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O GOLPE PARLAMENTAR-JURÍDICO-EMPRESARIAL-MIDIÁTICO É TÃO ABERRANTE QUE NÃO CONSEGUE NEM SER A FARSA DE 1964. A SAÍDA É LULA DE NOVO

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Cinquenta e três anos não passados nos colocam novamente no turbilhão da luta contra nossos algozes.

Os degenerados, os abjetos seres que levaram a 53 anos nosso país à ditadura estão atuando e entregando tudo o que conseguimos nesses últimos 14 anos à derrocada.

Derrocada da classe trabalhadora. A principal prejudicada com esse golpe parlamentar-jurídico-empresarial-midiático. Derrocada da democracia brasileira, dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras através das Emendas Constitucionais que nem Lula nem Dilma ousaram fazer porque defendiam a classe contra os estúpidos, gananciosos e privilegiados capitalistas brasileiros e internacionais.

São 53 anos. 1964-2017. Para não esquecermos o que fizeram com o Brasil e com os brasileiros. Prenderam, torturaram, assassinaram, desapareceram com corpos de todos que eram contra o regime. Dentre os que estão hoje no comando desse novo golpe muitos fugiram, medrosos, degenerados, depois voltaram para concretizar a continuidade daquele golpe a mando a mando dos yankes.

Os degenerados, dizem, jornalistas, estão na lama. De minuto em minuto saem notícias de ladroagem. É dinheiro em condado na Alemanha, Cingapura, Nova York. Dinheiro na Suíça. Senador golpista dando surra na  mulher e ficando proibido de voltar para casa pelo STF. É o primeiro rico, golpista  um sem teto. Mas eles não estão na lama não. Ao dizer que estão na lama estamos antropomorfizando e comparando aos porcos. Os porcos não tem nenhuma relação com seres abjetos. Os porcos tem mil vezes mais valor de que um ser degenerado, um não ser, uma gente miúda. Isso faz diferença com os militares de 64, digo com os militares. Os civis, estão aí.

Não  chore Andrea Neves e nem diga que é mentira o que a ignota Revista Veja publicou ontem. Um delator da Odebrecht depositou dinheiro para o Mineirinho na sua conta em Nova York. Seu irmão é o mais delatado na Lava Jato e até antes da Lava Jato. Como foi construída a Cidade Administrativa de BH? E a lista de Furnas? Porque Mineirinho intimidava tanto policiais, funcionários públicos quando governador em Minas. Porque o policial se suicidou?

No dia da eleição presidencial, Andrea, o seu apartamento em Belo Horizonte estava lotado de gente miúda. Vocês já festejavam a vitória de Mineirinho frente a Dilma eleita com 54.501.118. Vocês já tomavam champanhe francesa, comiam caviar iraniano e do mar negro, vocês se abraçavam. Aviões e helicópteros se prepararam para decolar com politicofastros de várias capitais e cidades brasileiras para o regabofe em BH. Só que os brasileiros jogaramo votos em cima do coquetel de vocês. Os brasileiros ganharam as eleições com uma enxurrada de votos vindo do Nordeste brasileiro e de outras bandas. Vocês não aceitaram. Mas aquela imagem de vocês cabisbaixa tramaria o medonho contra a democracia e agora contra vocês. O povo não quer olhar no seu olho,  ele quer distância de você e do Mineirinho. Nenhum trabalhador quer aproximação com vocês. Vocês são propagadores de maus encontros. Vá pra lá com as suas… O trabalhador só olha no olho de trabalhador. O trabalhador se identifica com quem é da sua classe e Lula é o representante do trabalhador. Lula fala como trabalhador e atua como trabalhador.

Nestes 53 anos vocês, golpistas, continuam aprontando. O dublê de chanceler, Aluysio Nunes, mais conhecido como 300, ptbul, ainda não engoliu ter sido expulso pelo povo da Venezuela naquela fatídica viagem que foram levar solidariedade aos golpistas de lá. O dublê de chanceler quer porque quer expulsar a Venezuela do Mercosul. Com ele está a Argentina,  Paraguai e Uruguai trabalhando para a exclusão desse país Bolivariano. Há por trás de tudo isso interesse do governo e do capital norte americano em promover a política da terra arrasada para depois surgirem como salvadores da pátria.

Nestes 53 anos de golpe, e mais este 2016, vocês golpistas, deram mais uma demonstração de que o pobre, o trabalhador deve mesmo “comer o barro que Deus amassou”. Não bastasse a PEC da Morte, Deforma da Previdência, Terceirização, agora vocês extinguiram o Ciência Sem Fronteira projeto do governo Dilma que beneficiava estudos no exterior para os filhos de trabalhadores. Ali tinha, negros, índios, brancos. Com esse projeto na área de Educação, Ciências nós estávamos formando pessoas para no retorno ao Brasil aplicar os conhecimentos conseguidos para nosso desenvolvimento. Como neste momento se sentem nossos estudantes, em Portugal, Espanha, Canadá, Angola, Moçambique, Inglaterra, Rússia, Cuba, Haiti, Cairo, Teerã? Assim também como estão os filhos de trabalhadores africanos, asiáticos que estudam nas nossas Universidades em convênios com o desgoverno brasileiro? É um catástrofe.

Sob um golpe não podemos esperar nenhum benefício de golpista. Eles como não possuem inteligência e a ideia fixa está em se dar bem, eles estão a tomar decisões que lhes parecem normais. Neste momento, prestes o julgamento do ilegítimo no TSE, as informações de que o amigo Gilmar Mendes vem orientando os advogados do golpista e há possibilidades muito grande de desvincularem Dilma do golpista. Dilma ficaria inelegível e como não se pode investigar o gente miúda por ser detentor do cargo de dublê de presidente é intocável. As leis e nem a Constituição permitem.

Nestes 53 anos, de 2003 até o novo golpe não tínhamos 13,5 milhões de desempregados. Tínhamos a preocupação e o atendimento do governo na área de educação, saúde, habitação, transportes, saneamento. Foi o período que mais se criou Universidades e Institutos Federais de Educação. E também o que mais ganhamos títulos de Doutor Honoris Causa. Erramos, sim nalgumas, coisas e não podemos deixar de mencionar. Faltou dialogar mais com o povo. Faltou se aproximar dos movimentos sociais. Faltou taxar as grandes fortunas, faltou uma reforma política, reforma agrária, faltou regularizar as mídias e quebrar com a Globo e sua afiliadas. Quebrar mesmo, porque a Globo é a principal incentivadora do Golpe e uma das empresas que mais sonegam impostos.

Nestes 53 anos, com todas essas medidas antipopulares, antipovo só resta aos trabalhadores, fortalecidos, depois de uma análise daquilo que está acontecendo trabalhar para mudar tudo isso, ativando nas fábricas, nas escolas, nos sindicatos, em casa, na favela, no cortiço, na vila, no campo, no ônibus, na canoa, no avião, por todos os cantos, lados e beiras o nome do melhor e maior presidente do Brasil. Luís Inácio Lula da Silva.

Só, com esse brasileiro, depois de Getúlio Vargas e João Goulart construiremos um Brasil democrático, livre e soberano, novo e com rima, para  seu povo.

 

DEU CHABU. PERSONAGENS COM BAIXO GRAU DE INTELIGÊNCIA QUE GRITAVAM FORA DILMA, FORA PT ESTÃO SEM PANELA E COMIDA. SÓ ALGUNS DEGENERADOS FORAM ÀS RUAS. ENQUANTO ISSO, LULAPALOOZA É O NOSSO CANTO. CHORA, COXINHA! CHORA PATO! E SE IMISCUI A LAVA JATO.

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Antes do golpe jurídico-parlamentar-midiático contra a democracia brasileira, contra a Presidenta Dilma e seus 54.501.118 votos, nos idos de 2013 pessoas com baixo grau de inteligência, segundo o filósofo holandês Espinoza saíram às ruas, bateram panelas, frigideiras, bacias, alguidares, contra a corrupção. Vestiram a camisa verde amarela da corrupta CBF. Eduardo Cunha e todos os deputados golpistas, Aécio e todos os senadores delatados, Michel Temer e vários peemedebistas estronchados , exceto Kátia Abreu e Roberto Requião.  Sérgio Moro, Dallagnol e muitos procuradores,  alguns delegados da PF, STF acovardado, PGR complacente. Os procuradores de Curitiba saíram propagando um projeto de 10 itens contra a corrupção.  Todos   adversários de Dilma, Lula e do PT. Políticofastros, coxinhas e os patos não saiam das ruas a protestar contra a corrupção como se fossem íntegros e éticos. Hoje, muitos deputados e senadores  estão a chafurdar na grana e não comparecem para um chamado do MBL e do Vem pra Rua. Deixaram aquelas duas aberrações a ver o povo de Lula fazer a festa. Os éticos, incorruptíveis, olham a rua e ela está vazia. Logo hoje, dia 26 de março de 2017, data escolhida para uma mega manifestação contra a corrupção e a favor de Sérgio Moro e da Lava Jato. A polícia se recusou a estimar o número de participantes. Não dava para estimar. Não havia ninguém. Os ninguém que compareceram, foram os Zé Ninguém que Wilhelm Reich descreveu num de seus famosos escritos. Os degenerados que mostraram a faixa fora Corruptos esses estão no mais abaixo  grau da inteligência. Os demais que não protestaram estão escondidos, mais não deixam também de fazer parte do golpe e por isso são responsáveis pelo desastre político econômico, social em que o Brasil está mergulhado. Enquanto coxinhas e patos neste momento dizem – somos um fiasco, a translulação no seu devir povo, que desde domingo passado soa em uníssono pelo Brasil vai rimbombando por todos os cantos no Brasil numa só alegria que não escapa nem de uma banda de Rock no Lollapalooza de São Paulo. Sinfônica e eletronicamente a guitarra reverbera um solo, o som sai, vai contagiando, o povo vai cantando e a vida surge: “Olê, olê, olê, olê o lá, Lula, Lula.” Isso é lindo, lindo lindo. Chora coxinha, chora patos da FIESP. “Lula é um diamante Bruto e não está morto”, disse o ministro da ditadura Delfim Neto. Chora Moro, Chora Xarope. Curte povo do Lula e do Brasil.

PARABÉNS, QUERIDA! QUERIDA É DILMA!

    O filósofo Michel Serres afirma que todos nós ao nascermos somos singularidades. Antes de nós ninguém nasceu como nós. Assim, como também depois de nascermos ninguém nasceu como nós. Somos sempre únicos. Ai nossa singularidade: não termos cópia e nem simulacros. O que nos livra da alienação: não sermos a singularidade que somos.

     Mas, ao nascermos, não somos somente singularidades. Somos também individuações.  Potência incorporal que nos move como práxis e poieses criativa. Não individualidade que reflete o numeral-capturador determinado pela semiótica-jurídica do estado. A força-estratificante-paranoica.

      Singularidades e individuações movimentam o mundo como novidade contínua. Os corpos que como práxis e poieses produzem a história, visto que só é corpo histórico o que se apresenta como novo. Não basta nascer para ser tido como histórico. História não é narração de fatos. Nenhum golpista é histórico. Golpistas são quimeras: o que não tem essência e nem existência, como afirma o filósofo holandês Spinoza.

      Somos singularidades e individuações quando nascemos, todavia, nem todos processam em seus percursos esses corpos únicos produtivos e criativos. Um número muito grande de pessoas têm suas singularidades e individuações obstruídas por opressões agenciadas pelos adultos, principalmente pelos pais que são os sujeitos-sujeitados traumatizantes das crianças. Também muitas ditas escolas fazem parte dessa cruel operação opressora. Assim, como meios de comunicação manipuladores.

    As pessoas que tiveram suas singularidades e individuações obstruídas são as representantes da classe burguesa. Não há como encontrar na burguesia esses corpos produtivos e criativos do novo, já que a sua grande compulsão é manter seus privilégios adquiridos oprimindo os trabalhadores. Na burguesia a singularidade sofre a metamorfose da pluralidade-lucro: quantidade. A individuação a metamorfose força do poder: dominação. É por isso que seu caráter ímpar é a brutalidade e a irracionalidade expressadas em ódio, inveja e vingança. Como obstruídos, muitas dessas metamorfoses buscam segurança, poder de dominação e reconhecimento nos estratos concedidos pelo Estado burocrático hegeliano. Triste ilusão.

    Como a burguesia é pluralidade-lucro e força de poder dominante, ela não se move, é molar. E como tudo que é imóvel só reflete o já estabelecido, e no caso da burguesia a ambição de sua classe, e a história é “movimento real”, a burguesia não faz história. Não há burguês-histórico. Alguém poderia afirmar: Então, a burguesia é o lixo da história! Não! Na história, como produção e criação do novo, não há lixo. Não há excedente. Não há resíduos recicláveis. A história é a história por si mesmo. Mulheres e homens ativos como singularidades e individuações.

    Dilma é história! Os golpistas não. Dilma é história querida. Querida, não como adjetivo, mas como devir singularidade e individuação. Não é querida porque alguém lhe quis querida pronominal. Mas porque ela primeiro se tornou seu próprio querer. E como seu querer, se tornou querida por si mesma. O afeto revolucionário que os que lhe chamam de querida compuseram com ele. Ninguém é amada sem primeiro se tornar por si mesma querida. Querida é o afeto amor que encadeia desejos revolucionários produtores e criadores da democracia como devir-povo. A ultrapassagem contínua como existência nova.

      Só se faz querida por via da singularidade e individuação que são os afetos livres que compõem potência de agir coletivo. Sartre afirma que a existência precede a essência. O homem primeiro é livre para escolher. E não primeiro escolhe para ser livre. Aí a existência como singularidade e individuação liberdade.

   Como a singularidade e a individuação da burguesia encontra-se em estado obstruído, ela jamais poderá processar em si um querer que lhe torne querida por si mesma, para que o outro o tome como querida. Como não é querida, a burguesia se engana com o tratamento entre os seus pares: “Oi, querida! Como, vai querida? Você é muito querida! Querida você é um luxo!”. Um infinito tagarelar querida para se iludir que é querida. Daí se infere que no meio burguês não há amor, já que para o amor se fazer presença real, ontologicamente ser, é necessário que os amantes sejam em si queridos.

    Parabéns, Querida! Querida é Dilma! O povo compõe com Dilma Querida, porque ele se quis e se fez querido. Ele sabe que só há democracia quando o povo se faz querido. E ser querido é atingir o mais alto grau político da democracia. Grau que a analfabeta-burguesia jamais alcançará.

    Não cansamos: Parabéns, Querida!

Cinco informações úteis não divulgadas! Principalmente a QUARTA

1. Certidões: quem quiser tirar uma cópia da certidão de nascimento, ou de casamento, não precisa mais ir até um cartório, pegar senha e esperar um tempão na fila. O cartório eletrônico, já está no ar! Nele você resolve essas (e outras) burocracias, 24 horas por dia, on-line. Cópias de certidões de óbitos, imóveis, e protestos também podem ser solicitados pela internet. Para pagar é preciso imprimir um boleto bancário. Depois, o documento chega por Sedex.
Passe para todo mundo, que este é um serviço da maior importância.

2. Auxílio a Lista: Telefone 102… não! Agora é: 08002800102 Vejam só como não somos avisados das coisas que realmente são importantes…… NA CONSULTA AO 102, PAGAMOS R$ 1,20 PELO SERVIÇO. SÓ QUE A TELEFÔNICA NÃO AVISA QUE EXISTE UM SERVIÇO VERDADEIRAMENTE GRATUITO.
Não custa divulgar para mais gente ficar sabendo.

3. Lenda: Modelos, Artistas Famosos e celebridades perdem Peso só com exercicio e Dieta. Tudo mentira, linda e magra sem suar, esta é a moda entre os famosos, eles queimam até 10 quilos em 30 dias. Veja em primeira mão a fórmula, o jeito fácil de queimar calorias. Aqui está! – http://www.newfastbrasil.com.br/

4. Multa de Trânsito: essa você não sabia. No caso de multa por infração leve ou média, se você não foi multado pelo mesmo motivo nos últimos 12 meses, não precisa pagar multa. É só ir ao DETRAN e pedir o formulário para converter a infração em advertência com base no Art. 267 do CTB. Levar Xerox da carteira de motorista e a notificação da multa.. Em 30 dias você recebe pelo correio a advertência por escrito. Perde os pontos, mas não paga nada. Código de Trânsito Brasileiro Art. 267 – Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como mais educativa.

5. Importantíssimo: Documentos roubados – BO (boletim de occorrência) dá gratuidade – Lei 3.051/98 – VOCÊ SABIA???

Acho que grande parte da população não sabe, é que a Lei 3.051/98 que nos dá o direito de em caso de roubo ou furto (mediante a apresentação do Boletim de Ocorrência), gratuidade na emissão da 2ª via de tais documentos como: Habilitação (R$ 42,97); Identidade (R$ 32,65); Licenciamento Anual de Veículo (R$ 34,11)..

Para conseguir a gratuidade, basta levar uma cópia (não precisa ser autenticada) do Boletim de Ocorrência e o original ao Detran p/ Habilitação e Licenciamento e outra cópia à um posto do IFP..

DIVULGUEM PARA O MAIOR NÚMERO DE PESSOAS POSSÍVEL. VAMOS ACABAR COM A INDÚSTRIA DA MULTA E OUTROS ABUSOS!!!!

Gostaria, se possível, que cada um não guardasse a informação só para si…

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

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Enquanto os grandes supermercados vão sendo abarrotados pelas frutas e verduras enlatadas ou ‘envidradas’ e congeladas, geralmente provenientes da agro-indústria, com todas as suas adubações químicas, transgênicos e demais experimentos prejudiciais ao ser humano, e também aos bichos, onde encontrar aquele jenipapo engelhado, na hora de preparar o vinho, a laranja docinha de chupar, pendurando a casca para o chá pra dor-de-barriga, o suculento limão pra lavar o peixe ou pra preparar aquela ardente caipirinha, o tomate pra salada, o repolho pra sopa de mocotó, pimenta-de-cheiro, não se engane com a murupi, maçã, coco, maracujá…? Uma das poucas chances em realizar o sonho de uma alimentação ao natural, é gritando por seu Josafá quando ele passar. Seu encontro com ele significará o encontro de seu corpo com o corpo caju, numa composição que afastará corpos maus como coca-cola, e mesmo quissucos, e assim você poderá preservar seu corpo e sua alma para realizar ações úteis a sua rua, sua cidade, ao mundo…

SEU JOSAFÁ: FRUTAS E VERDURAS PARA A SAÚDE DE CORPO E ALMA

Josafá É Josafá de Araújo Barbosa.

Bloguinho Você é daqui mesmo do Amazonas?

Josafá Não. Sou do Maranhão. Nasci e me criei no Maranhão, em Bom Jardim; é uma cidade, grande, fica na beira da BR-316.

Bloguinho Há quantos anos mora aqui em Manaus?

Josafá Estou com nove anos. Vim em busca de condições melhores. Aqui eu tenho me dado bem. Tô esse tempo todinho aqui com minha família e estou me sentindo bem.

Bloguinho — E há quanto tempo vende frutas?

Josafá Cinco anos.

Bloguinho Trabalhava antes em quê?

Josafá Era servente de pedreiro, na construção civil. Mas aqui tá muito melhor, ganho melhor, só trabalho até o meio-dia.

Bloguinho Onde o senhor consegue as frutas?

Josafá Compro lá na Manaus Moderna, faço compra terça. Vou pra lá 9h e chego de volta umas 3h da tarde. Trabalho quarta, quinta, sexta, sábado e segunda.

Bloguinho Como compra? É encomenda ou…?

Josafá Saio verificando o preço. O pessoal todo já tem conhecimento com a gente, pois estamos lá toda terça-feira. Às vezes fazem um desconto, às vezes não dá, mas quando dá eles fazem desconto, porque a gente compra direto, em quantidade e não é só uma coisa, são vários tipos.

Bloguinho E os dias de venda, como é?

Josafá Saio 7 e meia da manhã e volto mais ou menos meio-dia e meio. E não vou fazer mais nada, só descansar mesmo. A gente anda bastante. Começo daqui do Novo Aleixo, vou pro Mutirão, desço ali pelo outro lado do Novo Aleixo, vou pro São José dos Campos, São José I, II e III. Quando chego lá na Grande Circular, aí venho de volta pra casa. São cinco bairros. Eu vario as ruas. Passo duas vezes por semana em uma rua, duas por outra. Aonde eu passei hoje, não passo amanhã.

Bloguinho E a clientela?

Josafá Tenho uns fregueses já certos, alguns que já vem de cinco anos, dá pra gente encostar nas casas; sempre tem uns amigos, aqui e acolá a gente para, um minuto, dois minutos; mas a gente vende assim mesmo pro pessoal na rua. Eu saio andando e vou gritando sobre as frutas que tem.

“No Amazonas tudo se dá…

Se você não planta, compre do seu Josafá.”

Bloguinho O que você tem aí?

Josafá Frutas e verduras. Geral, do cheiro-verde pra cima. Tomate, cebola, batata, limão, maçã, maracujá, laranja, coloral, pimenta-do-reino, tucupi…

seu-josafa-02Bloguinho O preço tá meio salgado ou tá bom mesmo?

Josafá Varia, a laranja, maçã, maracujá, é 2 reais; cebola, tomate, batata, a sacolinha assim é 1 real. O jenipapo também é 1 real.

Bloguinho Tem alguma que geralmente sai mais?

Josafá O que a gente sempre vende bem mesmo é banana. Mas vende de tudo; dia vende mais, dia vende menos, mas vai indo.

Bloguinho Por causa da “crise”?

Josafá Não, não, tá normal. Só pros banqueiros (risos).

Bloguinho Estão querendo atrapalhar os seus negócios?

Josafá É… O capital de giro não pode acabar não, tem que ter.

Bloguinho Quanto é que dá pra puxar em média por semana?

Josafá A gente não tem uma base certa, porque todo dia a gente gasta, todo dia a gente come. A gente fatura assim uns 400, 500 reiais por semana. O apurado. O lucro é uns 100, 150, por aí.

Bloguinho Dá pra segurar?

Josafá Melhor do que o que tava. Eu tô achando. Eu tô com cinco anos, e é com isso que eu consegui essa minha casinha aí.

Bloguinho Dá pra manter os meninos?

Josafá Com os meninos tá tudo bem. Só tenho os dois, um menino e uma menina, e a companheira. A família tá bem. Os meninos tão estudando.

Bloguinho Sonha em arranjar um outro emprego, de ter um patrão?

Josafá Não, não, prefiro trabalhar assim mesmo. Não quero mais trabalhar de carteira assinda não.

Bloguinho Como trabalhador, o que você acha de um trabalhador-presidente?

Josafá No meu ponto de vista, o presidente que melhor que já pintou foi o Lula mesmo. É a minha opinião, mas eu acho que tá quase todo mundo combinando com a minha opinião.

Bloguinho Tá bom, então?

Josafá Tá bom; tá melhor do que antes. A gente sempre espera melhora, mas o melhor é que Deus continue dando saúde pra gente, que com saúde a gente tem coragem de trabalhar. Do jeito que tá dá pra mim tirar o sustento da minha família, e tá muito bom. Hoje em dia ninguém enrica mais não.

seu-josafa-03Bloguinho Só os ditos políticos?

Josafá Sobre os políticos é melhor a gente nem falar. Eles estão sujos um bocado.

Bloguinho Pra você, que empurra um carinho, os daqui de Manaus não estão ajudando?

Josafá Hum! As ruas estão todas esburacadas. Olha ali a roda, tá toda empenada. Deu dentro de um buraco ali, empenou meu aro. A coisa tá feia na cidade. Essa rua nossa aqui tá uma bênção.

Bloguinho Mas mesmo assim, com eles tentando atrapalhar, deu pra vender tudo?

Josafá Não foi muito bom não, mas vendeu um bocado. A banana só ficou essa daqui que eu deixei pra você, a mulher até queria comprar ali, mas eu disse que já tava reservada…

Bloguinho — Pô, a gente, que nunca comprou, já começa sendo cliente especial?

Josafá — De vez em quando a gente precisa segurar uma freguesia nova pro negócio andar (risos!).

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

CARLOS: NA COMPOSIÇÃO CRIADORA COM A CHUVA DE BELÉM

Dizem os moradores da cidade das mangueiras que os encontros vespertinos se marcam “antes ou depois da chuva”. Empiricamente, este bloguinho comprovou. Dos 12 dias lá passados, apenas em um não choveu rigorosamente entre as 14h e 15h. Oportunidade de fazer uma composição entre trabalho, emprego e renda para o companheiro Carlos. Vindo do interior do Pará, autodidata na sua arte, ele fez do conserto da sombrinha, ou guarda-chuva, em algumas regiões, o seu ganha-pão.

Saque filosofante de quem se esgueira por entre as privações do mercado de trabalho do grande capital, e não se permite reduzir à mão-de-obra passiva. Carlos fala de seu ofício com a convicção de quem fez seu caminho, e de quem sabe que quanto maior o bloco, maiores são as brechas por onde as linhas intensivas do criar podem passar. Contra ele, nem os tecnocráticos japoneses puderam!

Bloguinho Intempestivo – Como é o teu nome?

Carlos – Meu nome é Carlos.

BI – Com o que tu trabalhas?

C – Eu trabalho consertando sombrinhas. Eu fiquei desempregado há nove anos, não arrumei mais emprego, aí eu vim aqui para a praça, arrumei este ponto e comecei a trabalhar. E até hoje, graças a Deus, eu estou me dando bem.

BI – E tu és daqui de Belém?

C – Não, eu sou paraense mas não sou de Belém, eu sou de Salinas.

BI – O que tu fazias antes de consertar sombrinhas?

C – Eu trabalhava na praia, de pescador.

BI – E o mar não estava para a tarrafa?

C – A vida de pescador é muito ruim. E eu cheguei aqui a fim de trabalhar. Procurar mais uma condição de vida. Só que eu não arranjei emprego, e as condições que eu achei de viver em Belém foi aqui, consertando sombrinha.

BI – E como tu aprendeste a consertar sombrinha?

C – Essa profissão eu aprendi ainda lá em Salinas. Lá tem a Praia do Atalaia e o pessoal vende muita mercadoria na beira da praia, negócio de peixe, carangueijo. Então existe o pessoal da barraca, e o pessoal que trabalha na beira da praia com chapéu de sol. E foi nessa ocasião, trabalhando como garçon de areia, que é como o pessoal chama lá, que eu aprendi a consertar sombrinha. Eu consertava o meu guarda-sol, que eu tinha, quando quebrava eu mesmo consertava. Então eu aprendi assim por curiosidade. Aí quando eu vim pra Belém que eu me especializei, porque já veio bastante conserto de sombrinha, o pessoal começou a chegar comigo e eu comecei a consertar.

BI – E tu conserta qualquer tipo de sombrinha? Tem muita diferença de um tipo para o outro?

C – Qualquer tipo. Tem, sim. Tem a manual, que é mais fácil, tem a automática, e tem a japonesa, que vende por aí e é pior ainda. Porque a japonesa é tudo por dentro do cabo, tem um tipo de sombrinha japonesa que a gente não consegue consertar o cabo dela. Só faz modificar de um cabo para o outro, porque não consegue endireitar.

BI – E com esse teu fazer tu sustentas toda a tua família?

C – Eu sustento a família toda. Quando eu comecei aqui, era só eu que sustentava a minah esposa e meu filho. Somos só três, eu, a minha esposa e meu filho, que agora tem 21 anos. Mas quando eu cheguei pra cá ele tinha apenas 09 anos.

BI – E tem outros consertadores de sombrinha por Belém?

C – Olha, eu conheço um lá em Entroncamento, e outro aqui na Pedro Álvares Cabral. Agora deve ter muitos por aí, porque às vezes chega serviço aqui de pessoas que mandaram fazer em outro lugar e e não consertam, só fazem amarrar com arame, e acabam trazendo pra cá. Tem muito consertador que não tem o material todo. Por exemplo, a sombrinha japonesa é difícil de encontrar peças dela. Pra gente adquirir, tem que comprar toda ela, e desmontar para usar as peças no serviço da gente.

BI – E o que mudou na tua vida depois que tu começaste a trabalhar de consertador de sombrinha?

C – Ah, mudou muito. Quando eu vim pra cá eu não tinha casa, morava alugado. Eu consegui a minha casa, graças a Deus, e tudo o que eu tenho dentro dela eu consegui com esse serviço aqui, de consertar sombrinha.

BI – E como tu sentes a mudança no mercado das sombrinhas de lá pra cá?

C – No começo, quando eu cheguei pra cá, era melhor do que agora. Agora não, baixou um pouco porque tem muita gente por aí que conserta, mas eu tenho aqui a minha freguesia formada. Eu trabalho aqui em inverno e verão, não tem esse negócio de ser só no inverno não.

BI – E em qual das duas estações tu vendes mais? Tem diferença?

C – Com certeza. No verão é muita a diferença. No verão eu passo aqui o dia todo pra ganhar 20 reais. No inverno, do mês de janeiro pra frente, até maio, eu tiro numa base de 50, 60 reais por dia.

BI – Quanto custa uma sombrinha nova?

C – Olha, tem vários preços. Depende do tipo da sombrinha.

BI – Mas essas sombrinhas descartáveis, de 5 reais, que vende por aí, esse mercado do descartável prejudicou a tua renda?

C – Não, não prejudicou, porque, por exemplo. Você compra uma sombrinha agora, usa, ela quebra bem ali, você não vai jogar ela fora pra comprar outra. Então você leva no conserto, que é 2 reais, por aí, depende do tipo do conserto.

BI – E a qualidade das sombrinhas, do tempo que tu começaste pra cá, melhorou ou piorou?

C – Eu acho que piorou. Evoluiu mais, do tipo de sombrinha que eu comecei, porque naquela época não existiam essas sombrinhas japonesas, as automáticas que têm agora por aí. Hoje não, cada vez mais que vai passando o tempo vai evoluindo… Tem tipo de sombrinha que às vezes eu passo uma hora, meia hora, só pensando como é que eu vou fazer ela, porque é fora do meu alcance esse tipo de serviço, aí eu tenho que ver direitinho pra poder conseguir. Eu tenho que desmontar ela todinha, e prestar bastante atenção, pra poder montar de novo.

BI – E tu trabalhas com outra coisa, além de consertar sombrinha?

C – Eu sei trabalhar como encanador, eletricista, pintor, mas nada profissional. O meu ganha-pão e a minha especialidade é mesmo o conserto de sombrinha. Quem precisar, pode me procurar aqui na Praça da República, que aqui eu conserto é na hora, não tem esse negócio de deixar pra outro dia não. É isso.

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

LUIZ CARLOS: NO BALANÇO DAS CADEIRAS DE MACARRÃO

Na ordem do capital, muitas produções do povo passam à linha do grande capital, sendo então traçadas as suas modelações por designers profissionais, passando a ser serializadas e fabricadas em larga escala, perdendo seu caráter artesanal. Este parece não ser o caso das cadeiras de balanço, particularmente as que são feitas com “macarrão”. Procura-a em uma loja e não a encontrarás. Não se sabe exatamente onde ou quando elas surgiram ou quem as inventou; o que se sabe é que elas existem por várias partes do mundo, e que por onde passa vai sofrendo adaptações regionais de tecidos, cores, tamanhos, formas, presente em quase todos os lares de determinadas cidades, sempre tendo na mão dos fabricantes-artesãos a sua universalização por fora do Grande Mercado Global. E quem, depois de um dia de labuta, quem não quer sentar para relaxar, ler um livro, assistir um filme, quem não quer sentar sozinho ou com a namorada, o amante, o neto amado no embalo de uma cadeira confortável ao seu corpo e sua alma, propício para a reflexão ou para suavidoce reino de Morfeu? É só escolher: se tiver a armação, é só pedir ao artesão para trocar o macarrão; se não, é só chamar Luiz Carlos e experimentar…

 

Luiz Carlos Meu nome é Luiz Carlos, geralmente me chamam de enrolador de cadeira, mas eu faço mesmo é a cadeira completa, fabrico a cadeira. Tem camarada que só faz mesmo é enrolar, reformar. Eu faço e reformo. Se tiver a armação, eu reformo; se não tiver, eu entrego prontinha.

Bloguinho — Você é daqui mesmo de Manaus?

Luiz Carlos — Sou, só que eu já corri muito trecho. Eu conheço de Santa Helena a Joce, conheço BV8, Bonfim, Normandia, Boa Vista, quando eu servia o quartel, quando teve aquela história que ia ter uma invasão pra lá, em 82, aí foi todo mundo pra lá.

Bloguinho — Quando foi que você aprendeu a fazer essas cadeiras?

Luiz Carlos — Faz vinte e três anos.

Bloguinho — Mas você já exerceu outras profissões?

Luiz Carlos — Sim, eu sou operador de máquina industrial; sou vigilante formado, despachante de veículos, no caso, ônibus urbano, mas como já estou na idade que ninguém quer dar emprego, aí me dediquei somente a esse trabalho de cadeira, graças a Deus, estou indo bem.

Bloguinho — Muitos pedidos?

Luiz Carlos — Muitos. Dezembro, então, eu fico devendo pros meus fregueses, porque não dá tempo de eu fazer tudo.

Bloguinho — Como foi pra você aprender?

Luiz Carlos — Eu aprendi só olhando. Foi em Tabatinga; passei dois anos lá. Eu servi o quartel lá. Os peruanos trabalham muito lá com artesanato. Não só desse tipo aqui, mas de todo tipo, fazem o desenho dentro, o desenho que a pessoa quiser. Eu fazia com eles lá, por curiosidade, via eles fazendo, peguei muita amizade lá, aí sempre eu treinava, mas não era pensando em ter essa profissão não, e o que está me ajudando hoje em dia é esse trabalho.

Bloguinho — Me diz uma coisa, nas lojas a gente vê muitos tipos de cadeiras, mas desse tipo a gente não vê…

Luiz Carlos — Cadeira desse tipo aqui, em loja não vende.

Bloguinho — Aí eu vejo que esse tecido assim cruzado é diferente daquele modelo simples.

Luiz Carlos— É, esse tecido assim é outro tipo de trabalho, diferente do tecido comum horizontal apenas, no simples a gente gasta mais ou menos 1 kg, que é só uma peça.

Bloguinho — E uma assim, com cores trançadas?

Luiz Carlos — Numa dessas que eu tenho aqui, você gasta duas peças e meia de macarrão. Dá pra fazer até duas num dia, começando cedinho, terminando à noite.

Bloguinho — E quanto está custando uma cadeira dessas completa?

Luiz Carlos — R$ 150,00. Agora só o tecido mesmo, só pra tecer é R$ 80,00. Cada uma peça dessas de macarrão custa R$ 21,00, eu gasto duas peças e meia. Aqui, só de macarrão eu gasto em torno de R$ 50,00, fora o ferro e todo o trabalho. O meu lucro é pouquinho, não é muito não. Se for à vista é R$ 150,00, mas se for à prazo é R$ 180,00. É o que eu ganho, ganho mais um pouco quando é assim, porque à vista eu ganho bem pouquinho mesmo.

Bloguinho — E à prazo, como é a negociação?

Luiz Carlos— À prazo é no máximo 3 vezes de R$ 60,00. Dá pra fazer até de R$ 160,00, de duas vezes.

Bloguinho — Você sabe fazer também com desenho?

Luiz Carlos — Sei, mas algumas coisas mais leves, assim como escudo de time. Mas assim mais arrochado mesmo, é muito tempo que leva, três, quatro dias…

Bloguinho — Tem muitos outros tipos de trançado?

Luiz Carlos — Tem muito outros tipos. Eu estou aprendendo um novo agora, que é bem mais difícil do que esses que eu faço, que veio na cadeira de um freguês meu que é lá de Parintins. Ele perguntou se eu sabia fazer desse tipo. Eu disse que não, e mostrei esse outro modelo. Ele gostou e comprou. Aí eu pedi dele os restos para eu aprender. De vez enquanto eu faço, desmancho, até fazer completa, sem erro.

Bloguinho — E essas que estão aqui prontas?

Luiz Carlos — No caso essas daqui estão feitas assim porque o freguês me pediu, é esse meu cliente lá de Parintins, meu cliente já há muito tempo, ele já fez várias dessas aqui comigo já. Na casa dele em Parintins tem bem umas seis que eu fiz pra ele, essas daqui ele vai levando já pras filhas dele.

Bloguinho — E você vai fazer uma viagem pra lá pra Parintins…

Luiz Carlos — Vou me hospedar na casa dele. Ele mesmo disse que vai conseguir a clientela pra mim. É uma pessoa muito bacana. É por isso que eu vou levar umas dez cadeiras dessa, pra ficar na praça, para o pessoal ver os modelos. Ele disse: “se tu levar vinte, tu não chega até lá com as vinte, porque vão te comprar no barco”. No caso de lá, têm os bois, aqui no branco eu metia um coração vermelho, aqui no azul eu colocava um branco. Ele até me deu toda a idéia de como o pessoal vai querer as cadeiras lá.

Bloguinho — Você tem outras profissões, pensa em voltar a trabalhar empregado?

Luiz Carlos — Estou decidido a trabalhar só com as cadeiras agora. Eu não sei como vai ser o dia de amanhã. Mas conforme for minha força de vontade, o meu pensamento de montar minha firmazinha…

Bloguinho — Uma pequena empresa?

Luiz Carlos — Exatamente. Eu já tava com o dinheiro pra comprar o meu material todo — máquina de solda, lixadeira, etc —, mas aí a minha geladeira queimou. A mais barata que tem é mil reais. Só aí já foi o dinheiro da máquina.

Bloguinho — Não pensa em tentar conseguir algum financiamento no Sebrae, algo assim?

Luiz Carlos — Não, vou não. Se é pra eu procurar facilidade e depois estarem me cobrando, ficar me preocupando, “final do mês tenho de pagar não sei quanto”, o banco toma até a casa da gente. Se de repente não dá certo, eu vou perder o único bem que meus filhos têm. Eu vou conseguir, eu compro todo meu material e monto minha firmazinha. O necessário é uma máquina de solda — que eu faço ali na casa do meu colega, que é metalúrgico, ele só me cobra a energia —, um torno e uma lixadeira, pra começar. Quando eu voltar de Parintins, eu compro.

Bloguinho — Você cursou até que série?

Luiz Carlos — Até a 8ª série. Eu tava fazendo o primeiro, mas aí veio a época que eu me empreguei, comecei a trabalhar no 3°turno, 10 da noite até de manhã, aí não tinha mais como. Eu tive que escolher: ou eu continuava estudando ou parava o meu trabalho, aí ia passar necessidade…

Bloguinho — Pretende continuar a estudar?

Luiz Carlos — Não sei, vai depender muito do meu esforço, porque é cansativo trabalhar nisso, chega a noite, as pernas estão pedindo a Deus pra descansar. Porque eu trabalho por encomenda, mas trabalho nas portas também, à domicílio, eu saio na minha bicicleta por aí oferecendo serviço, fazendo reforma, tem dia de sair de casa 7 e meia da manhã e chegar 8, 9h da noite. Cansadão mesmo. Olha, tecer essas cadeiras, os movimentos dos braços tudo é repetitivo.

Bloguinho— Qual o seu itinerário, geralmente?

Luiz Carlos — Eu ando pelo Dom Pedro, Beija-Flor, Hiléia, Alvorada, Redenção, tudo eu ando, mais perto daqui, eu ando no Nova Cidade, Nova República, Cidade Nova, Osvaldo Américo, tudo por aí eu costuro na minha bicicleta. Quando você me ver assim saindo 7h, pode dizer assim: “ele vai pra longe”. E é pra longe!

Bloguinho — E os negócios sempre são bons?

Luiz Carlos — Tem dia que a gente ganha bem um dinheiro. Agora tem dia que a gente só agradece a Deus por estar com saúde pra ir no dia seguinte pra batalha.

Bloguinho — As condições das ruas por aí, você que anda muito na sua bicicleta, estão parecidas com essa daqui ou…?

Luiz Carlos — É o seguinte, você sabe que a nossa rua é escrota, toda esburacada, mas tem bairro por aí que é pior do que o nosso. Você me acredita que naquele bairro descendo ali depois do DB da Cidade Nova, o Riacho Doce, aquele bairro ganha do Novo Aleixo em termos de buraco nas ruas. Eu não consegui passar de bicicleta na rua. Tem rua lá que as pessoas estão furando umas o quintal das outras, que é pra passar, que não dá pra sair pela frente, só por trás. E não é só uma, duas ruas, não, é o bairro todinho. O camarada não sai pra rua quando tá no inverno não.

Bloguinho — Na sua opinião, porque as ruas ficaram e estão continuando desse jeito?

Luiz Carlos — Sabe, é muita falta de vergonha na cara desse prefeito aí. Não é possível que uma prefeitura, arrecada tanto imposto do pessoal, não ter condições de arrumar um bairro daqueles. (Não digo nem a nossa rua), o prefeito que me desculpe, mas é um cachorro mesmo sem-vergonha aquele cara. E não é só lá no Riacho Doce não. Eu ando muito, mas muito mesmo por aí, é buraco, avenidas principais mesmo cheias de buraco. Não tem nem meio fio por onde a gente andar, com medo de ser atropelado na beira de uma rua por um carro qualquer, porque nós não temos por onde andar, não tem meio fio pro pedestre, não tem calçada, não tem nada, tudo arrebentado.

Bloguinho — Pra melhorar um pouco, então, só com uma boa cadeira?

Luiz Carlos — Toda pessoa tem uma cadeira dessa em casa, de balanço, pra descansar. Isso é uma coisa que é mesmo que uma geladeira, um fogão, não pode faltar na casa de ninguém uma cadeira dessa. Chega do trabalho, cansado, senta, só é relaxar..

*A quem necessitar do serviço de Luiz Carlos ou estiver interessado em uma de suas cadeiras, ele atende pelo celular (92)9148-4175, ou ainda contactá-lo na rua Rio Jaú, n°48 – Novo Aleixo (Manaus-Am).

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

AS CORES E AROMAS DO DESINFETANTE DE SEVERINO DE OLIVEIRA

Ele vai empurrando seu carrinho com garrafas coloridas e, para quem quiser experimentar, também sentirá que os cheiros também são vários, além da eficácia garantida de seu produto: o desinfetante. Ele sabe que trabalha com um produto caseiro, que na atual sociedade precisa competir com os industrializados em larga escala, talvez por isso que algumas senhoras do tempo em que elas próprias produziam seus próprios materiais de limpeza com as essências naturais prefiram seus desinfetantes. Mas outros rapazes, mais jovens, também os preferem pela sua qualidade pela beleza da cor e pela particularidade do cheiro. Ele não tem pressa em atender todas e todos, abrindo cada garrafa para o freguês provar a essência que melhor lhe aprouver. Seu nome é Severino de Oliveira e nesta entrevista para a economia menor nos deixa seus saberes e dizeres, realizando cotidianamente uma luta dos que ganham a vida trabalhando com um produto caseiro, quando este já foi dominado pela grande indústria. Mas correm nas linhas paralelas…

Bloguinho — Você é…

Severino — Sou Severino de Oliveira.

Bloguinho — Quantos anos o senhor tem?

Severino — 50 anos.

Bloguinho — O senhor é daqui mesmo do Amazonas?

Severino — Não, eu sou de Cajazeira, na Paraíba.

Bloguinho — O senhor veio da Paraíba pra cá?

Severino Não, antes eu fui para o Rio de Janeiro. Eu morava numa favela, muito abandonada, era a Vila Verde. Lá havia muita violência, conflitos, aí eu resolvi me mudar, e vim aqui para o Amazonas, acho que em 1997, não lembro bem.

Bloguinho — Hoje o senhor trabalha com esses produtos?

Severino — É, faz dois anos que eu produzo e vendo desinfetantes.

Bloguinho — Antes o senhor trabalhava com quê?

Severino Na Paraíba, eu trabalhei muito tempo na SBS, como montador B, mas ela fechou e eu fui despedido. Quando eu vim para cá, trabalhei uns três anos na padaria com o meu irmão, o Zé, que me ajudou muito a sobreviver no início por aqui, mas eu queria trabalhar por conta própria.

Bloguinho — Aí passou para o desinfetante…

Severino — Foi. Mas primeiro eu trabalhei também durante um bom tempo com detetização. Até hoje eu faço serviço de detetização quando encontro alguém interessado.

Bloguinho — Como é produzido seu desinfetante?

Severino — A gente usa vários produtos: essências, corantes, fixador, aí tem que saber a fórmula e caprichar pra fazer forte e cheiroso.

Bloguinho — Quais são as essências?

Severino São muitas: eucalipto, amanhecer, floral, alfazema…

Bloguinho — Então não é verdade o boato de que esse desinfetante caseiro é feito com um desinfetante industrial diluído em três, quatro litros?

Severino — Não, não, isso é mentira, tanto que o nosso produto é mais forte e mais cheiroso. Nós vendemos muito mais barato — no supermercado, um de 500ml tá custando R$1,40, nós vendemos 2 litros por R$ 1,50 — devido aos impostos que nós não pagamos, e talvez porque não temos ambição de lucros tão grandes, não sei.

Bloguinho — Qual é o seu lucro?

Severino — Uns 20, 30% de cada.

Bloguinho — Quantos o senhor vende por dia?

Severino Varia muito. Tem dia que vende só uns 10, já tem dia que vende tudo que cabe no carrinho, uns 60.

Bloguinho — As condições das ruas para esse carrinho com certeza não ajudam muito.

Severino — Não me ajudam muito. Já não bastam as ladeiras, as ruas estão horríveis. A minha própria esposa, faz uns três meses, foi descer do ônibus, caiu dentro de um buraco, tá lá com a perna capengando. Tudo é pra prejudicar a vida do trabalhador, dos pequenos.

Bloguinho — Mas o senhor acha que as coisas podem melhorar?

Severino — Tem de melhorar. A gente bota outro prefeito. E a gente vai lutando pra sobreviver. As coisas não estão boas, mas dá pra viver…

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

ADOLFO DE SOUZA: UM FOTÓGRAFO AUTODIDATA

Quem, tendo a oportunidade, nunca se sentiu tentado em colocar o olho no pequeno orifício, observar, escolher o ângulo, enquadrar, com flash/sem flash, o instante, apertar o dedo: estalo, para Roland Barthes; pegar, para Adolfo de Souza. Não é meramente uma operação físico-química. Da proximidade indiscernível entre a câmera e o homem explode uma espécie de animação afetiva de onde resulta um todo-imagem/corpo reproduzido ao infatigável no espaço e no tempo: a Fotografia. Pessoas, paisagens, animais, situações, objetos são pegados pela Pentax analógica de Adolfo de Souza numa perspectiva profissional, como ganha-pão, mas também numa perspectiva amadora, uma vez que ele retira de seu trabalho uma paixão e uma curiosidade ininterruptas. Enquanto mostrava a este bloguinho, falava de detalhes e momentos de suas fotos, remetendo-nos ao punctum de Barthes, “um extra-campo sutil, como se a imagem lançasse o desejo para além daquilo que ela dá a ver”. É assim que o indizível das vivências heterogêneas do povo não registradas ou manipuladas pelas imagens oficiais vai sendo atualizado pelo fotógrafo autodidata Adolfo, que este bloguinho, tendo ao fundo o som de Evaldo Freire, entrevistou:

FOTÓGRAFO — É o seguinte, quando eu comecei a fotografar eu fotografei com uma máquina descartável. Quando eu cheguei em Manaus eu não tinha condições de comprar uma máquina funcional, aí eu já tinha um começo de fotógrafo, mas comecei a trabalhar numas indústrias. A primeira indústria que trabalhei foi na Dran House. Eu saí de lá e fui pra Raiz. Saí da Raiz e fui pro DB do Japiim, não deu certo e eu fui trabalhar no Condomínio Parque Solimões. Trabalhei uns 2 anos, deu um problema lá com o encarregado que queria mandar, então ele não acreditava no nosso trabalho. A gente saía pra ronda e ele ia atrás. O meu colega já tinha falado que a gente saía pra ronda e ele ia atrás da gente. Ele foi chamado atenção porque quando a gente chama alguém pra trabalhar tem que ter confiança naquele trabalhador. Ele ficava de longe no escuro, se escondendo atrás do poste. Aí eu vi ele, chamei ele e disse isso. Aí ele ficou brabo comigo e “ah, eu vou dar tuas contas”. Eu disse que podia dar. No dia seguinte fui assinar a conta. Aí eu peguei a última empresa que foi o C.O. Eu trabalhei lá uns três anos. Aí eu pensei, eu fiz uma jura que não ia mais trabalhar assim pra ninguém. Como eu tinha um começo de fotógrafo, fui comprar meu material pra continuar a minha vida de fotógrafo. E hoje estou com 25 anos fotografando…

BLOGUINHO — No início, como foi?

FOTÓGRAFO Eu comecei a minha profissão de fotógrafo assim de ver na mão dos outros mesmo. Não foi por estudo, não foi por curso, não foi por nada não. Eu já vinha com isso na cabeça há muito tempo. Eu comecei com uma máquina descartável. O meu tio me chamou pra bater umas fotos num aniversário. Fui, bati, só que, pra começar, peguei o ônibus e esqueci a máquina com filme e tudo dentro do ônibus. Aí mais doido eu fiquei. Eu comprei outra máquina descartável. Aí bati umas fotos, e as pessoas apareceram com a cabeça torada, com perna torada, com braço torado. Aí eu fui pegando instrução com meus amigos, meus autores.

BLOGUINHO — Autores?

FOTÓGRAFO — É, eu penei um bocado, eu vi que não dava pra ir pegando tudo assim totalmente da cabeça, aí eu fui pegando instruções com meus autores, principalmente um autor que mora ali no Zumbi I, que me ensinou como tinha que ser. Mas antes de trabalhar legal mesmo, eu penei um bocado: tanto eu perdi filme, como eu perdi serviço de cliente. Já hoje os meus amigos que estão entrando agora, já sou eu que dou as instruções. Se eu sei hoje em dia, isso foi ensinado através de outros. E tem outras coisas: tem que saber como chegar numa igreja, tem que saber como receber o pessoal, como chegar na casa do pessoal pra entregar as fotos, como conversar com as pessoas quando a gente vai apresentar um quadro, uma moldura… Tem que saber chegar tanto faz com o maior como o menor, tem que saber conversar com as pessoas.

BLOGUINHO — Quais são os principais trabalhos que tu fazes?

FOTÓGRAFO — É igreja, aniversário, evento, formatura, casamento… E sou muito chamado pra ir a domicílio, aonde chamarem eu vou, e não tem esse negócio de ser só pra quem é mais ou menos, não, é do pobre, o rico, preto, branco, azul, encarnado, verde, amarelo, tudo eu vou fazer serviço, não tem desse negócio de preconceito não.

BLOGUINHO — E não é só fotografia…

FOTÓGRAFO — Não. Com tudo nós trabalhamos: com quadro, restauração de foto, tudo.

BLOGUINHO — E dá pra ganhar bem o da sobrevivência com a profissão de fotógrafo?

FOTÓGRAFO — Você com pouca família, dá pra você levar, de três a quatro filhos dá pra você sobreviver, sustentar a família numa boa.

BLOGUINHO — Quanto é que tu costumas cobrar, dependendo do trabalho…?

FOTÓGRAFO — Como agora aumentou o número de serviços, eu estou levando o som também…

BLOGUINHO — Ah!, então não é mais somente a fotografia?

FOTÓGRAFO — Não. Agora que eu estou levando o som também, é o evento completo. Eu estou até comprando um jogo de luz para o evento ficar melhor ainda. Se a pessoa quiser o evento completo, por exemplo, um aniversário de criança, que geralmente vai assim de 6h da tarde até meia-noite, dá pra fazer o som por R$ 150,00. Aí eu faço um preço bacana das fotos, eu faço a R$ 6,00 cada. O preço mesmo é R$ 8,00. Foto grande: 15 X 21.

BLOGUINHO — Tens idéia de quantas fotos já bateste?

FOTÓGRAFO — Não, não, milhares…

BLOGUINHO — Tem algum trabalho em especial que tu fizeste e que acabou não sendo pra ti apenas um trabalho, mas que foi prazeroso?

FOTÓGRAFO — Sim, vários. Mas, por exemplo, teve um casamento que, primeiro, só teve uma pessoa que não pagou a foto. Foi lá no Santo Antônio. Essas fotos eu achei ótimas. Me emocionou. Saiu uma coisa legal mesmo.

BLOGUINHO — Fala aí um pouco dessas câmeras que tu usas…

FOTÓGRAFO — Essa aqui é uma Pentax, profissional, depois da Cannon é ela a melhor e mais procurada por fotógrafos. Essa aí é uma Yashica, profissional também. Eu só levo ela pra fotografar. A Pentax eu só levo quando é algum evento grande mesmo.

BLOGUINHO — E a Polaroid?

FOTÓGRAFO — A Polaroid é pra quando você tá numa festa, às vezes nos melhores momentos você quer registrar uma foto sua na hora, aí a gente bate com ela. Esse tipo de foto é mais procurada nos dias de domingo, em banho, em clube, em festas por aí.

BLOGUINHO — Todas elas são analógicas. Você já usou alguma câmera digital?

FOTÓGRAFO — Não, ainda não tenho experiência. Eu tenho curiosidade de usar, mas uma profissional digital que tem aí no mercado. Elas são eficientes, porque até mil fotos elas armazenam, diminui o gasto com filme, você pode escolher antes de revelar, sai delas umas fotos especiais.

BLOGUINHO — Mas em outros aspectos…

FOTÓGRAFO — Mas tem outras coisas, eu vou comprar uma dessas, mas tem de olhar no buraquinho mesmo, senão você perde foto, você olha aqui na telinha e depois bate, se for um serviço muito movimentado, você perde muita coisa.

BLOGUINHO — Você que anda olhando as pessoas, a cidade, qual a imagem que você tem da cidade de Manaus?

FOTÓGRAFO — Eu observo. Essa nossa cidade está precisando de pessoas que tenham mais responsabilidade, tenham mais caráter pela nossa cidade, só querem pegar o dinheiro que arrecadam na cidade e gastar em outra coisa, mas não trabalham no que a cidade está precisando. Na nossa cidade está faltando muita coisa, você passa nessas ruas aí estão todas emburacadas, serviços por fazer, só vão ajeitar no período do inverno, que é justamente pra terem aquela desculpa de que não dá pra fazer.

BLOGUINHO — E você só passando e registrando?

FOTÓGRAFO — Também. Eu já tive uma oportunidade pra fotografar como jornalista, mas eu não quis não, porque o jornalista é muito procurado, muito visado. Se ele fizer uma matéria e souberem que foi ele, ele é procurado. Eu prefiro trabalhar pro povo.

BLOGUINHO — Você é natural do Amazonas?

FOTÓGRAFO — Não, sou paraense.

BLOGUINHO — Mora aqui há quantos anos?

FOTÓGRAFO — Estou com 25 anos. Eu me sinto amazonense, mas tem algumas coisas que eu não deixo não, esse sotaque do Pará, por exemplo.

BLOGUINHO — O que tu pensas desse preconceito que alguns amazonenses têm em relação aos paraenses?

FOTÓGRAFO — Eu acho que é um preconceito desfalcado, porque os paraenses são batalhadores, em parte é isso o preconceito. Mas vêm muitos outros pra cá, não é só do Pará, é do Piauí, é do Maranhão, Rio, de todos os locais, mas quem mais sofre preconceito é o paraense.

BLOGUINHO — Você estudou no Pará?

FOTÓGRAFO — Estudo eu tenho pouco, eu cursei até a 4ª série. Eu fiquei órfão de pai e mãe muito cedo, aos 10 anos, aí eu e meus irmãos fomos divididos entre os parentes. Aonde davam comida pra gente, lá a gente tinha de ficar.

BLOGUINHO — O que tu tens a dizer para as pessoas que querem entrar neste ramo?

FOTÓGRAFO — A pessoa que quer entrar no ramo da fotografia tem que se dedicar, tem que ser muito atenta e ser tranqüila; se for afobada, quiser aprender de um dia pro outro, vai fazer besteira. A pessoa tem que ter uma boa memória, muita atenção e bastante paciência. Tem que pegar umas dicas com quem já conhece; mas não é bicho de sete cabeças não. É o caso de você saber a focação, quando ela sai da revelação, você já sabe, já está vendo o serviço que você fez, as que você focou bem, estas vão sair legais, outras vão sair embaçadas, qualquer vacilada que você der, as fotos saem desfocadas. Você tem que pegar também o momento e a metragem, não tremer, saber como está a luz do dia, dia forte, dia fraco, a máquina tem muito mistério. Mas dá pra pessoa ir aprendendo fácil…

* Estas são algumas fotografias escolhidas por Adolfo e por nós como amostra do seu trabalho: 01- O casamento a que o Adolfo se refere na entrevista como sendo um dos eventos que ele mais gostou de ter realizado; 02- Uma fotografia que o fotógrafo gosta, “podia ser a foto de um calendário”, diz ele; 03- O fotógrafo quando era também cantor; 04- Conhecido em todo o norte/nordeste, fora da mídia, foto de Fernando Mendes; 05- Uma foto interessante, visava-se o muro e o cano de esgoto, mas acabou estranhamente pegando as crianças; 06- O rosto de uma garota, que mostra a capacidade de enquadramento do fotógrafo; 07- Um acidente de motos, que o fotógrafo resolveu registrar; 08- Outros fotógrafos, amigos de Adolfo. A quem tiver interessado no fotógrafo profissional para algum evento, seu número de telefone vai estar no Blog Público, na barra ao lado. A outros que se interessam pela fotografia enquanto “dá a ver o indizível”, procurem o punctum. De qualquer forma, cliquem nas fotos para apreciá-las.

DOS FAZERES E DIZERES DA ECONOMIA MENOR

Como disse o filósofo francês Jean Baudrillard, há uma única exigência para os capitalistas — a necessidade de consumidores — senão eles não nos legariam sequer o pão. E há muito teriam feito isso se por fora dos grandes fluxos capitais das corporações bilionárias não corresse uma pequena economia que, apesar de carregar códigos da exploração macroeconômica, baseia-se sobretudo na capacidade inventiva dos pobres de criar novos fazeres com uma inteligência imperceptível ao poder/saber. Quase sempre a economia maior tenta apropriar-se por usurpação dos feitos dessa economia menor, colando-lhe um falso rosto a partir da ordem do discurso que assegura a simulação das imensas cifras nas bolhas de valores. Seguindo os rastros da imanência necessária à criação desses fazeres e seus dizeres inauditos, este bloguinho começa hoje esta nova coluna, que trará entrevistas do discurso/prática de trabalhadores que, para além de uma mera subvivência, levam/constroem elementos materiais e imateriais nos percursos que fazem sobre a cidade, por isso importa-nos não as segregações existenciais a partir do trabalho capitalístico, nem as esperanças fantasiosas, mas as virtualidades desejantes na totalidade da existência dessas pessoas na rua, no mundo e o que delas passa liberando a vida, desestabilizando o ensejo totalitário do Mercado Global.

ELIELSON: O CASCALHEIRO ANDARILHO

Os pobres se esquivam pelas barreiras e

cavam túneis que enfraquecem as muralhas.”

(Toni Negri, filósofo italiano)

Telengotengo, lengotengo, lengotengo… Quem nunca ouviu a batida ritmada do triângulo? A criançada corre. É cascalho. Foi a partir dessa batida que Luiz Gonzaga atualizou o baião. Teve de estudar com os cascalheiros. Teve de ouvir os ritornelos das ruas. E é pelo som dessa batida que vai nossa primeira entrevista, é com um desses andarilhos do som. Saímos andando com ele pelas ruas e entrevistando-o, enquanto ele caminhava ao ritmo do metal, carregando sua lata ainda com mais de 100 cascalhos…

Bloguinho — Seu nome é…

Cascalheiro — Elielson Carvalho.

Bloguinho Qual a sua idade?

Cascalheiro — 23 anos.

Bloguinho Você é daqui mesmo de Manaus?

Cascalheiro — Sim. Nasci aqui e sempre morei aqui.

Bloguinho Fala pra gente um pouco desse trabalho que você faz, há quanto tempo…

Cascalheiro — Eu sou cascalheiro. Trabalho como cascalheiro faz 4 anos. Antes eu trabalhava com plastificação, separava sacos de plásticos de acordo com o tipo, o tamanho. Isso aí eu comecei lá pelos 17 anos, porque antes eu vendia açaí, quando tinha 13, 14 anos…

Bloguinho Atualmente você mora aonde?

Cascalheiro — No Armando Mendes.

Bloguinho É lá que você pega o cascalho?

Cascalheiro — Não. Eu pego no Zumbi II.

Bloguinho Depois que pega, qual é o trajeto que geralmente você segue?

Cascalheiro — Eu pego uma lotação. Fico na Grande Circular; daí corto o São José II e saio no Novo Aleixo; depois eu rodo toda a Cidade Nova; depois o Renato Souza Pinto I e II; aí vou para o Nova Cidade; e depois para o Canaranas; depois rodo o Conjunto Cidadão; saio então perto da garagem da Eucatur e rodo aquela parte ali; pra terminar eu desço a principal e acabo na Feira do Produtor. Daí da Feira eu pego de novo uma lotação, deixo o cascalho do homem, dou a parte dele e fico com a minha. Aí vou embora pra casa.

Bloguinho Com esse longo trajeto, a que horas você sai e a que horas retorna?

Cascalheiro — Pego assim pelas 9h, dou uma parada meio-dia para almoçar, depois quando chego na Feira do Produtor já é lá pelas 8 da noite, ainda vou entregar o cascalho. Então chego em casa lá pelas 9h da noite.

Bloguinho Com as chuvas que tem dado, não deve ser fácil fazer esse trajeto.

Cascalheiro — É, tem dia que pego chuva; quando não, é sol.

Bloguinho Tem comumente algum problema de saúde por causa disso?

Cascalheiro — Sim. As pernas ficam muito cansadas e às vezes dá muita dor de cabeça.

Bloguinho E, diante de tudo isso, qual é a base que você tira por dia de lucro?

Cascalheiro — Nos dias de semana, em torno de R$ 30,00, tirando o almoço, que é eu que pago, R$ 5,00, fico com uns R$ 25,00; no domingo dá mais, uns R$ 50,00.

Bloguinho Dá pro seu gasto?

Cascalheiro — Dá. É claro que eu gostaria de ganhar um pouco melhor, não pra ficar rico, mas melhor.

Bloguinho Melhor como?

Cascalheiro — Pra não ter de trabalhar tanto, pra ter tempo pra terminar meus estudos.

Bloguinho Você fez até que série?

Cascalheiro — Até a 5ª série. Desde 2003 que não estudo. Parei por causa do trabalho. Esse ano ainda me matriculei, mas não teve condições.

Bloguinho Ano que vem você vai tentar de novo?

Cascalheiro — Vou sim, com certeza.

Bloguinho E diversão, você pratica algum esporte, vai a festas?

Cascalheiro — Esporte não pratico não. Festa às vezes eu vou com meus amigos, um pagode. Eu gosto de ir pro cinema com a minha irmã e os amigos dela, gosto porque as histórias me divertem.

Bloguinho O que você acha mais interessante, curioso, na sua profissão?

Cascalheiro — O som do triângulo. Quando você bate, as crianças saem correndo, as pessoas já sabem que é cascalho. Os adultos compram para elas. Às vezes eles não tem dinheiro. Dá vontade até de dar pra elas às vezes, mas não dá. Se você está vendendo mal, às vezes num bairro inteiro você não vede um, aí você anda mais devagar, não bate direito. Quando você está vendendo bem, aí você anda rápido, bate com vontade o triângulo.

Bloguinho Pra fechar, você que anda por todos esses lugares, conhece a cidade, o trajeto deve ser dificultado com as ruas nessas condições.

Cascalheiro — Tem muito buraco por aí.

Bloguinho Tem outras como essa?*

Cascalheiro — Tem quase como essa, mas essa daqui está horrível.

Bloguinho Você acha que o prefeito vai conseguir fechar esses buracos até o final do mandato.

Cascalheiro — Acho que nem a metade.

Bloguinho — Mas você precisa seguir?

Cascalheiro — É, preciso ir.

* A rua em que a entrevista foi feita e a foto foi tirada é a rua Rio Jaú, no Novo Aleixo, que tem suas precárias condições demonstradas no Projeto Poseidon dois posts abaixo.


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

Acesse esquizofia.wordpress.com

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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