIRANDUÍS – Rn
CIA. ARTE E RISO DE UMARIZAL – rn
CIA ARTE VIVA DE SANTA CRUZ – rn
GRUPO CAFURINGA DE RECIFE – pe
MOVIMENTO CHÁ, CAFÉ, PROSEADO – rn
CENOPOESIA TRAK-TRAK – rn
Palhaço Gourmet – pr
Circo Rodado – prColetivo Miúdo – pr
CIRCOVOLANTE – Mg
PALHAÇO CUS-CUZ – JUNIO SANTOS – BRASIL
Cia. Gêmea – Mg
Coletivo VagaMundo – Rs

 

CHICO VAI PROCESSAR O JANOTA GUILHERME MOTA QUE USOU SEU SENTIDO DE EXISTÊNCIA PARA TENTAR ATINGÍ-LO

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Simples, muito simples de saber e entender. Em uma noite de dezembro Chico saia de um restaurante no Leblon, Rio, com alguns amigos quando um grupo de malogrados impulsionados por seus valores nazifascistas, o atacaram. Entre o grupo se encontrava o janota malogrado Guilherme Junqueira Mota, que é filho de um usineiro, e recorrendo a sua sombra gastro-intestinal-anal, lançou ao Chico seu símbolo-fálico freudiano. Proferiu com a boca lambuzada a invectiva: Chico “merda!”.

Todo animal quando come, depois da metabolização tem os detritos dos alimentos tendentes à evacuação. Esses detritos são fabricados nos intestinos, depois lançados fora do corpo animal em forma material fecal, chamados de merda. Simples de entender. Mas não é tão simples quando não se sabe por que foram nominalizados os detritos fecais de merda e por que essa merda atrai milhões de pessoas. Por que essa merda é tão doce e agradável na boca dessas pessoas. O psicanalista Lacan diz que quando uma pessoa profere uma palavra ela sai pela boca. Elefante sai pela boca de quem falou. Merda sai pela boca de quem falou. Ora, se sai pela boca estava guardada como forma de prazer a não ser roubado. Logo, o merdeiro adora merda. O objeto de seu desejo é a merda.

Deixando Lacan de lado, vamos ao Freud a quem ele desdobrou com outra ordem linguística. Freud é o mestre da merda. Foi ele, juntamente com um de seus discípulos, Karl Abraham, e não esquecer a psicanalista Melanie Klein, que desenvolveu a teoria da libido anal. É aí a fonte da merda para Freud. Não é nem tanto as fezes. Fezes é matéria orgânica. O ânus, para Freud, é uma das áreas eróticas da criança. É pelo ânus que criança experimenta sua relação com os pais e os objetos. Seu ato de prender e soltar as fezes tem um significado amoroso-negador-erótico com os pais. A criança que teve uma relação difícil com seu ânus relacionado com os pais será um adulto que apresentará sintomas de tipos dominadores de caráter. O principal dele é ser capitalista. O guardador de fezes. O dinheiro é simbolicamente fezes. Depois vem o compulsivo por limpeza, justiça, ordem, disciplina, enquadramento, ajustamento, o julgador. Assim, se sabe com Freud, que o compulsivo por justiça não é justo por uma questão social-democrática, mas por uma síndrome anal que tem relação de ódio e inveja em relação aos pais. Para Freud e Karl Abraham, e não esquecer Melanie Klein, é nessa faze anal que são fincadas as bases da paranoia.

Então, Chico, muito beleza, sensível, inteligência acima dos merdeiros, sai do restaurante o tal do Guilherme joga merda em direção a Chico que só teve tempo de se abaixar, visto que ele já sabia do caráter dos que jogaram “merda na Geni”. Ele é o pai da Geni e do Zepelim. Chico se desviou da merda, mas não gostou nada do fedor exalado da boca do janota malogrado. Por isso, vai processá-lo. Na verdade, a prefeitura do Rio deveria também processar o merdeiro, posto que ele poluiu a cidade com sua merda.

Nos dois processos, Chico também vai processar o falso jornalista João Pedrosa, o advogado dele vai colocar no início os versos da música de Chico O Injuriado.

“Dinheiro não lhe emprestei

Favores nunca lhe fiz

Não alimentei o seu gênio ruim

Você nada está me devendo

Por isso, meu bem, não entendo

Por que anda agora falando de mim”.

Escute a música e tire, junto com Chico, um bom sarro dos membros da confraria do Triunfo dos Escravos. Os impotentes, como diz o filósofo Nietzsche.

PAPAI NELSON NOEL DIZ ÀS CRIANÇAS QUE 2016 SERÁ MUITO MELHOR

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Poucos se enganam: o mundo construído pelo delírio capitalista de alguns sujeitos-sujeitados não é para criança. É um mundo em que a força da irracionalidade pelo lucro máximo coloca os adultos estúpidos como personagens e intérpretes principais. É um mundo em que a criança só é necessária quando é transformada em mercadoria através da falsa ludicidade caricaturada em “brinquedos” que a torna, como mercadorias, oral consumista compulsiva. Como impõe o ideário do lucro infinito capitalista.

Os rituais consumistas, como o natalino, servem de exemplo didático para se compreender essa máquina enferrujada, mas que ainda não perdeu sua funcionalidade molar. A funcionalidade que imobiliza todos os desejos de vida. Mas essa prisão de desejos autênticos não funcionaria eficazmente se não tivesse o amparo e o estímulo de governos cujas parcerias prontificam esse constante ajuste de suas peças indesejante. Governos que fluidificam as engrenagens que esmagam os desejos-naturais transformando-os em espectros de desejos expressados em suas mercadorias narcisadas como formas multifacetadas do capital. O universo dos objetos que brilham hipnoticamente com seu psicodelismo inebriador. Onde não há qualquer rastro de Cristo. A não ser o Cristo capitalizado. O que não é o Cristo filhos Maria. O revolucionário que fez os judeus e o Império Romano tremerem temerosos de seu Amor.

Nelson Noel 2012 (41)Nelson Noel 2012 (40)Nelson Noel 2012 (39)Nelson Noel 2012 (36)Como Manaus é um território do mundo, não poderia ser diferente. Manaus é um lugar também para adultos onde as crianças não são cuidadas como devem ser. Aliás, muitas delas são tratadas como alguns adultos entendem: com violência. Certamente, adultos parceiros de Eduardo Cunha na aprovação da redução da maioridade penal. Adultos que refletem também a falta de infância.

Dessa forma, em Manaus, existem crianças que tem outro tratamento pelos adultos. Ganham presentes, viajam para Disney, moram em condomínios, estudam em escolas particulares, tem plano de saúde, mas, em verdade, não podem ser tidas como essencialmente crianças, visto serem nada mais do que objetos onde seus pais projetam suas inseguranças de adultos muito bem capitalizados. Ou melhor, infantilizados pela força dos vícios burgueses. Adultos que quando crianças não experimentaram a dimensão superior da infância como devir criativo e distributivo, como dizem os filósofos franceses Deleuze e Guattari, encadeados com o filósofo alemão Nietzsche.

Nelson Noel 2012 (26)Nelson Noel 2012 (17)Nelson Noel 2012 (19)Nelson Noel 2012 (14)Nelson Noel 2012 (8)Quem habita Manaus, e não tem apenas um endereço, sabe disso, já que habitar é se tornar potência-criadora do território habitado em forma de comunalidade. Sabe que a criança, apesar das políticas para infância e adolescência criadas pelo governo federal, não é cuidada como deve, posto que criança é para ser cuidada pelos que alcançaram o grau da responsabilidade histórica do mundo. Tomar a criança como seu cuidado, é tarefa de que se responsabiliza pelo mundo. Ser seu companheiro oblativo e não captativo como forma policial-judicativa como fazem os adultos infantilizados. Assim, cuidar é ser responsável pela história que a criança está entrando para se tornar um adulto também responsável pela história. E é brincando, se satisfazendo, que a criança produz, junto com esse adulto, seus percursos que lhe tornarão um ser históricizado.

img_5519 img_5680A criança de Manaus, essa que não vai para Disney (melhor para ela), que mora nos bairros abandonados pelas alcunhadas autoridades (autoridade é quem trabalha com a razão no plano do diálogo, como diz a filósofa Hannah Arendt) não tem qualquer opção de entretenimento público. Quando essa criança quer entretenimento ela mesma cria nas ruas onde habita. Algumas vezes reúne umas moedas e vai a um parquinho de diversão que se instalou no bairro. Prefeitura, estado não têm um projeto de diversão gratuita para criança. A própria escola que deveria ser um território do entretenimento infantil, não é usada.

Pois foi exatamente analisando a situação da criança em Manaus que o empresário democraticamente lúcido e engajado, Nelson Rocha criou o personagem Papai Nelson Noel. Há 13 anos Papai Nelson Noel, no dia 24 de dezembro, percorre alguns bairros abandonados de Manaus, onde milhares de crianças se encontram com seus direitos a diversão e entretenimento negados, e distribui com a fantasia de Papai Nelson Noel, sorvetes e picolés. É a festa criada e comandada por Papai Nelson Noel e as crianças, e muitas vezes com a participação de alguns adultos que cuidam dessas crianças. O carro com Papai Nelson Noel em cima, acenando, desejando boas-festas, às vezes descendo do carro para abraçar as crianças, e quem aparecer pela frente para receber um abraço natalino, compõe o fator dionisíaco de um Cristo que não se metamorfoseou na cobrança, castigo, condenação, credor, mas na festa libertária.

Nelson Noel 2012 (13)Nelson Noel 2012 (11)Nelson Noel 2012 (9)Nelson Noel 2012 (2)altahxbmwd1smfeipavrujkk7wwdzl9podrs3fseov2evhu img_5493 altag6itwqdkg_pu3uk_3yze0n2bfbs7ndbf8mp8arwg7ckEntretanto, nesse natal de 2015, o Papai Nelson Noel não pôde se mostrar materializado às crianças. O seu criador passa por um momento existencial que lhe deixou impotente para fazer passar o personagem-coletivo, Papai Nelson Noel. Mas, ele mandou sua mensagem positiva às crianças.

No dia 24 de dezembro do ano de 2016, se Papai Nelson Noel permitir, ele estará atuando como Papai Nelson Noel. Palavra de Nelson Rocha.

LULA, DILMA E A SOCIEDADE ÉTICA SE SOLIDARIZAM COM CHICO BUARQUE QUE FOI AGREDIDO POR ABERRAÇÕE-URBANAS

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Chico Buarque é carioca que gosta não só de cantar e contar as coisas do Rio como também viver as coisas do Rio. Gosta do mar, da pelada, do bom papo, de fazer caminhadas, frequentar restaurantes, quiosques, tudo que o Rio oferece de sua alma urbana.

Então, eis que Chico deixa um restaurante no bairro do Leblon, onde mora, junto com amigos. Um Leblon de Chico que não é o mesmo de Aécio, dos estúpidos coxas. O Leblon de Chico é amistoso, pulsante de alegria. O de Aécio e inamistoso, imperioso, irracional.

Chico ao chegar à calçada foi abortado por duas aberrações-urbanas que passaram a lhe lançar invectivas. Entre eles o filho do empresário Álvaro Garnero, alcunhado de Alvarinho, e o falso rapper, Túlio Deck. Sem alcançarem os seus objetivos, porque Chico transcende às aberrações-urbanas, acreditaram que poderiam ofendê-lo relacionando-o ao Partido dos Trabalhadores. “O PT é bandido!”, aberraram as aberrações-urbanas. Chico retribuiu comentando que o PSDB é quem é bandido.

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As aberrações linguísticas dos aberrantes-urbanos, não são lá tão afetantes, visto serem projeções das mazelas que doem nos coxas. Clichês de frustrados e invejosos. Mas o que deve ser tomado como preocupante é a ousadia e a falta de respeito ao direito de uma pessoa se mostrar como é e onde quiser. Foi esse ato fascista que tocou o ex-presidente Lula, Dilma e sociedade ética que se solidarizou com Chico.

“É muito triste ver a que ponto o ódio de classe rebaixa o comportamento de alguns que se consideram superiores, mas não passam de analfabetos políticos. Apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia”, solidarizou-se Lula com Chico, e ainda cantou trecho da música revolucionária de Chico.

Solidariedade onde se entra também compromissado esse Blog Afinsophia.

CAETANO, AO DEFENDER SUA POSIÇÃO, FAZ AFIRMAÇÃO ERRADA AO DIZER QUE SARTRE E BEUAVOIR “MORRERAM POR ISRAEL” E ROGER WATERS ACREDITOU

Simone-de-Beauvoir-Jean-Paul-SartreAs apresentações de Caetano Velosos e Gilberto Gil em Israel continuam em questão. São inúmeros manifestantes no mundo que pedem para que a dupla reconsidere suas posições, e para isso mostram a perversidade, conhecida em todo mundo, que o Estado autoritário militarista de Israel vem impondo ao povo da Palestina. Além dos constantes bombardeiros, crianças, jovens, idosos e civis vêm sendo assassinados continuamente. Mas os dois estão resolutos e tentam apresentar argumentos, talvez nem tanto para convencer os que lhes pedem para desistir das apresentações, mas para eles se autoconvencerem.

O ex-líder do Pink Floyd Roger Waters, lhe enviou duas cartas tratando sobre o tema. Na primeira, ele realizava o pedido, na segunda ele respondeu o que Caetano argumentou para sua decisão. Caetano, que é tido, por si, e por alguns, mais do que é, para sustentar seu argumento usou uma afirmação muito distante da verdade. Ele afirmou que os filósofos franceses “Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir morreram pró-Israel”. E Roger Waters acreditou e respondeu afirmando que “até pode ser, mas isso foi naquele tempo, talvez à época eles não soubessem ou não compreendessem a brutalidade da ocupação da terra palestina”. Sartre é de 1905 e 1980. Simone de 1908 e 1986.

Em sua afirmação Caetano comete dois grandes erros. O primeiro é afirmar que os dois “morreram pró-Israel”. Não morreram, porque ninguém morre por ninguém. Cada mortal morre em si mesmo, como diz Sartre, em situação promovida por sua liberdade de ser humano. Nem Cristo, que era um revolucionário, morreu por nós, como inventou Paulo, para deixar Cristo pregado na cruz para com isso prender os incautos e propagar, pela culpa, a submissão dos fiéis. Segundo Sartre e Simone tinham, como existencialistas, como fundamento da existência a liberdade do homem. A escolha autêntica ou inautêntica ontológica do homem. O homem como existência que precede a essência. A existência autêntica é aquela que se escolheu em liberdade pelo homem. A existência inautêntica é aquela que se escolheu como malogro, má-fé, mentira, subterfúgios, fugas, medos, covardias como a existência burguesa.

Caetano cometeu o segundo erro porque não tem conhecimento da filosofia de Sartre e dos engajamentos pela liberdade dos povos juntamente com sua companheira necessária, Simone de Beauvoir. O povo é devir e como devir antecede o Estado que com sua máquina abstrata de sobrecodificação captura o povo transformando em segmentaridade dura – estratos, epistratos e paraestratos – através de corpos territorializantes distribuídos em instituições que formam e estabelecem comportamentos. O Estado é um poder de comando.

Como Caetano não estudou a filosofia de Sartre não sabe que ele, na década de 40,  escreveu uma obra chamada Reflexões Sobre O Racismo – I Reflexões Sobre a Questão Judaica. II Orfeu Negro. Na segunda reflexão Sartre trata do racismo contra os negros no mundo e sua condição oprimida diante do branco colonizador. Na primeira reflexão, que interessa para o tema em conta, ele examina, analisa, critica e mostra sua posição contra a condição fascista dos antissemitas. Sartre trata do povo e não do Estado. “O antissemitismo é uma livre e total escolha de si mesmo, uma atitude global que alguém adota não só em face dos judeus, como ainda dos homens em geral, da história e da sociedade; é, a um só tempo, uma paixão e uma concepção do mundo. Se trata de uma afecção de ódio e de cólera”, escreve Sartre. Em tempo: cabe bem aos fascistas que atacam o governo Dilma e o PT. E continua Sartre. “Todo antissemita é, portanto, numa medida variável, o inimigo dos poderes regulares; deseja ser membro disciplinado de um grupo indisciplinado; adora a ordem, porém a ordem social”. O antissemita escolheu o judeu como o mal que deve ser aniquilado para estabelecer a harmonia, fascista paranoica.

 E Sartre se mostra psicanalista existencialista – escreveu em sua obra inigualável O Ser E O Nada, um tomo com o título A Psicanálise Existencial – ao afirmar que “um dos seus componentes de seu ódio é uma atração profunda e sexual pelos judeus. Trata-se, antes de tudo, de uma curiosidade fascinada pelo Mal, que procede principalmente, creio eu, do sadismo”. Mas, Sartre, apresenta um convincente conceito do que é ser antissemita que serve para todas as formas nazifascistas, como as que ocorrem hoje no Brasil. “O antissemita é um homem que tem medo. Não dos judeus, certamente: de si próprio, de sua consciência, de sua liberdade, de seus instintos, de suas responsabilidades, da solidão, da modificação, da sociedade e do mundo, de tudo, salvo dos judeus. É um covarde que não quer confessar sua covardia; um assassino que recalca e censura sua tendência ao homicídio sem poder refreá-la e eu, no entanto, só ousa matar em esfinge ou no anonimato de uma multidão; um descontente que não se atreve a revoltar-se por receio das consequências da sua revolta. (…) O antissemitismo, em suma, é o medo diante da condição humana. O antissemita é o homem que deseja ser rochedo implacável, torrente furiosa, raio devastador: tudo menos homem”.

Esses breves enunciados tratam exclusivamente do povo judeu perseguido pelo antissemitismo mundial. Não trata de uma defesa do Estado de Israel como afirmou Caetano. Sartre, como filósofo da liberdade do homem, jamais poderia ter reduzido a sua luta em defesa de um só povo preterindo um outro povo. Que mostrem o povo argelino, o povo cubano, o povo russo e a até o povo brasileiro, porque não foi por turismo que veio ao Brasil em 1961. Sartre, já na década de 70, sabia que o Estado de Israel estava militarizando e tomando decisões contrárias a liberdade do povo palestino. Mas Roger Waters acreditou em Caetano também por não estudar Sartre.

O que os dois não sabem é que em 1967, Sartre e Simone, em suas muitas viagens pelo mundo sempre em condição de convidados políticos, visitaram o Cairo que fazia uma experiência socialista tendo como chefe Nasser, com quem Sartre conversou por mais de três horas. E visitou a Faixa de Gaza, que no tempo não mostrava as atrocidades de hoje promovida pelo Estado Militar de Israel. Em seguida, os dois filósofos, a convite de membros de partidos e movimentos esquerdistas, visitaram Israel, onde foram recebidos de forma acalorado por dois motivos. Um a importância internacional de Sartre, e outro pelo livro que escrevera contra o antissemitismo. Motivo que levou os israelenses a o chamarem de semitósofo. Nessa visita Sartre conversou uma hora e quinze minutos com o chefe do Estado de Israel. Visitaram também a experiência socialista dos Kibutzs, comunidades onde, principalmente as crianças tinham uma educação verdadeiramente socialista. Resultado: Sartre de manteve neutro na questão de Israel e Palestina, afirmando que havia viajado para aprender e não ensinar.  

O argumento de que Caetano é profundamente insustentável, porque ele não está entendendo a passagem de um Estado totalitário para um Estado fascista, como nós mostram os filósofos Deleuze e Guattari com o conceito de máquina de guerra. Uma máquina de guerra é um agenciamento de desejos que processa novas formas de existências fazendo com que corpos capturados por sobrecodificações molares, pontos paranoicos, buracos negros, através das linhas de fugas moleculares se manifestem em suas intensidades mutantes e desterritorializantes.

O que significa que um Estado totalitário, embora seja um corpo opressor, ele ainda mantém vizinhança, mesmo sem querer, com a máquina de guerra. Todavia, quando a máquina de guerra se transforma em máquina de guerra de destruição acaba o Estado totalitário para se manifestar paranoicamente uma máquina de destruição contra a vida. É o Estado fascista. É o Estado militar de Israel como poder paranoico contra o povo palestino. Uma máquina de guerra de destruição da vida palestina. Daí que tudo que Sartre afirmou sobre a patologia dos antissemitas cabe bem ao Estado militar de Israel. 

E o grande perigo de uma máquina de guerra fascista de destruição, como mostram os filósofos Deleuze e Guattari, é que ela não se satisfaz em matar apenas os que ela considera como inimigos. Ela deseja o fim de tudo, como mostraram os nazistas quando se viram derrotados. Destruir cidades, pontes, museus, laboratórios, poluir água, destruição total. Não importa que nós morramos, contanto que eles morram também. Como diz Sartre o fascista não quer o humano. Ele quer é a morte. 

Embora Roger Waters tenha sido iludido por Caetano, o que ele quer juntamente com a comunidade anti-nazifascista é a liberdade e o direito do povo palestino e não a condenação do povo judeu. Waters compreende a diferença entre povo e Estado fascista, mas Caetano confunde e ainda quer implicar Sartre e Simone de Beauvoir. Coisa de Caetano.


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Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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