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A SECRETÁRIA DA SEMED, TEREZINHA RUIZ, NÃO FOI DEMITIDA

O filósofo Baudrillard diz que todo sistema cria um “princípio de equilíbrio, que se mantém por suas trocas” relativas aos valores, as causalidades, e as finalidades sob regras duais do bem e mal, verdadeiro e falso, o signo e seu referente, e sujeito e objeto. Quando esse princípio de equilíbrio é abalado, ocorre o cataclismo: os homens não sabem como se orientar no mundo. Ou, particularmente, em seu mundo.

Com a cassação do “prefeito” (aspas em virtude da medida cautelar que lhe sustenta) Amazonino pela magna juíza Maria Eunice Torres do Nascimento, aquilo que era para ser um “princípio de equilíbrio” da administração pública municipal, passou a se mostrar como uma cataclismo baudrillardiano. A gestão que teria um equilíbrio legal com suas regras de trocas, tornou-se um “faz de conta”. Cassado em primeira instância, e sob ameaça de a qualquer momento ter a sentença definitiva que lhe afastará de vez do indicativo “prefeito”, Amazonino, não se aventurou a arriscar uma performance administrativa a ponto de seus atos serem tomados como reais.

Em meio a abolição do sistema como “princípio de equilíbrio”, portanto coberto pelo véu da obnubilação do indefinido ameaçante, a sua administração não poderia apresentar a lógica coesa das nomeações democráticas. O que significa dizer, que todos seus secretários, também, encontram-se na ordem do cataclismo, por isso atuam no “faz de conta”. O que leva a população a não ter como designação real quando é anunciado mais uma nomeação, ou mais uma demissão de membros de seu secretariado.

Daí que, como não existe nomeações, não existem demissões. O fato é tão da esfera fragmentária do supra-real, que não dá nem para qualquer secretário adaptar, para si, a frase do ministro da educação, na ditadura, Eduardo Portela, que disse: “Não sou ministro, estou ministro”. Ninguém pode estar (do filósofo alemão, Heidegger) sem que não tenha uma procedência ontológica. O que até os alunos do curso de filosofia da UFAM sabem.

Desta maneira, a eterna secretária de educação do grupão da direita, Terezinha Ruiz, não foi demitida, já que jamais fora admitida.

ELEIÇÕES NA UFAM SEGUEM RUMO NORMAL DA DIREITA

As eleições para Reitor da Universidade do Amazonas realizadas ontem, dia 2, transcorreram em clima de total candura como só ocorre nas normalidades das proposições de direita.

Levadas ao segundo turno, com as eleições dos candidatos Márcia Perales em primeiro lugar, que é apoiada pelo atual reitor, que reduziu o sentido de gestão universitária às concepções rígidas das tecnologias e estatísticas (quantos cursos você criou em sua gestão? Eu criei mais), e Nelson Fraiji, médico, que já foi reitor também, com concepção tecnicista produzida pela rigidez do pragmatismo norte-americano, embora tenha sido apoiado pelo PCdoB (e daí?), o sentido de universidade não escapa nada que possa se apresentar com uma possível mudança na concepção do que pode ser uma universidade. Nada relativo às idéia Universitárias de um Kant, um Schopenhauer, um Derrida, e muito menos um Foucault/Deleuze.

Se na primeira eleição para Reitor realizada pós-ditadura com o médico Marcus Barros elevado à condição de reitor, a Universidade Amazonense apresentou uma gestão também presa nos números, sem qualquer preocupação em mudar a subjetividade seca dominante em seus territórios, nas eleições deste ano, a indiferença política que sempre teve presente no Campus, se mostrou altivamente como a força reativa dominante de todos os quadrantes da UFAM. Não é a toa que existe um número grande de estudantes que já no primeiro período de seus cursos se encontram anemizados pela subjetividade reativa que lhes ataca impiedosamente, e quando não abandonam seu cursos, passam a freqüentar suas instâncias como zumbis que perambulam desesperados esperando que o tempo corra célere para chegar o dia em que não terão mais que participar do ritual macabro dos saberes-imóveis.

Todas as chapas apresentadas aos eleitores, como já foi confirmado, confluem para a mesma semelhança de um programa reacionário. Seja quem venha a ser eleito, a UFAM, estará mal servida como instituição transformadora e produtora poiética de saberes moventes, dado o grau de entrelaçamento nocivo infectoepistemológico que passou a dominar seu organismo. A força retrógrada da direita.

OS CONCEITOS “RECONSTRUINDO” E “FORMA LEGAL” NA GESTÃO CASSADA

O sistema capitalista é o produto da transformação da experiência objetiva do capitalista em fetiche. Em outras — ou nas mesmas — palavras, a abstração da mercadoria, extraída da força de produção do trabalhador como alienação transfigurada em lucro. Um “absurdo”, como sentenciou Marx.

Isto faz com que o capitalismo, como sistema, tenha como seu organismo de sustentação um princípio de valores sem suporte real. Uma inconsequente abstração sem relação sujeito e objeto produtivo. Mas tão somente fetichismo: o objeto reificado em uma idéia que o oculta e é tomada como construção social. Daí que, como fetichismo, os problemas que a sociedade capitalista põe ao homem são falsos problemas. O que torna este homem, na busca das soluções, uma simulador. Como os problemas e as soluções são falsas, a sociedade capitalista é doente: o homem é uma abstração.

Então cabe à dialética social “apropriar-se da matéria em pormenor, analisar todas suas formar de desenvolvimento, e encontrar os seu elos internos” (Marx), para, assim, realizar a desconstrução fetichista em que está envolvida a matéria. E então construir o mundo objetivo real à experiência e ao conhecimento. O fim da abstração.

Desconstruir é apanhar as falsas proposições do capitalismo em todos seus encadeamentos, que em seu conjunto se apresenta como construção representativa, e tentar, “pacientemente”, com novos signos-disjuntivos, liberar as forças aprisionadas que no exterior são travestidas de necessidades pelo capitalismo, para torná-las forças produtivas. Pois, fora do método social da dialética, o mundo permanece abstração.

A ABSTRAÇÃO DA GESTÃO CASSADA

Observando em geral as manifestações das enunciações políticas e publicitárias, a maior parte da população entende que é muito difícil encontrar aí vida inteligente. Se o Brasil dependesse dos arroubos intelectuais/criativos destes profissionais, sua história seria muito prior. Peguemos o que nos mostra a gestão, em Manaus, da “nova prefeitura”.

Com quase três meses de empossado, em função de uma medida cautelar, pois fora cassado em Primeira Instância pela ilustríssima juíza Maria Eunice Torres do Nascimento, a gestão auto-denominada de “nova prefeitura” de Amazonino, convivendo com a angústia de a qualquer momento ser afastada definitivamente do cargo municipal, e, ao mesmo tempo, tendo que apresentar respostas ás indagações administrativas da população, usa como recurso, a mais escabrosa técnica de persuasão coletiva: o marketing. Para isto, usa os chavões “reconstruindo” e “forma legal”. O fracassado método de denegrir o outro para tentar ser tido como importante. É aí que a “nova prefeitura” mostra suas veias em estases: paralisia do sangue administrativo.

SOBRE O “RECONSTRUINDO”

Dois entendimentos — Um entendimento. No entendimento senso comuníssimo, que é da ordem demagógica, reconstruir é sempre sobre o que foi desconstruído. Logo, reconstruir com o mesmo modelo. Dar continuidade. Ou seja: nada de novo. Aqui, a “nova prefeitura” está somente simulando o novo com seu marketing. Outro entendimento. Este é da ordem do novo. Para reconstruir é preciso desconstruir a estrutura antiga para fazer emergir uma nova, como dizem os filósofos marxistas da Escola de Frankfurt. Aqui, a gestão Serafim revela o engodo da “nova prefeitura”. Como Manaus foi tomada durante décadas pelas gestões da direita, e sendo Serafim, prefeito da gestão passada, do PSB, ele teve que desconstruir as estruturas fetichistas que predominavam na administração pública de Manaus para revelar, pelo menos em partes, o novo. Síntese da obra ficcional: A “nova prefeitura” está realmente “reconstruindo” Manaus: está recorrendo ao velho modelo que Serafim desconstruiu.

SOBRE A “FORMA LEGAL”

Dizem os psicólogos da Gestalt que a forma é o que salta do fundo como conhecimento. A lógica da figura/fundo para o homem conhecer e criar o seu habitat natural e social. A forma como potência poiética. Nada que exista em marketing. Portanto, a forma do marketing da “nova prefeitura” é um espectro.

Quanto ao legal, dizem o juristas que são as normas que direcionam os homens em sociedade para suas atitudes de direito. Como diria o filósofo Platão: a justiça como justo. A “nova prefeitura” sentencia “forma legal” como uma claríssima alusão que a administração Serafim não foi legal. Digamos que não seja isto. Então saltam duas morais: a que servia a Serafim, e a que, agora, serve à “nova prefeitura”. Como no Estado não existem duas justiças sociais, uma das duas não é justa. Ou então confirma-se o objetivo persuasivo do marketing: o blefe. O que faz do blefe na administração pública um ato ilegal. Vender o que não existe, e ainda comprometendo a honra de outro. No mínimo do mínino jurídico, dá Procom. E coletivo.

É bem provável que todo este desconforto administrativo tenha sua causa principal no entendimento do que seja democracia constitutiva. A democracia em que as potências do povo são quem constrói a cidade. A polis dos desejos coletivos, onde não há espaço para o fetichismo social e nem o blefe publicitário.

DO FARDAMENTO COMO MARCADOR DE PODER

Diferentemente do imperativo hierárquico da Idade Média, as formas de dominação na modernidade funcionam por uma marcação milimétrica e minuciosa do espaço e do tempo para subjugar o corpo. E, como ensina Spinoza, aquilo que ocorre ao corpo se estende à alma. Um dos detalhes utilizados tanto para incluir uns quanto para excluir outros é o fardamento. Através dele se decide quem pode entrar, sair, dar ordens, realizar determinadas atividades, etc. As justificativas para a rigorosidade no traje nas instituições são, geralmente, as mais absurdas. Por exemplo, nas escolas é para diferenciar quem é aluno e quem não é por medidas de segurança. E quase sempre, quanto mais rigorosa sua atenção, este expediente numa instituição funciona para maquiar, criar um rosto belo e encantador onde existe apenas vazio, insegurança, simulação.

NUMA ESCOLA DE MANAUS

Um exemplo desse tipo de cuidado excessivo com o fardamento vem sendo denunciado neste bloguinho intempestivo por pais e responsáveis de alunos da Escola Estadual Ernesto Penafort. Segundo eles, hoje pela manhã, ao levar os filhos para a escola, cerca de 80 crianças foram barradas na entrada devido à calça comprida que trajavam. Segundo o vigia e outros funcionários, a ordem da diretora da escola, Graciete Simão, era somente permitir a entrada dos alunos trajando calça comprida jeans azul ou preta. Segundo pais, o rigor era tão forte que se a calça tivesse algum outro tipo de coloração — um pouco esverdeada, um jeans envelhecido, arroxeado, etc — não era permitida a entrada, parecendo-lhe um critério na verdade muito abstrato. Segundo pais, havia uma dificuldade dos funcionários em verificar a cor de calça de determinadas crianças, que, embora estando totalmente dentro dos critérios adotados, foram impedidos de entrar. Outros dizem que, sabendo-se a dificuldade de se encontrar em lojas de Manaus calças jeans as mais básicas possíveis, será difícil enquadrar as crianças no fardamento exigido na escola.

Detalhe, as crianças estavam todas usando camisa de farda “comprada” da escola. Algo comum em Manaus, onde, mesmo sendo obrigatória a distribuição de fardamento gratuito na rede pública de ensino, as escolas adotam outra farda “particular” para diferenciar-se notoriamente das outras.

Depois de acalorada discussão no portão da escola Ernesto Penafort, na qual os pais e responsáveis presentes acusaram a direção da escola de “irresponsabilidade”, “abuso de poder” e “discriminação”, somente quando um grupo de mães, indignadas, resolveram derrubar o portão foi que o acesso das crianças foi permitido. Uma das mães filmou a ocorrência, e os pais pretendem organizar-se e fazer denúncia formal da situação. Segundo eles, amanhã estarão preparados novamente pela manhã à frente da escola.

Como quase todas as escolas de Manaus se avultam entre as melhores do estado do Amazonas, a escola Ernesto Penafort há muitos anos se autointitula entre estas. Enquanto isso, o Amazonas vai garantindo a lanterna do Enem, enquanto esse rosto mascarado, formado por detalhes como fardamento, esconde a fraude de um sistema educacional defasado e inconsistente. Como diria Michel Foucault, o poder é muito frágil, por isso ele necessita de uma infinidade de nós para se manter, mas qualquer sopro pode fazer desmoroná-lo.

O FASCISTA BERLUSCONI SIMPLIFICA AS PALAVRAS POVO E LIBERDADE

A Itália é um país que, politicamente, é fácil de se compreender. Sempre criou forças democráticas historicamente capazes de influenciar alguns países da Europa. Entretanto, ao mesmo tempo em que se configura como forças não consegue fazer emergir estas forças permitindo ser ocultada pelas armadilhas místicas/capitalistas dos grupos reacionários. Constatação: a configuração do fascismo.

Desta maneira, vista pela crítica política, a Itália é um país de esquerda, só que sofre de uma síndrome que se manifesta com grande vigor no momento em que é convocada a se constituir poder. É neste momento que a potência democrática/socialista/comunista carregada pelos filósofos, intelectuais, artistas, cientistas, professores, operários, todos anti-fascistas, se separam pelo fator “minha idéia é mais adequada”, e a direita aproveita e faz a festa. Assim, a esquerda na Itália tem se mostrado nestas últimas décadas o elemento político construtor da hegemonia da direita fascista.

É neste constante andante de ruptura desnarcisada das esquerda que um fascista como Berlusconi esparge seu dom de canastrão do universo da desrealização do mundo. Desta maneira, dando seqüência a este dom, ele invade palavras originariamente políticas e as simplifica, vampirizando suas potências sociais, transfigurando-as em semiótica esvaziada de qualquer sentido político. Aí está ele como presidente do novo Partido do Povo da Liberdade. Misto de dois partidos fascistas, o seu, Forza Itália, mais o Aliança Nacional.

Povo e Liberdade, duas práxis historicamente políticas, transfiguradas em uma alusão linguística vazia. Duas quimeras. Visto que não possuem essência como vivência multitudo, povo, como afirma o filósofo italiano Toni Negri, e nem existência, como engajamento político das classes trabalhadoras representantes produtivas do povo.

Diante de uma esquerda romantizada e rivalizada, o fascista chefe do governo italiano, Berlusconi, faz das palavras Povo e Liberdade dois signos vazios suficientes para usá-los como simulacros democráticos facilmente casados com as colorações de seu show delirantes.

E neste realismo fantástico da política italiana, onde a esquerda é tão somente coadjuvante, a crítica socialista não aceita a jocosidade reducionista: enquanto Berlusconi debocha, a esquerda se afrouxa. Mas sim, em Povo e Liberdade, Berlusconi não é verdade!

XUXA TEM ORGASMOS ENTRE DUENDES E BAIXINHOS

O homem, em sua fantasia hedonista (do grego, prazer) sexual, sempre sentiu que não anda muito bem com essa coisa chamada de volúpia genital. Para tal, inventou mil estratagemas sensuais para ver se conseguia o tão cantado e decantado gozo confortante e reconfortante da matéria erótica.

Mas um dia apareceu um tal de Freud e afirmou que estava difícil a liberação orgástica tal a repressão moral imposta pela tirania patriarcal/judaica/cristã: negação da carne. Em outro dia, para piorar, apareceu um tal de Reich com uma teoria do orgasmo fundado em uma couraça muscular e mais a força cerceadora do capitalismo, que rouba o prazer do homem através da anulação de sua força de produção. O necessário para impossibilitar orgasmo. Nada de alívio sexual: não dá para gozar no pecado, e muito menos tendo sua força de produção alienada. A condenação da igreja e do capital. Ambos com um único objetivo: transformar o infortunado sexual em escravo produtivo para seus propósitos. Um, extra-terreno e, outro, exclusivamente econômico.

O certo é, ou errado, que tanto Freud, como Reich/Marx acreditaram que o orgasmo só é possível em alguém livre. Alguém em que as forças repressoras místicas/míticas e econômicas não interferem em sua saúde produtiva. Alguém cuja paranóia castradora dos pais, e ditos educadoras, não foram suficientemente eficazes a ponto de inibir o jogo erótico do orgasmo. Alguém que, como bem disse Reich, carrega a força da saúde realizada no trabalho e no amor.

OS ORGASMOS DA XUXA COM UM DUENDE EMBAIXO DA CAMA

Eis que a rainha dos baixinhos, no auge dos seus 46 anos, afirma em programa de televisão que já viu um duende embaixo de sua cama, ao mesmo tempo que confessa ter orgasmos múltiplos.

Os duendes são entes imaginários nascidos e provenientes das florestas européias, principalmente da Baviera, que habitam os contos de fadas. São entidades graciosas para as crianças brincarem com suas imaginações férteis. O que significa que os duendes nunca são atualizados pelo pensamento como entes reais. Jamais saem da fantasia do princípio do prazer freudiano. Como é gostoso brincar de roda!

Quanto ao orgasmo, como é um fator de matéria genética/biológica/genital, quase sempre é confundido, nas mulheres, com viração de olhinhos acompanhada de gritinhos nervosos e, no homem, com ereção e ejaculação. Nunca com o que realmente é: revolucionário. Daí porque muitos não o vivenciam e muitos tem dele o maior pavor, pois trata-se de fator da natureza e da ordem da turbulência. Da declinação e do choque no espaço do Clinamen.

Assim é que, em meio aos duendes e baixinhos, muitos pais afirmam que tiveram seus filhos no compromisso sagrado do amor. Ejaculou no período fértil da fêmea, ela engravidou, depois nasceu o filho sacramentado. Mas os duendes são da mulher e do homem produto fictício cultural. Da mesma forma que os programas de TV que assaltam o genético e o democrático das crianças.

Então lá vai Xuxa entre duendes, fadas, e baixinhos contando frêmitos de seus suspiros/fálicos orgásticos, sem nunca desconfiar que para ter orgasmo no capitalismo é preciso transformar João e Maria em seres reais que caminham nas superfícies tórridas dos asfaltos das urbes.

ROBÔ-MODELO ANUNCIA FIM DO IMPÉRIO DAS MODELOS

Os cientistas japoneses presentearam o mundo da moda com uma robô modelo que, além de andar, mexe os olhos, fala, e demonstra sentimentos(?). A robô-modelo abriu o desfile mundial de moda no Japão encantando os presentes com seus movimentos muito bem planejados e teleguiados.

Como a profissão de modelo é uma das mais desativadas (o profissional assim é, por seu grau de ausência ontológica) da sociedade de consumo do sistema capitalista, visto que ser modelo é sofrer no psicodélico paraíso da moda sem direito aos princípios integrais do sensual, do intelectual, o clone, robô-modelo japonês não vem acrescentar nada no império da moda. A não ser tornar evidente o que já se sabia: que um modelo, como um mero ente carregador dos signos vazios da moda, não existe como um corpo-sexual. Mesmo que a propaganda simule sua existência no momento do desfile. Nenhuma nota do sexo se manifesta. Nada em uma modelo salta como sexualizado, dado sua precípua função de se tornar ausente sob a peça que finge mostrar.

A Bioenergética do psiquiatra Reich — descobridor da couraça muscular, ponto de tensão onde a energia do corpo é contraída —, mostrou em seu conceito de corpo traído, o estágio esquizóide bem visível na maioria das modelos: cabeça caída sobre o pescoço, e os olhos distantes. Uma posição superior do corpo que se evidencia mais pelo deslocamento dos quadris. O robô-modelo não desloca os quadris, mas carrega a mesma ausência espaço temporal, e o mesmo olhar perdido em profundidade, das ditas modelos de “carne e osso”.

O filósofo da “Troca Impossível”, Baudrillard, em seu conceito de “crime perfeito”, onde prevalece a igualdade como vazio total, em que não existe testemunha de nada, já havia nos apresentado essa realidade virtual que engolia — engoliu — o mundo real. O que ele disse é que todos são replicantes. No caso das modelos, a replicância é mais visível. Se Gisele B. desponta é só pela força sedutora do marketing, pois ela também faz parte do comando replicante, agora tornado público pela robô-modelo que anuncia o fim do império das modelos simuladas de “carne e osso”. Quando do “osso” e da “carne” só havia o espectro, agora revelado pela ‘amiga’ robô-modelo japonês.

Para quem duvidar, dar uma olhada no cinema de Chaplin.

TRÊS NOTAS CURTAS DO MICROFASCISMO ANTIFUTEBOLISTA

QUANDO A BOLA MURCHA, O CORPO SOCIAL PADECE

O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, mostrou o quanto entende de futebol ao tratar sobre uma partida do campeonato paulista em que o tricolor enfrentará o São Caetano. O time interiorano quer transferir a partida para a cidade de Presidente Prudente, e o cartola tricolor “ameaçou” colocar os juvenis do clube para jogar a partida. Juvêncio afirmou que o time prioriza a Libertadores, e que não coloca os juvenis “em respeito ao torcedor, à mídia e às empresas que investem dinheiro”. Faltou falar do (des)respeito aos futuros profissionais do clube, que são usados como arma de vingança, evidenciando o aspecto mais marketista do que futebolista do clube. O “patrão” Juvenal, com sua atitude, além de evidenciar a ignorância sobre futebol, comete assédio moral, já que deprecia a qualidade ou o trabalho de seus subordinados. Caso para para a Delegacia Regional do Trabalho paulista. Ou o time juvenil do São Paulo é tão ruim quanto o adulto?

O Corinthians também anda usando técnicas de marketing de guerra para sobreviver no deserto futebolístico brasileiro. Mas o alvinegro paulista, diferente do irmão siamês tricolor, não ameaçou: já colocou em prática o seu plano antifutebolístico. O clube anda cobrando “couvert” artístico para colocar Ronaldo em campo. Contra Itumbiara e Palmeiras, foram 450 mil reais a mais nos cofres, graças à presença estática do ex-jogador em campo. Mas do que um sintoma de que no futebol brasileiro, fala-se de tudo, menos de futebol, a atitude é no mínimo engraçada. Resta saber se a atração bisonha vai arrastar multidões curiosas com o inusitado mais tempo do que o artista da fome de Kafka… Na ficção, o artista foi substituído por uma pantera. E no hiper-real, quem substituirá o artista do fastio futebolístico?

Restou à psicanálise explicar porque meandros a homossexualidade latente, o desejo refreado e interdito pela Lei e pela ordem da moral social, se manifesta inconscientemente no plano consciente. A homofobia é um deles. Bate-se num homossexual não pelo ódio ao outro, mas pela impossibilidade de suportar a homossexualidade mal resolvida em si. O futebol, que pode ser entendido como uma sublimação dos investimentos libidinais homossexuais, já que promove a confraternização entre homens tendo a bola como efêmera justificativa, não por acaso, é palco-mor da homo e da xenofobia. Assim, o machão, machinho, machasso técnico do Figueirense, de Santa Catarina, Roberto Fernandes, usa um vestido cor-de-rosa como método (anti)pedagógico de punição. O jogador que treinar e apresentar baixo rendimento deve usar durante todo o dia um vestidinho rosa, e ser vítima de achaques e chistes de seus colegas. Considerações analíticas à parte, trata-se de uma evidência de estreiteza epistemológica. Fosse em uma escola, seria passível de processo. Já que se trata de futebol (tratar-se-á?) a questão é de ordem intelectiva: ou como afirma o ditado popular dos tempos de guerra: amedronta o inimigo com aquilo que a ti causa pavor.

KAKÁ E O MANCHESTER CITY: TODO HOMEM TEM SEU PREÇO

Reza um velho ditado do capitalismo, e talvez anterior a ele, que todo homem tem seu preço. Se o ditado é anterior ou não ao modo de produção do capital burguês, não sabemos, mas que o enunciado expõe de maneira inequívoca o seu funcionamento, isto é certo.

No capitalismo, os objetos valem menos pelo seu valor enquanto utilitários à existência humana em coletividade do que pelas flutuações da necessidade coletiva em função da sua demanda. De forma que os objetos, transmutados em mercadoria, se equivalem, ainda que em sua funcionalidade sejam incompatíveis.

Não apenas os objetos mais usuais, mas praticamente tudo o que pode ser alienado acaba por se transformar em mercadoria. A força de trabalho, por exemplo. As crenças, o chamado caráter, a moralidade individual, tudo, pela ótica do capitalismo, pode ser comprado. Incluindo Deus.

A CÉSAR, O QUE É DE CÉSAR

O craque santificado e futuro pastor da Igreja Renascer, do casal presidiário Sônia e Estevam Hernandez, meia do Milan, Kaká, vem sendo sondado desde o início da temporada pelo Manchester City, time inglês turbinado pelo capital oriental do Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, para fazer parte do elenco do clube. Nahyan, em termos de dinheiro, deixa o multibilionário russo Roman Abramovich, com seus 2 bilhões (perdeu 16 bi na queda das bolsas de valores no ano passado) muito para trás. Desde que comprou o bibelô futebolístico, o sheik tem tentado comprar o meia brasileiro.

Na primeira tentativa, a negativa do santo craque: o Manchester City é time pequeno, não tem estrutura para disputar títulos e nem projetar seus jogadores aos prêmios internacionais. Kaká desdenhou. Como prêmio de consolação, Zayed comprou Robinho, que saiu do Real Madrid sob uma chuva de moedas.

Na segunda tentativa, semanas atrás, o sheik ofereceu 120 milhões ao Milan, que lavou as mãos e disse que aceitava. Kaká, mais uma vez santificado pelo espírito santo da dupla Hernandez (condenada por fraude fiscal), afirmou que dinheiro não importava, e que não trocaria um time com projeto a longo prazo por uma aventura em um time que está namorando a zona de rebaixamento da Premier League. Prefere ser campeão da Champions League e eleito o melhor do mundo, e não o conseguiria a curto e médio prazo no City.

Na terceira tentativa, esta semana, Kaká balançou. O Sheik ordenou que as bombas petrolíferas fossem colocadas a todo vapor, e ofereceu US$ 150 milhões ao Milan (Berlusca já falou que topa…), além de mais de R$ 1 milhão por semana ao craque de Deus (US$ 500 mil).

Kaká, que não é Pedro, não esperou o cantar do galo e nem negou a seu deus pela terceira vez. Deve arrumar as malas e mudar-se da glamourosa Milano para a operária Manchester, tendo ido o pai à frente para fazer o trabalho de receber as 30 moedas, com juros e correção monetária. Não, Kaká não traiu o Milan, que está mais interessado nas verdinhas que entrarão e poderão ajudar o clube a arrumar a defesa modelo anos 80 que ainda exibe. Mas arranha, para quem ainda acreditava, a sua imagem sacrossanta de pureza.

Segundo o evangelho de Lucas (16, 12): “ninguém pode servir a dois senhores, porque odiará a um, e amará o outro, ou se prederá a um e desprezará o outro. Não se pode servir a Deus e a Mamon”. Mamon, para quem não sabe, era o deus da riqueza dos Sírios, feito todo em ouro e prata. Parece-nos que este versículo não consta da versão Hernandez da Bíblia.

Contradiz também a fala de Pelé que, na semana passada, pediu que Kaká continuasse como ídolo do Milan. No entendimento do Rei, a mudança constante de jogadores de um clube para o outro, em ritmo mais frenético que porta de motel em época de carnaval, prejudica o futebol, pois não permite que as crianças criem um vínculo com o clube e seu ídolo. Pelé levou um drible do futebusiness se realmente acredita nisso.

Kaká, que não é Pelé, muito menos Maradona, já não fala em Champions League (a não ser, como afirma a reportagem do periódico espanhol El Mundo Deportivo, para solicitar um acréscimo no pagamento como consolo por não disputar a taça), e muito menos em projeto a longo prazo. Projeto, só mesmo o da independência financeira dele, que pretende ser pastor quando se aposentar. Bom saber que, na sua trajetória, já está aprendendo a construir o reino de Deus na Terra.

Enquanto isso, Cristo só…

Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca…”

(Liberdade, do poeta lusitano Fernando Pessoa)

LULA NA ITÁLIA: AÇÃO INTEGRADA E REALIDADE INTEGRAL

Lula chegou domingo à Itália para uma visita de cinco dias, que terminará na próxima quinta-feira. Ontem houve o encontro com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, e o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, hoje será o encontro com o primeiro-ministro “Il Caimano” Silvio Berlusconi, depois empresários, banqueiros e, finalmente, seu último encontro será com o papa homogenista Bento XVI. O principal tema do encontro é o “aquecimento” da relação comercial entre os dois países como parte de uma ação integrada para conter avanços da falsa crise financeira mundial.

Entre abraços e apertos de mão de Lula e Berlusconi hoje, parece apenas um visita protocolar de chefes de estado. Mas dadas as disparidades biográficas/políticas entre os dois, é preciso ver a partir de uma análise radical, à maneira de Baudrillard/Marx, num vídeo chamado Carnaval Canibal, que ele enviou a Porto Alegre, para ser projetado no seminário “Metamorfoses da Cultura”, ocorrido em 2005, e que se encontra traduzido e transcrito no CMI Brasil.

TODOS NO MESMO BARCO. MESMO?

Diferentemente do crash da bolsa de Nova York em 1929 e até mesmo da quebradeira brasileira durante os (des)governos de Fernando Henrique —, já não há tantos traços de dominação, que instituía uma relação de subjugação do Brasil aos países aos países europeus e, principalmente, aos Estados Unidos.

A hegemonia começa aí, neste desaparecimento da relação dual, pessoal, conflituosa, em proveito de uma realidade integral: a das redes, do virtual e de uma troca integral, onde não há mais dominantes nem dominados.”

É por isso que Lula, que faz um governo de afirmação democrática, conseguindo estabilizar a economia brasileira, agora tem de sentar à mesa com Il Caimano, com quem em outros tempos estaria em embate, para tentar entrar em um “consenso” outra faceta de comprovação da hegemonia.

A FRÁGIL FORMA METASTÁVEL

Acontece que a hegemonia somente é hegemonia se absorver tudo, inclusive, em metástase, aquilo que lhe é negativo: Lula, um torneiro mecânico se torna presidente do Brasil, Obama, um negro na presidência dos Estados Unidos, são exemplos. Mas tudo na hegemonia é ambíguo, ela está sempre tentando falsear as singularidades “até se tornarem uma paródia de si mesmas”. Lula disse recentemente que há uma torcida para que a chamada crise afete o Brasil. A direita, canhestra que é, com sua interface, a mídia seqüelada, ressentiu-se; mas a questão não é só do ponto de vista econômico, passa por uma deculturação generalizada, “rebaixamento dos valores”, adesismo igualitário, etc. É esse simulacro, essa repetição da história como farsa (Marx) que a direita brasileira, americana, européia, Silvio Berlusconi tenta segredar/segregar. No mais, na passagem de Lula pela Itália, ele prefira o encontro aí sim, finalmente um encontro — com o cineasta Nanni Moretti, e oxalá as impressões de Baudrillard sejam afirmadas:

Todos aqueles países que se quer aculturar à força aos princípios de racionalidade econômica e política, ao mercado mundial e à democracia, a um princípio universal e a uma história que não é a deles, da qual não têm nem os fins nem os meios (e aliás será que nós, os ocidentais, os donos do mundo, ainda estamos à altura desse empreendimento universal de domínio, que parece hoje nos ultrapassar por todos os lados e funcionar como uma cilada cujas primeiras vítimas somos nós mesmos?) ? todos esses países que são o resto do mundo nos dão a impressão (o Brasil, por exemplo) de que jamais serão aculturados a este modelo exógeno de cálculo e de crescimento, que são profundamente alérgicos a ele.”

QUEM TEM MEDO DA GLOBO?

A própria Globo!

A Globo tem medo de não ser suficientemente insignificante (não constrói signos) na sua órbita artificial produtora de dissipações. Tem medo de que suas desrealizações do social não sejam capazes de manter seduzidos os telespectadores que, em suas próprias autonomias, apesar de suposta parceria tele-ensignante, mantém a decisão de opinar sobre o que não quer ver, mesmo ligando em qualquer canal. O medo como presença real de signos-virtuais desativados que voltam sobre si mesmos depois de um longo período de ativação como suporte da liderança de audiência. A indiferença das imagens banalizadas, que não mais refletem a ilusão do real-social que tanto a Globo vendeu como realidade do povo brasileiro.

A ESTUPIDEZ DA GLOBO

Sempre se afirmou que cognitivamente não há vida inteligente na TV, e sempre se deu mais ênfase à esta assertiva quando se tratava da Globo. Então, eis que agora a Globo, em seu desespero diante das baixíssimas audiências, revela para si mesmo o que muitos já sabiam o seu grau de estupidez: não percebeu durante toda sua voracidade que também estava aliada à produção da teia do despojamento do objeto-real que servia de mercadoria para ilusão da troca. Não percebeu que abusando de suas tecnologias-virtuais estava esvaziando exatamente a nota de sua enganosa superioridade: o desejo áudio-visual como seu equivalente. O que mantinha a troca televisiva. O signo que supunha ser eterno no telespectador. A garantia de sua audiência. Agora, na órbita da banalização das imagens superexpostas, onde a sua única certeza é a não-equivalência, tenta por todos os meios escapar dos últimos estertores de sua extinção. Nisso, recorre a signos que acredita, em sua estupidez, ainda tele-ativados; como escandalizar noticiais contra o governo Lula, insinuar que não pretende pretendendo beijo Gay em novela, moralizando narrações futebolísticas, etc. Mas nada reflete: os signos sedutores perderam suas forças fantasiosas de troca.

A INCERTEZA RADICAL DA GLOBO

O filósofo Baudrillard diz que no espetáculo da nulidade virtual a única certeza que se tem é a da incerteza radical: nada existe para ser trocado. Tudo que antes era meritório em função de uma realidade produtiva, desapareceu como princípio do nada instaurado pela telemorfose onde a maioria é apresentada como único, em uma harmonia espectral que não se distingue mais quem é ator e espectador. “A realidade integral”. “O crime perfeito: a eliminação do mundo real”. Talentosa cúmplice no assassinato do mundo real, a Globo se perde na vertigem de suas próprias imagens-virtuais, alucinando ser também dos telespectadores, o que não é. Homo-Imagética autocomunicante ecoando em si mesma. Ironia de seu Big Brother: não há como se ver. Não há nada a ver na nulidade do real. Aí o trunfo do telespectador: visitar a casa, sabendo que não há nada a ver. Por isso sair incólume, e poder fazer suas próprias escolhas. Por exemplo: reeleger Lula, acreditar em seu governo, trabalhar para um Brasil melhor, tudo que lhe permita sentir que é sujeito de sua história. Nada do que a Globo pretende significar (afirmar realidades) em sua insignificância. Daí que o servil (ser-vil) Aguinaldo Silva não ser ameaça ao governo Lula, e nem necessário a causa GLBT. Daí a deputada Cida do PT-RJ, da Frente Parlamentar GLBT, não entender que agente da Globo não auxilia na realidade da democrática causa.

A TROCA DE PAPÉIS ENTRE BUSH E BENTO 16

O assunto mais comentado sobre a ida de Bento 16 aos Estados Unidos foram os abusos sexuais cometidos por padres pedófilos, os quais deram imensos “prejuízos” para a Igreja Católica. E agora que o Papa vai na terra onde predomina o protestantismo, ninguém teme ou venera, o que na longa história da Igreja geralmente foi o mesmo. Ao contrário, todos se preparam para fazer manifestações de protesto contra posições e decretos universalizados de Roma.

Durante dez séculos de Idade Média a Igreja pôde dispor do poder espiritual e dividir, de má vontade, com os imperadores o secular. Os grandes imperadores com direito divino, após suas grandes campanhas, acompanhadas de imensos massacres, sempre recorriam ao Papa para livrá-los das futuras chamas. Hoje, com o definitivo esvaziamento de todas as formas de poder (Baudrillard), na missa rezada com o encontrão de Bush e Bento 16, estes papéis se vêem totalmente invertidos: a principal ação de Bento 16 nos Estados Unidos é pedir perdão pelos erros cometidos pelo padres católicos; enquanto Bush, ao contrário, é quem disporá do poder de perdoar ou condenar. Como na falta de fogueira, o inferno não existe, se Bento 16 disser que não sabe mais o que fazer com os padres, talvez Bush diga que a solução é mandá-los ao Iraque. É para lá que vão descarregar os distúrbios psicológicos construídos na insegurança e na falta de perspectiva existencial na nação que mais conseguiu instituir uma imagem em detrimento da realidade, produzindo finalmente a des-realização de todo o real.

Mas apesar de não venerar, a população teme, e com toda a razão, a perseguição aos homossexuais, a posição contrária a todas as formas de contracepção, seja a camisinha ou o aborto, qualquer pecadinho. A população sabe que o pedido de perdão faz parte dos jogos oficiais para manter o simulacro. Nessa inversão de papéis, agindo no plano temporal, Bento 16 auxilia Bush em seu maior intento: ter um poder universal como o do Papa. No meio da multidão há quem ajoelhe mais não reze, e há quem veja, baudrillardianamente, nesse encontro o cúmulo do vazio do poder. Não há segredinhos para confessar.

FERNANDO HENRIQUE, ACIMA DE QUALQUER SURPRESA

O filósofo Spinoza diz que nunca sabemos o que um corpo pode. O outro filósofo, Deleuze, tomou para si este enunciado como uma das linhas de corte-devir de sua filosofia. O filósofo Sartre, por sua vez, diz que só podemos saber de um homem em situação: um homem é seus possíveis. De qualquer sorte, os três mostram, com seus enunciados, ser o homem os seus encontros: o que compõe um corpo no encontro com outro. O mundo é um composto (não um todo limitado) infinito de corpos materiais e imateriais. Objetos e idéias. Nos percursos por onde transita qualquer homem, estes corpos se impõem como possíveis em suas pluralidades. Em decorrência da predominância de uma sociedade hierarquizadora, controladora e distribuidora de seu discurso em todas as instâncias política-jurídica, o enunciado mais sedutor, que lança seus corpos como convite ao encontro, é aquele que o filósofo Baudrillard concebe como vazio: o poder. Assim como “o segredo do secreto é não ter nenhum segredo” (Baudrillard), o segredo do poder é seu vazio. Mas há aqueles que pretendem e perseguem este vazio, e que, pela ilusão de sedução, fazem tudo para configurar este vazio como realidade. No nosso caso tupiniquim, a personagem pública que muito nos presenteia com este encontro-vazio é o vaidoso Fernando Henrique. Tudo pelo poder! Até o poder de não ter poder! As declarações do ex-presidente Itamar Franco ao jornal Gazeta Mercantil, onde afirma que o vaidoso, mesmo depois de deixar o Ministério da Fazenda, continuava assinando cédulas do Real, a grande fraude eleitoral que Itamar deixou passar, o que pode, segundo a Justiça, em seu Artigo Primeiro, Parágrafo II da Lei Complementar, Número 64/90 (Lei que dispõe sobre casos de inelegibilidade), enquadrá-lo no crime de abuso de autoridade, assevera esta triste vocação de homens aprisionados nas névoas cintilantes do irreal. Em política, o perigo à democracia: o individualismo-espectral contra a pluralidade social. O ponto-molar de sua fascinação pelo poder responsável pelos tristes oito anos impostos ao Estado Brasileiro. O governo que já começou corrupto. A certeza que seus encontros são bem direcionados e bem calculados de acordo com seus significados de poder. Nenhum ato seu foge a esta intenção-inabalável. Mesmo quando afirma gostar de Lula, o canto direito de sua boca afirma a intenção-inabalável: a inveja. A tradução de quem deveria estar no poder era ele, não Lula. Por isso, nutre a compulsiva idéia da respeitabilidade por via do poder: “Sou um intelectual”. No seu caso: de que vale a intelectualidade se não produz o viver dos iguais, fato que Lula produz? Como uma mariposa ofuscada pela luz artificial, Fernando Henrique, de tanto se mostrar real em sua nudez vaidosa, contribuiu para o povo brasileiro elevá-lo à categoria de um cidadão acima de qualquer surpresa. Tudo que possa vir a fazer, para nós não é surpresa. Parafraseamos a frase sofística que Marx tinha em conta: “Nada do homem me é estranho”. Para nós: “Nada de Fernando Henrique nos surpreende”. Eis o fator relevante da rejeição que a maior parte do povo tem por ele.

DUAS NOTAS PARA HARPA CRISTÃ

Notas Musicais

PRIMEIRA NOTA – LA: O Papa resolveu por apresentar uma nova lista de pecados capitais: manipulação genética, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição ambiental serão acrescentados aos sete já conhecidos por causa daquele filme (nada de cinema) com Brat Pitt. Segundo o Vaticano, a nova lista agora leva em conta mais os aspectos sociais, deixando claro que a antiga lista era muito bem situada dentro da ordem capitalista vigente. Com certeza conseguiu muito êxito: que pobre não pediria perdão pela gula, pela luxúria, pela vaidade? Que trabalhador exigiria seu direito à preguiça? Quando a Igreja era o futuro, estes pecados serviam para garantir a conservação de sua força. Se precisava mais um pouco de força, a Inquisição funcionava. Agora a Igreja admite o atraso, quer se adaptar à “realidade da globalização”. Continua bem situada. Mas todo atrasado está preso ao passado, não como virtual, mas como tempo morto. Poder! Poder! Agora que ninguém quer mais se confessar, só resta a Igreja tentar meter-se no poder secular. Mas enquanto pouco arrependimento conseguirá junto aos grandes latifundiários, políticos corruptos, industriários, de outro lado, os simulacros de poder ainda vão conseguindo atrapalhar o debate científico sobre o aborto e as células-tronco. Falando da alma, mas ainda e sempre a tentativa de controle do corpo. Vendo a trajetória de Jesus, o filho de Maria, escapando ao poder temporal e ao secular, disposto sempre ao encontro para a formação de novas comunidades, com certeza não entoaria: “Perdão, Senhor, pequei!”.

SEGUNDA NOTA – SI: No lado dos pentecostais, mais um moralizador resolveu provar do fruto proibido. Dessa vez foi o prefeito de Nova York, Eliot Spitzer, ferrenho perseguidor da prostituição, que teve gravada uma negociação com uma agência para um encontro com uma prostituta de luxo em Washington, e por isso ficou só na vontade. Uma investigação federal foi quem melou o ‘love’ do prefeito novaiorquino. De boca murcha, como estratégia para manter a pose da moral, ele resolveu pela confissão pública: foi com a mulher, impassível, e pediu perdão por ter “agido de uma forma que viola minha obrigação familiar e viola meu sentido, qualquer sentido, do que é correto e do que é incorreto”. Estamos quase desconfiando que isso sempre ocorre nas corretíssimas famílias norte-americanas. E que, para sorte da união da sacratíssima família, nem sempre estas tentativas são frustradas e frustrantes assim. Mas se der no jornal, na televisão, na internet, se você for político, é praticamente o fim da sua honrada carreira. O que não existe mais — a família nuclear, freudiana, burguesa —, para ser simbolicamente mantida, exige uma força mais rigorosa ainda. Não fosse tanto rigor, talvez o prefeito não precisasse ir tão longe para dar um ‘piço’ por fora, talvez sua própria esposa pudesse ser amante, talvez até construísse uma família americana onde o sexo não fosse um tabu protegido por Deus e pelo Estado, e cada um pudesse seguir a lei do desejo que caminha na direção do amor aberto “à comunidades mais vastas”, como fala Toni Negri. Vem, neném!

ARTHUR NETO O CLONE DO PETELECO?

O Peteleco é um boneco pertencente ao ventríloquo Oscarino, que o usa para animar as festas das crianças. Com tanta identificação com Oscarino e Peteleco, o público de Manaus fez a redução nominal dos dois e conjugou-os em OscarinoPetelco, por acreditarem ser impossível a existência deles separadamente. Como se sabe, o ventriloquismo é uma aptidão neuro-cerebral-fonemática de algumas pessoas quase sempre usada para diversão de um público, criando a ilusão da independência da fala do objeto manipulado. Embora o público saiba ser um “truque” do ventríloquo, entretanto, não sabe como se processa esse truque. Mas uma coisa ele tem certeza: o boneco não fala porque é passivo. Ou seja, um pau mandado.

Pois bem, o senador, “orgulho do Amazonas”, Arthur Neto, depois de suas exacerbações burlescas nos momentos antecedentes à votação da CPMF, com direito a sessão espírita e alusões a escuta de vozes tancredina e covasina (afirmação psiquiátrica e democraticamente perigosa) e mais projeções edipianas no senador Pedro Simon, afirmou ter seguido ordens do invejoso/infanto/juvenil Fernando Henrique. Daí, não há como, desta afirmativa/ventriloqual, deixar de saltar duas interrogativas. Uma – que partido é este onde prevalece a opinião de um indivíduo sabido e sambado pelo povo brasileiro como excluído do seio político por ineficiência e que por tal converteu-se em seu inimigo número um, e que o efeito de sua ordem, executada pelo fiel guarda-costas, vai trazer mais prejuízo a suas hostes do que benefícios políticos? Duas – que líder é este que movido pela sanha do rancor/vingança é capaz de ouvir vozes do além, sem auxílio da percepção/auditiva, mas é incapacitado de ouvir vozes de membros de seu partido se dando na experiência imediata da percepção/auditiva real? Será que no primeiro caso predominou a força sedutora fantasmagórica Moisés/Hamlet/Freud arrastada por Fernando? E no segundo, a força rivalizante do irmão Etéocles contra Polinices, de Sófloces? De qualquer sorte, espetáculo constrangedor para a democracia. Um ventriloquismo nacional. Principalmente quando o povo brasileiro confirma tudo pela explicação de Arthur à imprensa sobre a ordem de Fernando: “Ele acha que no partido as coisas se acomodam bem…”.

Olha aí, companheiro Peteleco, a gente não vai pedir perdão por ter usado teu nome e teu talento para figurar a cena da direita no Brasil porque perdão é só para os estranhos; para os familiares se tem afeição e ternura. Foi só um recurso lingüístico/cognitivo/político sem nenhuma intenção de tripudiar de tua talentosa pessoa. Além de que, o clone nunca é o original. Muito menos o simulacro. E tu és o primeiro e único cuja fôrma “mamãe” se desfez. Mas, cá entre nós, Peteleco, tu acreditas em um partido direitista em que um indivíduo intrigante, sem nenhuma aprovação popular, afirma “que no partido as coisas se acomodam”? E um líder que executa as ordens acomodatícias? Tu não acreditas que este “acomodam” é comprovação da subjetividade reacionária inútil à democracia brasileira?

RENAN, O SENADO E A DUPLA JA

A votação, no senado, para cassação ou absolvição do senador Renan, teve momentos, pré e pós, humorísticos dignos de uma ópera bufa. A começar pelos pronunciamentos recheados de tergiversações do “não tenho nada contra o senador”, “está em jogo o futuro do senado”, “se não fizermos justiça o que vamos dizer para nossos netos”…, elementos imprescindíveis ao espetáculo burlesco. Performance perfeita para disparar no Ibope. Entretanto, o que mais saltou ao riso foram os desempenhos da dupla JA: Jefferson e Arthur. Os ilustres representantes da verve amazonense no senado. O J, o ideal da moral. O A, o “orgulho do Amazonas”.

DA POLÍTICA E DECEPÇÃO DO A

O A, dando continuidade à compulsiva verborragia simulante, incorporou seu personagem senatorial, logo, logo depois que Renan anunciou sua renúncia. Aproveitou a marcação cênica e já gesticulou um vamos pensar no substituto. O senador petista Tião Viana, interino na presidência, mandou um devagar com o andor que a santa é de democracia(?). Em seguida, perguntado sobre os possíveis candidatos à presidência, respondeu um sendo bom para nosso partido, nós acatamos. Nada de sendo bom para o Brasil. Permitindo ao público a inferência que para eles, “o meu pirão primeiro”. Ou, como diria o cineasta alemão Werner Herzog, “cada um por si e Deus contra todos”. Em seu pronunciamento, falou não ter nada pessoal contra Renan, elogiou a carreira política do réu, os bons diálogos que mantiveram, ou seja, reconhecimento de sua importância parlamentar. E pediu, em nome da moral, da sociedade e da honra do senado, sua cassação. Divulgado o resultado da votação, se mostrou transtornado, afirmando estar decepcionado. Inquirido sobre a possível votação a favor de Renan de alguns membros de seu partido, respondeu que era possível. Para quem horas antes, ou minutos, era todo euforia sobre seus parceiros e certeza deificada da conjugalidade do PFL, se não era a encenação da encenação, é de transtornar o intransitivo. Locado no intransitivo, levou o público a pergunta: “Que líder é este, meu, que não conhece a fidelidade dos intransitivos de seu partido e do PFL? Lidera quem? Será que só é líder para a Globo e outras seqüeladas?”.

DA MORAL E O “OVO DA SERPENTE” DO J

Já, o J (belo trocadilho/foniátrico beleza), carregando seus preceitos morais milenares, determinado historicamente pela realeza dominante, como diria o filósofo Nietzsche, subiu ao púlpito sacro/político do senado (porque existem senadores que se acreditam estar em nenhum degrau abaixo de deus, pelo menos o deus deles) enunciando está em uma missão que não pediu e não queria. O público aplaudiu e inferiu um raciocínio do tipo como se não queria, porque aceitou, e engatou a não mais dúvida de que se tratava de uma contagiante bufonada. Indicados para relatores, outros não aceitaram e passar bem, colegas. J, não. Aceitou ser relator, porque não queria aceitar. Aí saltam as indagações hegelianas: “Quem analisou as provas/indícios? Foi o J que não queria aceitar, o que aceitou não querendo, ou os dois? O sujeito-indivíduo, o sujeito-absoluto ou o absoluto-englobante? Em qualquer pessoalidade performática, não foi o J. quem analisou. Daí, a primeira brecha para passar a suspeita sobre a coerência jurídica/epistemológica de J. Quando elaborava seu relatório não era ele quem era o sujeito da práxis jurídica/parlamentar, senhor de si mesmo saído de seu livre arbítrio senatorial. Como diria o poeta: “ninguém ama um ser/amor que não se quer”. E como diria o filósofo da liberdade, Sartre: “todo ato do homem é sua escolha. Até quando escolhe não escolhendo”. Entende-se, então, que J é responsável por seu relatório. Talvez Sartre, para o senador da moral, não importe, já que é um bom cristão e o filósofo um bom ateu. Seguindo seu gestual, o amazonense mostrou mais uma vez ser antibrechetiano ao querer sempre está na pele de outro (Brecht, em sua ironia, diz que todo homem está mais seguro em sua própria pele). Transladou-se epidermicamente ao afirmar que se fosse Renan, no momento em que foi procurado por João Lira, seu acusador, para um negócio com sinais ilícitos, como senador e ministro, mandava ele procurar outra pessoa. O paternal recurso de querer ser modelo para o outro. Ou o enunciado da análise fenomenológica da procura do outro em mim mesmo. O incômodo de minha imagem. Povoar o mundo com a imagem que tenho de mim mesmo. Estou em todos como exemplo imagético. A eliminação do outro em sua liberdade de ser. Ainda tentou filosofar, mas caiu na armadilha parabíblica do bem aventurados os meus imitadores, pois deles serão os meus erros: falou tratar-se de um sofisma a defesa de Renan, um argumento falso querendo se passar por verdadeiro. Talvez, por cultuar o texto platônico do Mundo Ideal, o Topos Uranos, onde habitam os modelos reais das res (coisas) que são sombras no Mundo dos Sentidos, mundo dos fenômenos, as aparências, o senador lançou mão deste recurso socrático-platônico. Não deu outra: o errado é que está certo. Platão é um filosofrastro (falso filósofo) e os sofistas são os filósofos. Platão é maníaco-depressivo em sua busca do Ser vivendo no não-ser, o mundo empírico. Os sofistas são devirianos vivendo em um mundo das contínuas mudanças, onde o movimento e o tempo são indivisíveis. Onde a realidade é produto das combinações dos acasos. Onde nada sai de uma providência. Que digam os filósofos Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Nietzsche, Marx, Deleuze, Negri, Guattari, Rosset… O senador escorregou no filosofema. Em síntese, usando um termo proferido pelo amazonense senador, sua acusação foi pífia. Daí porque foi fácil para Renan, o tautológico, derrubá-lo; também, com pífio argumento. Não precisava nem usar o recurso afirmativo de que se a moda de julgar senadores apenas por indícios sem provas pegasse a maioria do senado seria cassada. Renan lembrou ao amazonense que ele sabia das histórias eleitorais, em seus estados, da a maioria dos senadores ali presentes e ausentes. Fato esquecido pelo amazonense. Os expedientes escusos de serem eleitos através da chantagem, ameaça, uso amaldiçoatente da fúria de um deus perverso, troca de favores, tudo que é antidemocrático. Capturado por seu ideal de senado, fez ouvido de mercador às vozes antipopulares, antisenatoriais, destes senadores em seus estados. Lá onde plantaram suas raízes rumo ao senado. O ponto de confluência da maioria simulante. Por tal, é risível querer se apoiar no cineasta/filósofo Ingmar Bergman para sustentar sua profecia de que o “O Ovo da Serpente” (cinema de 1979) começou no senado. Além de que, dado o qüiproquó senatorial, não salta nenhum nazista com o talento dos nazistas do Reich. E, cá pra nós, a serpente não tem nada a ver com os negócios do homem e muito menos com o texto moral do senador.

ELES NÃO TINHAM COMO ‘CAÇAR’ RENAN

Pela segunda vez, e dessa vez sem sessão secreta, Renan Calheiros (PMDB) foi inocentado das acusações. Mas todos que acompanham o caso, sabem que o que menos conta aí é a inocência. Há muito que essa época passou pelo senado. Talvez nunca tenha existido aí. Existe a inocência? Isso não importa. O que importa ao senado é se os eventos que aí ocorrem servem para aumentar a potência de agir da população ou, ao contrário, só servem para diminuí-la. Mas só para efeito de compreender o que se passa na casa senatorial, façamos o esforço racional de perceber como funciona a concepção falseada de política na imaginação dos senadores. Culpado ou inocente? Em que momento um senador deixa de ser inocente e passa a ser culpado. Por acaso os senadores já não conheciam certos “trambiques” na trajetória política de Renan? Por que somente agora era necessário atacá-lo? É que ele era presidente do senado, e, principalmente, como presidente, era uma força muito grande de apoio ao Governo Lula. E se fosse alguém da a-posição? Quanto tempo levaria um verborroso Arthur Neto (PSDB)? Será que não iriam investigar até a falta de comprovação da “aplicação de recursos transferidos pelo extinto Ministério do Interior à Prefeitura de Manaus em 1989” (aqui)? Não apareceria misteriosamente nenhuma mala pra incriminá-lo? Para continuar aqui com nossas representações amazoniquins, quanto tempo o paladino da moral, Jefferson Péres (PDT), conseguiria provar que o dossiê sobre ele distribuído aos senadores não é verdadeiro? Sabe-se muito bem, que por aí o que menos importa é a verdade. Que digam as inconsistências das provas no próprio relatório contra Renan, apresentado pelo supra sumo da moral senatorial. Provavelmente há piores que Renan, e poderíamos citar infindáveis casos, mas todos são inocentes até se tornarem “a bola da vez”. Renan estava servindo para disfarçar a inutilidade de nosso senado federal, mas sua sinceridade era desesperadora, principalmente para a a-posição, porque era um espelho, e já se passava muito tempo. Por que Renan não foi até o fim como presidente do senado? Está certo que sua renúncia foi uma jogada de Lula em favor da aprovação da CPMF, mas Lula tem conseguido fazer bons governos, apesar da lama da política brasileira, como diria Bertolt Brecht. Esse é o mérito real do sapo barbudo. A verdade pode não importar ao senado, mas para a população importa. Como diz Hannah Arendt: “uma mentira pode até ocultar uma verdade, mas jamais substituí-la”. A população percebe que “inocente” ou “culpado”, no senado federal, é questão de ocasião. Quem será a próxima bola da vez da sanha justiceira no senado? A justiça nunca passa pelo justiceiro. Justiça, neste caso, como defende Cláudio Weber Abramo, talvez só com a extinção do próprio senado. Quem vota?

ENUNCIAÇÕES DAS ESQUERDAS DE MANAUS

Muitos equívocos os homens cometem seduzidos pelos signos lingüísticos. Tomam os enunciados pelo objeto, crendo ter alcançado seus corpos perceptivo ou intelectivo. Forjam existências, crentes em uma realidade irrefutável. Por elas lutam e morrem, mas nunca suspeitam do imaginativo/lingüístico. Definem-se como identidade inalterável. A identidade sem experiência do real que enunciam. Assim, definiram-se esquerda. Uma definição sem atuação. Não se é apanhado em uma experiência transformadora, mas por uma superstição lingüística. Brada-se: “Sou da esquerda!”. Nos últimos estertores da ditadura, aqui em Manaus, aconteceu muito disso. Muitos esquerdas resíduos castradores familiais. Ódio/amor pai/pastor/mãe complacente/marimacho projetados aleatoriamente. Como diria o filósofo Deleuze: muitos falsos drogados, falsos esquizofrênicos, falsos rebeldes escritores, atores, pintores…, tudo sem exame do real. A maior parte emergidos no fim de 70, quando ninguém era mais preso, e 80, menos ainda. Hoje, estabelecidos, continuam não suspeitando de sua esquerda. Não pensa direita e esquerda com Deleuze como percepção/ponto. A direita como um cartão postal. Parte de casa, chega a rua, o bairro, a cidade, o país, o mundo. Se tudo corre bem para si, lutará para assim permanecer: em sua casa cartão postal. A esquerda percebe no ponto/ horizonte. Caminha do distante periférico para a casa. Primeiro pensa o mundo fora. Lá no ponto/horizonte onde as políticas não chegaram. Lá onde não há vaidade e segurança burguesa, o que é próprio da direita. Muitos desses esquerdas são deleuzianamente direita. Eis porque é impossível as transformações pensadas por Marx acontecerem por aqui. Aqui brincou-se e brinca-se de esquerda. Até governantes direitas gostam de brincar de esquerda.

Pois bem, a razão deste esquerdismo enunciatório, deve-se ao comentário enviado a este bloguinho intempestivo pela filósofa, educadora e amiga Humsilka Amorim. Em seu comentário ela trata de um texto publicado por nós em maio com o título Parla! Parla! Lamento, onde examinamos os juízos do deputado estadual Eron Bezerra (PCdoB-AM), sobre os pronunciamentos do deputado federal Francisco Praciano (PT-AM) quanto à adesão do comunista ao governo de Eduardo Braga, um direita apresentado pelos direitas Amazonino e Gilberto Mestrinho, ex-governadores, e sua afirmação de ser o criador da esquerda no Amazonas. A filósofa, em seu comentário, rebate a afirmação do comunista e lista os nomes, para ela, atuantes na construção da esquerda amazonense. Para que nossos amigos blogueiros, principalmente os que ainda não leram, fiquem inteirados do texto, republicamos no afinsophia.blog.com e publicamos no afinsophia.wordpress.com. Assim como também o texto da filósofa…

Nietzsche diz que as ações dos homens são valorações apresentadas de duas formas: adotadas e refletidas. As primeiras, em maior quantidade, são transportadas na infância e conservadas na vida adulta. Negação do atual. A segunda, bem menor, é atualizada racionalmente na vida adulta. Embora ambas sejam antagônicas, nas práticas sociais elas se confundem e são confundidas. A filosofia apresenta exemplos concretos. O filósofo alemão Heidegger, ao ser questionado por sua participação como reitor no governo nazista de Hitler, se defendeu dizendo que cometera um erro. O filósofo francês Sartre, percebendo a armadilha lingüística/moral, defendeu-o, afirmando que o alemão cometera um equívoco. Erro e equívoco. O erro apresenta-se como efeito resultante de uma idéia adotada como única verdade possível em um território temporal. Uma estreiteza do pensamento. O equívoco, uma escolha variante em uma multiplicidade de idéias transportadoras de elementos virtuais imprevisíveis cuja atualização/futurante depende do entrelaçamento das variações das potências. No primeiro caso, a não realização apresenta um julgamento moral: sou culpado. No segundo, um convite a novos movimentos por outros territórios: idéias. Não há culpa. Há sempre um pensamento livre construtor. Pois bem (sem ser um bem), a ‘parla’ dos dois parlamentares, o camarada Eronildo Bezerra e o companheiro Francisco Praciano, no nosso humilde e restrito entendimento de manaura, é mais um lamento que fala dado o emaranhado de erros (auto-produzidos), em maior quantidade, e equívocos (menos importantes a ambos).

O camarada afirma — em cores sem o riso tese de Lênin, como via o filósofo Althusser e o humor de Marx que pertubava a burguesia — que construiu a esquerda do Amazonas pedra por pedra, tijolo por tijolo (cabe Chico Buarque: “Tijolo por tijolo num desenho lógico”. A lógica, uma criação do homem para tranqüilizar a consciência de quem teme o intempestivo). E os outros companheiros? Ricardo Parente, Sardinha, Rui Brito, Humsilka… Robinson Crusoe, solitário na ilha, cria seus objetos materiais tendo como referência sua memória-social, resultante de sua vivência coletiva. Mesmo a idéia de homem refletida em seu ‘caso’ Sexta-feira, se atualiza como coletiva. Confirma a história construída pelas forças sociais nos propósitos de Marx. O Eremita, solitário na floresta, diz ao Zaratustra de Nietzsche, que se recolheu por não suportar mais os homens. Todavia, continua pensando coletivo. Nada está posto só. Nenhum homem constrói sozinho. Mesmo ficção. O feito sozinho carrega a ilusão do Mito do Herói. Enunciação hercúlea. Um homem temeroso e esperançoso, diria o filósofo Spinoza. Nos mostram os norte-americanos: Homem-Aranha, 3000… Cristo, real e não metafísico, renegou. Desespero dos judeus. Poucos entendem. Em suas teses sobre Feuerbach, Marx, afirma que “o ser humano não é uma abstração inerente ao indivíduo isolado. Na sua realidade, o conjunto das relações sociais”. Marxistamente, infere-se que a propalada esquerda é uma mistificação.

A MORTE RONDA

O camarada lembra do perigo dos contestadores serem mortos. A última prisão no Brasil aconteceu em fins da década de 70: em Recife o ativista cristão Cajá. De lá para cá ficou por conta da nostálgica heroicidade. A truculência havia arrefecido lenta e gradualmente. Mesmo com os aparelhos de segurança ainda em função. Coisa que nenhum estado abdica. E a maior parte dos homens, também. Entretanto, sejamos justos com a prisão do ator Greco, comemorada entusiasticamente depois de uma manifestação pela Amazônia na praça da matriz. Fim de 70 e começo de 80, ser preso era a glória. Correr da força policial local e se esconder no ICHL, entre a Major Gabriel e Emílio Moreira, era o bicho. Metamorfoseia-se até em fato histórico das lutas populares em livro didático. As passeatas consentidas, clamando, historicamente, ao já anêmico refrão (que afirmasse Vandré): “Quem sabe faz a hora…”. O revolucionário chavão: “O povo unido jamais será vencido!”. Se a repressa ainda tivesse força para prender, torturar, e matar teria feito. Nada segura a irracionalidade. Nem herói. A subjetividade era outra. Lembremos João Batista de Figueiredo. Mesmo pedindo que o esquecesse. Nos parece que o camarada toma sua história como uma moralidade própria para comparar como superioridade sobre outras. Como um status de engajamento esquerdista chega a dar ordem ao companheiro para que ele deixe o PT, lembrando o tempo da ditadura com o seu: “Brasil, ame-o ou deixe-o!”. Ingenuidade duas vezes: a história de um homem só diz a ele: não serve para comparação com outras — são suas partículas corporais e incorporais que o conduzem ao ser social. As comparações de currículos nos remete ao patriarcalismo-fálico freudiano, com sua teoria da rivalidade genital em grande parte dos homens: todo homem é meu rival sexual. Por fim, tudo que aconteceu com um homem, como afirma Sartre, está tematizado. Não conta mais. O que conta são suas atualizações nos movimentos intensivos presente/futuro.

FRAGMENTAÇÃO DO MATERIALISMO

Se no caso não contar, contemos, pois, sobre o argumento crítico do camarada para defender sua participação e de seu partido no governo estadual (municipal também), com o camarada Lênin, em seu artigo de 1901, Por Onde Começar, quando se refere a situação semelhante dos comunistas amazonenses como “praticismo estreito”. Ou quando, em Que Fazer?, se opõe à crítica socialista daquele momento muito parecida com a hodierna: “Aqueles que não fecham os olhos, deliberadamente, não podem deixar de ver que a nova tendência “critica” no socialismo nada mais é que uma nova variedade do oportunismo”. Nos parece saltar do argumento um empirocriticismo e um neokantismo: puro Idealismo. Mistificação teocrática. Nada de Materialismo Histórico e Materialismo Dialético. Se Marx diz na Ideologia Alemã que “as circunstâncias moldam os homens, do mesmo modo que os homens moldam as circunstância”, até onde poderemos acreditar que os comunistas amazonenses moldarão o governo que servem sem o materialismo? Se mostrarão, no poder,os problemas que a direita procura sempre esconder(Deleuze). Ainda mais quando o camarada promete falar sobre o governo no devido tempo.

DA IGUALDADE CAMARADA E COMPANHEIRO

A igualdade não existe, mas como abstração, sim. Portanto… O camarada e o companheiro em dois momentos se mostram iguais. I–Momento: Quando falam de esquerda tomam como posição o conceito topos-anatômico-realeza: a esquerda do Rei. Não percebem que a esquerda faz parte do corpo possuidor da direita. Conjunção de partes-totalidade: a esquerda está ligada à direita. Faz até carinho. Unidade corporal. Daí a confusão: O que é esquerda? O que é direita? Não tomam o conceito do filósofo Deleuze, para quem esquerda é uma questão de percepção horizontal: o que encontra-se distante de mim. O que me compromete com o Outro em uma linha periférica, me obrigando ao contínuo movimento deviriano como potência de ser. Direita, a territorialidade imóvel: o que está em mim sem o Outro. Minha alienação. Meu Em-Si: nada me escapa, nada me sopra. Os meus quereres: prepotência, ambição, vaidade, egolatria, preconceito, reacionarismo, reconhecimento, capachismo, subserviência arrivista…

Fixado no conceito topos-anatômico-realeza, o companheiro afirma que as esquerdas estão ganhando espaço no Amazonas. Temos deputado, senador… A eleição de alguém está ligada à opinião valorativa do eleitor. O eleito foi Alfredo, não João Pedro. Como se diz: ele está senador por cortesia da lei eleitoral. Mas se dissermos que o ministro Alfredo é esquerda? Bem, aí o senador João Pedro é esquerda expansiva. Se um corpo rígido e o Manifesto Comunista no sovaco não faz o esquerda, pelo menos uma enunciação faz. II-Momento: Quando conceituam o talento de Márcio Souza. Em homenagem na Assembléia ao ex-membro do governo Fernando Henrique, o camarada considera sua literatura simples, fácil, de bom agrado. Inteligente. Se acredita analista literário por ser um privilegiado: ter lido mais de mil livros. Não se lê um livro, nem mil. Um livro é um devir-afeto não quantificado. Escapa como intensidade indivisível. Quando quantificado é um conglomerado de enunciados sobrecodificados do discurso da semiótica dominante. Envolvido em seus conceitos reconhecedores, não percebe que um escritor, como fala Foucault, escreve para perder o rosto. Não para ser reconhecido. Se perder nas hecceidades intempestivas, impessoais, nas zonas de indiscernibilidade. O que transforma o mundo. Ou Deleuze: “Todo escritor é uma sombra… Não pode haver narcisismo de uma sombra”. A melancolia do ritual acadêmico e as lágrimas do acadêmico ritualizado imortal. O rosto é do burguês. Um significante ecolálico. Uma vaidade capitalista. Uma estratégia de pôr o já posto. Vide: Paulo Coelho. Falar das massas, só com romantismo europeu. Nada de corte. Nada de ruptura. Só a glória desnarcisada. Lawrence, Beckett, Kafka não tinham rosto: não eram escritores. O companheiro, ufanista, pede que a Câmara Municipal outorgue um prêmio ao talentoso ajuricabano, por seu sucesso na Globo. Petistas enciumados protestam. Mas o companheiro tem razão: um escritor rostificado é para TV. Território nobre da dolência existencial. Ponto central das celebridades do Show voyeur do espectro possessão da mente. A crueldade inútil, para o cineasta Rossellini.

No mais, observando de longe nossas esquerdas diáfanas, respeitamos o que elas tomam como suas posições, pois compactuamos com Brecht: Todo homem se sente melhor em sua própria pele.


O TEXTO DA FILÓSOFA

Camaradas e companheiros que construiram a esquerda em Manaus através do movimento estudantil nuniversitário e secundarista: Francisco Wilmar (Autor de 3 Manifestos Socialitas, visando combater a ditadura militar e fazer a revolução), Jorge e Ivanete Machado (atuação política no sindicato dos jornalistas e no CREA/Arquitetura-Secretaria de Estado, que fez o projeto da nova Ponta Negra), Lilian Farias e Cristina Tolentino (titulares na EBN e Faculdade de Medicina-Diretório Acadêmico), Nestor Nascimento (líder do MOAM-Movimento Alma Negra), Guto Rodrigues e Orlando Farias (atuação no sindicato dos bancários e dos jornalistas), Laerte Aguiar (advocacia e magistério), Humsilka Amorim (Voz da Unidade e Dirigente do Comitê do PCB/Amazonas), Lúcia Cordeiro (atuação no sindicato dos jornalistas).

Outros: Nonato Pereira, Luiza Garnelo, Xisto, Ana, Dayse.

Secundaristas: Marivon, Marinelson, Pai da Mata, Carril, Pinto, Mara…

Companheiros: Marco Aurélio, Luis Marreiro, Marcos José, Ricardo Parente, Maciel, Beckinha, etc…
Vale um artigo sobre a construção da esquerda em Manaus, vale incrementar uma cultura oposicionista, vale relembrar velhos amigos.

Obrigada,

Humsilka Amorim – Filósofa e Professora

LEIA NA VEJA DESTA SEMANA

-> Entrevista com o professor da USP Carlos Guilherme Mota, com especialização nas universidades de Toulouse e conferencista nas de Nova York, Quebec e Texas.

Trechos “Mas foram apenas três os que realmente romperam a carapaça do sistema ideológico reinante: Florestan Fernandes, sociólogo (Sociologia numa Era de Revolução Social). Antônio Cândido, crítico literário (Formação da Literatura Brasileira), e Raymundo Faoro, historiador (Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro). Florestan e Cândido são homens pontes entre as gerações dos antigos “explicadores”…

-> Millôr Afinal vem aí a censura por idade. Podem estar certos de que, de agora em diante, teremos filmes proibidos apenas para menores de 12, 18, 30 e 45 anos. E, naturalmente, o teatro será permitido para qualquer pessoa acima de 60 anos (acompanhada pelos pais).

-> O senado liberto “ A nossa intenção é que o senado se transforme em uma espécie de foro de debate dos grandes temas nacionais”.

-> Violência policial Nus, com os corpos marcados por pancadas e pintados com tinta branca, R.V.N. de 15 anos e A.S.C. de 16, foram encontrados na noite de quarta-feira passada em uma estrada deserta da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. “Fomos encapuzados e começou a sessão de pancadas”. Conta R.V.N., chorando. “Quando os capuzes foram retirados, estávamos numa sala pequena, cujo chão era uma mistura de cimento e cal. Tiraram nossas roupas e nos pintaram todos. E bateram com palmatórias e pedaços de pau, além de nos darem socos, ponta pés e choques elétricos em várias partes do corpo”. Os cabelos dos meninos foram cortados em forma de crus e o couro cabeludo pintado com tinta branca, a mesma utilizada para escrever em seus corpos as palavras “Ladrão”, “Maconheiro” e “Assaltante”. E foram empalados com um cabo de vassoura.

-> O comércio do povo de São Paulo Um gravador por um vaso de cristal. Ou um carro por uma lancha. Ou um enxoval completo por móveis de quarto de solteiro. Ou um velho baú por seja lá o que for: a ordem, hoje em dia, em São Paulo. É trocar.

-> Saúde Entre as causa da cegueira, a catarata sempre foi a mais freqüente e talvez por isso, é também a que mais facilmente se neutraliza, através de cirurgia. A maioria de suas vítimas constitui-se de pessoas idosas, justamente porque o embaçamento da lente natural (cristalino) faz parte do processo natural de envelhecimento, assim como o aumento dos cabelos brancos.

-> Poluição Bater os seu próprios recordes de contaminação do ar se torna uma maldição da cidade de São Paulo.

-> Telenovela da Globo. Veja A televisão representa desgaste do ator ou estímulo e desafio? Carlos Alberto “Desgaste físico e comercial para os que se transformam em ações na bolsa do IBOPE”.

-> Reportagem sobre Carlos Castañeda Primeiro ele enfiou na mochila os seus cadernos de aula. Atento, preocupado, aplicado, o bom aluno de antropologia viajou para o México e encheu muitas folhas de anotações sobre plantas medicinais usadas pelos índios da região… “O objetivo final do bruxo é se tornar um ‘homem de conhecimento’, mas antes ele tem que aprender a viver como guerreiro-pirata”.

-> Cinema. Estréia: Tragam-me A Cabeça de Alfredo Garcia. Direção do revolucionário Sam Peckinpah. Com: Warren Oates, Isela Veja, Emílio Fernández, Gig Young e o roqueiro Kris Kristofferson.

Editora Abril – 25 Anos

2 DE JULHO, 1975

Diretor de Redação: Mino Carta.

HUMANO, DESMACAQUEADAMENTE HUMANO OU “VOCÊ LERIA UM JORNAL QUE CHAMA TODOS OS BLOGUEIROS DE MACACOS”?

Macacos me mordam!!!

Leríamos. Se um jornal chamasse os blogueiros de macacos seria porque ele não seria “humano, demasiado humano (Nietzsche)”. Seria um puro primata cujo instinto da Vontade de Potência prevaleceria em si. “A vida ativando o pensamento e o pensamento afirmando a vida” seria seu movimento alegre no eterno retorno distributivo (Nietzsche/Deleuze). Sua escrita fluxo/quântico intempestivo. Mas como não existe, e sim, o primata decadente; o homem ressentido, reativo, a má consciência como disse o filósofo alemão Nietzsche, então não podemos ler. Isto, porque, este primata decadente não sendo o macaco ativo, mas o demasiado humano, criador e defensor da moral niilista, não pode escrever, e muito menos um texto que sirva a um blogueiro transportador de corpos descontinuadores da comunicação cristalizada. A informação delirantemente paranóica (importante a um blogueiro midiático, o reprodutor dos mesmos enunciados da grande mídia). Cujo ato compulsivo é só de pôr e repor constantemente as fantasias de sua vida negada como código lingüístico controlado. Daí, querer transformar tudo a sua imagem e semelhança, tudo a sua decadência, tudo a sua moral, até a natureza que não possui planos demasiado humanos. Daí, seu antropomorfismo pessimista, como julgamento aristotélico, ser projetado no macaco. Logo ele, macaco, indiferente a esta moral e sua crença quanto seus meios e fins. Indiferente ao sentido de imitação que este humano degenerado quer lhe atribuir. Ele, macaco, que não macaqueia como este imitador corrompido se repete no lamento e na amargura de seu jornalismo seqüelado de mercado. Replicante de si mesmo, se quer replicante no macaco. Que pretensão! Sequer sabe que o macaco não conhece a banana, afirma conhecê-lo. Oh! Como se orgulha de seu limitadíssimo conhecimento. Pobre Estadão! Pensar que discrimina os blogueiros clinamen (declinador) sem desconfiar que se anula em seu próprio antropomorfismo niilista, só pode ser um estadão.


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

Acesse esquizofia.wordpress.com

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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