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O MEDO DA MÍDIA-MAIOR E O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Passado o período do Fórum Social Mundial, FSM Amazônia 2009, eis que a mídia-maior, a chamada grande imprensa, continua procurando razões para desqualificar o evento.

Mesmo com o seu término, os jornalões e a grande mídia se esmeram em mostrar que o fórum foi um “fracasso”. No Estadão, por exemplo, questionou-se até as barracas e o lixo produzido pelo fórum. Tudo o que foge do padrão ou nega numa superficialidade os propósitos do fórum serve aos interesses. A questão é: por que?

O SIGNIFICANTE DESPÓTICO E O PAVOR DA MÍDIA-MAIOR

Presa a uma linguagem laminada, a imprensa afeita aos melindres do capitalismo é vítima da limitação semiótica: capturada pelo significante despótico, a ela só resta a repetição ad infinitum do mesmo discurso capturado pela ordem do ilocutório. Uma linguagem limitada, feita menos para comunicar do que para ordenar. Palavra de ordem, não comunicação.

Daí o pavor diante de elementos semióticos que rompam com esta ordem. Ou como afirma o filosofante Michel Serres: quando um átomo-letra entra na composição e provoca a declinação, temos outro texto, outra textura, outra realidade.

Daí a textualidade em rede semiótica do Fórum, com sua pluralidade linguística, seu liames, suas linhas de força, suas declinações, seus enunciados sem sujeitos, representarem uma ameaça à própria condição de existência da mídia-maior.

Como noticiar um acontecimento que foge aos parâmetros da sua limitada linguagem? Daí o pavor da mídia, que usa aquilo que conhece: procurar descaracterizar o adversário ao invés de seus argumentos.

Noticiar o Fórum Social Mundial é muito mais complexo do que noticiar o Fórum de Davos, mesmo em tempos de crise. É que a crise não evita que lá os códigos continuem os mesmos. Familiaridade epistemológica, ainda que reduzida.

É impossível para a mídia-maior compreender que os fluxos intensivos produzidos no FSM são elementos da polivocidade maquínica, incapturáveis pela codificação tradicional. Igualmente, para desespero deles, estes códigos-fluxo carregam uma potência democrática que transbordam o social de forma muito mais eficiente do que a grande mídia. Algo relevante ocorre, por exemplo, entre os blogues midialivristas e os grandes jornais e tevês: enquanto a diferença se marcar pela semiótica, os blogues levarão vantagem. O outro mundo possível já existe.

Daí a relevância de um fórum que não tem na seriedade uma de suas “virtudes”. Ao contrário, é contra a seriedade da sociedade de consumo que ele existe. Ainda que, para isso, certos signos desta sociedade sejam subvertidos pela caosmoticidade do Fórum Social Mundial.

FSM AMAZÔNIA 2009 DIVULGA BALANÇO

Adeus Amazônia: O Fórum Social Mundial dá os números
(e agenda da mobilizações para 2009)

A Assembléia das Assembléias, que fechou ontem à noite, no estádio da Universidade UFRA, a edição 2009 do Fórum Social Mundial, em Belém, no qual 30 grupos de trabalho temáticos apresentaram os resultados das suas actividades destes dias, as suas receitas Anti-crise e as prioridades para o ano novo, construído para a circulação altermondialista uma densa agenda da mobilizações em 2009.

Aqui estão alguns dos destaques:

  • 08 março – Dia dos Direitos da Mulher.

  • 14-22 março – Mobilização e Fórum paralelo ao Fórum Mundial da Água Itambul.

  • Começa 28 março, em Londres, a semana de ação a nível do G20

  • 30 março – Mobilização contra a guerra e a crise.

  • 30 março – Dia da Solidariedade com o povo palestino e ao investimento boicote dos produtos israelitas.

  • 04 abril – Dia de Ação no 60 º aniversário da NATO (OTAN).

  • 17 abril – Dia Internacional para a Soberania Alimentar

  • 01 Maio – Dia Internacional dos trabalhadores

  • Julho – Dias de Ação do G8 na Itália

  • 12 outubro – Dia Mundial de Ação para a Proteção da Mãe Terra, contra a mercantilização da vida.

  • 12 dezembro – Dia de Ação Global sobre a Justiça climatica em conferência de Copenhague sobre o clima.

TODOS OS NÚMEROS DO FÓRUM

Foram registradas 135 mil participantes do fórum, 15 mil no acampamento da juventude, 3 mil crianças em barraquinhas, para um total de un número total de cerca de 150 mil participantes.

5808 associações envolvidas, 489 da África, 119 da América Central, 155 da América do Norte, 4.193 da América do Sul, 334 da Ásia, 491 da Europa, 27 da Oceania. , que promoveram 2310 atividades autgestionadas.

4.830 eram voluntários, tradutores, técnicos e gestores do promotor para trabalhar por três dias, 5.200 expositores nas lojas, na solidariedade dos espaços de exposições e restaurantes, 200 eventos culturais,
1000 artistas que organizaram participações.

Massiva cobertura mediática do evento, acompanhado de Feira no que respeita à imprensa internacional: 800 jornais de 30 países foram credenciados para o Fórum; 4.500 jornalistas, profissionais da comunicação e mídia livres, 2500 que trabalharam nas salas da Universidade de Belém e 2 mil à distância, com apoio da comunicação do FSM.

SÉVERINE CALZA E AS LUTAS PELOS DIREITOS HUMANOS

O Fórum Social Mundial 2009 levou a Belém do Pará pessoas de todas as partes do mundo e com diferentes concepções políticas, artísticas, existenciais, mas todas procurando de acordo com suas diversidades, suas singularidades formas de manter proximidades desejantes de um outro mundo possível.

O fundamental do FSM é que ele não seja interrompido com seu encerramento, mas que nas cartografias tecidas a partir de encontros/experiências que aumentam a potência de agir dos corpos no mundo ele entre num processual contínuo de construção desse outro mundo, que, por ser colocado como possível, como diria Sartre, já é real.

Foi nessa proximidade democratizante que a AFIN entra numa composição afetiva/afetante com pessoas que tentam de infinitas formas minar o estado de coisas, enfraquecer o Estado sem métodos e sem regras (Deleuze/Guattari) e diminuir a exclusão, a miséria, todas as formas de violentações. E é entre estas pessoas que encontramos Séverine Calza, que faz parte do Secretariado Internacional Permanente de Direitos Humanos e Governos Locais, da cidade de Nantes (França), entidade que aglomera pessoas e organizações de todas as partes do mundo e age junto aos governos de todas as partes do mundo para que os direitos humanos sejam cumpridos e respeitados nas cidades e que veio ao FSM Amazônia 2009 para divulgar uma Carta-Agenda fundamental para a preservação física e epistemológica, a cidadania das pessoas no mundo.

Séverine Calza por você.

Afinsophia — Tu trabalhas numa organização que trata dos direitos humanos…

Séverine Eu faço parte do Secretariado Internacional Permanente de Direitos Humanos e Governos Locais, da cidade de Nantes, na França, que é uma organização criada após o Fórum de Direitos Humanos, organizado, em 2004, pela UNESCO e pela ONU, pela Educação, a Ciência e a Cultura. E após a realização desse fórum, a cidade de Nantes decidiu continuar com ele a cada dois anos. E precisava, para isso, de uma estrutura mais leve, que não fizesse parte da estrutura da cidade, mas o financiamento vem da cidade de Nantes, da região dos países de Loira e o departamento de Loire-Atlantique. Essas três fontes de financiamento permitem à estrutura funcionar e organizar esse fórum a cada dois anos. O último fórum ocorreu em 2008 e o próximo vai acontecer em 2010. Esse fórum reúne cerca de 2500 ativistas, autoridades e organizações internacionais que trabalham com direitos humanos. Isso é uma primeira parte do trabalho. A segunda parte do trabalho, que começou há um ano, um ano e meio, é trabalhar na Carta-Agenda dos Direitos Humanos na Cidade, um projeto criado pela diputación de Barcelona, na Espanha, e no contexto da organização mundial de cidades, que se chama CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), que tem sede em Barcelona também. Dentro dessa organização tem comissões de trabalho, e uma dessas comissões é a Comissão de Democracia Participativa e Inclusão Social, e a gente está nessa comissão, no grupo de trabalho Governos Locais e Direitos Humanos, animando esse projeto da Carta-Agenda dos Direitos Humanos na Cidade.

Afinsophia — E no Fórum Social Mundial, qual o trabalho que vieste fazer? Qual o papel aqui do Secretariado?

Séverine — Estou aqui para promover esse projeto da Carta-Agenda com as autoridades locais do mundo inteiro, para que elas divulguem esse projeto na cidade delas, fazendo com que os direitos sejam respeitados nas suas cidades. O que é novo nessa Carta-Agenda é que é uma Carta-Agenda, não é só uma declaração de direitos, tem uma parte de direitos, mas tem uma parte de agenda, um plano de ação para fazer com que os direitos sejam aplicados pelas autoridades locais, e não só para cidades, mas para municípios em geral e suas autoridades locais. Eu faço parte do FAL (Fórum de Autoridades Locais), participei do dia pelo direito à cidade, que foi organizado por organizações da sociedade civil aqui no Fórum Social Mundial e também estive no FAL para divulgar a Carta-Agenda.

Afinsophia — Como é a atuação e o alcance prático desse trabalho?

Séverine — Sim. Essa atuação prática é mais de convencer as autoridades locais de aplicar essa questão dos direitos nas políticas públicas que estão sendo desenvolvidas, sempre pensar, por exemplo, em incluir a questão de gênero, pensar nos direitos das crianças, pensar que todo morador tem direito à educação, a incluir todo mundo, e realmente para promover políticas públicas inclusivas, sem discriminação, tendo por objetivo proteger a dignidade humana de todo mundo, sem esquecer a ninguém. Por exemplo, na Europa tem problemas com as populações nômades, os “romes” (ciganos), esse tipo de população que tem problema para se integrar na cidade. Então, como incluir essas pessoas para que elas tenham direito à moradia, à educação respeitados? Na Europa, sobretudo, tem o problema da migração, como os migrantes que vêm da África. Como criar, então, novos vínculos sociais e como integrar essas populações na cidade, porque são as cidades que tem que lidar primeiro com esse tipo de “problema”, mais que o Estado, pois o Estado está num nível mais longe dos cidadãos?

Nas lutas pela reforma urbana.

Participando das lutas pela reforma urbana (Clique na imagem).

Afinsophia — Não é perigoso, por que acaba alterando planos de muita gente, muitas autoridades autoritárias?

Séverine — Não, não é perigoso. Talvez no Brasil, têm municípios onde seria perigoso. Mas na Europa não, tem muita proteção. Tem a Carta Européia de Direitos Humanos, a Convenção Européia de Direitos Humanos, a Corte Européia de Direitos Humanos, que proteje bastante os cidadãos. Não é perigoso. É apenas uma forma de pensar em políticas públicas mais inteligentes do que realmente fazer uma luta perigosa, porque já são coisas adquiridas, pensar melhor e preservar os direitos que já estão adquiridos. Tem problemas com novas populações ou populações que ainda têm problemas, como, por exemplo, as mulheres, pela falta de representação política. Então, é mais melhorar a vida do cidadão. E também a gente tenta divulgar isso no mundo inteiro, e isso poderia gerar alguns problemas, mas as autoridades locais acabam convencidas que é uma coisa boa. Problemas assim eu ainda não vi, mas penso que pode existir.

Afinsophia — E como é a composição da organização?

Séverine — A CGLU é uma organização mundial, e lá no Fórum de Autoridades Locais tem pessoas da Europa, da América Latina, da Ásia, da África. Dessa vez, a maioria é da América Latina, por causa da proximidade, mas em outros fóruns, às vezes tem reunião na Coréia, na África, há oportunidades de você discutir os problemas com pessoas do mundo inteiro. Na França, pela proximidade histórica-geográfica, a gente trabalha muito com a África.

Afinsophia — E qual a tua avaliação sobre o Fórum Social Mundial?

Séverine — O lado positivo é que é uma boa oportunidade de encontrar pessoas que trabalham em coisas muito diferentes, que a gente não tem muitas oportunidades de encontrar, e de ver que realmente têm ações que são realizadas no mundo inteiro. Isso dá uma motivação maior. E, ao mesmo tempo, é difícil avaliar o impacto que a gente vai ter, porque, por exemplo, às vezes num grupo de trabalho de dez pessoas talvez estejam cinco realmente interessadas. Às vezes a gente se sente como uma gota d’água, é um pouco desafiador. Mas tudo bem, temos de continuar a trabalhar. Mesmo uma gota pode fazer uma pequena diferença, e é essa pequena diferença que importa.

LGBT, CIDADANIA, EDUCAÇÃO… TODAS AS EXPRESSÕES NO FSM AMAZÔNIA 2009

FSM 30-13 por você.

Despedindo-se do Fórum, a equipe AFINPRESS esteve na UFPA, onde acompanhou algumas oficinas e atividades, dentre as centenas que estão ocorrendo diariamente nos territórios do Fórum Social Mundial.

EDUCAÇÃO PLANETÁRIA

FSM 30-01 por você.

O que seria uma mesa de diálogo se transformou em uma grande conferência, onde os estudantes, sentados em roda, ouviam os palestrantes, que falavam com a ajuda de um megafone.

FSM 30-02 por você.

A atividade proposta pelo Instituto Paulo Freire, “Educação para a Cidadania Planetária” trouxe, dentre outros convidados, o pedagogo Carlos Rodrigues Brandão, que nos falou sobre suas impressões sobre o FSM: “Estou vendo este fórum, como eu disse na minha palestra, como uma resposta ao encontro de Davos. Aqui sendo o encontro para a busca de uma nova sociedade”.

FEMINISMO E MOVIMENTO LGBT

FSM 30-03 por você.

Enquanto de um lado a educação era a temática, do outro, ela também estava na pauta. Era a oficina da Liga Brasileira de Lésbicas (clique aqui para entrar no blogue) que trazia a temática “Lesbianidade Feminina: uma ferramenta de fortalecimento de mulheres lésbicas como sujeitos políticos”.

Com a sala cheia de interessados no assunto, mulheres e homens, de todas as orientações sexuais/eróticas (o Iranduba estava lá representado!), a discussão passou pela contextualização do movimento frente às demandas LGBT, explicando como a LBL está organizada nacionalmente.

FSM 30-04 por você.

Um dos temas que foi discutido foi o do envolvimento dos grupos LGBT com outras lutas:

Por que não se discutir a questão do nosso posicionamento enquanto homossexuais? Nós sabemos que a nossa categoria é vulnerável, somos deixados de lado pelas políticas dos governos e pela própria sociedade. Então quando nós restringimos, nós ficamos ainda mais vulneráveis”.

Aqui nós também somos a sociedade. Nós não queremos privilégios, queremos apenas os nossos direitos. E quando uma minoria é beneficiada, toda a sociedade se beneficia”.

FSM 30-06 por você.

O dia 30 no FSM, aliás, bem poderia ser o da temática LGBT. Duas mini-paradas ocorreram, uma na UFRA e outra na UFPA. Na federal, após a parada, ocorreu uma grande assembléia dos movimentos LGBT`s, enquanto que na UFRA, houve até, contam, um casamento gay para encerrar a festa democrática de um novo mundo possível.

NÃO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

FSM 30-11 por você.

E na sala ao lado, o Núcleo de Mulheres Jovens da CAMTRA (Casa da Mulher Trabalhadora) realizou uma discussão sobre o combate às violências  histórico-culturais contra a mulher.

FSM 30-12 por você.

Foi enfatizado pela Camtra que o movimento feminista não pretende inverter a hierarquia homem/mulher, mas fazer uma militância não-hierárquica, deixando claro o entendimento que todos os movimentos de minorias têm de se aproximar e caminhar nesse sentido.

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA FESTA…

FSM 30-15 por você.

Atravessando a rua principal da UFPA Básica, uma alegre banda de música arrastava os passantes, numa animada passeata. Era o Estandarte do Gênero, Etnia e Sexualidade, esquentando a festa que viria, relamando o outro mundo possível e declarando a alegria do Fórum Social Mundial.

FSM 30-14 por você.

Em Davos não tem disso não…

COMBATE À CORRUPÇÃO ELEITORAL

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral trouxe uma oficina intitulada “Como Combater a Corrupção Eleitoral”.

FSM 30-16 por você.

O objetivo da atividade foi apresentar o movimento nacional, compartilhar experiências de comitês estaduais, lançar a campanha 2009 de Corrupção Eleitoral em Saúde e falar sobre o sucesso da campanha “Ficha Limpa”.

Estiveram presentes à oficina o jurista Marlon Reis, da Abramppe, Jovita José Rocha, diretora da secretaria executiva do Comitê Nacional do MCCE, Suylan Midlej, secretária-executiva nacional do MCCE, e os representantes dos comitês do Pará, Pedro, do Maranhão, José Guilherme Zagalo, e Luciano Santos, do comitê 9840 – SP.

O início do movimento, os primeiros passos em direção à Lei 9840, passaram pelas reflexões da campanha da fraternidade. A compra e a venda de votos, como fenômeno cultural “normal”, e a mudança desta perspectiva é o objetivo maior do MCCE. As articulações nacionais para que o movimento possa atuar em todo o país, a fim de fortalecer o movimento tem grande importância, para Marlon, porque sem a pressão e a atuação da sociedade civil organizada, jamais leis de combate à corrupção seriam votadas e aprovadas.

FSM 30-17 por você.

Interessante notar que, de 1932 até 2000, pouco se tem notícia de candidatos que tenham perdido o mandato. Segundo Marlon, não chegam a 10. O número, no entanto, se opõe às práticas de compra de votos, comum em todas as regiões do país. Desde o início do movimento, no entanto, e com a aprovação da Lei 9840, muita coisa já mudou. Marlon cita, por exemplo, na eleição de 2004, uma cidade do Rio Grande do Norte, onde o prefeito e mais 23 vereadores foram cassados por compra de votos.

O companheiro Pedro, do Comitê 9840 do Pará ressaltou as mais de 1400 denúncias enviadas ao MPE, de 62 municípios do Pará, graças a um sistema eletrônico de denúncias criado pelo ministério daquele estado. A despeito destes avanços, Pedro criticou a atuação do judiciário, pela morosidade em julgar as denúncias.

Gulherme Zagalo, do Comitê 9840 Maranhão, citou diversos casos de violência contra juízes no interior do estado, que sofreram pressões para mudar decisões judiciais. Ele citou ainda pouca participação da OAB local no movimento, e as tentativas de mobilizar a sociedade por parte do comitê 9840. Segundo Zagalo, o quadro de cassação iminente do atual governador, Jackson Lago, cria um clima de instabilidade no estado, colocando partidários contrários e a favor da cassação em condição de conflito constante. Para ele, houve irregularidades sim na eleição de Lago, a qual, ele aponta, não representou uma mudança no paradigma político da cidade, que continua sob a influência do “Sarneyismo”.

FSM 30-18 por você.

Luciano, do Comitê de São Paulo, afirmou que, apesar do desenvolvimento econômico, o estado também enfrenta sérios problemas com corrupção eleitoral e compra de votos.

Em todos os depoimentos, percebe-se o engajamento desejante para mudar o contexto social das práticas políticas clientelistas no Brasil. Ao mesmo tempo, a falta de recursos e a atuação morosa, quando não parcialista, da justiça, dificultam o trabalho.

Em seguida, participantes de todo o Brasil trouxeram contribuições ao debate. Os afinados aproveitaram então para apresentar um breve panorama das eleições em Manaus, falaram sobre a cassação de Amazonino e o caso Henrique Oliveira, além de divulgar a Campanha Spinosista de Combate ao Mau Candidato, da Associação Filosofia Itinerante.

EQUIPE AFIN DE VOLTA A MANAUS

A equipe AFINPRESS se despede da edição 2009 do Fórum Social Mundial, depois de trazer um panorama do evento e a cobertura de alguns dos principais acontecimentos. Como vetor virtualizante intensivo dos sem (grande) mídia, a pauta do Bloguinho procurou contemplar, dentro das centenas de atividades que ocorriam ao mesmo tempo em diversos lugares dos territórios do FSM, os temas que perpassam a intempestividade afinada.

E este bloguinho ainda trará algumas entrevistas e imagens de acontecimentos provenientes do FSM; além disso, pela cartografia afinante de proximidade com os saberes populares, também estaremos disponibilizando nos próximos dias algumas atividades e pessoas que não forma incluídas no Fórum, como carimbó, capoeira, blocos de rua, etc.

Mas o FSM Amazônia 2009 continua, e para quem está na belíssima e acolhedora Belém, ainda tem Futebol Solidário no Baenão, Noam Chomski e Eduardo Galeano na UFPA e muito mais!

Jogo da solidariedade

Dia : 31 – sábado

Local: Baenão (Almirante Barroso) esquina da Antonio Baena

Horário: Mulheres (8h30) ? Homens (10h40)

Participantes: Indígenas, Quilombolas, MST e movimentos de mulheres.

Entrada Franca

Apoio: Secretaria de Esporte e Lazer (Seel)

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Programação Cultural do FSM 2009

Onde: Cidade Folia (quilômetro zero da Rodovia BR-316)

Quanto: 31 de janeiro (sábado)

Hora: a partir das 18 horas.

Aberto ao público

Abraços afinantes!

NÃO PERCA DE VISTA O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL – FSM AMAZÔNIA 2009

ASSEMBLÉIAS DO ULTIMO DIA DO FSM 2009 (01/02)

De 9 as 12h

– Território da UFRA –

Juntos por Justiça Climática em Copenhagen – Tenda Multiuso 2

Assembléia de direitos humanos – Tenda Direitos Humanos

Assembléia dos Direitos Coletivos dos Povos – Tenda dos Povos sem Estado

Assembléia “Crise Civilizatória, Bem Viver e Direitos Coletivos” – Tenda Indigena

Assembléia Geral contra a guerra, bases militares, militarismo e armas nucleares – Tenda Multiuso 1

Assembléia Pan-Amazônica – Tenda Pan Amazônia

Diante da crise desenvolver o Fórum Social como um processo permanente a partir das propostas – Salão Verde

Assembléia Ciêncas e Democracia – Auditório da Prefeitura

Assembléia de Negras e Negros no FSM 2009 – Tenda Afro-negritude

Assembléia de Mulheres -Tenda Multiuso 4

Por um mundo sem dívida: Auditoria e Reparações Já! -Tenda Multiuso 3

Rede de intercomunicação e de boas experiências – Predio Central – Sala de Desenho

Globalizar a declaração das Nacões Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígena – Predio Central – Anfiteatro

Assembléia mundial da rede internacional unidas de direitos humanos – Tenda Reforma Urbana

Luta contra a corrupção e a impunidade – Predio Central – COO2

Justiça para a Amazônia – Tenda dos Povos da Floresta

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– Território da UFPA –

Fórum Mundial da Educação – Tenda Cuba 50 anos

Alternativas aos politicas migratorias securitárias – Auditório do CAPACIT

Uma resposta global contre a crise financeira – Auditório do ICJ

Cultura e educação transformadora – Tribunal do Juri

Alternativas para proteção dos ecossistemas Amazônicos – Auditório de Reitoria

O trabalho na crise global – Tenda Mundo do Trabalho

E as 14h30 Assembléia das Assembléias – Local: Palco principal da UFRA.

LULA E PRESIDENTES DA AMÉRICA DO SUL DESMISTIFICAM A CRISE NO FSM AMAZÔNIA 2009

Os 5 no Hangar 01 por você.

Desde cedo, no Hangar Centro de Convenções, a fila de pessoas, inscritas ou não no Fórum Social Mundial, já era grande. Tudo para garantir um lugar para ver e ouvir Lula, Chávez, Lugo, Moralez, Corrêa, Ana Júlia e outros convidados pelo Instituto Paulo Freire, pela CUT e pelo Ibase, que juntas organizaram o debate. Em foco, a alcunhada crise mundial e as iniciativas governamentais para que seus efeitos sejam minimizados na América do Sul.

Na coordenação da mesa, Cândido Grzybowski, diretor-executivo do Ibase, explanou sobre os objetivos do encontro: que cada presidente ou membro da mesa apresentasse, em curto discurso, um balanço das ações de seu governo ou entidade em relação à crise financeira que ameaça os empregos no mundo todo.

A primeira a falar foi a governadora Ana Júlia Carepa, que foi aclamada pelo público. Ao anunciar os presentes, saudando-os, Ana provocou vaias da platéia ao citar o nome do prefeito de Belém, Dulciomar Costa, mas levou a mesma platéia ao delírio ao citar a presença da chefe da casa civil, Dilma Rousseff. Ao cumprimentar os prefeitos presentes, a governadora citou o caso da prefeita cassada de Santarém (já citado neste Bloguinho aqui), e conclamou aplausos à prefeita, alegado que seu único pecado foi fazer um concurso público e ser nomeada procuradora. Ana Júlia equivoca-se, quando desfaz de uma decisão soberana do TSE, que nada mais fez do que preservar as regras do jogo democrático, seja na prefeita de Santarém ou no vereador mais votado de Manaus. Em seu discurso, falou da aproximação do seu governno com as idéias dos governos de esquerda da América do Sul, dos avanços e dificuldades de seu governo. Festejou com o público a perda e a conquista de um título: o Pará deixa de ser o campeão de conflitos de terras para se tornar o estado que mais tem diminuído a quantidade de casos do tipo. Foi muito aplaudida, ao lançar a candidatura da cidade de Belém para receber novamente o FSM na nova edição.


Em seguida, diretamente de Burkina Faso, a presidente da Confederação Sindical Internacional, que alertou para a necessidade de “construir uma verdadeira solidariedade mundial frente à crise”, e arrancou aplausos ao defender a necessidade de ampliação dos direitos trabalhistas como forma de diminuir os efeitos da crise financeira.

Em nome das plantas, dos rios, dos animais, dos seres viventes”, o FSM recebeu representante dos povos indígenas do Equador. Em seu discurso, ela mostrou que a chamada crise financeira é o resultado do modo de existência do homem branco, que dá as costas à natureza, fazendo do mundo o seu próprio inimigo.

O aborto, as condições de trabalho na amazônia e a importância da valorização da mulher nas políticas públicas tomou a pauta anti-crise, na participação da representante dos movimentos sociais.

Evo Moralez, presidente da Bolívia, apresentou quatro proposições para combater a crise, dentre elas, defendeu uma mudança radical nos padrões de consumo, a fim de que se possa eliminar o predatismo econômico. “Ou acabamos com o capitalismo, ou o capitalismo acaba com o povo”, afirmou. Evo citou ainda o massacre de Gaza como uma prova de que o imperialismo ainda resiste, e a despeito de seus próprios erros, pretende perpetuar a violência e as desigualdades sociais.

Em um longo discurso, o presidente Rafael Corrêa fez uma defesa apaixonada do Socialismo do Século XXI, como a única alternativa que se contrapõe com eficiência ao neoliberalismo. Ele lembrou que a América do Sul foi um grande laboratório para o neoliberalismo, e defendeu a pluralidade cultural e a necessidade de se criar um país que proteja e incentive as diferentes culturas que residem nele. Ele citou como exemplo a nova constituição equatoriana, que garante direitos iguais e proíbe qualquer tipo de discriminação.


Ao discursar, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, questionou a ausência de responsabilização internacional daqueles que criaram esta crise. Ele disse que se fossem os pobres os responsáveis, certamente estariam presos. Segundo ele, os países desenvolvidos atribuem a crise aos efeitos estruturais do capitalismo, quando ela é resultado da exploração e da ineficiência do sistema em criar um mundo melhor para todos. E convocou uma assembléia geral internacional para discutir o futuro do mundo. “Mas para isso, estamos esperando os outros: os responsáveis”. Lugo lembrou que a experiência do Fórum Social Mundial foi importantíssima para que se pudesse acabar com os 60 anos de unipartidarismo no poder, no Paraguai.

Chávez foi recebido com um mar de aplausos, e conclamou os movimentos sociais a tornar permanente a luta contra as causas da crise. Ele afirmou que na Venezuela, a crise não será tão grande, porque se descolou da onda neoliberal que tomou conta da América do Sul nos anos 80 e 90. “O novo mundo não é apenas possível, é necessário, está nascendo, vocês o estão fazendo, e nada poderá detê-los”.

Aí foi a vez de Lula, aclamado pela maçiça maioria da platéia, com algumas vaias, às quais o próprio presidente, em seu discurso, se referiu, lembrando a pluralidade e a liberdade de expressão que caracteriza os atuais governos da América do Sul. Abaixo, trechos do discurso de Lula, que fechou o encontro.


Queria começar dizendo para vocês que guardem esta fotografia, porque hoje a gente pode até reclamar dos presidentes que nós temos, mas a verdade é que até pouco tempo, na América Latina, aqueles que ousavam discordar do presidente, eram perseguidos e mortos. O que nós conquistamos hoje é, na verdade, o resultado da morte de muita gente, de muitos jovens que resolveram pegar em armas para derrubar os regimes do Chile, da Argentina, do Uruguai, do Brasil e de quase todos os países. E nós estamos fazendo parte daquilo que eles sonhavam fazer”.

O que essa gente não percebeu é que hoje o povo mais humilde da América Latina, os índios da Bolívia, os índios do Equador, os índios brasileiros, os trabalhadores da Venezuela, do Paraguai, as pessoas aprenderam a não ter mais intermediários para escolher os seus dirigentes. As pessoas votam diretamente e escolhem os seus governantes”.

A crise não nasceu por causa do socialismo bolivariano do Chávez, nem das brigas contra o Evo. A crise nasceu porque durantes os anos 80 e os anos 90, ao estabelecerem a lógica do consenso de Washington, eles estabeleceram a lógica de que o estado não serve para nada. E que o Deus Mercado iria desenvolver os países, e fazer a justiça social. Este Deus Mercado quebrou por irresponsabilidade, por falta de controle, por causa da especulação”.


Eu liguei para o presidente Bush, e disse: ‘Bush, o que é que você quer que fique na sua biografia? A guerra no Iraque, ou a assinatura do acordo da rodada de Doha? Bush, por que você não coloca na sua biografia a rodada de Doha?’ Não colocou. Colocou a guerra no Iraque e a pior crise financeira que a história já presenciou”.

O mundo não pode mais eleger governantes que não têm sensibilidade, que não conversam com os movimentos sociais, com os sindicalistas, com os índios, com as mulheres”.

Aqui no Brasil nós vamos investir. É hora de investir, de construir. Nós vamos construir 500 mil casas em 2009, e mais 500 mil casas em 2010, e vocês do movimento dos sem-teto vão ser chamados para sentar com a gente e discutir essas casas”.

Esta crise é uma oportunidade para a gente mostrar, não com arrogância, não com petulância, para aqueles que pensavam que sabiam mais do que nós, como eles devem se comportar para resolver o problema do povo que está ficando desempregado. Porque até agora eles só deram dinheiro para banqueiro. Mas aqui neste país, eu posso dizer para vocês, que o povo pobre não será o pagador desta crise, não terá a sua vida piorada por causa da irresponsabilidade dos banqueiros”.


…E O FÓRUM PROSSEGUE COM ALTERNATIVAS PARA UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL

29-01 por você.

Neste dia 29, a equipe AFINPRESS esteve na UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia), acompanhando as tendas temáticas, as atividades e todo o movimento livre que percorre o Fórum Social Mundial.

TENDA DOS DIREITOS HUMANOS

O CIDSE e o FIDH realizaram na manhã de ontem a oficina “Criminalización de La Protesta Social”, com participações diversas.

Os grupos de trabalho apresentavam o resultado das discussões do dia anterior, com propostas para a melhoria da atuação dos grupos de direitos humanos na América Latina. Como exemplo de trabalho bem sucedido, foi apresentada uma parceria entre as polícias da Argentina e da Holanda, uma troca de informações que ocorreu nos últimos 3 anos, e que resultou na diminuição drástica da violência repressiva a grupos sociais no país portenho.

TRABALHO ESCRAVO

29-03 por você.

Demos uma passada na animada discussão sobre o trabalho escravo, na oficina “Escravizados no Século XXI”, organizado pela Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e pela Frente Nacional Contra o Trabalho Escravo. Com participações, dentre outros, do senador José Nery (PSOL/PA), do advogado da CPT, José Batista Gonçalves Afonso e do jornalista, blogueiro e coordenador da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto.

REFORMA URBANA

29-04 por você.

O Fórum Nacional de Reforma Urbana realizou o encontro “Alternativas ao Neoliberalismo e o Direito à Cidade – Lutas pela Reforma Urbana”.

Com a participação de diversos grupos ativistas pelo uso racional do espaço urbano e pela democratização do ordenamento das cidades, o fórum contou com a participação, dentre outros, da ativista Séverine Calza, da ONG SPIDH, e do geógrafo marxista norte-americano Ddavid Harvey, autor do livro “A Condição Pós-Moderna”.

29-05 por você.

Harvey é uma das vozes da esquerda estadunidense, e que evidencia bem a ausência da democracia naquele país. Em muitas universidades, seus livros são proibidos. O geógrafo possui um site onde está dando um curso virtual sobre o primeiro tomo d’O Capital, de Marx, e também este em muitas universidades estadunidenses se encontra bloqueado o acesso.


Na pauta do encontro, críticas às políticas públicas de moradia e de organização do espaço urbano nas cidades.

De quebra, o Bloguinho Intempestivo encontrou uma voz levantada para falar sobre o equívoco do Prosamim: a moçada do conjunto Arthur Bernardes, de Manaus, entre o São Geraldo e o São Jorge, que enviou representante para apresentar ao Fórum Nacional da Reforma Urbana um relatório mostrando a realidade que não sai na tevê. Em breve, este bloguinho trará mais informações sobre o caso.


UM OUTRO MUNDO POSSÍVEL NOS CAMINHOS DO FSM AMAZÔNIA 2009

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Uma produção intensiva de afetos, variação contínua polĩtica-democrática que engendra novos possíveis, efetivando o mote do FSM Amazônia 2009: “Um Outro Mundo Possível”. Um apenas não, como pôde comprovar este Bloguinho Intempestivo, que passeou pelas centenas de atividades animadas por grupos de todo o planeta, proponentes e participantes.

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Onde quer que o viajante intempestivo se encontrasse, fosse na UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia) ou na UFPA, no campus de ensino básico ou profissionalizante, havia sempre zil eventos a visitar, tantas mais pessoas a conhecer, tantos conhecimentos e experiências a compartilhar.

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Como já visto aqui neste bloguinho, o dia começou com uma agitação de várias etnias indígenas na Tenda da Pan-Amazônia. De lá, os afinados encontraram o pessoal do grupo de Carimbó Raio de Sol e Marujada Quatikuru. Falamos com o regente do grupo, Raimundo Rodrigues Borges, conhecido como Mestre Come-Barro:

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Neste nosso grupo, a gente toca tudo, a gente faz xote, a gente faz valsa, madruga, a gente toca marujada, ladainha… Eu mesmo, de trabalho, tenho 41 anos, mas o grupo está com oito anos. Eu brinco desde a idade de nove anos. Eu aprendi com os negros antigos lá da minha cidade, Quatipuru, daqui mesmo do Pará. Os meninos aqui já são da nova geração, porque os antigos foram se acabando, destes só tá eu de resto, aí já estou pegando mais jovens para aumentar o grupo, que é para não morrer. O rapaz que toca clarinete é um jovem de 16 anos, tem o vocalista, e o que mais nós apresentamos é o carimbó e a marujada. Mas retumbão, chorado, tudo isso a gente apresenta. Principalmente no festival de Quatipuru, que é em dezembro. Na cantoria de Reis o nosso grupo também sabe, também se apresenta”.

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E enquanto o grupo Raio de Sol encantava os outromundistas com seu lindo bailado em ritmo de Marejada, o companheiro Júlio César, do grupo Raízes, de Icoaraci:

Meu pai é filho de Santarém Novo, que é próximo de Quatipuru, aí ele criou esse conjunto de carimbó, e veio a falecer, e eu estou dando continuidade. Lá na cidade de Algodoal, tem família do meu pai e que formou um grupo chamado Os Praianos, então a gente está tentando divulgar o carimbó, e preservar esta que é uma das principais raízes do Pará. O carimbó na verdade é a mistura das três etnias, do índio, depois veio o europeu e depois o negro, então foi desta fusão que nasceu o carimbó. Tem pessoas que dizem que dizem que o carimbó veio da África, através do batuque, mas isso não existe. Porque ele nasceu aqui, é raiz nossa”.

Deixamos o pessoal da marujada, as atividades dos grupos proponentes do turno 3 (15h) estavam por começar. A grande festa e o movimento frenético de pessoas já adiantava que a tarde seria de bons encontros.

NOS 50 ANOS DA REVOLUÇÃO CUBANA

Uma tenda foi armada especialmente para se debater as questões em torno de uma das revoluções que persistem diante de embargos econômicos, ataques midiáticos de todas as partes, meio século ante o Capital Global: a Revolução Cubana. Vários ativistas pró-Cuba se alternaram num debate que durou o dia inteiro e entrou pela noite.

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DEBATE LGBT ANIMA CENTENAS DE PARTICIPANTES

O Identidade – Grupo de Ação pela Cidadania LGBT, promoveu uma mesa intitulada “O Fórum Social Mundial e as Lutas LGBT’s: desafios e perspectivas”. Inicialmente, a atividade estava marcada para uma das salas, no entanto a participação foi tão grande que todos acabaram sentados sob a sombra de uma frondosa árvore. De lá, um dos coordenadores da atividade explicou o objetivo do encontro:

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Hoje, mais importante do que fazer grandes reflexões, não que não seja importante, mas a gente pode fazer 500 reflexões sobre homofobia, de como ela destrói a vida das pessoas. Mas esta não é a pauta principal hoje. Hoje queremos discutir dois pontos importantes do movimento: um, criar um vínculo, um canal orgânico com um conselho de voz, uma organização da voz. Esta é uma questão. A outra é: desde 2001, o Fórum tem tentado, não de forma perfeita, maravilhosa, mas tem conseguido articular uma agenda dentro de cada movimento. Então de nada adianta nós discutirmos aqui e depois ir cada um para o seu lado, sem levar em conta as pautas e a agenda do Fórum. Com muita dificuldade, mas desde 2001 a gente vem participando, e isso envolve algumas iniciativas, o que significa que este espaço, bem ou mal, tem sido ocupado. Mas tem uma questão que a gente não conseguiu responder: qual as alternativas que a gente tem de dar continuidade às demandas levantadas no fórum, quando este terminar, e como fazer com que as demandas do fórum englobem a campanha contra o preconceito e a homofobia”.

Um dos destaques da discussão, que foi tão boa que ultrapassou o horário estipulado para o final do turno 3, foi a participação e intervenção do Colectivo Contranaturas, do Peru, que destacou a necessidade de uma agenda comum internacional, e a criação de um dia temático para o movimento LGBT, como já existe por exemplo, o dia dos povos indígenas. O movimento destacou ainda a urgência de uma articulação para combater a criminalização dos movimentos sociais, que no caso LGBT é mais intensa ainda.

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O ponto negativo da reunião foi a tentativa de um participante do evento LGBT, estrangeiro, tentar impedir uma apresentação de bumba-meu-boi que ocorria próximo dali. Com o pretexto de reclamar do barulho, o participante esqueceu-se do aspecto congregador do fórum, que existe exatamente para reunir iniciativas que, em situações comuns, jamais se encontrariam. E considerando-se que nenhum outro participante sequer reclamou do “barulho”, ficou claro que foi um ato descolado da temática e da disposição democrática do grupo LGBT.


CAPOEIRA E CONFLUÊNCIAS ARTÍSTICAS-SOCIAIS DO BAIRRO GUAMÁ

A equipe AFINPRESS aproveitou, então, para acompanhar a apresentação do grupo de bumba-meu-boi “Flor de Todo Ano”, do bairro Guamá, de Belém.  “Esse boi é minha vida”, quem fala é Sandra Maria, “segunda-dona do boi”. O grupo existe há 20 anos, e é uma iniciativa familiar que engloba a vizinhança. Com a participação de crianças das proximidades, o grupo passou a oferecer também cursos profissionalizantes, como corte e costura, confecção de instrumentos e percussão.

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Das ondas percussionais do boi paraense, bem mais próximo do bumba maranhense do que o cocanestlelizado pasteurizado do governo amazonense, os afinados foram atraídos pelo ritmo e a mensagem da oficina do grupo de capoeira Eu Sou Angoleiro, que há mais de duas décadas trabalha em Belo Horizonte, e que também atua em Belém há alguns anos.

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Voo de Angola

É pra menino e mulher

Salomé, Salomé

Só não brinca quem não quer

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Lá, rolou um papo com o Mestre Bira:

O trabalho aqui em Belém não é ainda um trabalho de longo tempo, é novo ainda, tem quase oito anos que trabalhamos aqui, e sempre mudando, mas a gente tem as nossas bases em Belo Horizonte, com o Mestre João, é o mestre que nos apóia neste trabalho, que nos fortalece. E eu aqui desenvolvo um trabalho voltado mais para o social, tipo, a gente trabalha com o pessoal da universidade, alunos que já tem um tempo dentro da academia, e dentro da conjuntura da capoeira, a gente coloca eles à disposição para realizar trabalhos nas comunidades quilombolas, nas periferias, para trabalhar a capoeira com exercício pedagógico, resgatando o seu conhecimento, sua própria cultura, sem próprio entrelaçamento na sociedade. É esta a finalidade do trabalho. E uma das partes mais gratificantes, significantes, é que a gente etá trabalhando com as comunidades negras, que são os quilombos. Inclusive nós estamos aqui com dez crianças destas comunidades, e para eles é muito importante estar vendo o povo que vem de fora, a imprensa que vai dando cobertura, e a gente falando deles, e isso ajuda a fortalecer a consciência deles”.

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Dos versos da capoeira, passamos para o Rap consciente e evangelizador de DJ Ênfase, MC Sandrão e outros do grupo JCMC. Fazendo um rap de raiz, falando e denunciando a corrupção da política local, dos falsos profetas e pastores e pregando a revolução social:

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O grupo tem 18 anos de trabalho, faz um rap gospel, a gente começou com teatro, e a intenção era resgatar, e vimos que o teatro não estava legal, fomos para o street dance até chegar no hip-hop mesmo. Cantando mesmo, temos 15 anos, e temos uma associação chamara ABRC, associação brasileira de rap cristão, porque a gente não usa o termo gospel. Eu sou pastor, e a gente trabalha com os jovens, ex-traficante, ex-prostituta, só a turma do ‘ex’. E este é o nosso traabalho, temos dois álbuns gravados (Mundo de Sonhos e África Brasil), um no ano passado e outro que sai este ano, já está pronto, no estúdio. Todo movimento social, que se diz social, tem que estar trabalhando pelo povo, com o povo, porque muitas vezes temos que nos esquecer de nós mesmos, o exemplo está aí, Che Guevara, o próprio Jesus, que é o nosso revolucionário-mestre, Zumbi, e todos aqueles que doaram a sua vida, viveram para o povo. O trabalho social só é social quando os seus agentes seguem a máxima de Cristo: ‘amarás ao próximo como a ti mesmo”.


E ainda deu tempo de curtir a apresentação do Grupo da 3a idade “Casa do Açaí”. O palco era todo dos movimentos artísticos do bairro Guamá, de Belém.

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A gente está aqui para mostrar que o nosso bairro tem muita coisa, muito mais do que a violência. A violência na realidade é o resultado de tudo o que a gente não tem e não consegue acessar”.

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DIRETAMENTE DE CAMETÁ, A LENDA (E A DANÇA) DO SIRIÁ

O Grupo de Cultura Regional Iaçá, da paróquia luterana, no bairro da Pedreira, em Belém, apresentou aos visitantes danças típicas da região:

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Chegou um tempo em que a alimentação do negro ficou escassa, e ele não tinha mais do que se alimentar. Então, em busca desse alimento, chegaram à beira de uma praia, e viram muitos siris. E o que era interessante é que na hora do negro pescar esse siri, o siri não oferecia resistência nenhuma. E durante muito e muito tempo, o negro pôde se alimentar deste siri. Nada mais justo, portanto, que fazer uma homenagem aos seus deuses, que os abençoaram com este alimento, fazendo uma dança com o nome de Siriá”.

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Como não podia faltar, também o nosso carimbó. Nós dos movimentos artísticos do Pará estamos numa grande campanha para transformar o carimbó em patrimônio cultural. Mas antes disso, tomem cuidado, porque tem uma lenda que diz o seguinte: quem recusa o convite de um dançarino ou uma dançarina de carimbó tem sete anos de azar”.

Perguntem se alguém ficou parado…

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AS CRIANÇAS INSTRUMENTISTAS

Na praça, encontramos as crianças da Associação Sócio-Ambiental Cultural , que além de aprender a construir instrumentos, tocam e se apresentam com ritmos regionais e muita alegria.

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JOSÉ RICARDO NO FSM AMAZÔNIA 2009

E como não podia deixar de faltar, o engajamento político social do vereador José Ricardo, do PT do Amazonas, voz numericamente única, mas intensivamente de muitos, na câmara municipal de Manaus, esteve visitando as atividades do primeiro dia do fórum, e contou-nos as suas impressões:

É a quinta vez que eu participo do Fórum Social Mundial, faço questão de vir, é uma oportunidade de ver as experiências das lutas, do trabalho, e daquilo que está acontecendo em outros estados e em outras partes do mundo. Isso fortalece a nossa caminhada, para trabalharmos na nossa cidade e continuarmos as lutas que nós temos, neste caso, a luta política. Como vereador, participo de várias oficinas e debates com temas relacionados à cidade e à população. Principalmente a questão urbana, a moradia, a água, e a grande temática do fórum que é o meio ambiente, então é bom sabermos o que está sendo feito em outros lugares em relação à defesa do meio ambiente, aos direitos dos povos, para que também isso, não só em Manaus, mas em toda a Amazônia, nós possamos defender, e usar a biodiversidade a favor da população daqui”.

E NÃO SE PERCA DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL AMAZÔNIA 2009!

Entre tantas atividades que você pode sempre selecionar no site do FSM Amazônia 2009, amanhã é o dia da:

Coletiva “PELOS DIREITOS COLETIVOS DOS POVOS”, que contará com a presença de Tomás Huanacu (CONAMAQ, Bolívia), Boaventura de Souza (UPMS, Portugal), Emir Sader (CLACSO, Brasil), Humberto Cholango (Ecuarunari), Xosé Manuel Beiras (Fundação Galícia Sempre), Walter Wendellin (Euskal Herria), S.V. Kirubaharan (Centro Tamil para os Direitos Humanos) e Jamal Juma’ (Anti-Wall Campaign, Palestina), entre muitos outros. O evento ocorrerá às 9h da manhã, na UFRA.

“PERSPECTIVAS DA INTEGRAÇÃO POPULAR DA AMÉRICA LATINA”, com a participação dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Corrêa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai). O evento ocorrerá às 13h, no ginásio da Universidade Estadual do Pará, no campus da avenida Almirante Barroso.

E, finalmente, Lula se reunirá aos quatro presidentes citados acima e com os cinco será realizado o “FÓRUM DE AUTORIDADES LOCAIS – FAL”. O evento ocorrerá às 19h, no Hangar.

Para ler a programação completa, clique no site do FSM:

http://www.fsm2009amazonia.org.br/

A VOZ DAS ETNIAS INDÍGENAS NO FÓRUM PAN-AMAZÔNICO

De todas as partes da América Latina, povos indígenas estão reunidos hoje, no pavilhão da UFRA, apresentando suas propostas para um mundo melhor.

A defesa da Amazônia, a crítica ao modo de produção capitalista e ao imperialismo panóptico dos estados pseudo-socialistas e liberais, o clamor por um estado democrático, são as pautas da campanha “POVOS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA – Presente e Futuro da Humanidade”.

Na democracia indígena, que toca numa zona de vizinhança a democracia grega, a liberdade, a inteligência, o diálogo e a potência-povo predominam. É esta potência como linha intensiva da virtualidade que se atualiza ora no fórum, onde todos podem dar a sua contribuição e trocar informações, idéias, afetos, canções…

Essa prática que vem ocorrendo, de reflexão para salvar a natureza. Se você observar, as florestas que estão perservadas são as terras indígenas. Mas a todo momento os governos, os brancos continuam tentando acabar com tudo, devastar e deixar todos nós na miséria” (Gideão Aradium, de Santarém).

MARCHA DE ABERTURA DO FSM AMAZÔNIA 2009

FSM Passeata 01 por você.

Clique nas fotos para vê-las de perto.

DA ÁFRICA PARA A AMAZÔNIA

A praça Pedro Teixeira, conhecida pelos paraenses como a “escadinha”, ao lado da estação das docas, foi o palco da concentração. Desde cedo, bandeiras, ônibus, camisas, chapéus, pessoas de tantas nacionalidades, cores, vestimentas típicas, expectativas diversas, e um desejo em comum: um outro mundo possível.

FSM Passeata 69 por você.

FSM Passeata 70 por você.

Era a abertura oficial do Fórum Social Mundial, o FSM Amazônia 2009. Na concentração, um carro de som e muitas apresentações culturais. Candomblé, capoeira, música, alegria e confraternização, até que a chuva, companheira tradicional do povo belenense, deu as caras e refrescou a multidão que se preparava para sair em caminhada, passando pela Avenida Presidente Vargas, Nazaré e Almirante Barroso, até a praça do operário, no bairro de São Brás.

FSM Passeata 71 por você.

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A afiniana antropóloga Raissa e Séverine Calza, da Secretaria Internacional Permanente Direitos Humano e Governos Locais

A afiniana antropóloga Raíssa e Séverine Calza, da Secretaria Internacional Permanente Direitos Humanos e Governos Locais.

O objetivo da Marcha de Abertura do FSM Amazônia 2009, é congregar socialmente os povos indígenas (os grandes protagonistas desta edição), que recebem do povo queniano o “espírito” do último Fórum Social Mundial, realizado em Nairóbi, no Quênia. Os atabaques e ritmos africanos na concentração representaram a despedida do continente africano, enquanto a congregação na praça do operário mostra a confraternização entre o povo que se despede do espírito do fórum, e aquele que o acolhe.

FSM Passeata 19 por você.

FSM Passeata 05 por você.

FSM Passeata 06 por você.

FSM Passeata 39 por você.

FSM Passeata 40 por você.

Dezenas de etnias indígenas trouxeram a sua potência-povo para as ruas, bem como participantes de todos os continentes. O mar revolucionário de gente tomou conta das ruas de Belém.

FSM Passeata 41 por você.

FSM Passeata 44 por você.

FSM Passeata 63 por você.

Enquanto a caminhada prosseguia, as pessoas saíam do trabalho ou de suas casas para saudar os visitantes, numa belíssima cena de fim de tarde, na qual o outro mundo possível se revelou não apenas como uma expectativa, mas como transbordamento de afectos e perceptos na rede-fluxo da comunidade paraense. Naquele momento, o mundo inteiro passava diante das janelas apinhadas de gente, a sorrir e a acenar para os passantes.

FSM Passeata 07 por você.

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FSM Passeata 10 por você.

FSM Passeata 47 por você.

Na rua, os diversos movimentos sociais que compunham a multidão davam o seu recado, fosse distribuindo panfletos, ou conversando com as pessoas, ou gritando palavras de ordem e cantando músicas. A melodia da Marcha, aliás, não poderia ser mais diversa. Enquanto o pessoal do movimento Voto Nulo arrebentava no samba carnavalesco, o bloco do PSTU atacava de carimbó, dançando nas ruas e arrastando o já festivo por natureza belenense para brincar nas ruas de sua cidade. Praticamente todos os movimentos levaram instrumentos para a rua, transformando a Marcha num imenso e universal bloco de carnaval.

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FSM Passeata 50 por você.

Ao chegar na praça do operário, após a caminhada, foi o momento dos grupos se confraternizarem, trocando experiências e dizeres na belíssima paisagem. Foi aproveitando este momento que o Bloguinho Intempestivo conversou com alguns grupos.

A gente está protestando contra a morte dos jovens da periferia, a globalização desenfreada, a alienação, a derrubada das matas, contra a morte e qualquer tipo de opressão” (Mucambo, Movimento Afro-Descendente do Pará).

FSM Passeata 03 por você.

FSM Passeata 04 por você.

FSM Passeata 14 por você.

FSM Passeata 52 por você.

O nosso movimento está em luta pela moradia. Estamos praticamente no Brasil inteiro, em 18 estados do país, nós estamos aqui para a conferência nacional, representando o movimento, para mostrar o outro lado e mostrar nossos projetos” (MNLM, Movimento Nacional de Luta pela Moradia).

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FSM Passeata 56 por você.

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Eu sou babalorixá da Nação Nagô, meu nome é Fernando Rodrigues, filho de Ogum, eu sou sucessor de uma casa de santo que era de meu pai, hoje a casa está na terceira geração. E lá é terreiro de Nagô, de Iemanjá, e nós temos o nosso instituto, que é o Instituto Cultural Nagô Afro-Brasileiro SINABE. E estamos nessa luta aí contra a intolerância religiosa, e por isso estamos participando do fórum, para pedir liberdade de culto, respeito e lutar contra a discriminação. E para mostrar para a sociedade, e até para os governantes que a casa de santo hoje não faz somente trabalhos afros, ela também é uma casa aberta para tratar de todo tipo de assunto da sociedade, nós trabalhamos com crianças, com idosos, todos os sábados tem distribuição de alimentos, trabalhamos com médicos e principalmente com oficinas profissionais, para tirar as pessoas da situação de risco. Então a casa de santo hoje faz um pouco de cada coisa, e nós queremos essa consciência dos governantes para ajudar os nossos projetos. Esta é a nossa luta, estamos hoje aqui, juntos e unidos, em prol da tolerência religiosa, e pedindo liberdade de culto. A intolerância religiosa aqui ainda é muito grande, quase todo dia a televisão está atacando a gente, o jornal, tem religiões que também atacam, principalmente os evangélicos, a gente não quer nem falar, mas todos os dias na televisão eles nos atacam”.

FSM Passeata 21 por você.

FSM Passeata 23 por você.

FSM Passeata 24 por você.

A gente é da UGT (União Geral dos Trabalhadores), e pleiteamos a melhoria das condições de trabalho dos trabahadores e a diminuição das desigualdades sociais. E o nosso objetivo maior é lutar contra o desmatamento da Amazônia. Nossa entidade atua em Marabá, no sul do Pará”.

FSM Passeata 25 por você.

FSM Passeata 26 por você.

FSM Passeata 61 por você.

A secretaria de segurança pública tem agora uma secretaria de proteção à diversidade sexual, e existem vários grupos com trabalhos bem avançados. Só que eles não tem o apoio necessário que precisam para poder se expor sem ser agredidos. Em março teremos o 3o Cogresso Homossexual do Pará, e nós participamos do grupo Pena Branca, de Curuçá, no interior do Pará. É um grupo de jovens que se organizam para trabalhar em prol do movimento, mas trabalhamos com os artesãos, com distribuição de camisinhas no verão, nas praias, e agora nós vamos fazer a terceira campanha de prevenção das DST’s nas praias de Curuçá”.

FSM Passeata 28 por você.

FSM Passeata 29 por você.

FSM Passeata 30 por você.

FSM Passeata 31 por você.

FSM Passeata 67 por você.

ATIVIDADES DO FÓRUM SOCIAL NESTA QUARTA, 28

E você, leitor intempestivo, ainda pode planejar e escolher quais das incontáveis atividades que ocorrerão nesta quarta-feira. Clique aqui para ter acesso à programação das atividades na UFPA e na UFRA. E se encontrares a equipe AFINPRESS, fale com a gente!

FSM Passeata 33 por você.

FSM Passeata 34 por você.

FSM Passeata 37 por você.

FSM Passeata 65 por você.

NÃO PERCA DE VISTA O FSM AMAZÔNIA 2009

MARCHA DE ABERTURA

Da África para a Amazônia”

O Fórum Social Mundial convida toda a cidade de Belém para participar da grande caminhada de abertura simbolizando o encontro dos participantes com a cidade que acolhe o evento.

O ponto de partida será na praça Pedro Teixeira (Escadinha) ao lado da Estação das Docas, na qual, representando a vinda do FSM da Àfrica para a Amazônia, os Povos  Indígenas habitantes natos, serão presenteados pelos povos da africanos e afrodescentes e juntos  compartilharão uma Ceia Sagrada.

A celebração representa as boas vindas dos amazonidas aos africanos e a passagem do espírito do último FSM centralizado, em Nairobi, no Quênia, para a cidade de Belém, representando toda a Pan-Amazônia.

A despedida dos africanos será ritimada ao som de atabaques e berimbaus. Em seguida, os indigenas darão início a marcha que passa pelas avenidas Presidente vargas, Nazaré e Almirante Barroso até a Praça do Operário no bairro de São Brás, onde uma programação cultural será promovida exclusivamente por dezenas de etinias indígenas que vieram participar do FSM 2009. A expectativa é de que mais de 100 mil pessoas participem desta caminhada pela paz

FÓRUM PAN-AMAZÔNICO

O Dia da Pan-Amazônia

O segundo dia do FSM, 28 de janeiro, será dedicado a Pan-Amazônia e terá como tema “500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular”.
No dia 28 de janeiro de 2009, segundo dia do FSM 2009, ocorre o Dia da Pan-Amazônia. Será um dia inteiro dedicado à temática regional, no qual os povos e movimentos da Pan-Amazônia poderão dialogar com o mundo e tecer alianças planetárias, em busca de uma outra Amazônia.

O Dia da Pan-Amazônia estará dividos em eixos temáticos que abordarão:
Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental; Direitos Homanos, Trabalho, Migrações e o Fim da Criminalização dos Movimentos Sociais; e Terra, Território, Identidade, Soberania Alimentaria.

CONTINUAM O CREDENCIAMENTO E NOVAS INSCRIÇÕES

Credenciamento e novas inscrições de imprensa

O credenciamento para quem ja fez a pre-inscrição online e novas inscrições ocorre até o dia 30 de janeiro, das 8h às 20h no ginásio de esportes da UFPA, onde foi montada a Casa da Comunicação.

IMPORTANTE: Excepcionalmente, no dia 27 de janeiro, em razão da marcha, o credenciamento de imprensa será das 9 às 12 horas.

Todos os profissionais comunicadores devem apresentar um documento de identidade ou registro profissional ou oficio da empresa, assessoria de comunicação ou veiculo para o qual trabalha.

Profissionais Free-lancers devem apresentar documento de identidade e comprovante de alguma publicação.

Fonte: Organização do FSM.

PRÉ-FORUNS AGITAM A CIDADE DE BELÉM NESTA SEGUNDA-FEIRA

Em ritmo do carimbó de Mestre Verequete, a bela cidade de Belém amanhece em polvorosa. É o Fórum Social Mundial dando as caras, através de mais pré-foruns que iniciaram hoje:

FÓRUM MUNDIAL DE EDUCAÇÃO

O Fórum Mundial de Educação é um movimento planetário pela cidadania plena e pelo direito de acesso universal à educação. Nele, encontram-se propostas e ações, governamentais ou não, de enfrentamento ao processo de mercantilização do ensino e de incentivo à educação popular. Nesta edição de 2009, o fórum contou com as participações da senadora Marina Silva, do pedagogo Moacir Gadotti e da presidente da UNE, Lucia Stumpf, que discutiram o tema “Educação, Transgressão e Construção da Cidadania Planetária”. À tarde, foram discutidos os temas: Educação e Economia Solidária, Educação Cidadã e Diversidade, Educação e Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente, Educação Popular de Jovens e Adultos, e Educação Emancipatória.

O Fórum Mundial de Educação tem continuidade nesta terça-feira, com as presenças de Carlos Henrique Brandão, Cristina Vargas (MST), José Thadeu (Contee) e Rosani Fernandes (comunidade indígena). À tarde continuam os eixos, até às 15 horas, quando todos se dirigirão para participar da caminhada do FSM.

Para quem quiser participar, o Fórum Mundial de Educação está acontecendo no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, à Av. Dr. Freitas, S/N.

FÓRUM MUNDIAL DE MÍDIA LIVRE

Midialivristas de todo o mundo, uni-vos! No antigo NPI, atual Escola de Aplicação da UFPA, ativistas de mídias alternativas do mundo inteiro se encontram para discutir e disseminar modos alternativos de informar e de produzir informação e conhecimento. Na manhã de hoje, duas mesas temáticas trataram da situação da mídia tradicional e apresentaram os eixos que serão levantados pelos midialivristas no fórum. À tarde, uma grande roda viva onde todos puderam participar e dar a sua contribuição.

Você acompanha a cobertura do primeiro dia do FML aqui neste bloguinho, amanhã de manhã cedinho, como dizem os calorosos papa-chibés.

E quem quiser participar do segundo dia (o credenciamento é livre), deve correr, pois as deliberações do encontro serão apresentadas na manhã deste dia 27. De lá, os midialivristas marcharão para compor a marcha de abertura do FSM.

O local onde está ocorrendo o FML é o antigo NPI, atual Escola de Aplicação da UFPA, à Av. Tancredo Neves (Perimetral), 1000 – Terra Firme.

CELEBRAÇÃO DA ÁGUA — LEONARDO BOFF E A ECOLOGIA DO CUIDADO (parte 2)

Leonardo Boff 07 por você.

Então esta é a compreensão que está se impondo até 2001, era uma hipótese científica. Em 2001, em um grande congresso com mais de 3 mil cientistas em Amsterdã, James Lovelock com Margulis, sua companheira Lynn Margulis, e o seu grupo trouxeram as provas científicas para mostrar que a Terra efetivamente é um super-organismo vivo. E foi aceita pela comunidade científica. Então deixou de ser uma hipótese e passou a ser uma teoria científica, que em ciência significa verdade científica.

Então a Terra é Gaia, a Terra é vida. E o último livro de James Lovelock se chama A vingança de Gaia, dadas as ameaças que durante séculos e agressões sistemáticas que nós fizemos contra Gaia, chegou o momento em que ela perdeu o seu equilíbrio, ela não consegue sozinha se auto-equilibrar, se auto-regular, por isso o aquecimento, por isso as secas, por isso as violências da natureza. E não é possível, diz Lovelock, que Gaia se vingue, porque os biólogos nos dizem que quando uma espécie de forma permanente e continuada agride as demais espécies, a própria Terra tende a isolar essa espécie e eliminá-la, como nós eliminamos uma célula cancerígena. Oxalá não tenha chegado o momento em que Gaia, por amor a si mesma e aos demais seres ameaçados por nós, nos elimine, e aí seria um justo castigo por todos os crimes que durante milênios nós perpetramos contra ela. Com muita dor, ela poderá continuar sem nós, quem sabe lá a diante a partir de um ser mais complexo possa existir o princípio da intelegibilidade e do amor, porque a inteligência e a consciência estão primeiro no universo e porque primeiro estão lá é que estão em nós, desde o princípio será mantido desde esse início do processo de evolução, mas nós teremos capacidade, nós veremos adiante que essa é uma situação possível, eu creio que Gaia ainda poderá ser resgatado pelo amor humano, pelo compromisso, pela compreensão, da mudança da nossa forma de cuidar da vida, de cuidar do planeta.

O segundo momento dessa ecologia não é só vê-la como comunidade de vida, vê-la como Gaia, mas é ver a sociedade humana, a ecologia social, a ecologia político-social. Porque cada sociedade organiza sua forma de relação com a natureza. Algumas de uma maneira extremamente benevolente, como os nossos índios tupis-guaranis, os yanomamis daqui da Amazônia, que cada vez que derrubam uma árvore fazem um rito de desculpa porque não gostariam de sacrificar uma árvore, mas tem que derrubá-la porque tem que fazer uma porta, tem que fazer um barco, tem que fazer um remo. Eles se sentem e profunda comunhão com a natureza. Enquanto nós, o paradigma dominante ocidental, que hoje foi globalizado, orgnizamos uma sistemática agressao a todos os recursos da Terra. Porque o propósito do nosso paradigma civilizatório é dominar, estar por cima da natureza e não junto com os demais seres. É a vontade de poder e a vontade de dominação. E estruturamos as formas de produção de consumo, que supõe a produção ilimitada de bens e serviços, mesmo devastando a natureza sem nenhum sentido de solidariedade com aqueles que vêm depois de nós, porque eles também têm direito de herdar um planeta limpo, cuidado.

Então, o projeto civilizatório se propõe explorar de forma ilimitada tudo o que a terra pode oferecer não é suportável pela terra, que é um planeta limitado, pequeno, velho e que já é capaz de se auto-reproduzir. Esse modelo, que foi universalizado, que já tem mais ou menos 400 anos e que agora entrou em profunda crise e seguramente não será uma crise cíclica, que passa e depois ganha um outro patamar e continua, no meu modo de ver é uma crise terminal. Esse sistema não tem mais condições de garantir a vida humana para todos os seres humanos. Porque nós atingimos os limites do planeta. Os limites do planeta são os limites do capital.

Em 20 de setembro estourou uma crise econômico-financeira que ganhou todo o noticiário mundial e continua até os dias de hoje. No dia 23 de setembro, os organismos que acompanham o estado da terra publicaram a capacidade de sustentabilidade da terra e nos deram os dados, dizendo que a partir de agora, 23 de setembro de 2008, nós estamos consumindo 30% a mais do que aquilo que a terra pode produzir. Para podermos sobreviver, precisamos de uma terra inteira e mais 30% de uma terra que não existe. Então ficou claro que a terra se tornou insustentável e até foi chamado em inglês de “Earth Shut Day”, “o dia da grande travesia”. Passamos do limite. Significa que essa forma de produçao, que se chama em termos de modo de producão, Capitalismo, e em termos políticos, Liberalismo, não tem mais condições de se reproduzir e ser levada a diante porque não tem mais terra suficiente, não tem mais recursos suficientes, e esse é o limite de nosso modo de produção. A necessidade de passar de um modo de produção destrutivo para um modo de produção regenerador dos recursos da terra, capaz de dar sustentação a toda comunidade de vida. Esse é o grande desafio civilizatório em que todos nós, as religiões, as ciências, as comunidades, os sindicatos, as escolas, as universidades devem trazer uma colaboração. Não desse movimento sustentável, porque esse se mostrou absolutamente insustentável. A lógica desse tipo de desenvolvimente se opõe diametralmente à lógica da vida. Esse tipo de desenvolvimento vive de duas ilusões: a ilusão de que os recursos são infinitos, que podemos tirar da terra o quanto pudermos, e hoje sabemos que os recursos são finitos, já passamos da capacidade da terra; a segunda ilusão é de um infinito temporal, que podemos ir assim para a frente indefinidamente, pois sabemos dos cálculos que foram feitos e se os países ricos quisessem socializar o bem-estar que eles tem para toda a humanidade, nos precisaríamos de duas terras semelhantes a essa. 20% da humanidade consome 80% de todos os recursos e serviços da terra, da natureza. Um profundo edifício social que gera uma injustiça ecológica, isto é, produção sistemática de pobres e famintos. Depois da crise da alimentação, de 860 milhões de pobres passaram prara 930 milhoes, o último dado.

Leonardo Boff 09 por você.

Esse sistema produz extrema população de um lado e extrema pobreza do outro. Trezentas e vinte e cinco famílias do mundo possuem 80% de toda a riqueza do planeta. Isso revela profunda injustiça social, e se revela como injustiça ecológica, porque cobra um preço da natureza: deflorestamento, poluição do ar, contaminação do solo e do ar, e acrescento a escassez de água potável. Uma profunda injustiça com a relação com a natureza. Por isso que a Carta da Terra propoe não um desenvolvimento sustentável, mas um modo sustentável de viver, viver com os recursos próprios de cada região, de cada ecossistema, que atende às necessidades humanas, que atende aos valores culturais da região, que pense nas gerações futuras, porque nos tememos que daqui a duas ou tres gerações nossos filhos e netos se voltarão a nós e nos amaldiçoarão e dirão: “Vocês sabiam, vocês sabiam sobre os riscos que giravam sobre a terra. Vejam que ar temos que respirar, vejam que águas temos que tomar, vejam em que solos envenenados temos que pisar, vejam que alimentos contaminados e transgênicos temos que comer. Vocês sabiam e nada fizeram ou pouco.” Nós não queremos ser amaldiçoados pelos nossos descendentes.

A ecologia social tem que pensar hoje essa questão da incapacidade, dessa maneira de organizar a economia, de sustentar a sociedade, a política, mandou para o limbo a ética, só sobrou a economia. Por isso tudo é feito mercadoria, desde o sexo até a santíssima trindade, tudo é oportunidade para ganhar dinheiro. E é nesse contexto que se coloca a questão da água. Porque o grande desafio hoje é o grande debate mundial com respeito a água é isso: a água é um bem econômico? A água é um bem vital. A agua é uma mercadoria? Ou a água é um bem da natureza insubstituível, vital, comum. E hoje sabemos que há uma corrida mundial para privatizar as águas. O Banco Mundial e o FMI só emprestam a países que têm pouco poder politico, só emprestam a comissão que permitir a privatização das águas. Quem domina a água tem poder sobre a vida, e quem tem poder sobre a vida tem poder total . Então, a agua é fundamental, e nós sabemos que uma das crises que vai afetar a humanidade ao longo dos anos é a crise da água potável, porque de toda a água do planeta só 3% é agua potável, e desses 3% só 0,7% é acessível aos seres humanos. Ou porque está nas calotas polares, ou porque está em poços profundos, ou porque está no alto das montanhas do Everest, ou então no interior da Amazônia. Então só 0,7% é do uso humano, e, desses 0,7%, 70% é para a indústria, seja pra agro-indústria, seja pra indústria pesada. Só 10% para matar a sede dos seres humanos. Há muita água no mundo, são 34 mil km3 de água. Nos só consumimos 6 mil km3. Água não falta. Ocorre que 60% da água está apenas em 9 países, e é profundamente mal distribuída pela própria natureza. Hoje há mais de 1 bilhão de pessoas com insuficiência de água potável. E segundo hoje a última reunião da FAO, que tratou desse tema, se nós não cuidarmos, se não fizermos políticas publicas mundiais, entre os anos 2020, no máximo 2030, mais da metade da população mundial tera insuficiência de água e começarão a desaparecer. Não é sem razão que um grupo de grandes políticos e cientistas criaram um fórum mundial alternativo da água, em Florença, sugerindo fazer um contrato social mundial ao redor, porque todos os seres humanos, toda comunidade de vida precisa de água. Falta no mundo hoje um contrato social mundial, por isso vivemos hoje sob o domínio de uma potência imperial hoje no mundo inteiro que impõe sua vontade a todos os demais. Graças a Deus, outra política é possível; esperamos que com Obama, num outro Estados Unidos, diferentes alternativas também sejam possíveis.

A advertência da FAO é que, se nos próximos anos não cuidarmos de fazer uma política solidária, haverá guerras e grande devastação para garantir acesso às fontes de àgua potável, porque podemos suportar a fome por 12, 13, 17 dias, mas não podemos suportar a sede por mais de 3 dias, nos desidratamos e morremos. Então a água é fundamental e é importante que nós da teologia, das religiões, das tradições espirituais, exaltemos profundamente o carater espiritual da água que é ligada a vida, um dos ciclos mais poderosos e nos traduzem a experiencia do divino, do sagrado, de Deus mesmo. Eduquemos os nossos professantes ao respeito aos recursos fundamentais pra vida. A ecologia social tem a ver com esses problemas, com as alternativas para que se mantenha a vida de Gaia, para que os modos de produção, temos que produzir para atender as necessidades humanas, mas em consonância com os ciclos da natureza, com sentido de solidariedade generacional e com uma forte percepçao de equidade, distribuição equitativa dos recursos da terra e ao mesmo tempo dos recursos dos nossos projetos técnico-científicos. A ciência feita com consciência beneficia toda a humanidade e não só o mercado.

A terceira vertente dessa ecologia, que eu considero talvez a mais importante, que é a ecologia mental. É o que se passa nas nossas cabeças, porque se nós exploramos e agredimos, se nós acumulamos, se nos matamos, se nós poluímos, porque há dentro do ser humano um projeto. Aconteceu uma revolução na mente do ser humano e ela já começou há dois milhoes de anos atrás quando surgiu pela primeira vez o homo habilis, aquele tipo de ser humano que começou a usar o instrumento, um bastão, um pedaço de pedra para melhor dominar a natureza e culminou com mais força no neolítico quando criou a agricultura, criou a irrigacção, quando criou a civilização agrária e chegou a sua plena expansão com o projeto moderno da total dominação da natureza pela tecno-ciência. Tudo isso é um projeto. Se a nossa mente humana está doente, ela passa essa doença para a terra e a doença da terra nos afeta psicologicamente e nos faz também doentes. Como despontar dentro de nós? Eu acho dois grandes preconceitos que nos temos: o primeiro que é o antropocentrismo e outro que é dominação e o tipo de razão orientada para a dominação. Já Einstein dizia que é mais fácil decompor um átomo do que tirar o preconceito de dentro da cabeça da pessoa. Então nós estamos cheios de preconceitos. A grande ilusão de preconceito que é cultural entre nós da tradição judaico-cristã e de cera maneira ajudamos a consolidar é o antropocentrismo. O antropocentrismo diz: o ser humano é o centro de tudo e as coisas só valem na medida em que se ordenam ao ser humano, ao seu uso. Essa visão não se sustenta a partir de uma visão de sucesso da evolução. Quando 99,98% da terra estava pronta, emergiu no processo de evolução do ser humano. Então a terra não precisou de nós para elaborar sua imensa biodiversidade. Nós não assistimos o nascimento da terra. Nós somos produto da própria terra e ela não produziu a nós apenas, produziu a toda a comunidade de vida. Nossos irmãos e irmãs, os povos que são os minerais, outros povos que são os vegetais, outros povos que são os animais, as diferentes etnias humanas. Tudo isso é produção da terra, mas ela produziu a nós algo que é único no processo de evolucção conhecido, produziu um ser com consciência e por isso com responsabilidade com a missão de ser o guardião e o cuidador dessa herança que o universo nos entregou. Por isso não cabe o antropocentrismo, cabe a profunda comunhão com todos os seres e a nossa responsabilidade e o cuidado para com toda a comunidade de vida, porque esse é o nosso lugar junto dos seres da terra e do universo. Esses seres que têm essa vocação, essa missão de ser os guardiães, os cuidadores desse jardim do Éden.

O segundo preconceito que nós temos, o segundo obstáculo para a intergração ecológica é a utilização da razão para a dominação, aquilo que nós chamamos a razão instrumental-analítica. Esquecemos as outras utilizações da razão, ontem atentadas pelo Sergio Torres: a razão da subjetividade, do diálogo com as pessoas, a razão simbólica, a razão do coração. Nós precisamos da razão analítica instrumental, porque nós precisamos de aparelhos que funcionem. Eu quando subo no avião não quero saber de muita cordialidade, quero saber se essa turbinas funcionem, que me levem direto ao Pará e que não me joguem no oceano, na floresta Amazônica. Então nós precisamos da razão. Mas a razão sozinha, que é o racionalismo, cria em nós uma espécie de lobotomia, uma espécie de insensibilidade para com as coisas. Nós não sentimos os bilhões passando fome, nos não choramos com a natureza que grita, os animais que desaparecem, com as três mil espécies de seres vivos que todos os anos somem definitivamente dada a agressividade de nosso processo industrialista. Nos não sentimos. Então, junto com a razão instrumental-analítica, que criou o antibiótico, que nos levou à Lua e nos trouxe de volta, mas essa mesma razão criou uma máquina de morte, que pode matar de 25 mil formas diferentes de toda a espécie humana, seja por armas químicas, biológicas, nucleares. Nós criamos essa máquina. Então a morte não é só a morte individual, o gênero humano é mortal. Não podemos mais falar da imortalidade da espécie humana. Nós criamos os meios de liquidar a nós mesmos. Entao, o fim das espécies não é uma obra de Deus, que intervém, pode ser uma obra dos próprios seres humanos. Quando um amigo de muitos de nós aqui, Miguel d`Escoto, assumiu a presidência da Assembléia da ONU, fez esta denúncia: existem 31 mil armas atômicas, basta estourar 3 mil delas para equivaler a 200 megatons, a 200 mil bombas que caíram sobre Hiroshima e Nagazaki e eliminaram as espécies, existem 3.100 espalhadas por vários países, submarinos, postos militares, estão em alerta máximo, em um minuto e meio pode ser disparada e levar a tragédia a civilização humana. Isso ele denuncia no discurso inaugural dele como presidente para dizer qual é a nossa responsabilidade como povos, como nações face à máquina de morte que nós construímos. Quem vai impedir um acidente? Quem vai frear a mão de um enlouquecido que toma o telefone vermelho? Eu perguntei uma vez quando estávamos numa reunião na Carta da Terra: “É verdade que você poderia produzir uma crise nuclear e destruir a espécie humana?” Ele disse: “Havia generais que me pressionavam para o último encontro com o ocidente, para o enfrentamento nuclear. E eu sabia que se eu aceitasse essa proposta ou vacilasse seria o fim da especie humana. Não haveria sobreviventes para contar essa tragédia.

Então, nós criamos este tipo de razão. Não vamos negar que essa razão, porque precisamos dela, mas uma ciência com consciência, uma ciência que incorpore a razão cordial, porque nós sabemos pela ciência e pela biologia que a camada mais fundamental do ser humano não é a razão, é o sentimento, é coração. No coração estão os valores fundamentais da cordialidade, da convivência, da amizade, do amor. É por essa razão cordial que nós temos as relações humanas e tornamos possível a nossa vivência nesse planeta.

Mas essa razão foi colocada no limbo, ela foi colocada sob suspeita porque ela atrapalha o diálogo objetivo da ciência. Mas hoje, mais e mais, a própria ciência mais dura diz: a ciência tem que servir a vida e, por isso, ela tem que incorporar essa dimensão da responsabilidade e cordialidade e profundo sentimento por todas as coisas, porque tudo o que existe merece existir e tudo o que vive merece viver. Todos os seres, por mais humildes que sejam, têm um valor intrínseco em si mesmos. Não apenas porque se ordenam ao uso humano, cada ser gera algo para o universo que mostram a possibilidade de a energia transpor as possibilidades que estão presentes no processo da evolução.

Nós temos que preservar, portanto, para além dessa razão instrumental analítica, o espírito do cuidado, humanitário, a sensibilidade profunda que nos faz abraças o mundo e as pessoas como irmãos e irmãs de uma grande família. Fundamentalmente, devemos resgatar a nossa capacidade de cooperação. A lei suprema do mercado e da economia é a competição, é a concorrência. Por isso que na concorrência só um ganha e todos os demais perdem. Quando a lei básica do universo, nisso os astrofísicos e cosmólogos insistem cada vez mais, não é o darwinismo biológico da vitória dos mais fortes, porque se isso fosse verdade os dinossauros estariam aqui até os dias de hoje, porque há 133 bilhões de anos eles foram soberanos neste planeta.

A lei fundamental do universo é da cooperação de todos com todos, é a rede de relações, um ajudando o outro para que todos possam viver livres dentro dessa imensa biodiversidade. Então, hoje nós temos mais do que nunca que viver essa dimensao da solidariedade, da cooperação de todos com todos no ciclo da natureza se nós quisermos ter uma mente ecologicamente orientada, que ajude a ver diferentemente a terra, vê-la como mãe, como um super-organismo vivo e não termos vergonha de nossas raízes terrenais humildes. Viver aquela vida de São Francisco, que abraçava todos os seres e se sentia irmão do sol, irmão da lua e com isso estabelecer uma imensa fraternidade, uma vida de paz dos seres humanos com a terra. Na verdade nós estamos fazendo uma guerra contra Gaia. O último livro do grande folósofo da ciência Michel Serres se chama isso, Guerra Total, diz que até hoje fazemos guerras de exército contra exército, depois de nação contra nação, depois de cultura contra cultura. Hoje, a humanidade inteira se reuniu para fazer uma guerra contra Gaia, atacando-a em todos os lados, no solo, no ar, todas as frentes para derrotar Gaia. Não teremos chance se derrotarmos Gaia, estaremos perdidos, porque o nosso paradigma civilizatório nos fez isso. Nos colocou em cima para eliminá-la e não ao pé dela pra proteger e manter a vida.

Por último, uma ecologia integral, isto é, entender que somos parte do imenso universo, que nos pertencemos ao sistema solar, que um sol vagabundo de quinta categoria, pequeno, entre outros milhões de sóis que existem, e uma galáxia média, via láctea, que é uma entre outras milhões de galáxias, que somos parte desse universo, que todos nos somos sustentados pelas quatro energias que ninguém sabe defini-las porque precisamos delas pra definirmos, que é a forca gravitacional, a energia eletromagnética, a energia nuclear fraca e forte. Essas quatro energias se que sustentam o universo inteiro, sustentam cada um de nós e atuam sobre os processos naturais históricos. E hoje nos compreendemos e talvez seja necessário recordar algumas datas que contam a nova cosmologia, ou seja, a nova visão que temos do universo, do planeta terra, da humanidade de cada um de nós.

Uma data importante é 1924, quando um astrônomo amador inglês descobriu que não existe só uma galáxia como a nossa, pra ele existiam cem, e que todas as galaxias estão em rota de fuga, tão fugindo uma da outra, que o universo está em expansão. Portanto, o natural não é a permanência, o natural é a evolução, é o movimento. Em 1927, um astrônomo belga, padre, Georges Lemaitre, numa conferência, diante de Einsteisn, levantou a hipótese que se todas as estrelas estão se afastando, fugindo uma da outra, é sinal de que elas estavam em algum momento juntas e aí começaram a se afastar, e levantou a hipótese do big bang, aquele pontozinho extremamente carregado de energia, que depois se inflaciona, cresce e vai produzindo o universo em expansão. E Einstein considerou isso uma hipótese louvável para entender o universo em expansão e a auto-criação. Ele, que até aquele momento achava que o universo era fixo, um sistema fechado. Agora é um sistema aberto. E essa prova foi trazida em 1965 por dois grandes cientistas americanos, Arno Penzias e Albert Wilson, que captaram de todas as partes do universo, um pequeno ruído, mas constante, de forma aguda, e depois os cientistas analisaram a luz das estrelas mais distantes, como um último fossil, um último eco da grande explosão. E tomou como referência a galáxia mais distante que chega a nós na velocidade na velocidade da luz, recompondo a luz vermelha que chega a nós, disseram: “O universo tem 3,7 bilhoes de anos.” Então todos nós estávamos juntos naquele pontozinho, milhares de vezes menos que uma cabeça de alfinete, carregados de energia e matéria, que depois se expansiona a um tamanho macro, ao tamanho de uma maça e o grande big bang permitiu então jogar essa energia enorme e criar as grandes estrelas vermelhas dentre as quais se formaram todos os elementos físico-químicos que formaram os seres, também explodiu e formaram todos os seres por todo o universo, criaram os sóis, via-lácteas, criaram as condições para que a evolução chegasse à complexidade e cada vez mais densa até irromper na existência como consciência. Então a vida é um capítulo da história do universo e a vida humana um sub-capítulo menor da história da vida, nós pertencemos a esta imensa história. Estamos no quadro geral de todas as coisas. Um pequeno planeta como o nosso, que está no sistema solar 27 mil anos-luz do centro da galáxia da espiral, pequenino, um planeta irrisório que nem a terra, mas há energia suficiente para surgir a vida e cada vez mais se regulando à auto-consciência e nós estamos aqui para pensar tudo isso.

Leonardo Boff 10 por você.

Esse grande cientista, talvez o maior de hoje, Stephen Hawking, disse em seus dois grandes livros, Uma Breve História no Tempo, e o outro, Nova História do Tempo, disse que naqueles bilionésimos frações de segundos depois do big bang as energias não tivessem se equilibrado de uma forma tão sutil que impedisse uma expansão demasiada não haveria estrelas; ou se atraísse de tal maneira todas as coisas, ela explodiria sobre si mesma e não haveria seres, mas houve um caos e se formaram as estrelas, criaram-se as condições para a emergência da vida e emergisse aquilo que nós somos agora. Porque se fosse uma fração milionésima de segundos diferente outro seria o mundo e nós não estariamos aqui para falar isso. Por isso que o Stephen Hawking e outros grandes cientistas falam do princípio cosmológico, isto é, a energia que está dentro de nós, que leva para frente e deixa cada vez mais estruturada e a realidade, cada vez mais complexa, o irromper da vida, da consciência, da capacidade para o amor entre os seres humanos. Esse principio cosmológico atua continuamente. Os cientistas chamam por um nome muito infeliz, de vácuo quântico, quer dizer, vácuo não tem nada, é aquele abismo que contém todas aquelas energias que vêm à tona, que estão agindo atrás de todos os seres, atrás de todos nós, nos mantendo vivos em sistemas e mantendo eterno diálogo entre os seres, trocando informações, nos enriquecendo. E tudo isso forma nossa vida, nós fazemos parte desse universo. Todos os povos originários, os indígenas vivem essa dimensão de sentir-se filhos e filhas do sol, sentir-se unidos ao universo, as enrgias, a água, a montanha, isso é natural. Nós, não. Nós nos exilamos da terra, nós exilamos a nossa capacidade de sentir. O que importa é retornar a terra como a nossa grande mãe, sentir que somos parte deste imenso universo. Poder celebrar, poder louvar, poder sentir que vivemos situações certas, nada indefinidas, mas que a proposta fundamental que rege todo o passado, que permitiu que chegássemos até aqui, porque se fosse impossível, se houvesse demasiadas catástrofes, ou desvios ou atalhos nós não teríamos chegado até aqui. Se chegamos, como diz o grande David Bohn, é como se o universo intuísse qua lá na frente iriam submergir os seres humanos e organizasse todas as coisa para que ele finalmente nascesse. Quando estavam vivos os dinossauros, nosso ancestral humano, do tamanho de um coelho, vivia a 70 metros de altura, tremendo de medo, para não ser devorado pelos dinossauros, alimentando-se de flores. Ninguém saberia que desse pequeno animal iria surgir o ser humano. Quando desapareceram os dinossauros, ele pode descer e fazer sua trajetória. Se nos perguntássemos qual é o proximo passo, possivelmente diríamos que o próximo passo era ter mais dinossauros, maiores ainda, mais devoradores. Não. O próximo passo era outra coisa, era a fragilidade do ser complexo, que foi evoluindo até emergir ao primatas, e dos primatas os seres humanos, do ser humano o homo sapiens até o homem moderno de hoje, que somos nós. E toda a sua história está ligada ao universo inteiro, com suas energias, nós estamos imersos nessas energias, importa invocá-las para que elas nos socorram, principalmente neste momento. E é por terminar, é nesse contexto que nós colocamos a questão teológica, porque se dizemos que tudo veio daquele big bang e nem sou eu que coloco, é o próprio (inaudível), que colocou num debate acadêmico nos Estados Unidos. Quando ele diz: “O que havia antes daquele pequeno pontozinho que explodiu?” E ele responde: “Nós não sabemos.” Não pode ser o nada, porque do nada não vem nada. O que nós podemos dizer é que antes havia o inefável, havia o mistério, havia o indefinido. Pois são exatamente os nomes pelos quais na tradição religiosa dá-se o nome daquilo que nós chamamos “Deus”. Havia o inefável, o mistério, criou-se aquele pontozinho, o que está por trás de toda essa energia que vem produzindo o processo de evolução. As religiões tem de ter a coragem de tirar essa energia poderosa do anonimato, ter coragem de dar-lhe um nome, chamá-la de Caos, de Vida, de Javé e, finalmente, de Deus. Por isso mais do que nunca é importante que nós realizemos essa atitude, porque ela tem como consequência o sentimento de profunda reverência, profundo respeito, profunda espiritualidade. É aquilo que os astronautas nos legaram quando suas naves espaciais olhavam pra terra e diziam: “Daqui de cima não há diferença entre terra e humanidade. É uma unidade só, um pequeno planeta que cabe na nossa mão, podemos escondê-lo atrás do nosso polegar, mas tudo que é de grandioso, de adorável, as nossas familias, nossa pátria, nossa casa. Nós só temos aquele pequeno planeta, temos que aprender a amá-lo. Quando perguntaram a Asimov, esse grande cientista, qual é o grande legado que a humanidade fez com as viagens espaciais, ele só respondeu para a revista Time com essa resposta: “O grande legado foi termos a consciência de que terra e humanidade é uma unidade só.” Não é que a terra está aqui e a humanidade está ali. Não é que a bisofera esta aqui e a terra esta ali, é uma totalidade só. As religioes nos transmitem esse sentimento que os astronautas setiram, de profundo respeito e reverência, eles diziam, nós choravamos, nós gozávamos, nós adorávamos o criador de todas as coisas. E esse pequeno planeta azul e branco, resplandescente, que é a nossa casa. É essa reverência, é essa experiência religiosa que nós temos que resgatar. Todas as ciências, todas as instituições devem ajudar a encontrar uma atitude adequada. Então a grande função das religiões e do cristianismo não é falar da natureza, mas falar de criação, que nos remete ao criador. Ensinar ao cuidado a reverência, reverenciarmos os textos sagrados, a obra, mas todo o ser que revela o criador, de onde todas as coisas vem, para onde todas as coisas retornam, o nome que a ciência dá para toda essa realidade poderosa, para essa energia que cria todas as coisas, que não tem nome, mas que nós lhe damos um nome, o nome do nosso amor, da nossa reverência. Então as religiões devem suscitar essa capacidade do ser humano, porque essa reverência, é o cuidado, é o respeito que vão por limites em nossa voracidade, que vão reeducar nossa vontade de dominação. Se a escritura diz iluminai a terra, nos devemos iluminá-la como Deus iluminou. A criação foi entregue à consciência, dominai a criação, mas dominai, não a estragueis, porque se vocês a estragarem não haverá ninguem depois de vocês que vai resgatar. É nessa percepção que as religiões, que as igrejas devem dar e colaborar com a humanidade, que estamos impregnados com essa energia poderosa que nós chamamos “Deus”, “espirito sagrado”, que sonha na flor, espírito que está no animal, espirito que sabe, que sente o ser humano. Este espírito criador é o Deus das religiões. Essa espirritualidade nos leva ao respeito, à solidariedade, ao cuidado e a preservação. Se nós não dermos essa colaboração, nós poderemos ser cúmplices de uma catástrofe e não sobreviverá ninguém.

Eu termino dizendo que a nossa situação hoje, no meu modo de ver, não é de tragédia, mas é de crise, e toda crise isola, purifica, é uma oportunidade que permite um salto de qualidade pra frente. Nós todos somos convocados a atravessar essa crise e purificados para que se evite a tragédia. E que a terra e a humanidade deem um salto na direção para mais unidade, mais integração de todos, mais amor à natureza, mais cuidado com todos os seres, especialmente os seres vivos, entre os seres vivos os seres humanos, e entre eles os que mais padecem, que são as grandes maiorias da humanidade, que são as vitimas da exploração da fome e da miséria.

Termino com a referência do livro da Sabedoria, capítulo 12: “Senhor, tu criaste todas as coisas, todas elas te pertencem. Protege-as, protege-as porque tu és o soberano amante da vida.” Nós cremos nesse soberano amante da vida, que não vai permitir que a morte triunfe sobre a vida, mas vai permitir que a colaboração fale mais que a competição. Que a vida vale mais que a morte, que o planeta terra tem como Deus e seu senhor, e nós, os seus hóspedes, seus inquilinos, seus cuidadores, o jardim do Éden que devem cuidar e proteger. Muito obrigado!

O afinado Peterson Colares numa conversa com Leonardo Boff.

O afinado Peterson Colares numa conversa com Leonardo Boff ao final da palestra.

PROGRAMAÇÃO DE ATIVIDADES DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2009

A programação dos dias de atividades autogestionadas (28 a 31 de janeiro) foi divulgada pelo site oficial do FSM Amazônia 2009. São zil atividades, de diversos temas e proponentes.

Como irão ocorrer em vários lugares, é bom tê-la sempre à mão, seja para se programar e escolher quais irão constar do seu itinerário, ou se fores adepto do itinerário do acaso, saber ao menos em que pavilhão ou sala está rolando aquela atividade sobre o futebol italiano e o combate à xenofobia, ou então aquele grupo que tem um novo sistema econômico para substituir o capitalismo.

Clique aqui para baixar o arquivo, em formato visível no Excel.

E só para recordar, aqui vai a programação geral:

O Fórum Social Mundial 2009 ocorre de 27 de janeiro a 1º de fevereiro nos campi de UFPA e UFRA.

  • 25/01 – Início do credenciamento (Ginásio da UFRA).

  • 27/01 – Marcha de abertura (saída às 15 horas, da escadinha do Cais do Porto)

  • 28/01 – Dia da Pan-Amazônia: 500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular.

  • Este dia será dedicado a levar ao mundo as vozes da Amazônia e se constituirá de diversas atividades, como testemunhos, conferências, além de celebrações e mostras culturais.

  • 29 a 31/01 – Demais atividades autogestionadas

  • 01/02 – Dia das Alianças e Encerramento do FSM 2009, com ações descentralizadas e autogestionadas onde serão apresentados os acordos e alianças construídos no decorrer do FSM e celebração geral de encerramento. (Palco GeoSpace – UFRA)

Site do FSM Amazônia 2009: http://www.fsm2009amazonia.org.br/

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

O MUNDO É GAY” NO ‘ESQUENTA’ DO FSM AMAZÔNIA 2009

Meus lindos e minhas lindas, estamos aqui, diretamente da belíssima cidade de Belém, e esta colunéeeesima pode afirmar: que cidade gay! Linda, quente, bela e acolhedora. Não por acaso, é aqui que vai rolar o Fórum Social Mundial Amazônia 2009. E nem adiantam as bichas manoniquins se roer de inveja. Em Belém, por exemplo, a programação para o Dia da Visibilidade Travesti já está definida, enquanto em Manaus, as nossas travas sumiram! Saiam da caverna e profetizem, horrorosas! Que coisa! Bem, mas para quem vem a Belém ou já está por aqui, confere abaixo as atividades programadas para os 3 dias de fórum, que envolvem a questão LGBT de alguma maneira. Trabalho de pente fino para as finas! A louca! Mas tá aí, um luuuuxo só, você nem precisa se dar ao trabalho de procurar na listagem geral, neném. É só marcar o point de encontro com a moçada e se engajar nesta festa democrática!

Programação LGBT do Fórum Social Mundial 2009:

O Fórum Social Mundial 2009 ocorre de 27 de janeiro a 1º de fevereiro nos campi de UFPA e UFRA.

  • 28/01: Identidade – Grupo de Ação Pela Cidadania de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Bissexuais – Mesa de Diálogo “O FSM e as Lutas LGBT’s: desafios e perspectivas” (UFPA Básico, Pavilhão Hb, Sala H3).

  • 28/01: Sociedade de Defesa dos Direitos Sexuais na Amazônia – “Tráfico de Mulheres na Pan-Amazônia” (UFPA Básico, Pavilhão Mb, Sala M3).

  • 29/01: Associação Afro Religiosa e Cultural Fundere Oya Jokolosy – “DST/AIDS” (UFPA Profissional, Pavilhão Ip, Sala Ip 08).

  • 29/01: Associação Katiró – Oficina “Diversidade Sexual” (UFPA Básico, Pavilhão Ab, Sala A1).

  • 29/01: Colectivo Contranaturas (Peru) – “La Diversidad Sexual em Contextos de Criminalización de la Protesta” (UFPA Básico, Pavilhão CAPACIT, Auditório do CAPACIT).

  • 29/01: Comision Internacional de los Derechos Humanos para Gays y Lesbianas (Argentina) – “Presentación Libro” (UFPA Básico, PavilhãoFb, Sala F1).

  • 29/01: Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS/RS – Oficina “O Protagonismo das Pessoas Vivendo com HIV-AIDS” (UFPA Profissional, Pavilhão Cp, Sala Cp 03).

  • 29/01: Identidade – Grupo de Ação Pela Cidadania de Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Bissexuais – Oficina “Diga Não à Discriminação – Homofobia Mata” (UFPA Básico, Pavilhão Bb, Sala B4).

  • 29/01: Liberdade do Amor Entre Mulheres do Ceará – Oficina “Feminismo e Lesbiandade” (UFPA Básico, Pavilhão, Db, Sala D6).

  • 29/01: Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Oficina “Gênero e Diversidade Sexual no Ambiente Escolar: um convite à reflexão” (UFPA Básico, Pavilhão Cb, Sala C3).

  • 30/01: Associação Katiró – Oficina “Qualidade de Vida de Pessoas Vivendo com AIDS” (UFPA Profissional, Pavilhão Fp, Sala Fp 04).

  • 30/01: Foro de Autoridades Locales por la Inclusión Social – Seminário “Situación LGBT em el Mundo” (UFPA Básico, Pavilhão Ab, Sala A 4).

  • 30/01: Fundação Perseu Abramo – Pesquisa “Homossexualidade e Homofobia no Brasil” (UFPA Básico, Pavilhão Ip, Sala Ip 03).

  • 30/01: Liga Brasileira de Lésbicas – Mesa de Diálogo “Lesbiandade Feminista: uma ferramenta de fortalecimento de mulheres lésbicas como sujeitos políticos” (UFPA Básico, Pavilhão Bb, Sala B5).

  • 31/01: Cidadania, Orgulho e Respeito – Mesa de Controvérsia “A Homofobia nos Movimentos Social e Sindical” (UFPA Básico, Pavilhão Bb, Sala B2).

  • 31/01: Conselho Regional de Psicologia / RJ – Oficina “Psicologia e Homofobia: dez anos da Resolução CFP 001/99” (UFPA Básico, Pavilhão Bb, Sala B3).

  • 31/01: Coordenação Nacional de Lutas – Oficina “Plenária GLBTT” (UFPA Básico, Pavilhão Bb, Sala B6).

Site do FSM Amazônia 2009: http://www.fsm2009amazonia.org.br/

E você que vai participar ou organizar alguma atividade na temática LGBT, deixe nos comentários uma forma de contato, pra que a gente possa fazer a cobertura e você compor com este bloguinho uma aliança intensiva-democrática!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gays (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ GLÓRIA KALIL FICOU SABENDO, E VOCÊ, BABY? “Fique Sabendo” é a campanha do Ministério da Saúde de divulgação do novo teste de detecção do HIV, totalmente brasileiro, e que dá o resultado em meia hora, ao contrário da versão atual, que dá 30 dias de angústia para o testante. A garota propaganda foi a socialyte Glória Kalil (nem tudo é como a gente sonha, neném), que fez o teste e deu negativo. A meta do governo é substituir totalmente o teste tradicional, e isso deve acontecer em breve. Só no ano que vem já serão 3,3 milhões de testes disponíveis. Considerando-se que existem, estimativamente, 250 mil contaminados que desconhecem sua condição, é um grande avanço do governo. Antes que vocês perguntem, o teste foi desenvolvido pela Fiocruz e pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), geniais! Agora, para a discriminação e a falta de capacitação dos funcionários da saúde pública, que por vezes dificultam o acesso ao teste, só tem uma vacina: se expor e fazer valer seus direitos. Do jeito que nós adoramos uma fofoca, tem como não ficar sabendo, Daisy? Sentiu a brisa, Neném?

Φ CURSOS À DISTÂNCIA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA TEM INCLUSÃO DE COMBATE À HOMOFOBIA. De 26 de janeiro a 02 de fevereiro estão abertas as inscrições para os cursos à distância ofeceridos pela Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça. Os cursos são voltados para quaisquer agentes da segurança pública, em quaisquer dos níveis de governo, e dos 35 oferecidos, surge como importante novidade o “Segurança Pública Sem Homofobia”. O objetivo do curso é auxiliar o agente de segurança pública a conviver e a saber como agir em situações que envolvam o homoerotismo, principalmente como agir e abordar a vítima de homofobia. Um avanço, e esperamos que este curso bombe na pista, meu bem, para que a segurança pública deixe de ser, como efetivamente o é, em alguns lugares, vista como inimiga da população que deveria proteger. E pra quem gosta de uniformes… Ui! Sentiu a brisa, Neném?

Φ NOVA CONSTITUIÇÃO DA BOLÍVIA TRAZ AVANÇOS PARA MINORIAS SEXUAIS. Julieta Paredes, 47 anos, foi a primeira lésbica assumida publicamente na história da Bolívia. Ela é ativista da Assembléia Feminista da Bolívia, e em entrevista à BBC Brasil, afirmou que a nova Carta Magna do seu país traz avanços nas questões sexuais e de gênero. Apesar de ainda não trazer a união homoafetiva, a constituição feita no governo do Aymará Evo Moralez efetivamente proíbe todo tipo de discriminação, incluindo a de orientação sexual. Além disso, também coloca a violência de gênero como um problema do Estado, e garante o livre exercício dos direitos reprodutivos e sexuais. Na prática, reconhece a sociedade plural que existe naquele país. Longe dos tempos em que era apenas um ponto no mapa dominado pelas multinacionais, a Bolívia começa a refundar-se como país autônomo e democrático. Com todas as dificuldades de um parto, nasce ali um país que reconhece nos homoeróticos de todas as vertentes um cidadão, nem mais, nem menos. Sentiu a brisa, Neném?

Φ SEDE DA SOMOS, NO RIO GRANDE DO SUL, SOFRE VANDALISMO. Para a Psicanálise, um símbolo carrega elementos de confirmação ou negação das certezas que compõem o “real” do indivíduo. Ao mesmo tempo, um símbolo e sua relação história podem, quando as condições materiais permitem a emersão de outros dizeres, transformar-se em tábua de salvação ou apetrecho de afirmação patológica de uma situação inexistente, mas sem a qual o indivíduo não pode existir (ao menos crê nisso). Assim, a pixação da sede do grupo SOMOS – Comunicação, Saúde e Sexualidade de Porto Alegre, com símbolos nazistas, é sintomático. Menos do ódio, que não obstante existe, do que da evidente insegurança e ausência de capacidade psicológica de discernimento do real. Deliram os neonazistas como deliram os neopentecostalistas, ou disangélicos. Assim como os últimos usam o nome de Deus para justificar um sistema financeiro paralelo de lucro e exploração da fé, os primeiros usam a economia semiótica em torno da suástica para afirmar, ressentidamente, uma existência malograda. E seu ato confirma a dor do fracasso. O patético de se afigurar um símbolo esvaziado de seu significado (a suástica nasceu antes do nazismo) é equivalente ao fato de ter de inscrevê-lo no inimigo, a fim de ter a ilusão da predominância sobre o outro. Ledo engano. Se a suástica tivesse força, um negro não teria chegado à Casa Branca, e nem poderia existir um movimento social como o SOMOS. A pixação da suástica na parede da associação é um sinal do desespero, e da certeza de que o trabalho da entidade LGBT está rendendo frutos, e enfraquecendo a subjetividade do ódio. Sentiu a brisa, Neném?

Φ DIA DA VISIBILIDADE TRAVESTI VAI BOMBAR EM (QUASE) TODO O BRASIL. Tá bombando, Beth! Já são 20 Estados, 27 cidades e 30 eventos para marcar o 29 de janeiro, dia da visibilidade travesti. Para variar, o Amazonas está de fora? Bruna, meu amor, cadê você, as travestis lindas da Manaus? Esta colunéeeesima contactou os representantes de Belém para tentar fazer a cobertura do evento de cá. Se possível for, e o contato for respondido, vocês verão o que só as monas de Belém (e as do bloguinho) iriam ver! Preparem a festa! A louca! Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

CELEBRAÇÃO DA ÁGUA — LEONARDO BOFF E A ECOLOGIA DO CUIDADO

Leonardo Boff 01 por você.

No primeiro dia das atividades no III Fórum Mundial de Teologia e Libertação, a água, o planeta, o cuidado com a nossa casa, ou como se refere a ela o teo-filósofo Leonardo Boff, Gaia, foi o tema dominante.

A aula magna da abertura dos trabalhos do fórum, dada por Boff, foi um lúcido depoimento filosófico, e que mostrou o quanto é urgente que se modifique o modo de produção capitalista, tirando de foco a produção desenfreada por uma relação.

Antes de sua fala, porém, a organização do evento trouxe aos participantes um belíssima e tocante encenação, a nos mostrar toda a potência e importância do líquido precioso, ressignificando o seu aspecto simbólico assumido em todas as religiões, e colocando-a na materialidade do existir, como bem acima das relações comerciais, sendo impossível a existência humana na Terra sem a sua democratização.

A encenação foi acompanhada pela tocante canção, de autoria da bela Iva Rothe, que você confere abaixo:

Água lava

Água leva

Água livra

Água louva

Água cai como luva em mim.

.

Água lava

Água leva

Água livra

Água louva

Água cai, bebo chuva

.

Desci nas cheias da água

A água do mar é

Amor

É cheia

Vai pra areia

Sereia

Norato

Tinta

Teia

.

Sei lá

Sei não

Do que a água é capaz

O que a água faz

Amor

É cheia

.

E volta à aldeia

Pro mato

No ato

Vinda

Ceia

.

Água lava

Água leva

Água livra

Água louva

Água cai como luva em mim

.

Água lava

Água leva

Água livra

Água louva

Água cai, bebo chuva”.

Leonardo Boff 04 por você.

LEONARDO BOFF E AS ECOLOGIAS REVOLUCIONÁRIAS

Em seguida, Boff iniciou a sua aula magna, a qual este Bloguinho trará ao leitor intempestivo na íntegra, sendo esta a primeira parte, e a segunda, publicada neste domingo.

Bom dia a todos e a todas, quero cumprimentar todos aqui na mesa e agradecer a todos aqueles ao nível internacional e ao nível local que ajudaram a preparar este encontro, que é sempre cheio de surpresas quando não, dificuldades , mas que pertence ao processo da libertação. Especialmente quero agradecer às pessoas da infra-estrutura que quase sempre são invisiveis, mas que são elas que fazem funcionar encontros da magnitude deste. O tema que me foi proposto é de gravidade extraordinária e ao mesmo tempo de grande atualidade. Nós estamos neste momento, a humanidade inteira envolvida em crises suecessivas que começaram com as crises econômico-financeiras, mas que revelaram crises mais profundas. Eu vejo que há cinco grandes crises que nós vamos enfrentar: duas de natureza conjuntural, mas com tendência a ser estrutural, que é a crise econômico-financeira e, especialmente, as crises estruturais e sistêmicas, que é a crise mundial do aquecimento, a crise energetica e a crise de excassez de água potável. Diante de um quadro desses, nós lutamos contra, que é a percepçao comum da humanidade, que assim como estamos não podemos continuar. Nós temos que mudar. A questão é a qualidade desta mudança, para que não seja apenas mais do mesmo, isto é, mais produçao, mais consumo, mais exclusão, mais agressão ao sistema da vida. Esse sistema não pode mais ser prolongado, porque ele pode nos levar à escuridão. Nesse último tempo, pode levar a humanidade ao caminho já percorrido pelos dinossauros, a ameaça de guerra sobre a espécie humana.

Leonardo Boff 03 por você.

Nós temos que enfrentar novos caminhos, novas alternativas, e essas alternativas não são simplesmente objeto da simples liberdade e do bom gosto dos homens, é uma necessidade que a história nos impõe. Ou nós mudamos ou vamos ao encontro de situações dramáticas e, por vezes, de grandes tragédias coletivas. Nesse contexto, quero lembrar a primeira frase da Carta da Terra, que é um documento que nasceu do trabalho que veio de base da humanidade. Durante oito anos, mais de cem mil pessoas do mundo inteiro se colocaram a pergunta: “O que nós queremos para o nosso planeta terra? O que nós fazemos merecer para a humanidade?” Depois de oito anos de trabalho, saiu um pequeno documento que foi logo acolhido pela ONU, pela UNESCO, e cujo propósito dos que nela trabalharam sobre a animaçao, especialmente, de Mikhail Gorbachev, que mais do que nunca se preocupa hoje com as questões da sobrevivência do planeta. O nosso propósito é levá-lo à ONU, para que seja agregado ao documento que é a carta das nacões unidas sobre os direitos humanos. Então teríamos um documento sobre a dignidade da terra e outro sobre a dignidade humana. Esse documento começa com a seguinte frase: “Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro e a escolha é essa: ou formar uma aliança global para cuidar uns dos outros e juntos cuidarmos da terra; ou então arriscar a nossa destruição e a devastação da diversidade da vida. Para podermos dizer essa palavra que parece uma palavra de alarme e de pânico, consultamos grandes centros de investigação como a Real Academia de Ciências de Londres, como o MIT e também o Instituto Max Planck de Munique de Pesquisas Científicas. As três instituiçoes disseram, segundo os dados que nós temos, esta é a situação do nosso planeta Terra. Então o desafio é criarmos, dadas as ameaças que imperam sobre o mundo, criarmos uma aliança global de cuidado uns dos outros, porque se não cuidarmos da vida humana ela não tem condições de se reproduzir e vai de encontro com o medo e o desaparecimento. Se não cuidarmos da casa comum, que é o planeta Terra, nós não teremos onde ficar, porque esta é a única casa que nós temos, o Planeta Terra. Então, face a essa realidade, se impõe uma reflexãzo séria que nos aponta para práticas concretas que pensam no ciclo da ecologia. A ecologia aqui tem que ser bem entendida não como um procedimento técnico de administraçao de recursos escassos, mas a ecologia como uma arte, a ecologia como um novo paradigma, isto é, a ecologia como uma forma nova de relacionamento do ser humano com a Terra, com a natureza, com os processos produtivos, com as maneiras de distribuição. Uma forma nova de estabelecer a distribuição do poder, criar novos valores, de dar significação às nossas últimas árvores sobre esse planeta. A ecologia engloba todas essas questões; só se trata da ecologia como paradigmas, sobre isso que gostaria de dizer um pouco para aprofundarmos a questão das ameaças que pesam sobre Gaia, a casa comum e as ações, as atitudes e os valores que nós devemos desenvolver para encontrarmos uma resposta à altura do desafio e que garanta futuro para nossa espécie humana e que garanta as condições para que a Terra possa continuar viva, com a sua integridade, com a sua vitalidade. A terra é muito mais fora do que nós. Nós há milênios estamos entrando numa guerra contra Gaia, e nós não temos nenhuma chance de ganhar essa guerra, pela voz que existe em nós, de Oxalá, nós mereçamos viver ainda nesse planeta.

Leonardo Boff 05 por você.

Há menos de um mês atrás, Mikhail Gorbachev, numa reunião da Carta da Terra, em Amsterdã, repetiu a frase: “Nós precisamos de um novo paradigma de civilização, necessitamos de uma coalizão de valores, que garanta o futuro da vida humana e que o futuro do princípio vida, porque se nós não fizermos isso, nos próximos trinta, quarenta anos, a Terra poderá continuar, mas continuar sem nós, a espécie humana.

Então a primeira coisa que nós precisamos compreender quando falamos de ecologia é o amplo aspecto que essa categoria “ecologia” é pensada e vivida hoje por todos aqueles que estão se preocupando com o futuro da vida e da Terra. Primeiro nós temos aquilo que é comum, que é assimilado pela grande mídia mundial: a ecologia como meio ambiente, entre os ambientalistas. Entretanto, temos que enriquecer essa compreensão de meio ambiente e que na verdade todos estamos cansados de meio ambiente, nós queremos é o ambiente inteiro.

É importante entender que o meio ambiente não é uma coisa exterior a nós. Não é que a Natureza está lá e nós estamos aqui, nós formamos uma grande comunidade, porque nós tomamos ar, respiramos, comemos, nós fazemos parte de sistema. Para compreender melhor essa questão da ecologia com o meio ambiente, eu acho que duas categorias devem ser compreendidas, que é o meio ambiente como comunidade de vida e a Terra como Gaia, como super-organismo vivo. Quando em 1953, dois grandes cientistas norte-americanos, Watson e Crick — Watson faleceu há uns meses atrás —, quando esses dois cientistas descodificaram o código genético, se deram conta de uma coisa surpreendente, que alguns consideram talvez uma das descobertas mais importantes para os seres humanos. Descobriram que todos os seres vivos, desde a matéria mais originária, que surgiu há oito bilhões de anos atrás, passando pelos dinossauros, pelas plantas, pelos pássaros, chegando a nós, que todos os seres vivos temos os mesmo tijolinhos de base que constroem a vida, isto é, temos os mesmos 20 aminoácidos e as 4 bases constatadas que todos conhecem das aulas de biologia: a adenina, a guanina a tinina e a citocina, isto é, aqueles elementos químicos que permitem a combinacao dos aminoácidos e assim a biodiversidade. Todos os seres têm essa mesma fórmula de base; por isso que todos os seres vivos são primos, são irmãos entre nós. Entre uma minhoca e nós, há 46% dos elementos comuns, entre o chimpanzé e os seres humanos há apenas a diferença de um gene e muitos biólogos suspeitam que ele tem esse gene, mas não tem nenhum interesse em ser ativado para não se transformar em ser humano. Ele está feliz nas florestas, subindo e descendo as árvores, comendo a sua comida, profundamente integrado na natureza.

Leonardo Boff 06 por você.

Então, o que na verdade existe não é meio ambiente, o que existe é comunidade de vida, e a vida não existe sem o seu substrato físico-químico, porque as células dos seres vivos estão em profundo diálogo com os elementos físico-químicos, os seus nutrientes e a sua vida. Então, todo o processo do universo está ligado à corrente da vida e nós somos o libelo dessa corrente da vida. Por isso que defender a natureza é defender a vida, defender nossos irmãos. O nosso desafio é pelo primeiro princípio da carta da terra é cuidar e proteger com compreensão, com compaixão e com amor a toda a comunidade.

Nós, seres humanos, ocupamos um lugar singular, que é o lugar da responsabilidade, que nós somos seres éticos. Nós podemos ser o anjo bom que protege e cuida da natureza, assim como podemos ser o satã do planeta terra, que transforma o jardim do Éden, que transforma num matadouro, num processo de grande devastação e exploração. Nós vivemos nessa grande comunidade de vida que hoje está ameaçada e é de nossa responsabilidade protegê-la, cuidá-la.

Segunda categoria importante, é ter uma compreensão melhor da terra. Normalmente na visão capitalista se entende a Terra como baú das coisas mortas da qual nós podemos tirar serviços, recursos para a utilização humana. Esse é um conceito pobre e redutor da Terra. A Terra é muito mais que isso. A Terra é um super-organismo vivo, como diz o grande biólogo, talvez o maior vivo hoje, que criou a palavra biodiversidade, Edward Wilson, se eu apanhasse uma colher com um pouco de terra eu me identifico com super microscópios de 30 a 50 bilhões de microorganismos presentes nesse punhado de terra. Imagine em todos os solos da terra. Por isso que do mesmo chão nascem os frutos e as flores da diversidade das plantas. Tudo aquilo que nós admiramos, que tem como substrato a Terra, que é a própria Terra. Mas a prova científica disso nos trouxe um grande cientista, James Lovelock, que tinha como tarefa com sua equipe junto à NASA de construir aparelhos que, colocados nas naves espaciais dos foguetes, pudesse identificar vida no universo. E esse aparelhos não identificaram nenhum sinal de vida, mas quando se voltavam para a terra, todos os ponteiros enlouqueciam porque apontavam aí tem vida. Então Lovelock e sua equipe comparou as condiçoes da terra com nosso dois vizinhos Vênus e Marte, porque hoje temos condições científicas de saber quanto de carbono, quanto de oxigênio, quanto de ferro, de enxofre cada estrela, cada planeta tem. Ele se deu conta que a terra se comporta como um super-organismo vivo que equilibra os elementos fisicos e biológicos de tal maneira que ela continuamente pode manter e reproduzir a vida. Ele analisou os principais elementos que compõem a vida na terra e se deu conta que sempre há milhões e milhões de anos, a terra sempre tem 21% de oxigenio, se descesse a 18 nós desmaiariamos, se subisse a 27 ou 28 nós não teríamos condiçoes de acender um fósforo sequer, porque queimaríamos o oxigênio logo. Pra sempre manter esse equilibrio produz esses 21% de oxigênio. A salinização dos oceanos, tão importante para os climas, para os regimes das estações, para a própria vida, há bilhões de anos sempre tem 3,4% de sal; se subisse a 6, seria como no mar morto, não haveria vida. Então, a terra mantém esse sutil equilibrio. Da mesma forma, mantém os outros elementos fisico-quimicos, como o magnésio, o ferro e o enxofre, para que a vida tenha a qualidade que ela tem hoje e ela possa sempre permanecer. Então, a terra é viva e nós somos a própria Terra que no momento da sua evolução, da sua complexidade, a terra começou a sentir, a pensar, a amar, a cuidar e esse momento é a emergência do ser humano. Por isso que homem e mulher precisam da terra fértil, e que Adão, na narrativa biblica, vem de Adamar, que significa “terra fecunda”, “terra fertil”, e Adão é o homem e a mulher vivos, filhos da terra…

(Continua amanhã.)

ENGENHARIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA PAUTA DO FSM AMAZÔNIA 2009

Engenheiros defendem projeto de desenvolvimento sustentável da Amazônia durante Fórum Social Mundial

Manifesto Cresce Brasil apresenta políticas de melhoria das condições de vida da população amazônica a partir do uso racional dos recursos naturais da região

Para debater sobre o desenvolvimento sustentável da Amazônia,  o Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP)  participa, na próxima quinta-feira (29), do Fórum Social Mundial, em Belém (PA). Na pauta da mesa-redonda, “Engenharia e Desenvolvimento Sustentável”, os especialistas convidados pela entidade vão apresentar políticas de ciência e tecnologia focadas na conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e o desenvolvimento social e econômico dos quase 20 milhões de habitantes da região.   O tema faz parte do movimento “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, instituído pela FNE em 2006, que tem como premissa a inclusão social e a sustentabilidade.

De acordo com o manifesto, não há como pensar em desenvolvimento nacional, sem levar em conta a região amazônica.  Participam do evento o professor de engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor do capítulo C&T do Manifesto Cresce Brasil, Marco Aurélio Cabral  Pinto; o deputado federal e membro da Comissão Permanente de Meio ambiente e desenvolvimento sustentável, Paulo Teixeira, e o secretario de Estado de Floresta do Acre, Carlos Ovídio Duarte.

A Amazônia é a maior fonte natural do mundo para produtos farmacêuticos e bioquímicos, além de possuir jazidas de minerais de metais nobres de variados tipos. Apesar dos números grandiosos quando se fala das riquezas da região, ela também abriga cidades nas quais 70% dos habitantes estão sujeitos ao desemprego, subemprego, criminalidade e outros problemas sociais.

Segundo o professor Marco Aurélio Cabral, a Amazônia ainda reclama por um projeto de desenvolvimento mais eficaz. “A economia atual da região está baseada na extração predatória dos recursos naturais, seguida pela substituição da floresta por extensas áreas de pastagem ou agricultura. Ao longo dos anos, esse modelo mostra-se impróprio”, explica.

O especialista defende um sistema de ciência e tecnologia amplo, fortalecido e descentralizado, baseado na criação de pólos de desenvolvimento em municípios estratégicos da região. “A ocupação da Amazônia se fez em surtos devastadores ligados à valorização momentânea de produtos nos mercados nacional e internacional, seguidos de longos períodos de estagnação”, explica. E alerta: “É fundamental que a expansão do sistema de ciência e tecnologia tenha desdobramentos no setor produtivo regional, ampliando substancialmente o relacionamento universidade-empresa, de forma a possibilitar às empresas locais inovação no processo produtivo”.

O QUE É O CRESCE BRASIL?

Lançado em 2006 pela  Federação Nacional dos Engenheiros  (FNE),   o movimento “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” surgiu como esforço de contribuir a um projeto nacional de desenvolvimento que tenha  como premissa a inclusão social e a sustentabilidade. A idéia é defender o crescimento econômico com democracia, distribuição de renda, preservação ambiental e reorganização urbana. Desde a sua criação, o  “Cresce Brasil ”  já realizou vários encontros com mais de três mil profissionais em diversas cidades brasileiras para desenvolver idéias e analisar propostas voltadas à retomada do crescimento econômico e desenvolvimento do  País.

Mesa – Redonda: “Engenharia e Desenvolvimento Sustentável”

Quando: quinta-feira (29.01)

Horário: 8h30 às 11h30

Local: UFPA –  Básico  (Rua Augusta Corrêa, 01 – Guamá – Pavilhão – EB  Sala  E4)

PARTICIPANTES: Marco Aurélio Cabral Pinto, professor de engenharia da UFF (universidade Federal Fluminense) e autor do capítulo de C, T&I do Manifesto Cresce Brasil + engenharia + Desenvolvimento”; Paulo Teixeira, deputado federal (PT/SP) e membro da comissão permanente de meio ambiente e desenvolvimento sustentável; Carlos Ovídio Duarte, secretário de Estado de Floresta do Acre e Roberto Palmieri, coordenador do programa de políticas públicas do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola).

Fonte: assessoria de imprensa Cresce Brasil – Milena Vasconcelos.

III FÓRUM MUNDIAL DE TEOLOGIA E LIBERTAÇÃO — BELÉM — 2009

Pessoas provenientes de todas as partes do mundo — da Oceania, passndo por todos os continentes, e chegando ao Brasil —, de diversas concepções religiosas — católicos, protestantes, afro-religiosos e outras — se reuniram ontem (21) para o início do III Fórum Mundial de Teologia e Libertação, que vai até o próximo domingo (25).

Evento que ocorre desde o início sempre colado ao Fórum Social Mundial, o FMTL está ocorrendo no Centro Cultural Tancredo Neves – CENTUR, tendo como principal temática nessa edição ECOLOGIA E ESPIRITUALIDADE, e é um evento não apenas de caráter religioso, como falou Frei Luís, o diretor do FMTL, sendo religiosamente ecumênico e, principalmente, diz respeito a todas as pessoas, independente o credo que professam (ou não), que estejam interessadas na busca por um mundo melhor, sem miséria, sem exploração, sem fome, sem violência física e epistemológica; enfim, um mundo onde exista, para além do Capitalismo, a possibilidade de comunhão, solidariedade, fraternidade, respeito aos direitos de todas as pessoas sem distinção.

Este bloguinho está presente no FMTL e traz aqui algumas falas, entrecortadas por imagens da abertura do evento, ocorrida ontem à noite.

Leonardo Boff e sua esposa, Ana Júlia e Frei Luis

Leonardo Boff e sua esposa (à esquerda), Ana Júlia e Frei Luís

Pe Sergio Torres, um dos idealizadores do FMTL

Pe Sergio Torres, um dos idealizadores do FMTL

Como um dos inspiradores desse Fórum Mundial de Teologia e Libertação, desejo recoradar alguns conceitos teológicos anteriores a este Fórum, para situá-lo em uma perspectiva histórica e ligá-lo com experiências passadas, em particular com uma conferência que participei em 1976, na Tanzânia. Nessa oportunidade, um grupo de teólogos e teólogas se autoconvocaram para um encontro que se unificou na criação de um espaço próprio que unisse todos os continentes, como antes não existia. Nessa oportunidade, foram produzidos os apontamentos de um projeto teológico muito bom, que, de uma parte, mostrava continuidade dos temas tradicionais da teologia; mas ao mesmo tempo apontava uma ruptura epistemológica com o passado. Gostaria de enumerar algumas características desse projeto tradicional por uma parte, mas criativo e inovador ao mesmo tempo. (…) Uma primeira característica é o surgimento de uma nova teologia contextual, que rompeu com o conceito de uma teologia universal e de uma teologia contextual européia. Começaram a aparecer teologias falando de Deus, falando de Jesus Cristo como centro de sua concepção, dentro de sua distinta perspectiva: teologia africana, teologia asiática, teologias de diversos cultos da América Latina, teologia indiana e muitas outras. Uma segunda característica desse movimento, que significou um tremendo avanço: surge com força o temas dos pobres, o tema da pobreza, que interpela a teologia. Em terceiro lugar, a partir da mensagem evangélica sobre o amor de Deus, sobre o amor ao próximo, aparece um tema poderoso, que pouco a pouco se impôs: o tema da práxis ou do compromisso dos cristãos pela transformação da sociedade. (…) Começamos o III FMTL e, como sabemos, o tema principal será a ecologia. Um fórum teológico sobre a ecologia é um grande desafio para a teologia. O paradigma ecológico supera o antropocentrismo, reinterpreta a subjetividade da modernidade, introduzindo o conceito de diversidade, mútua dependência de relações. Esse paradigma modifica a forma de conhecer, pois, por uma parte, utiliza os avanços da ciência moderna, como a astronomia, a física quântica e, ao mesmo tempo, valoriza as ações simbólicas, as ações emocionais, as ações do coração.




Frei Luis, Diretor Executivo do FMTL

Frei Luís, Diretor Executivo do FMTL

Viemos para a Amazônia, essa exuberante região de biodiversidade, onde a vida escorre pelos rios, respira pelas matas, canta pelos pássaros, se doa pelos frutos, sonha, sofre e espera pelo coração humano, fala e adora nas diversas línguas dos povos amazônicos. Nós temos viva consciência, mais do que todas as gerações que nos antecederam, que somos habitantes de um pequeno planeta, uma pequena casa azul e redonda suspensa no imenso espaço estelar. Isso nos ajuda a entender que somos realmente uma família; estamos mais próximos uns dos outros do que imaginamos para o bem ou para o mal. Mas nós viemos a Belém, a cidade do Círio de Nazaré, onde uma multidão de milhões de pessoas se sente uma só grande família. A Amazônia pode abrir o coração para abrigar, em família, todas as formas de vida.





Ana Júlia Carepa, governadora do Pará

Ana Júlia Carepa, governadora do Pará

Aqui já foi dito da exuberância da Amazônia, e, hoje, o Pará representa a síntese dessa exuberância da Amazônia. A síntese, inclusive, pro bem e pro mal, porque aqui é um estado cheio de complexidades e eu quero principalmente dar essa palavra de incentivo, de solidariedade à realização desse fórum com a preocupação, no coração da Amazônia, com a teologia, com a sustentabilidade. O Fórum Social Mundial, e os diversos fóruns que acontecem antes e durante o FSM são organizações da sociedade civil, e o nosso governo fez todo o esforço para dar apoio à realização desse fórum, porque nós também nos identificamos com os princípios do FSM, procurando realizar um novo mundo. Nós temos um compromisso com a floresta, e um compromisso a partir do ser humano, por isso estamos realizando o maior programa de recomposição florestal e reflorestamento do planeta Terra: um bilhão de árvores em cinco anos, recuperando um milhão de hectares de terras já degradadas, além de ações no sentido de impedir o desmatamento, de impedir a destruição dos nossos rios, com uma ação de recuperar o que já foi destruído; mas nós queremos também que o homem e a mulher do nosso estado tenham os seus direitos adquiridos e respeitados, por isso não abrimos mão de políticas públicas de promoção humana. (…) Nós não temos dúvida de que um outro mundo é possível, e eu vou citar você, Leonardo Boff: “Hoje nós não temos mais a arca de Noé, que salve alguns e deixe perecer os demais. Ou nos salvamos todos ou perecemos todos.” A questão é: o que fazer para garantir a vida e tornar esse mundo melhor? (…) Parabéns pela realização desse fórum, que ele possa contribuir para que aqui todos possam contribuir que a nossa floresta tem riquezas fantásticas, que nós não queremos que elas fiquem intocáveis, que nós queremos aproveitar essas riquezas para que as pessoas possam viver bem sem precisar destruí-la, fazendo com que nós, nossos tataranetos possam usufruir também dessas riquesas. Sintam-se em casa nessa cidade, que é o coração da Amazônia, que hoje se transforma, com o início do Fórum, no coração do mundo, e que mostram pro mundo que também é possível construir uma nova sociedade, com sustentabilidade, no coração da Amazônia.

Pela abertura do evento, vê-se sua importância e a vivacidade que vai tomar conta das mais de quarenta oficinas que ocorrerão nestes dias. Acompanhe aqui neste bloguinho, que continuará divulgando essas movimentações tão necessárias politicamente, espiritualmente para o aumento de agir das pessoas no mundo.

BLOGUINHO INTEMPESTIVO NO FSM AMAZÔNIA 2009

A partir de hoje, este Bloguinho Intempestivo estará compondo bons encontros com a inteligência coletiva diretamente de Belém, no Pará. A equipe afinada já se encontra na terra do Calypso, de Fafá, da maniçoba, do Stress e da movimentação intensiva dos movimentos sociais. Não por acaso, Belém sedia o Fórum Social Mundial 2009: foi considerada, à época da escolha da sede, a capital mundial da amazônia, para desespero dos governantes manoniquins, que nem com Scwarzenegger conseguiram ganhar do Ver-o-Peso!

E o evento já começa com o III Fórum Mundial de Teologia da Libertação, que contará com a presença, dentre outros, de Leonardo Boff. Você confere isso e muito mais a partir de hoje aqui no Bloguinho Intempestivo.

E você que está ou vai ao fórum, procure a equipe AFINPRESS que está na cobertura, e divulgue o seu evento.


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

Acesse esquizofia.wordpress.com

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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