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Quanto a perseguição a Lula pesou no AVC de Dona Marisa? Por Nathali Macedo

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Ler os comentários nas notícias dos grandes portais conservadores na internet é a maneira mais rápida e eficiente de se perder a fé na humanidade.

Abaixo das notícias sobre o estado de saúde de Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, por exemplo, há de tudo: desde sinceros votos de uma morte lenta e dolorosa para uma mulher de 66 anos internada na UTI, até um “só acredito dando um tapa na cara dela pra constatar.”

O mais curioso é que essas pessoas que se ocupam em desejar os mais horrendos destinos à Dona Marisa – e a quem quer que seja de alguma maneira ligado ao PT ou aos comunistas (?) – se auto-intitulam “cidadãos de bem”.

No Brasil, cidadãos de bem são aqueles que concordam com a pena de morte, a redução da maioridade penal e violência contra senhoras de 66 anos. São os que acreditam que o erro da ditadura foi torturar e não matar. Os conservadores cristãos, defensores da moral e dos bons costumes só procuram uma maneira qualquer de externalizar o ódio que já não cabe em si. É típico dos conservadores brasileiros não discutir política, porque não sabem fazê-lo, e limitar-se a espalhar ódio e mentiras.

“Roubaram tanto, que gastem no Sírio Libanês”, eles insistem. Qualquer evento, mesmo os que envolvem mortes, AVC’s ou o fim do mundo, é uma oportunidade para que os cientistas políticos de redes sociais sucumbam ao mesmo argumento de sempre: a culpa é de Lula.

A culpa pelo quê?

Para os insanos perseguidores, isso é o que menos importa.

Há dois tipos de pessoa: as que perseguem-no ferozmente, com seus respectivos ódios devidamente alimentados pela Rede Globo e as que, por empatia ou gratidão, o amam.

As pessoas do primeiro grupo não desejam apenas que ele seja derrotado politicamente, desejam que morra em um desastre aéreo antes de 2018 ou que perca os outro nove dedos. O ódio e a perseguição são tão concretos que foram dignos de uma nomenclatura própria e tudo: anti-lulismo.

O pior é que o ódio não fica no campo do desejo: se transfigura em ações, como o circo da condução coercitiva ordenada por Moro e festejada na mídia em 2016.

Pergunta-se: qual a responsabilidade dos anti-lulistas sobre a saúde de Dona Marisa? O quanto anti-petistas e os golpistas e os donos dos carros da Presidenta legítima com as pernas abertas devem se sentir responsáveis por seu estado de saúde? Quanto todos eles devem nessa conta?

Não importa. Ninguém liga. Humanidade é coisa de petralha.

O antipetismo é o Coliseu moderno: gente de bem, entediada, esperando o bom combate – de preferência com doenças e mortes macabras em aviões – para dar uma animada na vida.

Eu, que não me intitulo cidadã de bem – na atual conjuntura, trata-se de uma terminologia, digamos, perigosa – expresso à Dona Marisa os mais sinceros votos de boa recuperação. Expressaria-os, acreditem, mesmo se ela fosse casada com Serra.

Humanidade é – ou deveria ser – uma virtude apartidária.

NO VELÓRIO DE TEORI ZAVASCKI JOSÉ SERRA INCORPORA MARINA, MAS SEU SORRISO NÃO É SOBRENATURAL. SAQUEM A IMAGEM!

Velório de Teori Zavascki no dia 22.01.17 – Fonte DCM

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Marina no velório de Eduardo Campos. Fonte: Assis Ramalho

TEMER DÁ SINAIS QUE CAIRÁ BREVEMENTE; CASSADO PELO TSE OU PELA PRESSÃO POPULAR

Resultado de imagem para imagem da primeira reunião de Temer com Ministros

Na entrevista concedida a cinco entrevistadores alcunhados de jornalistas que chamam o patrão de companheiro, segundo Mino Carta, do jornal golpista O Globo, além dos atos falhos em se comparar com Carlos Magno confundindo com rei Artur, percebemos um Fora Temer obinubilado pelo poder.

Ele se sente poderoso quando naquela mesa oval se reúne com seus ministros.

Transparece nessa fala o recalque, o ser insignificante que foi nos últimos cinco anos um vice decorativo, uma rainha da Inglaterra.

Se comparou ao rei franco Carlos Magno se confundindo com César Augusto, Nero, Calígula, rei Artur da Távoa Redonda.

Todos imperadores, reis.

Os que existiram chegaram ao poder pela hereditariedade ou por golpe de Estado.

O que não existiu é obra da ficção.

O rei está nu.

Fora Temer ainda não se mudou do Jaburu, não usou a faixa presidencial e nem tirou a fotografia como presidente.

Temer sabe que não ficará no poder por muito tempo.

Isso ficou evidente na forma como se reportou aos dublês de jornalistas de O Globo:

Indagado sobre o golpe disse: “golpe não pegou”. Aliás, pegou como “movimento político” daqueles que apoiam o governo destituído. “Como movimento político é bem pensado até”, disse.

Segundo o GNN de Luis Nassif, “com tom de voz alterado, segundo a própria reportagem, Temer bateu na mesa “seguidas vezes” e exclamou: “Eu quero que explique o golpe. Eu quero debater o golpe, quero que tenham argumentos. Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade. Isso está infernizando o país. Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar. Para mim, é honroso (assumir a Presidência). Não é questão de vida ou morte.”

O Site continua: Em outra passagem, Temer disse que se for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral por crime na campanha de 2014 entregará a presidência “sem maiores problemas”. Mas, para ele, o ideal é que novas eleições só ocorram em 2018. O agora presidente disse que defender novas eleições é que é um “golpe”.

As manifestações estão infernizando o país.

Temos um golpista sitiado.

Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade.

Foto: Mídia Ninja

Quando em junho de 2013 ocorreram as manifestações contra a presidenta Dilma puxadas pelos coxinhas elas não se sustentaram. 

Os coxinhas no início do golpe até a votação na Câmara eles se manifestaram. 

Sentiram o golpe.

Agora está sendo diferente. A população está nas ruas na maioria das cidades e capitais brasileiras tendo como ponto de referência de megas manifestações São Paulo. 

As Frentes Brasil Popular, Povo Sem Meto e todos os movimentos sociais estão nas ruas no seu 14º dia direto se manifestando contra o golpe jurídico-parlamentar-partidários-midiático.

É golpe porque houve uma ruptura democrática. A Constituição brasileira foi desrespeitada.

Assim como no dia 11 de setembro de 1973 o golpista Augusto Pinochet derrubou e matou Salvador Allende no Chile, assim os senadores com aval do STF e da mídia golpista mataram a democracia brasileira e nossa soberania.

Mataram nossa soberania porque sem discussão nenhuma os golpista estão entregando para empresas transnacionais poços ricos em petróleo e o nosso pré-sal. Estão vendendo por um preço abaixo do mercado. Carcará grita: Fora Temer!

É golpe porque a PEC 241 impõe por um prazo de 20 anos qualquer investimen: to em educação, saúde, saneamento, habitação. Reajuste salarial. A maior preocupação dos golpistas é com o rentismo.

É golpe porque os direitos trabalhistas conquistados irão passar por mudanças que são ensaiadas e apresentadas pela imprensa e que já motivam uma grande paralisação de todas as categorias no dia 22 de setembro se aliando aos bancários que já se encontram em greve e aos carteiros e outras categorias que a partir de hoje também entrarão em greve.

É golpe porque a presidenta não cometeu crime. Ela foi tirada do governo porque os golpista precisavam parar a sangria que a Lava Jato estava provocando em suas hostes.

Uma prova para isso é a demissão do Advogado Geral da União golpista. Ele já declarou e está na revista golpista  Veja narrando essa história.

Se mister Fora Temer acha que as manifestações estão infernizando o país, para continuar a irascibilidade, São Paulo, ontem, domingo, dia 11 de Setembro deu mais uma demonstração de não aceitar o governo golpista e bradou: Fora Temer!

Além de São Paulo houve manifestações em Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife e em algumas cidades no estrangeiro.

E é golpe porque a Polícia Militar está barbarizando, prendendo, agredindo adolescente e jovens manifestantes assim como infiltrando informantes e agentes para provocar a polícia e depredar e depois responsabilizar as manifestações.

DILMA VAI AO SENADO DEFENDER GOVERNO POPULAR E A DEMOCRACIA CONTRA AS ABERRAÇÕES SENATORIAIS

Senadora, Ana Amélia do PP quer que Gleisi Hoffmann, parlamentar petista aponte quem “não tem moral” no Senado para julgar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com esse propósito vai ao Conselho de Ética do Senado. 

Quem não tem moral, segundo o site Congresso em Foco, e utilizado como fonte pelo Le Monde francês no seu editorial de sábado são pelos menos 26 senadores com ação penal no Supremo Tribunal Federal.

No dia 25, quinta-feira, ao iniciar o julgamento da presidenta Dilma Rousseff,  o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que conduziu a sessão, advertiu na ocasião os senadores: “Os parlamentares congregados nesta Casa de leis transmudam-se, a partir de agora, em verdadeiros juízes”.

O Site Congresso em Foco prossegue. “O novo figurino parece desconfortável a um terço do Senado. Um em cada três senadores que vão julgar a petista responde a investigações ou ações criminais no Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as acusações, corrupção, crime eleitoral, lavagem de dinheiro, desvio de verba pública e crime de responsabilidade – denúncia pela qual Dilma também responde.”

Dos 81 integrantes do Senado, 26 são alvos de inquérito ou ação penal no Supremo, a corte presidida por Lewandowski. Ao menos 13 senadores são suspeitos de participar do petrolão, o maior esquema de corrupção descoberto no país. Dos 24 que tinham pendência criminal na sessão que suspendeu o mandato de Dilma, em 12 de março, 18 votaram a favor do afastamento, e seis foram contrários.

As aberrações que desde a vitória da presidenta não assimilaram o nocaute despontam na lista do Site Congresso em Foco. São eles: Aécio Cunha, Aloysio Nunes, Benedito Lira, Cássio Cunha Lima, Ciro Nogueira, Dário Berger, Edison Lobão, Eduardo Amorim, Fernando Bezerra Coelho, Fernando Collor, Gladson Cameli, Ivo Cassol, Jader Barbalho, José Agripino Maia, Omar Aziz, Eduardo Braga, Renan Calheiros, Romário, Romero Jucá, Sérgio Petecão, Simone Tebet, Valdir Raupp.

Do lado da legalidade, aparecem: Gleisi Hoffman, Humberto Costa, Lindbergh Farias, Telmário Mota e Vanessa Grazziotin. As acusações contra estes que já mereceram esclarecimentos faz parte do golpe e não são degenerados.

A presidenta da República na sua fala no Senado  vai ressaltar  a “injustiça de ser condenada mesmo sendo inocente, falará de sua luta “democrática como compromisso desde sua juventude,” o “que lhe rendeu a tortura e a prisão no passado.” Afirmará contundentemente que “o governo usurpador está colocando em risco as conquistas sociais e os direitos do povo”. A presidenta não mencionará o golpista do Jaburu, mas vai ser incisiva que houve uma “conspiração” com o ex-vice papel de parede. Rousseff vai ratificar que a conspiração vem orquestrada pelas elites que foram derrotadas em 2014 e não aceitaram o resultado das urnas. Que o governo legítimo, eleito pelo povo é vítima dos golpistas; A mídia colaborou e inflou o ambiente político para o golpe. Afirmará que se reempossada convocará eleições gerais e citará o Caranguejo Eduardo Cunha como padrinho do golpe. Será um único citado nominalmente.O Diário do Centro do Mundo divulgou que  trinta e três pessoas confirmaram que estarão com ela como convidados. Em ordem alfabética:

1. Aldo Rebelo – ex-ministro da Defesa

2. Aloizio Mercadante – ex-ministro da Educação

3. Antonio Carlos Rodrigues – ex-ministro dos Transportes

4. Carlos Gabas – ex-ministro da Previdência e da Aviação Civil

5. Carlos Lupi – presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho

6. Daisy Barretta – assessora especial de Dilma Rousseff

7. Eleonora Menicucci – ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres

8. Eugênio Aragão – ex-ministro da Justiça

9. Giles Azevedo – ex-assessor especial da Presidência

10. Izabella Teixeira – ex-ministra do Meio Ambiente

11. Luiz Inácio Lula da Silva – ex-presidente da República

12. Jaques Wagner – ex-ministro da Casa Civil e do Gabinete da Presidência

13. Jorge Messias – ex-subchefe de Assuntos Jurídicos da Presidência

14. José Eduardo Cardozo – ex-ministro da AGU e da Justiça

15. Juca Ferreira – ex-ministro da Cultura

16. Luciana Santos – presidente do PC do B

17. Maria de Fátima Carneiro de Mendonça – mulher do ex- ministro Jaques Wagner

18. Maurício Muniz – ex-ministro da Secretaria Nacional dos Portos

19. Miguel Rossetto – ex-ministro do Trabalho

20. Miriam Belchior – ex-presidente da Caixa

21. Nelson Barbosa – ex-ministro da Fazenda e do Planejamento

22. Nilma Lino Gomes – ex-secretária de Igualdade Racial

23. Olímpio Antônio Brasil da Cruz – assessor de imprensa de Dilma Rousseff

24. Patrus Ananias – ex-ministro do Desenvolvimento Agrário 25. Paula Zagotta – assessora especial de Dilma Rousseff

26. Renato Rabelo – ex-presidente do PC do B

27. Ricardo Berzoini – ex-ministro da Secretaria de Governo

28. Roberto Stuckert Filho – fotógrafo oficial de Dilma Rousseff 29. Rui Falcão – presidente do PT

30. Sandra Brandão – ex-assessora especial da Presidência

31. Tereza Campello – ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome

32. Tiago Falqueiro – assessor especial de Dilma Rousseff

33. Wagner Caetano – ex-chefe do Gabinete de Crise do Planalto

Chico Buarque também deverá estar presente.

Desde o momento que se gestou esse golpe nunca capitulamos. E não capitularemos. Sempre tivemos um lado. Sempre estivemos do lado do governo popular do presidente Luis Inácio Lula da Silva, Luís Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Vanna Rousseff, Dilma Vanna Rousseff.

Combatemos sempre os nossos inimigos que são os vendilhões da pátria. Aqueles que foram derrotados nas urnas de 2014 e que agora com o golpista Temer estão entregando as riquezas do Brasil como o pré-sal para o capital internacional. O PSDB que não ganhou a eleição está comandando o desmonte do Brasil. E vai promover o maior ataques às conquistas da classe trabalhadora. Aumento da idade para aposentadorias, ataque à previdência social.

Esse governo golpista que assumiu como construtor de uma ponte para o futuro está levando o país a uma situação muito difícil. Disse que resolveria o problema do desemprego e já são passados mais de cem dias de desgoverno e não conseguiu governar. Saiu onerando a folha de pagamento do funcionalismo federal e depois não vai ter como pagar. É uma forma de inviabilizar o retorno de Dilma.

Como se trata de um governo antipopular vai acabar com vários projetos, benefícios, políticas públicas dos governos populares anteriores. O povo, como o do Piaui, do Amazonas, da Bahia, Ceará, Pernambuco já estão perdendo o Bolsa Família.

Ontem, domingo, foi noticiado o fim do programa Brasil Alfabetizado do Ministério da Educação comandado pelo DEM que possui o maior deputado  corrupto do Brasil Pauderney Avelino, segundo Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Esse deputado por aqui embolsou R$ 4,6 para pagamento de prédios particulares que funcionavam como escolas municipais administrada pelo prefeito amante de lutas como MMA e que quis surrar Lula, Artur Neto, prefeito da não cidade que é um só buraco chamada Manaus.

Governos antipopulares não investirão como fez Lula e Dilma. Nesses governos foram criadas 18 universidades, e mais de 417 Institutos Federais de Educação. FHC, social-democrata nunca fez isso. Lula e Dilma perceberam que através da educação o Brasil obteria seu desenvolvimento. Criaram-se as cotas para negros, índios. Foi criada uma das formas mais inteligentes de acesso às universidades. O ENEM. Um estudante pode escolher a universidade que deseja estudar. Através de incentivos veio o FIES e o PROUNI. A fome foi abolida, mas já está de volta. Há famílias com crianças que não possuem leite e nem massa para alimentação.

A partir do governo do presidente Lula, o que não aconteceu com FHC a valorização do salário mínimo. A indústria e o comércio se desenvolveram. Não tínhamos desemprego. A população comprou bens duráveis. O governo federal investiu em moradias, saneamento básico. Só em Manaus há vários condomínios Viver Melhor do Minha Casa Minha Vida. Não há investimento por parte do Estado e nem da prefeitura em Habitação.

Com Lula milhares de famílias viram pela primeira vez a eletricidade chegar às suas casas com o Luz para todos. Isso ocorreu em todo o Brasil. No Amazonas as lamparinas e as porongas são objetos de museus.

Famílias que nunca tinham acesso a médicos com o programa Mais Médico, foram atendidas e milhares de profissionais estrangeiros desbravaram nossos pais de norte a sul. Os médicos escondidinhos reclamaram. 

O SUS, o SAMU muito criticados são forma de prestação de serviços médico-hospitalares que em muitos países ricos não são oferecidos para a população. E no Brasil, mesmo com dificuldades, pois, os degenerados votaram contra a CPMF veio prejudicar esse atendimento.

Os degenerados, deputados e senadores atribuem à presidenta que ela é a responsável pela situação em que vive o país. Desemprego, por exemplo. Só que os degenerados, como arquitetaram o golpe desde 2014 o que eles puderam inviabilizar os projetos da atual presidente na Câmara e no Senado eles fizeram. A presidenta não teve como aprovar seus projetos. Os facínoras, tanto da Câmara como do Senado trabalharam para o quanto pior melhor.

Utilizaram a Lava Jato e a corrupção na Petrobras para atribuir as responsabilidades para a presidenta. A Lava Jato foi uma operação criada para investigar a onda de corrupção, mas que começou a prender grandes empresários e só pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. Quando as delações chegaram em Aécio, Renan, Sarney, Jucá, Henrique Alves, Quadrilha aí eles gritaram. Era preciso parar a sangria. Quando as delações de Léo Pinheiro chegaram em Aécio e Serra, Ministro e familiares do STF o psdebista Gilmar Mendes protestou. Nunca protestou quando o maior crime cometido que foi o vazamento do diálogo da presidenta veio a público. As delações da Odebrecht e da OAS estão paradas. Mas sabemos os motivos.

E são esses crápulas que votarão o golpe. São esses degenerados que preparam tudo. O PSDB pagou R$ 45 mil para Janaina Pascoal,  Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. Que deram entrada na Câmara onde o ressentido Eduardo Cunha aceitou e naquele 17 de abril encaminharam para o Senado o Processo. No Senado depois de diligências, seus técnicos constaram que os decretos não cometeram crimes, o Ministério Público também mandou arquivar porque não havia crime de responsabilidades por parte da presidenta e por último o Senador Randolfe constatou que  “Antônio Carlos D’Ávila, ex-auditor  do Tribunal de Contas da União (TCU), participou da elaboração da representação do documento a pedido do procurador Júlio Marcelo, o ‘informante’ que vem a ser “a principal peça de acusação contra a presidenta Dilma”. O começo da trapaça para a sordidez do golpe.” Luiz Gonzaga Belluzo diz que a presidenta despedalou. 

Para os golpistas não importa as mudanças promovidas pelos governos populares. Não importa a fraude, a falsidade ideológica como está na peça do imprestável relatório de Antônio Anastasia, pois não há crime cometido pela presidenta, mas eles criaram um crime e o que é pior, inaceitável, é que  o Supremo Tribunal Federal, para eles legitima o golpe. Para nós o STF faz parte do conluio com os degenerados, as anomalias senatoriais que falam em ética e moral.

Diante de toda esta explanação já temos motivos para dizer que a imagem dos senadores brasileiros no exterior aparecem como ladrões chargeados no New York Times como ratos atacando a presidenta e no Le monde como golpe ou farsa. E a Senadora golpista Ana Amélia, do PP gaúcho foi eleita, apoiada pela RBS ligada à TV Globo golpista e sonegadora de impostos que deverá pagar o pato da FIESP e que também está envolvida no trambique do CARF. É senadora, a senhora é a pessoa certa para ir ao Conselho de Ética contra Gleisi Hoffmann e colaborar mais ainda para a imprensa internacional elogiá-los como ladrões e corruptos.

 

 

TREMENDO TEMER CHEGOU NO MARACANÃ E TREMEU MAIS AO SOM AUTÊNTICO DAS VAIAS. ZEUS NÃO FOI, MAIS MANDOU SEUS POETAS AO OLIMPO COMANDADOS POR DIONÍSIO

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Não adiantou retardar sua viagem de Brasília para o Rio de Janeiro. Temer foi vaiado intensivamente na abertura e não adiantaram recursos tecnológicos para abafar as vaias e simular aplausos. A vida se  mostrou superior à tecnologia virtual.Temer em menos de 10 segundos de pronunciamento recebeu uma estrondosa vaia e maldisse Zeus.

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Durante o dia todo as organizações Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular e vários outros movimentos contrário ao golpe jurídico-partidário-midiático permaneceram nas ruas do Rio de Janeiro protestando contra os golpistas.

O governo golpista conhecedor do que sofreria no evento  se preparou para o pior. Foi derrotado nas vaias, e pela repressão manteve  os manifestantes afastados do Maracanã, mas não das outras ruas do Rio de Janeiro onde as questões democráticas são tratadas e debatidas.

Não adiantou querer calar o povo. Nunca um opressor calou o povo. Nunca um opressor se desesperou tanto diante da potência aion das vais contra o tempo pulsado cronológico: o tempo mínimo em termo de quantidade que Temer falou se mostrou antagônico, intensivo das vaias.

Ele sentiu a destemporalização do tempo que ele acreditou que ia escapar.

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Mais cedo, planejaram escondê-lo,  alvo de protestos no Rio de Janeiro e em São Paulo nesta sexta, motivou uma quebra de protocolo na Rio 2016. Temer não foi anunciado ao lado de Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional.

O protocolo previa a apresentação da dupla, mas apenas o segundo teve seu nome chamado ao microfone. Ninguém anunciou seu nome, ninguém fez referência à sua presença. Como sempre foi um sabotador, um decorativo, assim permaneceu na tribuna. Enquanto as delegações estrangeiras passavam e cumprimentavam seus chefes de Estado a delegação brasileira não o fez, pois as emissoras de televisão que faziam a cobertura não registram esse gesto.

Temer e seus golpistas eram a cara do intruso que não fora convidado para a festa. Enquanto o povo vibrava e aplaudia os atletas, Temer era a rostidade débil da trapaça porque não fez nada para que o evento conquistado no governo de Lula e executado por Dilma e o povo brasileiro se concretizava.

13886953_693997860758362_6351321757862350989_n 13892242_694019830756165_6831850551317916977_n (1) 13903317_694027107422104_5259742321687790659_nSeu nome não foi pronunciado nenhuma vez. Isso nunca aconteceu com chefes de Estado promotores dos jogos. Tudo foi imposto pelo desgoverno do sabotador.  Se a cada pronúncia de seu nome o estádio viria abaixo.  Os chefes de Estado que promoveram as Olimpíadas anteriores sempre participaram, vibraram com o evento. Não foi o caso do golpista brasileiro. 

Ele sabia que não era bem vindo à festa. Foi por isso que tentaram abafar as vaias. Mas o tiro saiu pela boca do povo. Fora Temer. Durante os jogos, contrariando o que acontecia em Olímpia, aqui, os golpistas não terão trégua. Serão escrachados todo dia, pois no final do mês o senado votará o golpe. É daqui para o pior.

Ciro: Temer é ‘chefe da bandidagem’, e privatizações de FHC foram ‘imundice’

Em entrevista ao DCM na TVT, Ciro atribui a Lula responsabilidade por ter levado Temer ao ser vice em 2010. “É testa de ferro da bandidagem corrupta. Como pode botar um cara desse de vice?”

por Redação RBA

São Paulo – Para o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes, a ideia de “pegarem o Lula” é improvável. “Não há culpa para isso”, ao se referir ao esforço de setores do Judiciário e do Ministério Público para criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e retirá-lo da cena política. E chegou a ironizar a seletividade a parcialidade do processo contra o ex-presidente. “Num país como o Brasil, presidente corrupto dá apartamento para o filho em Paris, e não um tríplex cafona no Guarujá ou um sítio cafona em Atibaia.” Ciro considera impraticável uma eventual dobradinha com Lula nas eleições presidenciais. Diz que não aceita ser vice, que o tamanho de Lula não permite o contrário e que as forças progressistas tampouco podem se dar ao luxo de se dividir na atual conjuntura. Deu a entender que se Lula estiver na disputa, ele não entra.

Nesta entrevista a Marcelo Godoy e Kiko Nogueira, no DCM na TVT, Ciro não poupa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha – “vai ser preso em breve” – nem o vice-presidente Michel Temer. “Eu conheço Temer. É bandido. É chefe de quadrilha. Como pode ter um filho de 7 anos com patrimônio de R$ 2 milhões e ninguém questionar a origem? Imagina se fosse o Lula”. O ex-ministro lamenta que Lula o tenha conduzido ao posto de vice na chapa de Dilma em 2010. “É testa de ferro da bandidagem corrupta. Como pode botar um cara desse de vice?” Ciro sugere a Dilma que “parta para cima” de Temer, exponha todas as suspeitas de corrupção que pairam sobre ele, especialmente em negócios relacionados ao Porto de Santos, a ponto de descredenciá-lo a permanecer no comando e a promover destruições como a que está pretendendo com a estrutura estratégica da Petrobras.

O entrevistado critica o juiz Sérgio Moro por executar e divulgar escuta telefônica de uma presidente da República, exorbitando do processo judicial para um ato político. “Isso me fez desmerecer a torcida que eu tenho para que esse jovem juiz siga dentro da lei, dos autos e não se encante com gravata borboleta para receber homenagens nos salões da grande burguesia.”

Ciro menciona ainda da ambição por poder de Fernando Henrique Cardoso, com quem rompera nos anos 1990. Diz que, para se manter no governo, o ex-presidente “deu rasteira” no hoje senador Tasso Jereissatti, ex-governador do Ceará, que caminhava para a candidatura presidencial tucana em 1998. Segundo Ciro, FHC promoveu um processo de privatizações que foi uma “imundice”, fez acordo com o PFL para emplacar a emenda da reeleição – “num processo em que se soube quem vendeu, quem comprou e nada se fez”.

Assista.

VAI UMA AULA DE GRAMÁTICA DO SUJEITO-DEMOCRÁTICO?

É lógico que nem todas as pessoas têm os mesmos saberes. Mas é certo que os saberes de uma pessoa servem tanto para ela como para a sociedade. Aí, não importa que uma pessoa tenha mais saberes que outras.

Porém, há um caso excepcional quando se trata de saberes. Por exemplo: na democracia. A democracia, como se sabe, é um regime-político da multiplicidade dos iguais. Embora todos sejam uma singularidade em si mesmo, no sentido democrático todos são a mesma potência-política. A igualdade discurso (homologia) e a igualdade do pensamento (homonoia).

Todavia, em democracia nem todos têm os mesmos sentidos democráticos. O PSDB, PPS, DEM, PSB, entre outros partidos reacionários não têm. Assim, como a Rede Globo, empresários, o presidente da FIESP, alguns membros do Poder Judiciário, etc.

Nesse quadro é necessário se conhecer o sujeito-histórico e o sujeito-ahistórico. E quem pode nos mostrar essa terrível diferença é a aula de gramática apresentada pelo# Não Vai Ter Golpe, #Pela Democracia…

Assista a aula e passe no ENEM da Democracia.

A LISTA DE FURNAS, DOCUMENTÁRIO DE MAX ALVIM

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O documentário A Lista de Furnas é uma produção cinematográfica dirigida pelo talentoso cinegrafista Max Alvim com roteiro escrito pelo jornalista Joaquim de Carvalho que mostra o esquema de corrupção em que o senador Aécio Nunes é acusado de ser o grande coordenador.

Uma artística-política que o povo brasileiro não deixar de assistir e tomar sua posição para que a democracia brasileira seja solidificada sem farisaísmo, onde os corruptos se apresentam como honestos, ilibados, probos muitos amparados pelas mídias aberrantes e setores institucionais que agem contra o Brasil.

Esse documentário é uma grande colaboração para a construção da consciência  democrática do povo brasileiro que o site Diário do Centro Mundo dirigido pelo jornalista Paulo Nogueira, proporciona com magnífica honestidade.

Assista! Se possível saboreando pipoca entre boas gargalhadas ao comparar o que falam as testemunhas com os comportamentos dos “honestos”.

O DCM apresenta o documentário sobre a Lista de Furnas que prometemos entregar em mais um projeto de crowdfunding.

Com direção do talentoso documentarista e produtor Max Alvim, ele é baseado nas matérias de Joaquim de Carvalho, um dos melhores repórteres do Brasil, colaborador dileto do Diário.

Está ali toda a gênese e as imbricações de um dos grandes escândalos do país — e um dos que mais sofreram tentativas de ser abafado.

O momento do lançamento é oportuno. No sábado, 27 de fevereiro, ficou-se sabendo que o ex-deputado federal Roberto Jefferson e mais seis pessoas foram indiciados pela Delegacia Fazendária (Delfaz) por crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro na estatal mineira.

O Ministério Público Estadual (MPE) levou dez anos para se mexer. Entre os envolvidos estão empresários, lobistas e políticos. Ficou faltando muita gente. Entre as ausências, a de Dimas Toledo, ex-presidente da empresa indicado por Aécio. Dimas não foi indiciado por ter mais de 70 anos e, portanto, contar com o benefício da prescrição.

O que o documentário do DCM traz:

. O que é, para que servia e quem produziu a relação de 156 políticos e os respectivos valores recebidos na campanha eleitoral de 2002 do caixa 2 de empresas que prestaram serviços para Furnas.

. Os principais nomes do esquema: gente como José Serra, então candidato a presidente, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, Aécio Neves, candidato a governador de Minas Gerais, e Sérgio Cabral, candidato a senador pelo Rio de Janeiro, além de candidatos a deputado, como, Alberto Goldman, Walter Feldman e Gilberto Kassab por São Paulo; Eduardo Paes, Francisco Dornelles e Eduardo Cunha pelo Rio de Janeiro; Dimas Fabiano, Danilo de Castro e Anderson Adauto por Minas Gerais.

. O protagonismo de Aécio: além de receber diretamente para sua campanha R$ 5,5 milhões (13,1 milhões em valores corrigidos pelo IGP-M), há outros dados que confirmam seu papel central no caso.

São antigas as relações de sua família com as empresas públicas na área de energia. O pai, Aécio Cunha, depois de integrar durante seis anos a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, se tornou conselheiro de Furnas, ao mesmo tempo em que era conselheiro da Cemig, a estatal de energia de Minas Gerais.

“Furnas sempre foi território de Minas no governo federal”, afirma José Pedro Rodrigues de Oliveira, ex-coordenador do Programa Luz para Todos.

O doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, falou de Aécio. O lobista Fernando Moura detalhou que era “um terço (PT) São Paulo, um terço nacional, um terço Aécio”.

. A batalha para desacreditar a Lista de Furnas: quem divulgou que ela poderia ser falsa foi o PSDB de Minas Gerais, com base em pareces de peritos contratos e num laudo da Polícia Federal feitos em cima de uma das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar como operador do caixa 2.

Uma matéria na Veja, plantada por Aécio, deu força para a ideia da falsidade. Quando essa tese prosperava, o lobista Nílton Monteiro entregou à Polícia Federal o documento original, que foi periciado. A conclusão foi a de que se tratava de um documento autêntico, assinado por Dimas Toledo e sem indício de montagem.

Esperamos, com esse documentário, ter conseguido jogar luzes sobre uma história que caminhava para o esquecimento. Agradecemos a todos os leitores que contribuíram para que ele pudesse ser realizado.

EXCLUSIVO: MÍRIAN DUTRA DIZ QUE GLOBO FOI BENEFICIADA COM DINHEIRO DO BNDES AO ‘EXILÁ-LA’ inShare 6

Mirian Dutra

Esta é a primeira matéria da série sobre a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. O projeto foi financiado pelos leitores através de um crowdfunding na plataforma Catarse. Fique ligado. 

Existem muitas maneiras de entender o que foi e como foi executado o projeto de poder que resultou na aprovação da emenda que permitiu a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas duas são particularmente reveladoras.

Uma delas é traçar o perfil dos deputados acreanos que venderam o voto para mudar a Constituição por R$ 200 mil reais em 1997 (R$ 923 mil corrigidos pelo IGP-M até janeiro deste ano).

A outra maneira de buscar um quadro mais nítido do episódio da reeleição é entrevistando a jornalista Mirian Dutra Schmidt, que conhece Fernando Henrique Cardoso como poucos e viveu esse período como “exilada” na Europa, por ter um filho que ela diz ser dele.

Percorri os dois caminhos, e o que emergiu foi uma história que une as duas práticas. Uma delas é a da política do Brasil profundo, de fronteira, onde a moeda sonante é o argumento mais eficaz para mudar consciências.

A outra prática é a do Brasil central, com políticos e profissionais de comunicação que trocam o silêncio por prestígio ou poder e, no final das contas, acabam por transferir riqueza a grupos privilegiados.

Vamos começar esta série pelo episódio atual, Mirian Dutra, que deu entrevista à revista Brazil com Z (publicação para brasileiros que vivem na Europa) e falou pela primeira vez de seu relacionamento com Fernando Henrique Cardoso.

Mirian se formou em jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina e, em 1982, aos 22 anos de idade, ancorava em Florianópolis pela RBS (afiliada da Globo) o horário local do TV Mulher.

“Para mim, aconteceu tudo muito rápido. Eu era estudante, trabalhava na rádio Itapema e fui chamada para apresentar o TV Mulher, logo depois apresentava no jornal do almoço um quadro sobre turismo em Florianópolis”, diz Mirian.

Nesse período, casou-se com um fotógrafo e teve uma filha, Isadora. O casamento durou cerca de um ano. “Eu queria cobrir política, era minha paixão e pedi à Globo outro local para trabalhar. Me ofereceram apresentar o jornal local de Minas, mas eu queria política e fui para a Manchete em Brasília”, diz.

Ela chegou à capital da República em 1985, com 24 anos de idade e uma filha de um ano e meio. Seis meses depois, Antônio Britto deixou a TV Globo para ser porta-voz de Tancredo Neves, e, com os remanejamentos internos da Globo em Brasília, surgiu uma vaga para trabalhar no Bom Dia Brasil.

“Eu fui a primeira mulher a trabalhar no Bom Dia Brasil, porque o trabalho lá é difícil. Tem que levantar às 4 da manhã e dormir às 7 da noite. Eu era divorciada, mulher casada que trabalha no ritmo desses perde o casamento.”

O casamento da sucessora dela no Bom Dia Brasil, a jornalista Beatriz Castro, não resistiu seis meses.

Eram os dias de intensa cobertura em Brasília, por causa da doença e morte de Tancredo Neves e do início do governo José Sarney, o primeiro civil depois de 20 anos de ditadura militar, quando Mirian conheceu Fernando Henrique Cardoso no restaurante Piantella.

O Piantella, hoje propriedade do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, era reduto de políticos e jornalistas. Ali costumavam ocorrer às terças-feiras jantares que definiam a pauta do Congresso, primeiro com Ulysses Guimarães à frente, depois Luiz Eduardo Magalhães e, mais recentemente, Michel Temer.

Como bebida destrava a língua, para jornalistas era um prato cheio frequentar o Piantella. Mirian conta que estava jantando com colegas de profissão quando Fernando Henrique Cardoso chegou e foi convidado para se sentar à mesa.

Era 1985, e Fernando Henrique Cardoso estava cotado para disputar a prefeitura de São Paulo, o que viria a ocorrer. “Eu admirava o Fernando Henrique pelos livros que ele tinha escrito, mas não pintou nada, nada”, diz.

Na versão dela, depois de muitos telefonemas, com Fernando Henrique ‘dizendo que estava apaixonado’, os dois começaram a namorar. Em 1991, quando Collor cogitou levar Fernando Henrique para o Ministério das Relações Exteriores, Mirian o desaconselhou, por cobrir o governo.

“Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”.

FHC com Covas: “Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”

FHC com Covas: “Ele chegou em casa às duas horas da manhã, depois da reunião em que o Mário Covas foi contra o PSDB entrar no governo, e disse: ‘Você acabou com a minha vida’”

Alguns meses depois, segundo ela, Fernando Henrique repetiria algo nessa linha, ao dizer que Mirian não poderia levar adiante a gravidez anunciada. “Você pode ter filho de quem quiser, menos meu.”

Segundo Mirian, estava foi a última vez que os dois falaram como namorados. “Para mim, acabou. Vi o tipo de homem que era.”

Pergunto: mas Fernando Henrique era o pai da criança?

“Claro que é.”

Mas e os DNAs posteriores, que provam o contrário?

“Ele diz que fez os exames nos Estados Unidos e o correto teria ter sido feito na minha presença, com a coleta do meu sangue. Por que fez lá? Por que demorou tanto para fazer, se eu pedi que fizesse quando fiquei grávida?”

Mirian diz estar disposta a um novo exame e afirma que tentou convencer seu filho a fazê-lo.

“Mas ele não quis. O Fernando Henrique deu a ele o que eu, como jornalista, nunca poderia dar: estudo de graduação na Georgetown University, uma das mais conceituadas do mundo, 60 mil dólares por ano, no mínimo, bancou sua permanência lá, e depois deu um apartamento de 200 mil euros, cash, em Barcelona. Para o Tomás (nome do filho), está bem feito. Para que questionar?”

Aspectos privados da vida de Fernando Henrique, Mirian Dutra e do filho dela pertencem a eles, mas o assunto deixou a esfera da privacidade quando o então senador Fernando Henrique, líder do PSDB e um dos formuladores da política em Brasília, colocou em marcha a engrenagem de mídia para iludir a opinião pública.

“O Fernando Henrique me ligou várias vezes e me pediu que recebesse a revista Veja em Florianópolis, onde eu estava para ganhar o bebê, e dissesse que o filho era de outra pessoa. Era uma coisa meio esquisita. Quem eu era para aparecer na Veja?”

Uma fotógrafa da agência Somm, Suzete Sandin, que Mirian Dutra conhecia dos tempos da Universidade Federal de Santa Catarina, foi contratada pela revista para um freelance, e procurou Mirian, que aceitou posar.

“Uma repórter, que eu não conheço, acho que era de outra cidade, me procurou e vi que ela tinha uma única missão: pegar a declaração que o Fernando Henrique tinha passado para mim”, afirma.

Na coluna Gente da edição de 24 de julho de 1991, a de número 30 do 24º ano de Veja, é publicada uma frase atribuída a Mirian:

“O pai da criança, um biólogo brasileiro, viajou para a Inglaterra para fazer um curso e voltará para o Brasil na época do nascimento do bebê.”

E existe esse biólogo?

“Claro que não. Isso é mentira. Era o que Fernando Henrique queria ver publicado, e foi publicado”, diz hoje a arrependida Mirian.

“Minha mãe quase enlouqueceu e disse: ‘Você não pode fazer isso.’ Eu tinha contado para ela quem é o pai. A barra foi muito pesada e eu quase perdi a gravidez”!

Mirian revela que ouviria mais tarde de Paulo Moreira Leite, na época um dos editores executivos de Veja, que a ordem para apurar e publicar a nota tinha partido de Mario Sergio Conti, que tinha assumido pouco tempo antes a direção de redação da revista.

“Foi uma armação do Fernando Henrique com o Mario Sergio”, diz a jornalista.

Ela diz que esta foi a primeira das muitas vezes em que viu a sua gravidez (e posterior nascimento do filho) ser usada para angariar prestígio. O governo era de Collor e ainda se cogitava abertamente a possibilidade de Fernando Henrique disputar a presidência, embora desfrutasse de prestígio como poucos na política, sobretudo por sua relação com a imprensa. Mas, segundo Mirian, chegar à presidência era o projeto de vida dele.

“Ouvi dele muitas vezes que seria presidente, porque os políticos no Brasil não sabiam de nada, eram mequetrefes. É claro que um filho fora do casamento, de uma mulher que todo mundo em Brasília sabia que era a namorada dele, prejudicaria seus planos.”

O filho nasceu e Mirian foi perdendo espaço de vídeo na Globo. Por razões que não ficaram para mim muito claras, na entrevista de mais de três horas que fiz com ela, Mirian Dutra decidiu ir para Portugal e logo estava empregada numa emissora em que Roberto Marinho era sócio.

Fernando Henrique já era ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco e apontado como um nome forte para a sucessão no ano seguinte. Mirian chama sua saída do Brasil de um autoexílio, e diz que o diretor de jornalismo da Globo à época, Alberico de Souza Cruz, padrinho do seu filho Tomás, o ajudou muito nessa saída.

“Eu gosto muito do Alberico, e ele dizia que me ajudou porque me respeitava profissionalmente. Éramos amigos, conhecíamos segredos um do outro, mas eu fiquei surpresa quando, mais tarde, no governo de Fernando Henrique, ele ganhou a concessão de uma TV em Minas. Será que foi retribuição pelo bem que fez ao Fernando Henrique por me ajudar a sair do Brasil?”

Mírian sobre Alberico, antigo diretor da Globo: concessão de tv como retribuição de FHC?

Mírian sobre Alberico, antigo diretor da Globo: concessão de tv como retribuição de FHC?

No caso de Alberico, ela não passa da insinuação, mas quando o assunto é uma de suas irmãs, Margrit Dutra Schmidt, a jornalista é direta. Segundo Mirian, a irmã era dona da Polimídia, uma empresa de lobby em sociedade com o marido, Fernando Lemos, que cresceu nos anos 90, com a venda de serviços de gestão de crise.

“A minha irmã tinha as portas abertas em tudo quanto é lugar e era chamada de ‘a cunhadinha do Brasil.’ Agora soube que ela tem um cargo de assessora do Serra no Senado e não aparece para trabalhar. Eu não sabia, mas não fiquei surpresa. Este é o bando de gente para quem ela sempre trabalhou. E o Serra eu conheço bem.”

“Por que a imprensa não vai atrás dessas informações? A minha irmã, funcionária pública sem nenhuma expressão, tem um patrimônio muito grande. Só o terreno dela em Trancoso vale mais de 1 milhão de reais. Tem conta no Canadá e apartamentos no Brasil. Era a ‘cunhadinha do Brasil’”.

No que diz respeito a seu contrato com a Globo, nos anos que ela considera de exílio no exterior, Mirian quebra o silêncio e vai além das declarações protocolares. “Sabe o que eles fizeram comigo? Ensaboa mulata, ensaboa…”, diz, cantarolando a música de Cartola.

Segundo ela, quem ensaboava era Carlos Henrique Schroeder, atual diretor geral da Globo, na época o número 2 do jornalismo.

Schroeder, hoje diretor geral da Globo, era o encarregado de 'ensaboar Mírian'

Schroeder, hoje diretor geral da Globo, era o encarregado de ‘ensaboar Mírian’

“Em 1997, eu estava cansada do trabalho que fazia em Portugal, sem nenhuma importância, e me apresentei para trabalhar no escritório em Londres. Na época, quem dirigia era o Ernesto Rodrigues e ele me disse, na cara: ‘Enquanto eu dirigir este escritório, nenhuma amantezinha vai trabalhar aqui.’”

Mirian diz que voltou para o Brasil e se reuniu com Evandro Carlos de Andrade, sucessor de Alberico na direção de jornalismo, e comunicou que ou voltaria para o Brasil, ou pediria demissão. “O Evandro disse, na frente do Schroeder e do Erlanger (Luís Erlanger, que dividia com Schroeder as funções de número 2 no jornalismo): “Ninguém mexe com essa mulher. Ela mostrou que tem caráter”, conta.

Schroeder foi então, conforme o relato de Mirian, destacado para ser uma espécie de padrinho dela na TV Globo. “Poxa, você conquistou o chefe”, disse ele.

Apesar disso, Mirian não desistiu da ideia de voltar para o Brasil. “Eu fui repórter do Jornal da Globo na época da Constituinte, fiz Jornal Nacional e estava na geladeira. Isso derruba qualquer um.”

Os planos de Mirian chegaram ao conhecimento dos amigos e um deles, Luís Eduardo Magalhães, que foi presidente da Câmara dos Deputados e líder de Fernando Henrique no Congresso, a convidou para um almoço.

“Sobre o Luís Eduardo, tem uma coisa interessante: eu era amiga dele antes do Fernando Henrique e fui eu que aproximei os dois.”

No almoço, Luís Eduardo levou o pai, o senador Antônio Carlos Magalhães, que ela também conhecia, e ouviu deles, mas principalmente de ACM, que não era hora de voltar, que Fernando Henrique disputaria a reeleição e ela deveria ter paciência.

“Foi quando entendi que eu deveria viver numa espécie clandestinidade. Se eu voltasse, não seria bem recebida e as portas se fechariam para mim”, conta.

Mirian tomou a decisão de comprar um apartamento em Barcelona e ir para lá, como contratada da Globo, e produzir matérias de lá. A empresa topou, mas, mesmo pagando a ela um salário de 4 mil euros (cerca de R$ 18 mil), não aprovou a realização de nenhuma pauta em muitos anos.

“Me manter longe do Brasil era um grande negócio para a Globo”, diz. “Minha imagem na TV era propaganda subliminar contra Fernando Henrique e isso prejudicaria o projeto da reeleição.”

Mas o que a empresa ganhou com isso?

“BNDES”.

Como assim?

“Financiamentos a juro baixo, e não foram poucos”.

FHC e Roberto Marinho comemoram nova gráfica do Globo, financiada com dinheiro público

FHC e Roberto Marinho comemoram nova gráfica do Globo, financiada com dinheiro público

Mirian afirma que a demissão da TV Globo, em setembro do ano passado, foi o que a levou a decidir fazer um relato da sua vida.

Foi um episódio que ela considera cruel. Depois de 25 anos de Globo, entre afiliada em Santa Catarina e Brasília, recebeu um e-mail de José Mariano Boni de Mathis, diretor executivo da Central Globo de Jornalismo. Curto e seco, ele informou: seu contrato não será renovado.

“A partir daí, eu não era mais a Mirian da TV Globo e me senti livre para fazer o que sempre quis, mas não podia: desenterrar os ossos e enterrar de novo, era como publicar um diário. Mas vi que esse cadáver incomoda muita gente, e a repercussão foi maior do que eu imaginava. Agora eu tenho que ler até o artigo de uma jornalista que me conhece e sabe bem dessa história, a Eliane Cantanhede, que me compara ao caso da Luriam, Miriam Cordeiro. Esse pessoal perde a compostura quando é para defender seus amigos. Absurdo.”

No almoço com Luís Eduardo Magalhães, havia uma quarta pessoa, cujo nome prefere não revelar no momento. Era representante da TV Globo. Na quinta-feira passada, quando a Folha de S. Paulo publicou entrevista de Mirian, ela recebeu um telefonema de Mariano Boni.

“Ele queria saber quem era o representante da TV Globo no almoço em Brasília. Sabe o que respondi para ele? Você acha que eu vou contar para você? Acho que o microfone estava aberto e, se eu conheço a Globo, o Ali Kamel (diretor de jornalismo) estava ouvindo a conversa. O Boni disse: mas a Globo sempre foi muito correta com você. Disse que ele era cínico e falei outras coisas pesadas. Fui bem malcriada, e desliguei o telefone. A secretária do Boni me ligou várias vezes, e eu não atendi.”

O telefonema em que ela conversou com Boni foi por volta das 14 horas, no horário de Madri, onde hoje ela mora, 11 horas no fuso brasileiro. Duas horas depois, o Jornal Hoje repercutiu a entrevista de Mirian à Folha e o apresentador Evaristo leu uma nota da emissora, em que a direção afirma:

“Durante os anos em que colaborou com a TV Globo, Miriam Dutra sempre cumpriu suas tarefas com competência e profissionalismo.”

Mirian faz uma ironia com a declaração: “Quando vi, pensei que eu tivesse morrido. Elogio assim só em obituário. Mas sei qual é a intenção deles: me calar com elogio fácil.”

E qual a relação do seu exílio com o projeto de poder representado pela emenda da reeleição?

“Mostra o jogo pesado que foi a continuidade do governo de Fernando Henrique Cardoso. Só olhar para o que aconteceu no segundo governo: as privatizações mais selvagens. Não podia dar errado, a Mirian não podia atrapalhar os grandes negócios. Está na hora de quebrar a blindagem desse pessoal. Mas onde estão os jornalistas, que não investigam?”

PROFESSORES DA USP DIVULGAM PETIÇÃO PÚBLICA CONTRA IMPEACHMENT

Professores da USP, Unicamp e outras instituições de ensino superior divulgaram uma petição pública contra o impeachment:

Nós, professores universitários abaixo assinados, vimos a público para reafirmar que o impeachment, instituto reservado para circunstâncias extremas, é um instrumento criado para proteger a democracia. Por isso, ele não pode jamais ser utilizado para ameaçá-la ou enfraquecê-la, sob pena de incomensurável retrocesso político e institucional.

Por julgar que o processo de impeachment iniciado na semana passada pelo presidente da Câmara dos Deputados serviria a propósitos ilegítimos, em outras ocasiões muitos de nós nos pronunciamos contrariamente à sua deflagração.

Com ele em curso, defendemos que o processo não pode ser ainda mais maculado por ações ou gestos oportunistas por parte de quaisquer atores políticos envolvidos. Papéis institucionais não podem, nem por um instante, ser confundidos com interesses políticos pessoais, nem com agendas partidárias de ocasião que desprezem o interesse da sociedade como um todo.

O processo de impeachment tampouco pode tramitar sem que o procedimento a ser seguido seja inteiramente conhecido pela sociedade brasileira, passo a passo. Um novo teste para a democracia consistirá, assim, em protegê-lo de lances obscuros ou de manobras duvidosas, cabendo ao Supremo Tribunal Federal aclarar e acompanhar, em respeito à Constituição, todas as etapas e minúcias envolvidas.

É inegável que vivemos uma profunda crise, mas acreditamos que a melhor forma de enfrentá-la é com o aprofundamento da democracia e da transparência, com respeito irrestrito à legalidade. Somente assim poderemos extrair algo de positivo deste episódio. Manobras, chicanas e chantagens ao longo do caminho só agravarão a dramática situação atual.

O que está em jogo agora são a democracia, o Estado de Direito e a República, nada menos. Acompanharemos tudo com olhos vigilantes e esperamos que, ao final do processo, a presidente da República possa terminar seu mandato.

1. Antonio Candido de Mello e Souza – Letras/USP
2. Dalmo de Abreu Dallari – Direito/USP
3. Emilia Viotti da Costa – História/USP
4. Ennio Candotti – Física/UFAM
5. Fábio Konder Comparato – Direito/USP
6. Francisco de Oliveira – Sociologia/USP
7. Luiz Carlos Bresser-Pereira – Economia/FGV
8. Luiz Felipe Alencastro – Economia/FGV
9. Luiz Gonzaga Belluzzo – Economia/UNICAMP
10. Maria da Conceição Tavares – Economia/UFRJ
11. Maria Vitoria Benevides – Educação/USP
12. Marilena Chauí – Filosofia/USP
13. Otávio Velho – Antropologia/Museu Nacional
14. Paul Singer – Economia/USP
15. Paulo Sergio Pinheiro – Ciência Política/USP
16. Roberto Schwarz – Letras/UNICAMP
17. Walnice Nogueira Galvão – Letras/USP
18. Adalberto Cardoso – Sociologia/IESP/UERJ
19. Adalmir Marquetti – Economia/PUC-RS
20. Adrian Gurza Lavalle – Ciência Política/USP

O IMPOLUTO GOLPISTA, HÉLIO BICUDO, FOI LOBISTA DA ALSTOM, EMPRESA ENVOLVIDA EM ESQUEMA DE CORRUPÇÃO, DIZ DCM

BICUDOPor: por :

Uma das faces de Hélio Bicudo é conhecida há cerca 40 anos, quando ele se destacou como procurador de justiça no combate aos esquadrões da morte. A outra é mais recente: a do ex-petista indignado com a corrupção, que quer o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas há ainda uma terceira face de Bicudo, esta desconhecida dos brasileiros: a de intermediário de contratos no setor elétrico. A considerar o que a Justiça da Suíça apurou sobre a corrupção do grupo multinacional Alstom no Brasil, Bicudo é um moralista sem moral.

“Bicudo era um intermediário e como tal ele viabilizou em 1971 um importante contrato para a Cogelex no Brasil”, definiu um ex-executivo do da Alstom no Brasil, o francês Michel Yvan Cabane, em depoimento prestado ao Ministério Público da Suíça, em 2009.

A Cogelex faz parte do grupo Alstom e, na época em que Bicudo viabilizou o contrato para a empresa, a multinacional ampliava sua atuação no Brasil, com obras, serviços e venda de equipamentos para a Eletropaulo, na época uma empresa pública, e também para Furnas.

Cabane contou que contratou Bicudo porque ele “era naquela época consultor jurídico de uma parte do governo”. O ex-executivo lembrou ainda que o então procurador de justiça tinha um sobrinho, Mário Bicudo Filho, que era diretor jurídico da CESP, a empresa estatal que cuidava da geração de energia em São Paulo.

O trabalho dos dois Bicudos em favor da Alstom atravessou a década de 70, permaneceu na década de 80 e ainda se manteve na década de 90. Eles eram tão conhecidos da multinacional francesa que, em anotações apreendidas pela polícia suíça, os executivos se referem a eles como “Tonton” (titio em francês) e Neveu (sobrinho, na mesma língua).

Segundo Cabane contou em depoimento de colaboração com a justiça suíça, Titio Hélio recebeu comissão em 1983 pela assinatura de um contrato para a construção de subestações de energia da Eletropaulo para alimentar o Metrô de São Paulo – uma delas, no bairro do Cambuci, recebeu o nome de Miguel Reale, pai do parceiro de Bicudo na campanha pró-impeachment.

Em 1989, quando a Cogelex/Alstom se movimentou para ganhar um novo contrato com o Estado, no valor de 50 milhões de dólares, o nome de Bicudo é novamente citado num manuscrito, sob alcunha Tonton, para lembrar que empresa deveria pagar comissão a ele e a J.L., identificado como João Leiva, secretário de Obras do governo Quércia.

Em 1994, o sobrinho Mário Bicudo Filho é que aparece, numa referência à assinatura de um contrato de consultoria fajuto, elaborado para disfarçar a intenção de pagar 8,5% de propina, caso ele conseguisse tirar do papel o projeto de uma nova subestação de energia em São Paulo. Nuveu (o sobrinho) morreu em 1995, sem conseguir colocar a mão nesse dinheiro.

Quem tirou o projeto do papel foi Robson Marinho, que deu andamento ao contrato em 1995, depois de assumir a chefia da Casa Civil do governador Mário Covas.

Ainda estatal, no governo Mário Covas obteve financiamento e a subestação saiu do papel. Robson Marinho foi para o Tribunal de Contas do Estado, nomeado por Mário Covas, e lá, mais tarde, aprovou o contrato, mesmo tendo sido assinado sem realização de concorrência pública.

Em troca, além das comissões pagas a Hélio Bicudo no passado, quando o contrato principal foi assinado, a Cogelex/Alstom liberou propina para Robson Marinho e outras autoridades do governo do Estado, não nomeadas, mas que, com o aprofundamento das investigações, é possível identificar, pois se trata do secretário de Energia (identificado na papelada na Alstom por S.E.) da época.

Um dos que ocuparam a Secretaria foi Andrea Matarazzo, que ficou apenas alguns meses no cargo. O outro é David Zilberstein, então genro do então presidente Fernando Henrique Cardoso, que permaneceu mais tempo à frente da Secretaria.

As anotações da diretoria da Alstom registram o pagamento de propina “ao partido do governo” – PSDB. Cabane, o executivo que entregou Bicudo no depoimento colaborativo à Justiça, disse que não sabia quem, em nome do partido do governo, recebeu esse dinheiro.

Segundo ele, a resposta poderia ser dada por outro executivo da Alstom, Jonio Kaham Foigel, que mora em São Paulo, mas não foi localizado para depor e responde à revelia processos civil e criminal. Hélio Bicudo escapou do processo em razão do tempo em que, comprovadamente, recebeu dinheiro da Alstom.

Hélio Bicudo foi chamado para depor no Ministério Público Estadual, onde a investigação é conduzida por dois promotores conhecidos pela independência, José Carlos Blat e Sílvio Marques.

Bicudo é apresentado como um homem com pleno domínio de suas faculdades mentais, mas não soube (ou não quis) responder a uma pergunta simples: ele tem ou teve conta na Suíça?

Disse que é possível que tenha tido, já que recebia seus “honorários” por depósitos bancários da matriz. Honorário é como ele chama o dinheiro que recebeu da Alstom. Disse que seu trabalho era o de advocacia – segundo ele, permitido pela lei da época, em caso de licitação internacional.

Ainda que a lei permitisse que um procurador de justiça atuasse num caso envolvendo interesses do Estado, o que não permitia, a versão de Bicudo se choca com o depoimento do réu colaborador Michel Cabane.

À pergunta dos procuradores suíços sobre a existência ou não de licitação, o ex-executivo da Alstom disse:

“A resposta é não”, disse. “O primeiro projeto chegava mais ou menos à casa de 80 milhões de dólares e para isso não houve licitação internacional”, acrescentou.

Em nenhum trecho do depoimento, Cabane diz que buscava em Bicudo seus conhecimentos jurídicos. Era “intermediação”.

Em São Paulo, depois de ouvir Bicudo, os promotores se reuniram para discutir a hipótese de processar o ex-procurador de justiça, mas concluíram que a ação de Bicudo é anterior à lei de improbidade administrativa, o que tornaria o processo nulo.

No âmbito criminal, eles avaliam que, se o caso fosse recente, ele seria ser enquadrado, no mínimo, pelo crime de advocacia administrativa. “Com certeza, seria exonerado do Ministério Público”, disse um dos promotores.

Bicudo 1

 

 

Reservadamente, eles até admitem que, fosse Bicudo mais jovem, poderiam lhe dar alguma dor de cabeça. Mas quem tem disposição para processar um homem de 93 anos de idade?

Sílvio Marques e Blatt fazem parte da equipe responsável pelos processos que bloquearam os bens da família Maluf e resultaram na repatriação de 1 milhão de dólares, o equivalente a R$ 3,9 milhões de reais, que Celso Pitta mantinha num banco das Ilhas Cayman.

Os promotores também conseguiram trazer do exterior 80 milhões de dólares, entre depósitos bancários da família Maluf e o dinheiro da indenização dos bancos que admitiram o erro por lavar dinheiro de corrupção na prefeitura de São Paulo.

Mais surpreendente do que o cerco a Maluf e Pitta foi a ação que levou ao afastamento de Robson Marinho do Tribunal de Contas do Estado, pelo ineditismo da punição a um tucano.

Justiça seja feita: nada disso teria acontecido se, em 2004, uma auditoria interna da KPMG não tivesse descoberto na contabilidade da Alstom a transferência de 20 milhões de euros (o equivalente a 100 milhões de reais) para a Suíça e Liechtenstein. Era o fio de um novelo que levaria ao caixa 2 usado pela empresa para corromper autoridades mundo afora.

Para esconder provas, antes que o inevitável processo fosse aberto na França, a Alstom carregou um caminhão com documentos e despachou tudo para a Suíça, onde, sem que os franceses soubessem, já havia uma investigação em andamento.

“Os policiais suíços foram até o endereço da Alstom na Suíça e apreenderam tudo”, conta Sílvio Marques, que já esteve quatro vezes em Berna, capital da Suíça, em busca de provas para o inquérito civil que abriu em São Paulo, depois que tomou conhecimento, em 2008, de que Wall Street Journal havia publicado uma reportagem denunciando a corrupção da Alstom na Eletropaulo e no Metrô de São Paulo.

Marques disse que os documentos sobre a Alstom lotam armários de uma sala de 100 metros quadrados num prédio de Berna, com documentos sobre a atuação da Alstom no mundo todo.

O Brasil tem um armário só para ele, e o nome Furnas não é desconhecido dos suíços. Mas, para investigar a estatal, o Ministério Público Federal ou o Ministério Público do Rio de Janeiro, únicos com competência para apurar crimes em Furnas, nem precisariam ir tão longe.

Bastaria investigar a lista assinada em 2002 por um diretor da empresa, Dimas Fabiano Toledo, confessando o caixa 2 que abasteceu 156 políticos, todos da base do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Além dos corruptos, Dimas nomeia os corruptores, e a Alstom é uma das primeiras empresas relacionadas.

Dimas fez a lista para que nunca se tornasse pública e servisse de instrumento para pressionar políticos a lutarem pela sua manutenção no cargo – o que conseguiu.

Mas, em 2005, no auge da crise do mensalão, a lista apareceu, com os nomes como Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin, Sérgio Cabral e Eduardo Cunha.

A lista é autêntica, como já comprovou perícia da Polícia Federal, mas sucessivos chefes da Procuradoria Geral da República agem como se ignorasse o fato e parecem acreditar na versão da Polícia Civil de Minas Gerais, insistentemente divulgada ao tempo em que Aécio era governador do Estado, de que a lista é obra de uma quadrilha de falsários.

Esta semana, foi-se mais uma esperança de que, enfim, a lista fosse investigada pelo Ministério Público. O atual procurador geral, Rodrigo Janot, se opôs ao aprofundamento da investigação sobre o ex-governador Antônio Anastasia, citado na Operação Lava Jato como destinatário de um dinheiro de caixa 2, que poderia ser de Furnas.

Janot já tinha se manifestado contra a abertura de inquérito, mesmo depois do doleiro Alberto Youssef dizer que despachou dinheiro de caixa 2 para Belo Horizonte e o portador dizer que a pessoa que ficou com a quantia de 1 milhão de dólares se parecia com o ex-governador de Minas.

Para Janot, não era indício suficiente. Depois disso, uma moradora de Belo Horizonte enviou apontou, em denúncia enviada para um e-mail da Presidência da República, a casa de uma prima de Aécio Neves como o local onde Anastasia teria recebido o dinheiro.

É uma mansão feita de pedras, no bairro de Belvedere, em Belo Horizonte. Eu estive lá e apurei que o endereço era muito frequentado por políticos, inclusive para participar de festas. Para Janot, o indício não é suficiente sequer para abrir um inquérito.

Então tá.

 

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CARTA PARA LULA ESCRITA POR JOSÉ EDUARDO PEREIRA WILKEN BICUDO, FILHO DE HÉLIO BICUDO, O GOLPISTA

Leia esta carta que destrói o Édipo de Freud, reflita e tome sua posição ética-política.

Prezado ex-Presidente Lula,

Agradeço-lhe pela carta a mim enviada em 02 de outubro passado. Sou-lhe também grato pela solidariedade e respeito emprestados a mim e à minha família.

Sua carta fez aumentar ainda mais a responsabilidade que envolve lidar com situação tão delicada como aquela que vivemos hoje, eu e meus irmãos, Maria do Carmo, José, Maria Clara e José Roberto, todos preocupados com os caminhos que meu pai vem escolhendo para se manifestar e com os desdobramentos de suas manisfestações públicas.

Ninguém questiona aqui a legitimidade de meu pai ter toda a liberdade de pensar e dizer aquilo que bem entender. A questão que se põe não é esta, mas sim a maneira pela qual ele tem agido, causando espanto e temor àqueles que o conhecem bem. Suas recentes ações têm encorajado a aproximação de grupos de extrema direita, os quais têm se aproveitado da espantosa guinada na sua trajetória pessoal e política nos últimos dez anos, para se promoverem à sua custa.

A visão ciclotímica dos acontecimentos no nosso país, amplamente difundida pela mídia conservadora, apostando sempre na indigência intelectual e na falta de senso crítico, tem estimulado pessoas, as quais no passado o criticavam, a defendê-lo agora. Esquecem-se estas, porém, que a situação é muito mais complexa e delicada do que se imagina, exigindo um certo grau de conhecimento e sensibilidade para compreendê-la no seu todo. Visões simplistas, difundidas na mídia, menosprezando a manifestação pública de familiares e amigos em relação às ações recentes de meu pai, não ajudam em nada e só servem para empobrecer ainda mais a discussão.

Como bem registrado em sua carta, caro ex-Presidente, meu pai deu importante contribuição para o restabelecimento do estado de direito no Brasil, em flagrante contraposição, portanto, com aquilo que defendem esses grupos de extrema direita que agora o apóiam e que pregam deliberadamente o golpe para destituir a Presidente Dilma Roussef, sem qualquer preocupação com princípios democráticos básicos.

A guinada de meu pai o fez, infelizmente, afastar-se também de amigos como Marilena Chaui, Margarida Genevois, Maria Victoria Benevides, Antonio Cândido de Mello e Souza, Dalmo Dallari, Fábio Konder Comparato, Paulo Sérgio Pinheiro, Pedro Estevam Serrano e de tantos outros que hoje subscrevem manifesto contra o afastamento de Dilma Roussef da Presidência da República, em respeito à Constituição de 1988 e ao modo republicano de convivência democrática.

Reitero que o afastamento deliberado de meu pai de familiares e amigos o deixou livre e descompromissado com que aqueles que lhe têm verdadeiro apreço, tornando assim mais fácil a sua aproximação daqueles que hoje pregam o golpe. Não há, portanto, como isentá-lo de responsabilidades, ainda mais que ele continua a se manifestar de maneira raivosa e grotesca, com argumentos que contradizem a sua história de vida de até há pouco tempo atrás.

Esperemos apenas que aqueles que o cercam no momento, se ainda lhes resta um mínimo de sobriedade, demovam-no das luzes dos holofotes, as quais, se outrora lhe deram alguma projeção e prestígio, hoje apenas servem para dar vida aos oportunistas que posam ao seu lado.

Meus irmãos, citados nesta carta, e eu reiteramos o nosso sincero reconhecimento pela sua deferência e respeito para conosco e esperemos, finalmente, que o bom senso e a razão prevaleçam para que os avanços conquistados pelo nosso país nos últimos doze anos tenham continuidade e se aprofundem.

Um abraço cordial,

José Eduardo Pereira Wilken Bicudo

DIAS PASSADOS JOSÉ EDUARDO BICUDO, FILHO DE HÉLIO, ESCREVEU NO DCM UM TEXTO RICO SOBRE A ATITUDE GOLPISTA DE SEU PAI, AGORA ELE AGRADECE AO SITE

untitledLeia o breve texto lucidíssimo escrito por José Eduardo Bicudo, filho do golpista rancoroso que escolheu Lula para projetar, aos 93 anos, suas frustrações junto com o que há de mais abominável no país. A burguesia-ignara que não suporta que um governo popular tenha mudado a vida de milhões de brasileiros.

Leia o texto!

Gostaria de parabeniza-lo pelo artigo “Processar ou não processar Bicudo?”. O meu constrangimento e de vários de meus irmãos pelas atitudes irresponsáveis de meu pai é imenso. Parece que não há limites. Lula tem sido extremamente generoso e elegante com meu pai até o momento. Não sei se desta feita irá ou não processar meu pai pelas calúnias que este tem disparado contra ele. No entanto, a indiferença de Lula em relação aos impropérios que meu pai vem desferindo contra ele nos últimos dez anos tem machucado mais do que qualquer processo na justiça. Meu pai quer ficar sempre em evidência, nunca soube descer do pedestal e agora encontrou uma parceira que aproveitou a carona para se promover com um discurso raso, retrógrado, golpista, bem a gosto da parcela da população brasileira mais reacionária e conservadora.

Saudações, José Eduardo Bicudo

A fome de Marina Silva

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O vídeo de um comício de Marina Silva em Fortaleza viralizou. O mote era sua defesa do Bolsa Família, programa que não será desativado em seu eventual governo.

Diz ela, emocionada:

”Eu sei o que é passar fome. Eu sei o que foi um sábado de aleluia em 1968. Tudo que minha mãe tinha, para oito filhos, era um ovo e um pouco de farinha e sal. Meu pai, minha mãe, minha avó, minha tia olhavam para aqueles oito irmãos. Eu me lembro de ter perguntado pro meu pai e minha mãe: ‘vocês não vão comer?’ Minha mãe respondeu: ‘nós não estamos com fome’. Uma criança acreditou naquilo. Quem viveu esta experiência, jamais acabará com o Bolsa Família. Não é um discurso, é uma vida. O compromisso não está escrito em um papel que depois eles rasgam e esquecem. Está escrito sabe aonde? Na carne deste corpo magro”.

É um testemunho contundente. Ela interrompe sua fala por causa das lágrimas. Há quem, compreensivelmente, chore ao ouvi-la.

Mas essa passagem da vida de Marina adquiriu um tamanho inédito apenas recentemente.

Uma biografia de 2010 acaba de ser relançada. “Marina, a vida por uma causa” foi escrita pela jornalista Marília de Camargo César, que ouviu familiares, amigos e pessoas próximas de Marina ao longo de meses — além, é claro, da própria MS.

A palavra “fome” aparece dez vezes em mais de 260 páginas. Em nenhum momento referindo-se ao que ela disse no Ceará.

Ela conta da influência da avó paterna, Júlia, com quem morou no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco: “Na Semana Santa, não se comia carne nem nada que tivesse açúcar. Minha avó fazia mungunzá sem açúcar, arroz-doce sem açúcar. Deve ser uma tradição vinda do Ceará”.

Marina, segundo aprendemos, era muito querida pela avó. Arnóbio Marques, ex-governador do Acre, que a conhece “há uns duzentos anos”, aparece dizendo: “É a única pobre mimada que conheço”.

Marina tinha 10 anos quando do almoço mencionado no palanque. Há um testemunho da época no livro:

“Desde uns dez anos de idade, eu acordava todo dia por volta de quatro da manhã para preparar a comida que meu pai levava para a estrada da seringa. (…) Todo dia preparava farofa. Às vezes com carne, mas quase sempre com ovo e um pouquinho de cebola de palha, acompanhada de macaxeira frita. Aí botava dentro de uma lata vazia de manteiga, com tampa. Manteiga era comprada só quando minha mãe ganhava bebê. Meu pai encomendava no barracão — o entreposto de mercadorias mantido pelo dono do seringal — uma lata, pra fazer caldo d’água durante o período de resguardo. Por incrível que pareça, a manteiga vinha da Europa para as casas aviadoras de Manaus e Belém e dali chegava aos seringais do Acre.A lata era uma coisa preciosa. De bom tamanho, muito útil, tinha tampa e desenhos lindos e elegantes”.

Num outro trecho sobre a infância:

“Minhas irmãs também faziam as mesmas coisas que eu. As outras crianças, filhas de meus tios, do vizinho do lado, também iam pro roçado, iam buscar água no igarapé, varrer o terreiro, ajudavam a plantar arroz, milho e feijão. O pai à frente, cavando as covas, e elas colocando a sementinha nas covas. Você não tinha nenhum instrumento para ver uma realidade oposta àquela, para dizer: por que os filhos do fulano de tal ficam só brincando e nós, aqui, trabalhando? Não existia isso. Havia até um prazer de poder ajudar nossos pais a diminuir o fardo deles”.

Não se coloca em dúvida que Marina enfrentou enormes atribulações e é dona, sim, uma trajetória notável. A ex-seringueira acreana adquiriu malária cinco vezes, alfabetizou-se aos 16, chegou a senadora e ministra e concorre à presidência. Uma vencedora.

Mas a cartada da fome é típica de um populismo que, esperava-se, passaria longe da “nova política”. Quando ditou suas memórias, aquele sábado dramático, portinariano, não mereceu qualquer evocação. Hoje, talvez por insistência dos marqueteiros, a cena virou o filme.

É difícil competir com isso. Aécio, moço bem criado, não tem o que oferecer nesse quesito. Dilma poderia apelar para o câncer ao qual sobreviveu para provocar a empatia da superação.

Se o fizesse, porém, a candidata do PSB provavelmente estaria pronta para acusá-la de demagogia.

A revelação em Fortaleza é mais uma faceta de um personagem surpreendente, cuja história não vai parar de ganhar novos capítulos e ser reescrita. Pelo menos até o fim das eleições.

No Acre

JARBAS VASCONCELOS, NO VELÓRIO DE EDUARDO, ESTIMULA VAIA CONTRA DILMA E VÍDEO O MOSTRA MALDIZENDO EDUARDO

Jarbas Vasconcelos é inimigo visceral da família de Eduardo Campos. Odiava seu avô Miguel Arraes que foi preso pela ditadura e banido, mas quando voltou foi governador de Pernambuco por dois mandatos. Em seguida passou a odiar o neto Eduardo Campos. Aproveitando a cerimônia do enterro de Eduardo, ele compareceu para roubar proveito político diante do povo que amava Eduardo.

Como é uma personagem com modos abomináveis na chamada política brasileira, aproveita, para projetar sua misoginia, seu ódio contras as mulheres, em maldizer Dilma. Durante o cerimonial fúnebre, ele, com seu furor nazifascista, procurou estimular parte dos descontentes semelhantes a ele, para vaiar Dilma. Todavia, a maioria presente repudiou o incentivo invejoso do aproveitador e ofensor da dor alheia. Mas mesmo assim ele foi tratado com desvelo e elogio pelas mídias acéfalas que também odeiam e invejam os governos populares. Uma demonstração que eles são iguais em consciência assaltada.

É essa gente que quer governar o país e apoia a indicação de Marina.

Veja e ouça o vídeo e analise eticamente o tipo e seus semelhantes.

A perseguição desumana e covarde de JB a dois homens indefesos

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Não é justiça. É vendetta.

O que Joaquim Barbosa faz com Genoino e Dirceu não tem nada a ver com o conceito de justiça em si – um ato em que existe ao menos uma parcela de uma coisa chamada isenção, ou neutralidade, para usar uma palavra da moda.

Barbosa é movido por um ódio infinito.

Ele mantém Dirceu confinado na Papuda por raiva. E quer Genoino engaiolado, mesmo com problemas cardíacos, também por raiva.

A precariedade do sistema jurídico brasileiro é tamanha que se dá a um homem poder para fazer o que Barbosa vem fazendo, com uma hipócrita base de fatos que são fabricados para que a perseguição tenha ares legais.

Você escolhe médicos que vão dizer que Genoino está bem, e que não precisa de cuidados especiais. Isto funciona como aqueles repórteres da Veja que são escalados para provar, aspas, teses já definidas antes da primeira entrevista. O objetivo não é descobrir coisas, não é investigar um assunto. É chancelar uma conclusão que vem na frente dos fatos.

E depois que os médicos fazem seu servico abjeto, você exerce sua vingança mesquinha como se fosse um magistrado de verdade.

O caso de Dirceu é igualmente vergonhoso. Uma nota de jornal — um jornal tão famoso pelos erros que conquistou a alcunha de Falha de S.Paulo — vira uma prova contundente contra Dirceu. Numa inversão monstruosa da ideia da justiça, você tem que provar a inocência, e não o contrário.

Num cenário de reiterada desumanidade, destoou o gesto do deputado Jean Wyllys ao se negar a inventar ‘regalias’ para Dirceu. O partido de Wyllys faz oposição ao PT, e era presumível, diante do que se tem visto na cena política do país, que ele denunciasse as condições ‘espetaculares’ de Dirceu na Papuda.

Mas Wyllys optou pela honestidade. Relatou o que viu. Foi fiel ao que testemunhou. Não adulterou o que seus olhos encontraram. Seria um gesto banal, não fosse o ambiente de cinismo, cálculo e desonestidade que domina hoje o debate político nacional numa reprodução do que aconteceu, com trágicas consequências, em 1954 e 1964.

Joaquim Barbosa provavelmente esteja frustrado. O sonho de virar presidente naufragou miseravelmente. Só a mídia queria, além dele próprio e de um punhado de fanáticos de direita.

Ele foi obrigado a despertar para a dura realidade de que os holofotes lhe são dados apenas para dizer o que interessa à mídia. Ele queria falar recentemente do processo que move contra Noblat por alegado racismo. Ninguém na imprensa lhe deu espaço. Tentou trazer este assunto na entrevista que deu a Roberto Davila na Globonews. Davila mudou de assunto com um sorriso.

As declarações de Lula sobre o conteúdo político do Mensalão também não devem ter ajudado no humor de Barbosa. Sua obra magna, aspas, corre um sério risco de se desfazer em impostura.

Joaquim Barbosa é hoje uma fração do que pareceu ser, e amanhã será ainda menor, e o que sobrar provavelmente se cobrirá de ignomínia para a posteridade.

Para Dirceu e Genoino, o problema é que enquanto ele não volta ao nada de que saiu JB se dedica à arte sadica de persegui-los, sem que eles consigam se defender, prostrados que estão pelas circunstâncias, cada qual de seu jeito.

Neste sentido, não é apenas uma vingança, mas uma covardia.

O PSTF — Partido do Supremo Tribunal Federal

por : 

Um STF partidarizado é uma tragédia nacional.

Esta é a principal conclusão que você pode tirar da decisão da ministra Rosa Weber por uma CPI exclusiva da Petrobras.

Não vou nem discutir aqui se o melhor seria mesmo uma CPI exclusiva ou uma abrangente, na qual coubessem as propinas do metrô de São Paulo.

Meu ponto é o STF como partido. O PSTF, Partido do Supremo Tribunal Federal.

O drama é que, tomado de interesses políticos, o STF perde completamente o caráter técnico que deveria ter. E isso é um golpe avassalador na ideia da justiça como um conceito acima de interesses.

Machado de Assis escreveu que o maior pecado depois do pecado é a publicação do pecado. Já se imaginava, há algum tempo, que a justiça não fosse exatamente neutra. Agora, isto é amplamente conhecido.

As consequências da partidarização do STF são calamitosas.

Se uma decisão cabe a um juiz, você sabe antecipadamente como ele vai votar. Se houvesse uma casa de apostas jurídicas, não haveria jeito de você errar em seu palpite.

Caiu nas mãos da ministra Rosa Weber o veredito sobre a CPI. Dado o seu retrospecto – ela entrou para a história ao dizer que mesmo sem provas se achava no direito de condenar Dirceu – já se sabia desde sempre qual seria a escolha.

Deu a lógica.

Imagine que o caso parasse nas mãos de Lewandowski. Teríamos uma CPI abrangente.

Repito: não estou julgando aqui qual caminho é o melhor, se é que algum deles é bom. A discussão é sobre a negação da justiça representada pelo PSTF.

Pessoas pagam o preço disso. Dirceu, por exemplo. Joaquim Barbosa faz tudo que pode para atrapalhar a vida de Dirceu. O mesmo vale para Genoino, tratado como se fosse saudável como, para usar uma imagem cara a Nelson Rodrigues, uma vaca premiada, mesmo com o coração comprometido seriamente.

Dirceu e Genoino terão que esperar Joaquim Barbosa deixar a presidência do Supremo para se livrarem de uma perseguição inclemente.

Com o PSTF, o real perdedor é a sociedade.

A mim chamou a atenção, na votação dos embargos infringentes, como uma questão simples – uma segunda jurisdição está ou não na Constituição – foi tratada com caudalosos, eruditos, intermináveis pronunciamentos que simplesmente se anulavam.

Sim, estava. Ponto. Mas ministros como Gilmar Mendes e Luiz Fucs defenderam, em minúcias, a tese absurda de que a segunda jurisdição não estava na Constituição.

É, como se vê, um PSTF dividido.

Se há alguma coisa boa no julgamento do Mensalão, é que os brasileiros puderam ver quanto é precário o Supremo, a principal corte nacional.

Se ela é assim, imagine as cortes inferiores.

Não se trata apenas de reformar a justiça. Trata-se de reinventá-la no Brasil.

Quanto mais se conhece o STF, mais fica clara sua extraordinária falta de qualidade e de grandeza.

Agora mesmo, no calor da decisão de Rosa Weber, vazou a informação de que um filho dela trabalha na Globo, como jornalista.

É o segundo caso do gênero. Também um filho de Barbosa foi acolhido pela Globo.

Nada contra os filhos dos juízes do STF, mas como esperar imparcialidade dos pais se chegar a eles alguma decisão que diga respeito à Globo?

Alguém vai votar contra o empregador do filho? Quem acredita nisso, como disse Wellington, acredita em tudo. Há, portanto, conflito de interesses, dado o peso e considerada a folha corrida da Globo.

A tarefa urgente, essencial na reinvenção da justiça nacional é tirar o P do PSTF. Não pode ser um partido, ou a sociedade é alvo de intensa, cruel, insuportável injustiça.

‘Foi meu segredo’: Eliana Paiva, filha de Rubens, fala ao DCM sobre sua prisão aos 15 anos na ditadura

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Eliana Paiva passou décadas sem contar nada a respeito dos dias em que passou presa, quando tinha apenas 15 anos. “Acho que esqueci o que aconteceu, deixei pra lá, sabe?”, diz ela.

Era janeiro de 1971 e seu pai, Rubens Paiva, deputado cassado, tinha sido preso no dia anterior. Era um engenheiro civil da classe média paulistana, socialista, jovem, empreendedor e bon vivant. Mas uma carta e uma amizade foram suficientes para ser considerado suspeito, preso e espancado até a morte.

Filha e pai não se encontraram na prisão. Aliás, nunca mais se viram. Provavelmente, ele morreu naquele mesmo dia em que ela foi presa, vítima de torturas. Foi dado como desaparecido e seus restos mortais nunca foram encontrados. “Só recentemente é que comecei a contar algumas coisas que eu não comentava nem para a minha família”, diz ela. “Ninguém soube da minha prisão, foi um segredo que guardei por 40 anos e que só revelei na Comissão da Verdade”.

Nessa entrevista exclusiva ao DCM, Eliana recupera as suas lembranças daqueles dias.

Como era o clima na família antes da prisão do seu pai?

A gente não tinha muitas preocupações. Meu pai, que era deputado federal, esteva na primeira lista de cassados, mas, apesar de estar ligado ao partido socialista, era um burguês, de 34 anos, com cinco filhos, engenheiro civil. Nem ele, nem seus amigos, achavam que a repressão ficaria tão séria. Todos eles, intelectuais de esquerda, como o Darcy Ribeiro, o Valdir Pires e o Luís Fernando Bocayuva achavam que os militares eram gorilas, burros, ignorantes, não acreditavam no poder deles. Eram os milicos contra a intelectualidades brasileira. Achavam que isso não ia adiante. Ele se divertia muito, tinha bom humor, levava tudo na brincadeira. Era um grupo muito bom, uma época das mais férteis da cultura brasileira.

Mas seu pai exilou-se antes de ser preso…

Sim, depois do golpe, ele primeiro ajudou o Valdir Pires e o Darcy Ribeiro a embarcaram para fora. Ele tinha um inteligência logística espetacular e todo mundo recorria a ele para fazer essas coisas. Mas quando chegou a hora de ele embarcar, os militares já sabiam e estavam esperando ele no aeroporto. Daí começaram a atirar em plena pista, mas ele conseguiu fugir e foi para a embaixada da Iugoslávia.

Isso ocorreu em Brasília?

Sim. Nós tínhamos um apartamento funcional, onde eu ia de vez em quando passear. Ia fazer turismo mesmo. Para mim, não havia o menor clima ruim. Era uma garota, estudante, curtindo Brasília

E na embaixada da Iugoslávia, o que aconteceu?

A embaixada era uma construção inacabada e nem o embaixador ficava lá. Quem ficava eram os exilados. Meu pai chegou lá e pôs ordem na casa. Fez tabelas com horários para tudo. Tem até uma história que proibiram as mulheres das famílias entrar na embaixada porque eles jogavam vôlei pelados. Eles faziam a festa, do tipo a vida é boa. Daí eles pegaram um vapor e foram para Iugoslávia, onde foram bem recebidos. Meu pai ficou um mês lá e foi para Paris, viver a vida. Também foi para a Inglaterra, fazer um curso sobre plantação de bananas.

Bananas?

É. Ele era engenheiro civil, mas tinha sido cassado. Então achava que o futuro dele era se recolher na fazendo do meu avô e plantar bananas para viver. Ele tinha muita capacidade de trabalho e sabia disso, não ficava assustado com a vida. Ficou oito, nove meses no exílio

E por que ele voltou?

Por que quis, sei lá. Ele tinha passaporte diplomático ainda, por ser deputado, e não tinha sido confiscado. Ainda havia um certo respeito. Meu pai tinha dinheiro, tinha posses, não era suspeito. Daí ele pegou um avião para Buenos Aires e desceu no Rio. Naquela época os aviões paravam no meio da pista, era muita bagunça, não tinha controle. E ele apareceu em casa, sem avisar, dando um susto na minha mãe.

E você, o que pensou de tudo isso?

Eu tinha 9 anos. Estudava no colégio Sion e era sócia do Paulistano. Tinha a minha vidinha. Papai tinha dinheiro de família. Nada parecia muito diferente. Depois que ele voltou para o Brasil, nós mudamos para o Rio, em 1965, onde estavam todos os amigos dele. Lá, a vida continuou, eu virei adolescente. Adorava ler o Pasquim, tinha ficado três meses nos EUA, onde vi “Hair” e “Easy Rider”, chorava ouvindo Joan Baez, queria cortar meus peitos que estavam crescendo e doía…E minha casa se transformou um centro dos intelectuais do Rio. Bebiam, fumavam charutos e riam muito. Meu pai adorava rir, contar piadas e se divertir. Ninguém estava nem aí com os militares. Mas a verdade é que àquelas alturas a casa devia estar sendo vigiada.

E então veio o AI-5…?

É… mas mesmo assim, eles se divertiram. Lembro que meu pai e o Waldir Pires foram para praia no dia do AI-5. A marinha tinha colocado todas as fragatas na costa de Ipanema e Leblon. Mas eles conheciam aqueles navios. Eram velhos, caindo aos pedaços. Lembro de ver os dois rolando de rir, dizendo “as caldeiras vão explodir, essas merdas estão sem manutenção há 50 anos”. Inventaram uma coisa para se divertir no dia do AI -5. Ficaram assustados, sim, perceberam que a coisa estava ficando sério, mas nem tanto.

Ele foi preso só janeiro de 71. O que aconteceu nesse tempo?

Aconteceu que meu tio mais velho teve câncer no cérebro e foi se tratar nos Estados Unidos. Daí meu pai foi visita-lo e, na volta, não resistiu e passou pelo Chile. Foi conhecer o socialismo de Allende e visitar os brasileiros exilados. Distribuiu dinheiro para todo mundo. E fez contato com a Helena Bocayuva, filha do Luís Fernando, que era do MR8 e queria voltar para o Brasil. Mas ele segurou ela lá. Depois, a Helena mandou uma carta pela Cecília Viveiro de Casto em que havia um manifesto do MR8 e o endereço do meu pai. Nessa altura o SNI já estava sendo montado e já sabiam de muita coisa.

Foi por causa dessa carta que ele foi preso?

Provavelmente. E também porque ele tinha um amigo comunista, o Adriano (codinome de Carlos Alberto Muniz, militante do MR-8).

Ele estava desconfiando que seria preso?

Ele estava tenso. Já estavam acontecendo os sequestros de embaixadores, estavam soltando presos e ele sabia que tudo podia acontecer. Só achava que não aconteceria com ele. Não tinha motivos. Ele achava que, se você não tem culpa no cartório, nada pode acontecer.

E como foi no dia da prisão?

Foi em 20 de janeiro de 1971, mais ou menos às duas horas da tarde. Foi levado lá para o DOI-Codi, na Barão de Mesquita. Ele chegou e já entrou na porrada. Ficavam falando “quero ver agora, seu deputadozinho de merda”. Ele era briguento, enfrentava as pessoas e começou a discutir com os caras, a exigir seus direitos. Daí é que os caras bateram mesmo. O cara que bateu nele gostava de bater. Depois largaram ele num canto, pelado, agonizando, e quando levaram ele ao médico, já não tinha mais o que fazer. Pelas conversas que tive com amigos médicos, provavelmente ele teve uma hemorragia interna. Morreu no dia seguinte ao que foi preso, muito provavelmente.

Você já tinha presa nesse momento?

Já. Eu e minha mãe fomos presas no dia seguinte e alguma coisa me diz, uma sensação inexplicável, que ele morreu as cinco horas da tarde desse dia, 21 de janeiro.

O que aconteceu com você no dia da prisão dele?

No dia que meu pai foi preso, ficamos todos em prisão domiciliar. A casa ficou cheia de militares à paisana, gente estranha, tosca. Eu estava na praia, porque era férias, e quando voltei, minha mãe me chamou, muito assustada, e falou para eu sair e ligar para o meu tio, que era advogado. Eu saí, dizendo que ia jogar vôlei, fazia parte da equipe do Botafogo. É estranho, de algumas coisas não lembro, acho que apaguei da memória. Mas, daí eu fui na casa de um amigo, liguei para o meu tio e fiquei dando voltar em torno da minha casa. Quando entrei, um cara, um militar, do tamanho de um armário, veio tirar satisfação comigo, segurando um cabo elétrico na mão, ameaçador. Daí eu falei: “vamos conversar, senta aqui comigo, o que está acontecendo?” (rindo). Eu tinha só 15 anos. Pode?

E depois?

Não lembro de mais nada. Lembro só no dia seguinte, quando minha mãe me acordou para dizer que a gente foi convocada para prestar depoimento. Escolhi uma roupa que me cobria inteira, uma túnica preta, porque eu estava com medo. Essa roupa eu joguei fora porque tinha cheiro da prisão.

Vocês foram encapuzadas?

Sim, fomos. Entramos num fusca e lá perto do Maracanã fizeram a gente colocar o capuz, um troço fedido, devia ter sido usado por muita gente. Fiquei encapuzada a maior parte do tempo na prisão.

E lá, o que aconteceu?

Fui separada da minha mãe e me revistaram inteirinha. Inteirinha mesmo, sem o menor escrúpulo e ainda por cima por um homem. Daí me puseram num corredor, ainda de capuz, sentada no chão. Todo mundo que passava me dava um coque na cabeça, mexia nos meus peitos, me chamava de comunista, essas coisas. Eu nunca entrei na leitura da história. Nunca entendi direito o que acontecia.

Você foi interrogada?

Três vezes. No meio da tarde fui interrogada numa sala minúscula por um sujeito bastante grosseiro, gordo e peludo, extremamente violento, que foi me agredindo, fazendo perguntas sobre amigos do meu pai. “Teu pai é um grande comunista”, ele falava. “Não sei se ele é um grande comunista, acho que ele nunca leu Marx”, eu respondia. De repente ele diz que eu também era comunista. E mostra o trabalho que fiz sobre a Primavera de Praga. Era um trabalho escolar, do primeiro colegial. Eu caprichei, fiz pesquisa, era um bom trabalho. Mas…era sobre um fato que aparecia direto na imprensa e não tinha nada de comunista. Acho que foi isso que motivou minha prisão.

E depois, o que aconteceu?

Daí entrou um militar à paisana na sala e disse: “Cirurgião, nós temos um trabalho para você”. Cirurgião era como chamavam o torturador que me interrogava. Ele estava sendo convocado para interrogar algum infeliz. Me mandaram de volta para o corredor e eu fiquei ali, encapuzada, ouvindo a tortura nas outras salas. Ouvia berros: “Parem com isso, pelo amor de Deus” gritavam. Para mim foi um horror ouvir aquilo. A primeira vez que contei isso, não parava de chorar. Ouvir tortura, vedada num corredor, foi a coisa mais enlouquecedora do mundo. Eu fiquei meio estática, pensando “agora sei onde estou”. Duas horas depois, fui a outro interrogatório. Desta vez com um sujeito um pouco mais velho, mais sério, mais sábio. Ele me perguntou como eu estava e daí baixou o Rubens Paiva. Comecei a reclamar e a ameaçar, dizendo que tinha apenas 15 anos e que eles não podiam me prender. Estão me apalpando no corredor, estou ouvindo torturas, tem uns meninos sendo maltratados no corredor, eu falava. Acho que nessa hora, meu pai já estava agonizando, porque amainou o tom, eles deviam estar assustados.

E a sua mãe, onde estava?

Quando eu saí desse segundo interrogatório, tiraram o meu capuz e colocaram uma venda. Eu conseguia ver alguma coisa por baixo. E vi minha mãe entrando na sala da qual eu estava saindo. Falei com ela. Ela perguntou como eu estava, de uma maneira muito doce, nunca vou esquecer. Foi a única vez que eu a encontrei. Ela ficou presa onze dias. Nos três primeiros, ficou estática na cama, sem reação, porque sua filha tinha sido presa também.

Daí você voltou para o corredor?

Isso mesmo. Desta vez, eu conseguia ver por baixo, porque estava só de venda. Eu chorava compulsivamente. Conseguia identificar as pessoas sendo arrastadas, os sapatos. Depois me levaram para uma cela, tiraram a venda.

Você ficou sabendo que seu pai tinha morrido?

Praticamente sim. Tinha uns guardinhas no corredor, muito jovens, que ficaram me dando mole, porque, imagina, eu tinha 15 anos, era uma garota bem bonita. Daí eles me contaram que meu pai estava muito mal mesmo, que estava agonizando.

Você ainda teve um terceiro interrogatório?

Tive. Mas foi de madrugada, não lembro de nada, eu estava morrendo de sono. Mas eles estavam recuando naquele momento, papai já devia estar morto.

E quando você foi solta?

No dia seguinte. Lembrou que amanheceu com música do Roberto Carlos, “Jesus Cristo”. Daí me chamaram para ir embora, me deram a bolsa da minha mãe. Eu não quis ir. Queria ir com a minha mãe. Mas eles insistiram e eu estava louca para sair daquele lugar. Me puseram num fusquinha e me largaram na praça Saenz Pena.

Você voltou para casa?

Liguei para uns amigos do meu pai e eles me levaram. Depois quando minha mãe saiu, fomos para Santos na casa do meu avô e passamos a morar lá. Esperando que meu pai aparecesse. Na verdade, quem esperava era os meus avós. Nós já tínhamos certeza de que ele estava morto.

E o corpo do seu pai nunca apareceu…

Nunca. Andaram contando umas histórias de que o corpo foi jogado no mar, depois de ter sido enterrado em vários lugares. (segundo o depoimentodo coronel reformado Paulo Malhães, desmentido em seguida por ele mesmo) Para mim, é tudo fantasia. Acho que colocaram o corpo numa vala qualquer e esqueceram.

É importante para você encontrar o corpo?

Acho que sim. Quero ter a oportunidade de fazer o luto do meu pai.

Como esses eventos influenciaram na vida da sua mãe e na sua?

Minha mãe foi forte, entrou para a faculdade de direito e se tornou uma advogada brilhante. Mas ela me disse certa vez que passou os três anos seguintes pensando em se matar. Eu acho que nunca superei totalmente. Tenho problemas profissionais, não consigo me organizar. Já fui professora da USP mas não consegui manter o cargo. Tenho uma característica comum a todos os que foram presos na infância e adolescência: não enxergo os limites da vida. Parece que sou incapaz de respeitar as hierarquias. É confuso.

Por que você demorou tanto para contar essa história?

Acho que esqueci o que aconteceu, deixei pra lá, sabe? Puxa, eu tinha 15 anos, precisava viver a vida e minha história, a minha prisão, a morte do meu pai não interessava a ninguém dos meus amigos. E se eu lembrava, tinha ataques de choro. Houve uma vez em que tive um estresse muito grande e comecei a delirar e tudo o que eu via eram cenas do holocausto, da morte dos judeus. Eu não sou judia. Não entendi isso. Deve ter alguma ligação com o que eu passei.

Enquanto isso, na Cracolândia …

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Globo tem bens bloqueados

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Do Diário do Centro do Mundo

A Globopar, empresa ligada à TV Globo, está com parte de suas contas bancárias e bens bloqueados, devido a um dívida ativa de R$ 178 milhões com o Tesouro Nacional. De acordo com documentos conseguidos pelo jornal Hoje em Dia na Justiça Federal do Rio de Janeiro, a dívida inscrita no cadastro de inadimplentes federais foi originada por várias sonegações de impostos federais.

Por solicitação da Procuradoria da Fazenda Nacional do Rio de Janeiro, as contas bancárias da Infoglobo e a da empresa Globo LTDA também chegaram a ser bloqueadas. Mas os irmãos Marinho – Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto – conseguiram autorização da Justiça para liberar o bens dessas duas últimas empresas no mês passado, na 26ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Inadimplente

A dívida da Globopar, no entanto, já está inscrita no cadastro de inadimplentes do Tesouro Nacional, em fase de execução. Na semana passada, a Globo conseguiu adiar a entrega de seu patrimônio ao tesouro até que o processo transite em julgado.

O Hoje em Dia também teve acesso ao processo que apurou o sumiço do inquérito de sonegação da Organizações Globo na compra dos direitos da transmissão da Copa de 2002.

Receita Federal

Um documento enviado pela Receita à Justiça em 2010 comprova, ao contrário do que a emissora divulgou, que a dívida de R$ 600 milhões nunca foi paga. A papelada comprova ainda que o Ministério Público Federal ao ser avisado sobre operações de lavagem de dinheiro entre a Globo e a Fifa nas Ilhas Virgens Britânicas prevaricou muito.

Omissão

Ao invés de solicitar investigação à Polícia Federal, preferiu emitir um parecer que atesta não ter ocorrido nenhum ato ilícito nas transações nas Ilhas Virgens. Um inquérito criminal contra os irmãos Marinho chegou a ser instaurado, mas também sumiu das dependências da Receita Federal.

Não bastasse toda essa confusão, a Globopar continua sonegando. E como nunca. Nos últimos dois anos, a empresa foi notificada 776 vezes pela Receita Federal por sonegação fiscal.

Equipamentos

A maior parte dessas autuações envolve a apreensão de equipamentos, sem o recolhimento de impostos, no aeroporto do Galeão, no Rio De Janeiro. Para um bom entendedor a Globopar é uma empresa contumaz na prática do descaminho.

Verba publicitária

O ministério da Comunicação do governo Dilma Rousseff e os demais governantes desatentos liberaram verba para empresa inadimplente com a União, o que constitui-se ato de improbidade administrativa. A liberação pode ser comprovada no site do Ministério da Fazenda.


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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