O presidente da Bolívia, Evo Morales, pela orientação oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, RIO+20, referente às palavras dos chefes de Estados, tinha apenas cinco minutos para discursar, mas diante de um público receptivo composto por manifestantes e índios, ele ultrapassou o tempo que lhe fora dada para gáudio da plateia não reacionária.
Evo Morales além de exaltar os países de orientação libertadoras como os atuais países da América do Sul, também desconcertou o conceito de economia verde disseminado e defendido pelos países capitalistas. Também aconselhou os países a estatizarem seus recursos naturais e serviços fundamentais prestados aos cidadãos. Além de recorrer a Fidel Castro para fortalecer seu discurso.
“Os serviços básicos jamais podem ser privatizados. É obrigação do Estado. A economia verde é o novo colonialismo para submeter os povos e os governo anticapitalistas. Coloniza e privatiza a biodiversidade a serviço de poucos. Verticaliza os recursos naturais e transforma a natureza em uma mercadoria. A economia verde converte todas as fontes da natureza em um bem privado a serviço de poucos.
Acabe com a fome, não com o homem. É preciso pagar a dívida ecológica e não a dívida externa.
Querem criar mecanismos de intromissão, para julgar e monitorar nossas políticas nacionais com argumentos ambientalistas.
Não é possível que uma civilização de cerca de 200 anos ou 300 anos tenha conseguido destruir a vida harmônica que os povos indígenas desfrutaram durante mais de 5 mil anos”, discursou o presidente boliviano.
Enquanto isso, na reunião sobre combate ao desmatamento a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e alguns ambientalistas entraram em litígio sobre a política adotada pelo governo referente ao tema. Os ambientalistas com cartazes e palavras de irdem protestaram contra as ações do governo e a liberação de grandes obras como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu, no estado do Pará.
“Isto aqui é um espaço democrático. Por isso, vocês interromperam a reunião e se pronunciaram. Não há nenhuma restrição, mas sempre há mais de uma posição a ser dita. No Código Florestal, realmente a luta não acabou. Mas vamos ter que ir para o Congresso Nacional, um espaço democrático da sociedade brasileira, defender os nosso interesses. E eu gostaria que os ambientalistas elegessem mais deputados e senadores ambientalistas.
Fiquem juntos com o Ministério do Meio Ambiente. Não fiquem contra. Porque nós já somos muito poucos perante àqueles que não querem deixar a Amazônia em pé”, disse a ministra.
As ambientalistas Maíra Irigaray, do Movimento Xingu Vivo para Sempre, e Malu Ribeiro, da Fundação SOS Mata Atlântica, justificaram a razão dos protestos.
“Temos tentado um diálogo aberto com o governo sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e sobre o retrocesso do Código Florestal, mas não existe um diálogo verdadeiro. Inúmeras vezes tentamos audiências, mas não fomos recebidos. As obras avançam sem nenhum monitoramento”, justificou Maíra.
“Mostrar aos presentes que a questão do Código Florestal, embora a ministra tenha dito que não acabou este jogo, faz o Brasil retroceder. Nunciam o pacto pela desmatamento zero na Amazônia na mesma época em que sancionam um código florestal que permite a redução de áreas protegidas e consolida as ocupações da soja e do gado na Bacia Amazônica”, justificou a ambientalista Malu Ribeiro.
Leitores Intempestivos