
Ser santo é da ordem do maravilhoso, poderiam dizer os surrealistas. O maravilho que ultrapassa o real, embora mantendo uma linha de contato pelo seu simulacro: a imagem. A imagem é a linha de ligação entre aquele que foi real, mas que depois foi promovido à ordem transcendente pela imagem por força de um ritual teológico. Santificação. O seu poder de realizar milagres.
Na narrativa hagiográfica encontram-se milhares de milagres atribuídos aos vários santos do santuário cristão. Há milagres de melhora da saúde, encontro de emprego, time desclassificado da primeira divisão de futebol que depois voltou à elite do futebol, objetos perdidos, milagres e mais milagres. Entretanto, há um milagre que é o mais procurado por seu grau de sedução bio-erótico e associativo. O casamento. O casamento como sacramento religioso ou civil, ou casamento como relação associativa que não passa nem pelas leis religiosas e nem jurídicas. O casamento saído de uma escolha particular, também chamado nas antigas de amigação, ou amasiação. Uma união tão bem fundada que saiu de sua realidade social e política para também se tornar mote folclórico do cancioneiro.
Pois é exatamente no casamento, ou pelo casamento que o bom Santo Antônio é valorizado no mês de junho, em seu dia de maior realização de seu poder santificador. Santo Antônio, um santo que não casou – como os outros -, mas a função maior é o milagre de ajudar os outros a casar. Uma tarefa ainda árdua nessa pós-modernidade em que isola cada vez mais as pessoas, confinando-as a uma existência indiferente. Mesmo sendo hoje o casamento, nos modelos patriarcal/judaico/cristão/burguês/capitalista a instituição que mais vem sofrendo mudanças. São inúmeros os casos de pessoas que se unem e não pretendem o casamento nesses modelos. E são inúmeros os casos de divórcios.
Mas apesar dessas mudanças na instituição casamenteira, Santo Antônio continua tendo muito serviço para fazer nessa quadra junina. São vários os pedidos de ajudas para encontrar uma parceira e um parceiro. Por essa razão, depois de falarmos com o bom Santo Antônio, resolvemos dar uma mãozinho para o Toninho e apresentar algumas bem-querências, também conhecidas como pedidos, orações, simpatias e adivinhações. Se é para não ficar só, é só tentar, ó!
Na noite de Santo Antônio, em qualquer hora do dia, sozinha(o), em frente à imagem do bom santo, diga seis vezes – número do mês de junho – o nome da pessoa que você ama. Depois diga doze vezes – os meses completos de um ano – o nome da pessoa amada. Em seguida, com um sorriso largo, beije 18 vezes – soma dos números do mês e do ano – Santo Antônio. Possivelmente nesse ano você estará junta(o) da pessoa Amada. Lembrete: não precisa agradecer o santo, ele sabe qual é sua função santificadora.
Outro recurso, antonino, para o amor. No dia de Santo Antônio vá até a rua onde mora, e consiga uma forma de falar com a primeira pessoa que encontrar do sexo oposto ao seu, e pergunte seu nome. Depois que ela responder, procure saber qual a terceira letra do nome dela, e acrescente as três últimas letras de seu nome e procure fazer combinações com as letras para formar nomes. Entre nomes que você conseguir combinar está o de sua amada(o).
Uma trova para ser repetida antes de dormir na véspera de Santo Antônio, com a imagem do bom santo embaixo do travesseiro.
Senhor meu Santo Antônio
Que não quer ninguém sozinho
Faz aparecer em um sonho
Quem vai entrar em meu caminho.
Outra crença, é ficar uns dez metros distante de uma fogueira, mirar as chamas, fechar e abrir os olhos cinco vezes tentando ver letras formadas pelas chamas. Dessas letras saem os nomes das pessoas amadas.
Outra tentativa de encontrar a pessoa amada é pegar um copo médio com água pela metade, e em um pequeno pedaço desenhar, com uma caneta, uma bolinha vermelha, colocando em seguida na superfície da água. Ficar observando a água desfazer a bolinha. Logo vai aparecer a forma de uma letra, mas essa não é a letra da pessoa amada. A letra da pessoa amada é a terceira.
Outra tem ligação com as comelanças da época. Em uma festa de Santo Antônio escolha os nomes das quatro comidas que você não gosta e tente combinar esses nomes na forma de uma comida que você gosta e que tem na festa. Nesse nome está o nome da pessoa amada.
Uma muito fácil é a simpatia das letras e bolinhas de sabão. Escreva várias letras grandes em papel do tipo cartolina e as coloque dentro de um círculo com o fundo azul. Com um canudinho e um copo com água e sabão sopre e faça bolinhas no ar. Algumas bolinhas caíram sobre as letras dos nomes de seus possíveis amados. Caso não caia sobre nenhuma letra, não desespere, tente três vezes, três é um número de união.
Existem outros recursos, mas esses são suficientes para uma tentativa amorosa que agrada profundamente o bom santo carequinha, Santo Antônio.
No mais, bons encontros!
Leitores Intempestivos