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FILMAGEM SÁDICA DE “QUATRO VIDAS DE UM CACHORRO” MOSTRA OBSCENIDADE ANTROPOMÓRFICA DA AMBIÇÃO DO LUCRO SOBRE OS ANIMAIS

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 O filósofo Jean Baudrillard mostra a obscenidade como êxtase do real. A dissipação do real pelo virtual. O fim da objetividade como referência dos sujeitos reais. A antropomorfização dos animais, atribuir sentimentos chamados humanos aos animais, é uma forma de obscenidade. O animal perde seu instinto natural, sua natureza, através da força obscena do homem.

 Desde pequena a criança, e os adultos e idosos de hoje, é obrigada a ter dos animais um entendimento “humanizado”. Cujo objetivo é tornar o animal seu parceiro. Principalmente quando é uma criança criada sozinha, sem irmãos, ou colegas com quem ela possa distribuir vivências reais.

    Antropomorfizados os animais foi fácil transformá-los em fonte de lucro. O circo é um cruel exemplo. Com a indústria cinematográfica, essa fonte de lucro foi super dimensionada. Disney que o diga. Sem essa violência contra os animais não haveria esse pseudo mundo infantil que é a Disney World. A ilusão compensatória de adultos cujas infâncias foram obstruídas. A mentira satisfatória, como diz Baudrillard, para o adulto acreditarem que existe um mundo adulto fora da Disney.

  Seguindo essa fonte perversa de lucro, o deus Mamon do capitalismo, a companhia de filmes Universal Pictures resolveu produzir o filme “Quatro Vidas de Um Cachorro”, que conta a luta do cachorro, personagem principal, por sua sobrevivência, e que será lançado no dia 28 de janeiro. Só que durante as gravações, o cachorro, melhor amigo do homem, homem que não alcançou o grau superior da amizade, é continuamente violentado para realizar os objetivos das filmagens que vão servir de adestramento sensorial e mental do público cúmplice. Que vai pagar o ingresso para confirmar sua cumplicidade antropomórfica. E voltar para casa, se tiver algum bichinho doméstico, para transferir sua cumplicidade ao amigo do lar.

   O técnico-homem das gravações, amigo do cachorro, tenta jogar o amigo de Lázaro – esse era amigo – em uma piscina simulando correnteza, mas o amigo de Lázaro se opõe à tortura. O técnico-homem não quer que o personagem principal tenha um momento de autonomia e o tenta jogar da água. O cachorro, amigo de Lázaro, reluta, mas é empurrado para o sadismo dos produtores do filme. Até que o cachorro afunda e os técnicos e a direção ficam preocupados. Preocupação não com o cachorro, é óbvio, mas a perca de lucro se o cachorro morre.

   O site TMZ obteve o vídeo e jogou na rede. A maior ONG do mundo responsável pela defesa dos animais A People For The Ethical of Animals (PETA) entrou em ação e já deflagrou o boicote ao filme que para ser realizado violentou o amigo de Lázaro. Daí, a lógica capitalista ser um estrondoso deboche contra o público: segundo os realizadores o filme é uma mensagem de amor pelos animais. Há quem goste desse tipo de “amor”, mas não os animais.

   Síntese da antropomorfização-fílmica: o mal contra o cachorro como forma de entretenimento para fortalecer o mal que é capitalismo.

    Vejam o vídeo, ouçam e constitua sua consciência defensora dos direitos à vida dos animais. E de quebra, se nega a seguir o êxtase do real, a obscenidade.

     E aqui o trailer do filme para os cúmplices da violência contra os animais. É tão bonitinho! Parece comigo.

PREVISÕES DA MÃE TRANSVISÃO PARA O ANO DE 2016

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Embora conhecendo o adágio temporal-sacro de que “o futuro a Deus pertence”, membros dos vetores comunicacionais da Associação Filosofia Itinerante (Afin), Blog Esquizofia e Blog Afinsophia , fizeram uma vista a Casa da Mãe Transvisão com o intuito de pedir a ela que, em sua potência-transcendental, realizasse algumas previsões para o ano de 2016 que já se encontra adentrando no ano de 2015. Ano em que as direitas do Brasil contam minuciosamente os segundos para que encerre seu ciclo, visto que fora um ano em que elas não tiveram qualquer de suas intenções conspiradoras consumadas. Entre elas, depor Dilma e prender Lula, dois expressivos brasileiros por suas originalidades.

Mãe Transvisão, como sempre carinhosa, solícita, meiga e inteligente atendeu os consultantes. Em seu salão nobre, completamente colorido, de um psicodelismo envolvente, enlevado por aromas agradáveis, sonorização fluente, ela, em seu traje singular composto por traços cativantes, envolveu-se com a transcelestidade, transtemporalidade, transhistoricidade e trancedência e realizou seus contatos que nos foram comunicados como formas de previsões.

Como Mãe Transvisão é uma mulher eminentemente politizada, ela começou suas previsões pelo que há de pior no Brasil: as ignóbeis trapaças das direitas golpistas comandadas pelo seu persona non grata, Eduardo Cunha.

Então, leiamos as previsões da infalível Mãe Transvisão.

  • No começo do ano de 2016, Eduardo Cunha conquistará a tríplice coroa: será destituído da presidência da Câmara Federal será cassado e preso.

  • Aécio Cunha vai aumentar mais ainda seu tônus biliar: Dilma continuará seu objeto de desejo inatingível. Continuará tramando, mas vai aos pousos ficando mais isolado que já se encontra. Até os coxinhas lhe abandonarão. E para acabar de vez com sua simulação de honestidade, Janot vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) investigação sobre a Lista de Furnas. Esquema de corrupção comandado pelo PSDB sob a orientação do próprio ressentido-compulsivo.

  • Fernando Henrique vai sofrer um grande baque em seu narcisismo já tão anêmico: Dilma vai ter a popularidade de seu governo aumentada.

  • Serra sofrerá investigações e terá seus projeto entreguista do pré-sal totalmente combalido.

  • O senador Agripino Maia vai ser condenado pelos crimes de corrupção e perder o mandato.

  • O vice-presidente Michel Temer, continuará sendo apenas uma figura decorativa no governo Dilma. E sua fama de golpista vai aumentar e nem as mídias aberrantes, suas defensoras, vão conseguir protege-lo.

  • O deputado Jean Wyllys do PSOL vai conseguir maior aderência em suas ideias que serão compartilhadas por grande parte da sociedade brasileira.

  • A deputada Jandira Fegalli do PCdoB vai se tornar a representação-mor das mulheres combativas do mundo indicada por organismos internacionais.

  • Os institutos de pesquisa eleitoral vão sofrer o ano inteiro: terão que divulgar resultados de suas pesquisas para a eleição presidencial de 2018 com Lula disparado na liderança.

  • O deputado racista e homofóbico Bolsonaro será definitivamente condenado por ter ofendido a deputada Maria do Rosário (PT/RG).

  • Fernando Henrique terá um ano doloroso e tenso: as investigações sobre esquema de propina na Petrobrás em seus governos aumentarão de tal forma que nem as mídias, suas protetoras, poderão escamotear as notícias sobre esse esquema de onde se originaram Paulo Roberto Costas e Pedro Borusco, ambos presos pela Operação Lava Jato.

  • Dilma não vai sofrer impeachment, a economia vai voltar a crescer, a maioria dos brasileiros terão suas vidas melhoradas e parte das direitas vai morar na Argentina para apoiar o governo Macri.

  • Lula será indicado ao Prêmio Nobel da Paz e Fernando Henrique será acometido de forte crise de invejite-tremules.

  • Os movimentos sociais e os sindicatos serão mais fortalecidos e terão maiores participações em decisões importantes para a sociedade brasileira.

  • As artes como o cinema, teatro, música, literatura, dança, todas as formas de expressões populares terão maiores investimentos.

  • Os estudantes do ensino público do estado de São Paulo, que mudaram o conceito de educação no estado defendido pelo governador Geraldo Alckmin com seu plano de ‘reorganização’, vão constatar o fim desse plano.

  • O compositor, cantor, escritor, teatrólogo, poeta, articulista Chico Buarque receberá das mãos de um organismo internacional o título de representante-maior da sensibilidade e inteligência frente estupidez-arrogante da burguesia-desvairada.

  • A surpresa das eleições municipais de 2016 será o número de prefeitos eleitos de partidos progressistas, assim como vereadores.

  • Em Manaus, o prefeito que jurou aplicar uma surra em Lula, Arthur Neto, não será reeleito apesar do grande esquema de cooptação de funcionários como cabo eleitorais. Seu pior cabo eleitoral serão os buracos que ele produziu em Manaus como continuação das gestões de prefeitos anteriores como seu amigo Amazonino, ex-prefeitos Serafim e Alfredo. Professores, médicos e outros profissionais lambaios continuarão votando nele, mas não será um número insuficiente para reelegê-lo.

  • Muitos vereadores que usam as igrejas como catapulta para a vereança não serão reeleitos, assim como os chamados novos também.

  • Os principais candidatos que disputarão a prefeito de Manaus serão um de partido progressista e outro, como é comum no Brasil, de um partido reacionário. Mas não serão do PSDB, PPS, DEM, SD e REDE.

  • O governador do Amazonas, José Melo, será cassado, mas vai recorrer em outra instância. Porém, no final será cassado de vez.

  • No mesmo momento da derrota de Arthur e a cassação de Melo, jornalistas e empresas de comunicação submissas e calculistas a ambos cuspirão nos pratos que babaram.  

  • A TV Globo vai continuar perdendo audiência junto com sua emissora de rádio CBN, e será denunciada e investigada pelo FBI no esquema de corrupção da FIFA e ainda será, terminantemente, obrigada a pagar sua dívida com a Receita Federal.

  • As inúteis revistas lamê Veja, Época e IstoÉ diminuirão suas finanças, irão despedir funcionários e ficarão com os pés na cova do capitalismo.

  • Por sua vez, os blogs, sites, portais progressivos, também conhecidos como “sujos”, aumentarão seus acessos. E também terão aumentados seus anúncios de publicidades.

  • A Seleção Brasileira vai continuar sofrendo em busca de sua classificação para a Copa do Mundo. Porém, só no ano que vem é que se saberá ao certo se será classificada ou não.

No fim das previsões, os membros dos blogs pediram que Mãe Transvisão, fizesse algumas previsões para a Afin. Então, ela pousou nos membros dos blogs um olhar cândido e sorrindo suavemente disse que a Afin apenas processasse seus devires com confiança, engajamento e responsabilidade como vem fazendo há mais de 13 anos.

O que eles queriam mesmo era saber qual seria a conclusão do processo que a Afin vem respondendo no Paraná porque seu Blog Afinsophia publicou um artigo, em 2012, sobre um caso de racismo e foi acusada de prática de ofensa e ter que pagar R$ 30 mil de indenização.

Ao saírem da casa sagrada Mãe Transvisão abraçou todos os abençoando  proferindo louvor: “Axé, meus filhos e filhas!”. Ao que eles responderam: “Axé, Mãe Transvisão!”

Governo de São Paulo decide implantar internação involuntária de usuário de Crack

Em uma parceria  do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), com o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, decidiu implantar a internação involuntária de usuários de crack.

De acordo com a Agência Brasil, a internação involuntária será da seguinte maneira:

“A internação começará no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas, que será criado para casos de emergência. Após ser atendido pelo serviço de saúde, o dependente químico será avaliado por médicos que oferecerão tratamento.

Caso o paciente recuse o auxílio, um juiz poderá determinar a internação compulsória depois de a equipe médica atestar que o usuário perdeu o domínio sobre sua saúde e condição física. O governo estadual informa que a internação involuntária será aplicada em conjunto com a família”.

Na opinião de Geraldo Alckmin a internação involuntária é um avanço: “Estamos avançando; essa é uma tarefa permanente. Temos consciência do problema, que já melhorou muito. Estamos reduzindo o número [de dependentes nas ruas] e vamos continuar, de um lado com as equipes de abordagem e de outro a internação, agora com juiz, promotor e advogados para os casos mais graves”.

Já faz um ano que usuários de crack foram violentamente removidos da chamada Cracolândia, em São Paulo. Uma operação policial, reunindo a força da Polícia Militar e da Guarda Metropolitana, agiram ostensivamente contra traficantes e usuários. Contudo a violência na retirada dos usuários foi tão evidente que o próprio ministério público de São Paulo se manifestou contra a operação, considerando-a inútil.

Nesta ocasião, o ministério público de São Paulo entrou com uma ação civil pública contra o governo paulista pedindo indenização de R$ 40 milhões por danos morais individuais e coletivos, acreditando que estava havendo violação dos direitos humanos por parte do governo estadual.

Em operações como esta, pode-se claramente perceber o quanto o Estado de Direito, abusando de seus poderes constitucionais e do controle da violência — seja a praticada pelo próprio Estado e/ou a praticada para conter ações subversivas à sua ordenação — deriva para ações repressivas.

Neste caso, é instalada, por meio de um controle político-sanitário, uma divisão entre aqueles que podem circular na cidade e os que não podem. Não se trata aqui de negar o problema que as drogas apresentam para a cidade. Ao contrário, queremos dizer, que o problema não é percebido e tratado de forma clara e adequada. Não se percebe o usuário de droga como um efeito de uma sociedade drogatizada e, tanáticamente, fundamentada na lógica do capital, onde o que menos importa é o humano como produção do bem comum.

Este controle, também, é uma forma de vigilância que avança até o registro de pessoas que serão vistas pelo Estado como possíveis suspeitos, uma vez que estão sob constante vigilância, tanto criminal como médica. Aqui, o controle se apresenta de modo econômico. O espaço público da cidade deixa de ser a construção livre dos corpos produtores. A cidade é vista unicamente no seu sentido mercadológico, que precisa ser regulado através, por exemplo, de corpos unificados, homogêneos. Não há lugar, neste tipo de cidade, para corpos que escapem a esta regulação, a esta vigilância e ao controle político-sanitário imposto.

A melhor forma de garantir tal regulação passa a ser, portanto, tanto a ação do Estado quanto o direito, neste caso, com a defesa da Ordem dos Advogados do Brasil. Nem se imagina questionar o porquê dependentes de drogas surgirem no mundo. O quanto eles procuram se esquivar de uma realidade advinda de uma subjetividade insuportável.

Junto com Mireille Delmas-Marty, podemos perceber o quanto o Estado, em casos como estes, deixa de lado sua responsabilidade social e política, pois fica evidente como “Todos nós podemos nos tornar suspeitos sob vigilância”. Pois não são apenas usuários de crack que estão na mira do controle, da vigilância, do registro e da internação involuntária imposta pelo Estado, mas qualquer um que possa representar o mínimo perigo à sua ordem.

Para quem procura uma identidade no uso de drogas, fica claro o quanto as leis, o direito e os aparelhos de Estado não fazem parte da existência de muitos. Para resolver este problema, basta uma forma de tratamento que, como tudo indica, tem como objetivo a ocultação de suas causas?

O MUNDO É GAY

(enunciações geradores de afectos alegres)

O que lhe faz alegre? Preocupo-me em agir procurando sempre o que há de bom nas coisas, investigando, estudando e analisando suas possibilidades, de um modo que o pensamento seja ordenado pela alegria. Então não transa com o preconceito? De jeito algum. O preconceito é justamente ao contrário da alegria, ele corrompe a geração da alegria e nos leva a tristeza. Sim; a tristeza é da ordem da ignorância, assim como a tristeza é da ordem dos maus encontros e engendra a ação dos homens maus. E estas ações estão constituídas em um mundo que se engendrou a partir de efeitos de ações perversas, as quais o processo do capital escamoteia suas causas. Esforçar-se para que tudo possa nos parecer como natural. Sim, mas identificar indivíduos dentro de uma realidade constituída para que eles possam ser sujeitados a uma disciplina e controle normalizador é fazer com que muitos queiram para si o papel do juiz-normalizador da sociedade. Sim, uma sociedade que julga a todo momento. Uma sociedade da vigilância onde quem faz seu corpo e razão sair da norma é suspeito e, logo depois, condenado. Por isso, a ignorância é da ordem de um pensamento confuso, banhado de supertição, de um olhar estreito para o mundo. Sim, pois quando se tenta olhar ao longe, distante, encontra apenas sua própria imagem cristalizada como modelo. Pensamento confuso? Talvez nem sequer pensamento, pois a má vivência nos impede de pensar. Entendeu? Clara e distintamente como as estrelas sobre nós e a terra em que pisamos. E você? Clara e distintamente como o amor coletivo que gera esta nossa alegria no beijo que doamos a nós.

 (conversações pelos vários espaço/tempo da existência)

“Discriminação: Amsterdã acabou com ela”. Com essa Spinoza deve está uma alegria só! E não é?! Por mais que ele saiba que o orgulho é delirante, pois é considerar a imaginação como real e, assim, por conseguinte, ter uma opinião sobre si mesmo superior do que lhe é justo ter, a alegria foi as ruas contra o preconceito na Holanda. Foi sábado. As ruas de Amsterdã se encheram de gente para celebrar o Desfile do Orgulho LGBT pelo 17° ano consecutivo. Nem a chuva foi problema. A chuva é da natureza. É, ela só veio refrescar mais ainda a luta contra a ignorância. Qual? Não fizeram por lá uma nova legislação anti-LGBT imposta na cidade há quatro meses. Viche! Mas quero ver se isso vai ficar assim na Holanda?

Sabes o que é “caminho da sodomia”? É o caminho pelo qual chegamos primeiramente apalpando. Deixa de lezeira! Tá bom; diz o que é então. O pastor americano Kevin Swanson, do Colorado, em um programa de rádio disse que os bonecos criados por Jim Henson devem morrer, por seguirem o “caminho da sodomia”. Minha nossa! Quanta ignorância social!pois não é!? Tudo aconteceu porque a “Jim Henson Co.”, empresa criadora dos bonecos Muppets – decidiu rescindir o contrato com a empresa de fast food “Chick-fil-A” por sua postura contra o casamento igualitário. Já devia ter recendido antes por conta do colesterol altíssimo que estes fast food causam. Daí o pastor destilou o veneno: “Vila Sésamo e os Muppets estão seguindo o caminho da sodomia”. Tem mais: “a perspectiva cristã para a homossexualidade era a pena de morte, foi assim entre os anos 350 aC e 1850 aproximadamente. Por 1.500 anos, este modo de vida quase foi eliminada, exceto em alguns lugares, onde permaneceu escondido durante quase 1.000 anos, até recentemente “. justificou. Sabes o que é superstição? Sei: medo. Este pastor toma o irreal por real e não percebe quantos problemas há entre o céu e a terra que nem sonha a sua vã religião. Não sabe mesmo? Olha o apelido da empresa homofóbica: “frango de Jesus”. Minha nossa, Jesus agora é comerciante!

Casal Alejandro Grinblat (à dir.) e Carlos Dermger com o bebê, Tobias (Foto: Leo La Valle/Efe)

Essa aqui é para festejarmos com toda  alegria que temos. Manda lá!  Um casal gay, na Argentina, inscreveu nesta terça-feira o filho no registro civil de Buenos Aires sem a mediação de uma decisão judicial, um caso único no mundo. Maravilha! “É o primeiro caso em nível mundial onde a certidão de nascimento é expedida diretamente pelo registro civil como filho de dois homens. Em outros casos foi feito a partir de uma decisão judicial, que retificava a certidão anterior”, Maria Rachid, dirigente da ONG LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) explicou. Sabe qual a única luta de Carlos Grinblat, 41, e Alejandro Dermgerd, 35, os pais que registraram o pequeno Tobias? Diga. Formar uma família. “Nossa única luta era formar nossa família. É outro passo no reconhecimento dos direitos igualitários. Este é um caminho que começou há anos, e um marco foi o casamento igualitário”. Há minha Buenos Aires querida, minha Argentina de tantos tangos, de lutas contra torturadores e outras cositas mais…

 

Vamos “Todos Contra a Homofobia”. Vamos que vamos! Campanha contra a homofobia nas urnas. A política é o lugar onde o preconceito não deve mesmo existir. Mas… Sei, tem até demais. Mas isso não impede que possamos embarcar nesta campanha. Pelo contrário, vamos com tudo, digo, com toda alegria contra a ignorância. A campanha é: “Eu voto contra a homofobia” “Precisamos de políticas voltadas aos LGBTs, de pessoas que nos defendam. Por este motivo temos que estar atento aos candidatos que nos apoiam”, disse um dos responsáveis pela campanha. Mas lembremos que a política não tem que ter identidade, mas sim destacar o quanto puder as diferenças. Para participar da campanha, você precisa enviar uma foto com a frase “Eu voto contra a homofobia” para contra.a.lgbtfobia@gmail.com.

Se você mora em São Paulo vou lhe dá uma dica. Mas só para São Paulo? Sim. Então fale. “Estão abertas as inscrições para a 5ª edição do curso à distância “Conquista da Cidadania LGBT: a Política da Diversidade Sexual em São Paulo”. Realizado pela Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania em parceria com a Escola de Governo e Administração Pública (EGAP) da FUNDAP, o curso tem como objetivo capacitar quatro mil funcionários públicos do Estado, criando discussões sobre políticas públicas e reafirmando a concretização dos direitos da população LGBT. As aulas terão início em 28 de agosto”. Informações  aqui.

 

E pensar que o Milan já foi um time dos operários. Por que tá dizendo isso? O atacante Antonio Cassano, do Milan, foi multado em € 15 mil (R$ 37 mil) pela Uefa por declarações homofóbicas durante a última Eurocopa. O que ele disse? A declaração foi essa: “Se eles são “frocio” (termo vulgar em italiano para se referir a gays), o problema é deles. Eu espero que não exista qualquer “frocio” . depois pediu desculpa, ainda. Mas aí já era; até parece que poderia resolver o que disse retirando a culpa de si mesmo. Tem cada uma de cada um que vou te contar!

 Esta é antiga mais vale apena. Já sei o que é. Eu vi no meu Face. Tu tens, é? Claro, mas não reduzo minha vida a estas tecnologias, tanto que estamos aqui neste passeio lindo sob o luar. Então diz o que é. Tá bom: A imagem da união civil dos sargentos Will Behrens, de 34 anos, e Erwynn Umali, de 35 anos, oficializando a união deles fazendo o registro na capela de McGuire-Dix-Lakehurst, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Então mostra. Claro, amor.

Os militares Will Behrens e Erwynn Umali viraram viral no Facebook após casamento gay (Foto: Reprodução)

 Ficastes sabendo daquela da Joelma, da banda Calypso, que causou polêmica na rede social por aconselhar um fã gay a “se converter, virar homem e ter um filho”. Se vi. Até agora estou surpresa, pensei que ela não fosse assim. E não é? O que o Chibinha pensou disso? Sei lá. O que sei é que a Gaby Amarantos decidiu, neste sábado (4), fazer uma campanha contra a homofobia. Eu vi, ela tascou no perfil dele no Facebook, uma mensagem com uma camiseta contra o preconceito de LGBTs e escreveu: “Homofobia? Tô fora!”. Olha a foto. A ignorância tá até no meio artístico. Tá mesmo!!!

O companheiro Toni Reis mandou esta aqui para nós:

Para  conhecimento: RedeTV nega direito de resposta à ABGLT – pelo programa  Vitória em Cristo que   ofendeu  a comunidade  LGBT. Vamos  recorrer ao Ministério Público e ao Ministério  das Comunicações. As televisões são concessões públicas e não podem ser usadas para massacrar uma minoria.

Toni Reis

 

“O ódio que é inteiramente vencido pelo amor transforma-se em amor; e por essa razão, o amor é maior do que se o ódio o não houvesse precedido.” (Spinoza)

 

A CONDIÇÃO DO IDOSO NA SOCIEDADE DE CONTROLE: SEIS ANOS DE ESTATUTO

Hoje comemora-se o Dia Internacional do Idoso. Pontuação burocrática temporalizante, armadilha da sociedade de consumo, atribuir um dia especial a uma categoria social que, se bem capturada, enredada na teia da semiótica capitalística, cai, e se acredita especial nesta data, ignorando que os outros 364 dias do ano – igualmente uma pontuação burocrática! – também serão especiais se eles assim o fizerem.

Idoso é todo aquele que possui idade. Uma criança de um ano é idosa, pois possui já na contagem cronológica uma idade. A sociedade do consumo e do culto à um ideal de vida que nada tem da Vida, mas que é uma caricatura tanática, criou modos de ser cujas expressões anulam a potência de agir e transformam o corpo em dócil produtor do que interessa aos ditames desta sociedade.

Daí a chamada “terceira idade” ser o retrato da passividade e da morte-em-vida no plano político, social, e principalmente ético-estético, nas produções coletivas do corpo. Uma velhice apassivada, triste, que não tem envolvimento com a coletividade, e que concentra a existência no consumo, comprando e aceitando docilmente o mote “saúde é o que interessa”, é o efeito de uma existência dentro da estratificação sócio-temporal que se produz na sociedade burguesa: nesta chamada terceira idade, cuida-se das mazelas adquiridas nas décadas anteriores, de exploração absoluta da força de trabalho.

Resultante de uma existência falhada na sua potência de agir, o idoso que cai no engôdo da terceira idade cultua um corpo destroçado por décadas de trabalho explorado e improdutividade existencial, e só não é descartado imediatamente porque ainda têm capacidade de consumo. A indústria de fármacos que o diga.

Ao contrário, a velhice como efeito de uma existência ativa e produtiva é apenas uma mudança, sutil mudança nos modos de sentir e perceber. É, como afirma o filósofo Deleuze, uma outra suavidade, um modo diferente de sentir a existência. Plenitude e beatitude, um corpo ativado pelo aumento da potência de agir, e que não aceita a passividade e o lugar que lhe destina a sociedade de controle. Daí outro filósofo, Toni Negri, afirmar ser inaceitável a aposentadoria, já que ela não coaduna com os fluxos criadores da vida. Se não sabemos do que um corpo é capaz (Spinoza), em termos de produção de afetos (modos de existir), também não podemos lhe determinar um “prazo de validade”, nem mesmo do ponto de vista biológico.

Ainda que produtivo, é evidente que do ponto de vista físico/fisiológico, as relações são outras. E numa sociedade que privilegia a produção extensiva e a exploração da força de trabalho em todos os sentidos possíveis, é preciso, do ponto de vista do direito, garantir a essas pessoas a possibilidade de exercer sua cidadania de forma equitativa. Daí a importância do Estatuto do Idoso, que completa hoje seis anos, garantindo direitos básicos dentro de uma sociedade que é feita para uma velocidade extensiva, mas que não carrega nada de produção intensiva. Coisa que somente uma existência suave poderia trazer. Esta sociedade precisa da velhice mais do que a velhice precisa dela.

PROSAMIM: DO MARKETING À INTERDIÇÀO SOCIAL

A moral de classe é um sistema de valores e enunciações hierarquizantes que tem por objetivo estabelecer uma ordem classificatória e segregatória dentro de uma sociedade.

Entende-se daí que esta moral é um mecanismo incorporal de capturação de linhas de produção, que atinge todo aquele que ainda não conseguiu realizar um exame racional da sua condição no mundo. Assim, a classe média incorpora no seu trato social os valores e enunciados das alcunhadas elites, sem no entanto compreender que é justamente este sistema de valores que lhe segrega e estabelece a fronteira divisória da moral do rebanho. A morte do Desejo como produção autônoma, a diminuição da potência de agir e a capturação pelo buraco negro do Significante Despótico.

Claro que um governo que esteja a serviço desta ordem moralizante e que prefira construir armadilhas para seu povo a permitir que as linhas produtivas de comunalidades irrompam livremente irá trabalhar no fortalecimento da segregação pela signagem da moral de classe.

Assim, um povo educado é um povo bem adequado aos ditames do modo de produção do capital. Como é o caso do governo do Amazonas. Evidência profética, diriam alguns, a exibição do déjà vu, diriam os mais atentos, quando anos atrás, o então governador e agora prefeito sub judice, Amazonino Mendes, dava tapinhas à cabeça do então candidato e hoje governador, Eduardo Braga, exclamando “esse é o meu garoto!”. Toda “boa educação” é efeito da subalternidade. Por isso, como afirmam os filósofos Michel Foucault e Antonio Negri, cada um a seu modo, o Estado teme a Multidão. Nela, não há elementos de controle, os signos da dominação moral não encontram território para estabelecerem a troca simbólica.

Como governante bem educado, Braga, bom cristão que é, sabe que “a boa educação começa em casa”. Significa dizer que a família, como elemento propagador da ordem moralizante, cumpriu seu papel de sufocar a maior parte das manifestações de Vida e da potência de agir de seus membros. A neurose familiar, como bem mostrou o antipsiquiatra David Cooper, quando mostra que, nas famílias bem ajustadas, não é a “ovelha negra” mas sim o filho exemplar, o que mais exibe os sintomas da interdição.

PROSAMIM: DO MARKETING À INTERDIÇÃO SOCIAL

Como já mostrado neste bloguinho, o Prosamim carrega menos elementos de transformação social efetiva num plano constitutivo de uma cidade que de ação marketística de ordenamento hierárquico tocado a golpes de fórceps. Já ficou claro que num plano cosmético – a cosmética da assepssia social – o programa é um sucesso, quando o quesito é mover num plano físico os problemas sociais fermentados sob décadas de miserabilidade sustentadas pelos governos.

Quando os agentes governamentais tentam cobrir a ferida social aberta com o programa, que apenas transporta a violência e a ausência de perspectivas de desenvolvimento econômico para as famílias, num estado onde a economia é apêndice, fica claro a predominância da imagem do pensamento do Estado.

Daí os agentes do Prosamim tomarem os efeitos pelas causas, e proporem cursos de boas maneiras (a chamada “etiqueta”) para os moradores transferidos. São temas anódinos e expressivos da incapacidade do Estado em atender as reais demandas sociais de uma cidade que não se fez cidade. Evidência da incapacidade dos governos que passaram e os atuais em ver que que “os pobres se esquivam pelas barreiras e cavam túneis que enfraquecem as muralhas” (Toni Negri).

Uma ilustração é o próprio Prosamim: na área onde tudo foi ‘reurbanizado’, e que passa por baixo da ponte Benjamin Constant, a ponte metálica, enquanto toda a estrutura para um parque fica à míngua, e vários quiosques de comércio apodrecem à espera de que algum apadrinhado das secretarias estaduais/municipais tomem conta, do outro lado, na Av. São João, na Santa Luzia, os moradores do Parque Residencial Jefferson Péres transformaram o calçadão em mini-shopping, com venda de bebidas, roupas, bares e até uma danceteria.

Longe da submissão aos ditames da moral de classe e do controle social dos governos, a população mostra que não precisa que lhe mostrem o que é bom. Basta que abram o caminho e ela mesma o faz.

O ORGULHO DO GOVERNO, OS SISTEMAS E OS TERRORISMOS DE ESTADO COTIDIANOS

A inteligência do Estado se manifesta como imagem do pensamento. Mas o pensamento só existe quando se transborda a imagem para constituir o Novo. No estado capitalista, onde predominam a lógica do lucro e a semiótica laminadora que corta os fluxos intensivos produtores do novo, não pode haver pensamento.

No capitalismo, os objetos não deixam de carregar seu valor de uso; no entanto, não é este valor que predomina nas relações. Por exemplo, o mercado da arte, onde um quadro vale menos como objeto fruto do trabalho intelectivo/cognitivo/ do artista do que o status ilusório, patologia do existir, que os grandes milionários exibem quando adquirem “um legítimo Fulano de Tal”. O que, para a psicanálise existencial, revela a autosabotagem e malogro da existência, má-fé que se traduz no elogio à impotência: “não sou capaz de criar, mas posso, com meu dinheiro, me apossar da criação do outro, e assim me sentir, ainda que falsamente, superior a ele”.

As ultratecnologias são uma das formas de expressão da “inteligência” do sistema capitalista. Submetidas à mesma lógica/fórmula da subversão do objeto ao valor-vazio (o equivalente universal), estas ultratecnologias são também uma ilustração da impotente inteligência do estado e de seus agentes.

O homem cria o objeto-mercadoria tecnológico para que ele substitua uma função “natural”. Suas próteses: máquinas que substituem e fazem com uma eficácia “inumana” a maior parte das atividades humanas. Sistemas de informação e redes de comunicação. A assepssia do conhecimento. Redes poderosíssimas, e nada a dizer. Sem ruído, sem turbulência, não há inteligência. É um pouco o que sacaram alguns jovens, nascidos na era do CD, que recorrem ao velho LP para ouvir uma batida.

UMA ANEDOTA DA INTELIGÊNCIA DO GOVERNO DO AMAZONAS

O governo do Amazonas, capturado pela ilusão do afeto-orgulho, lança um sistema informatizado para marcação de consultas e exames na rede pública de atendimento. Logo nos primeiros dias, as notícias de que o sistema não funciona geram filas enormes nos pontos tradicionais de marcação de exames, como o PAM da Codajás, zona sul de Manaus.

Orgulhoso de sua inteligência asséptica, que elimina o tempo e o espaço, fazendo com que os exames e consultas necessárias aos pacientes ocorram automaticamente, sem o indesejado fator de incerteza da “falha humana” – como se não fossem humanos os criadores das máquinas, materiais e imateriais, os representantes do governo do estado atribuem o problema a uma fase de adaptação.

No dia 06 de julho deste ano, um leitor intempestivo deste bloguinho foi até uma unidade básica de saúde na zona sul de Manaus, para uma consulta. Realizada a mesma, foi passado pelo médico um exame simples, um raio-X. O leitor/paciente deixou a guia de requisição do exame com o atendente da UBS para que ele marcasse, via sistema, o local e a data do exame.

Na quinta-feira, dia 08, o exame ainda não havia sido marcado. O leitor/paciente retornou ainda à UBS nos dias 10, 13, 15, 20, 23 e 29 de julho, e em nenhuma destas datas obteve resposta para o seu exame. A justificativa era sempre a de que o sistema estava fora do ar, fosse por telefone, pelo computador, e até diretamente, quando a própria diretora da unidade, em ato contrito, levou todas as guias ao DISA-Sul para tentar marcar.

No dia 31, quando esteve pela última vez na UBS, o leitor/paciente soube que o exame tinha sido finalmente marcado, mas para o dia anterior, 30, às 07h da manhã. O sistema não falha…

Sem ruído, é a lógica da assepssia, um violento desequilíbrio na correlação de forças, que gera, como terapêutica, o surgimento dos fenômenos extremos. Assim, por exemplo, as doutrinas de segurança e de vigilância do tempo e espaço para a garantia da segurança absoluta gera o terrorismo. O terrorismo que encontra no próprio estado a sua maior expressão, a hostilidade ao cidadão, que se manifesta no paradoxo: a justiça informatizada que não escapa ao labirinto kafkiano da Lei e da Injustiça, a saúde que cria doença, a educação que embrutece, o entretenimento que embota as consciências, a comunicação que desorienta, o transporte que imobiliza…

São as armadilhas que os governantes insistem em preparar para os seus cidadãos, em um sistema de governo antidemocrático. Enquanto isso, as costas do leitor/paciente só…

O OLHAR VIGILANTE DA PREFEITURA E O OLHAR DOS ESTUDANTES

A prefeitura irregular de Manaus, em gestão sub judice e conflituosa da dupla Amazonino e Carlos Souza, apresenta uma nova ferramenta da “educação”: agora os pais dos alunos da rede pública e particular de ensino poderão, se desejarem, acessar via internet quais as rotas de ônibus que seus filhos tomaram nos últimos 30 dias.

O dispositivo, antes usado somente pela força policial para elucidar situações de crime agora será colocada à disposição e deleite paranóide de pais e educastradores em toda a cidade.

Evidência de que a gestão da dupla Amazonino/Souza tem menos um viés de interesses particulares sobrepondo-se sobre o público do que a patologia social do tirano. As duas vertentes, aliás, andam juntas. No entanto, a uma gestão patológica, amplamente contraditória a qualquer senso democrático, não basta criarem situações que facilitem a subtração do bem público a interesses privados: ela pretende submeter a cidade a uma enunciação de controle absoluto, de imobilidade e impossibilidade criadora. O panóptico. “Podes fazer de tudo, mas Eu saberei”, enunciado capturador que se encontra já na teologia cristã-paulina, e que é atualizada nas novas teletecnologias por governos cujo entendimento de mundo passa pela mesma má consciência que elaborou um deus ciumento e vingativo.

Nada, portanto, de educação. A ponto de revelar para qualquer estudante de primeiro período de qualquer curso de Psicologia, até da UFAM, a psicologia educastradora da SEMED, quando a sua psicopedagoga vai a um jornal local afirmar que a ferramenta “educativa” (as aspas são nossas) é útil, mas não substitui o diálogo familiar. Ignora a psicopedagoga que, em uma sociedade onde predominam elementos de ordem da democracia efetiva, o diálogo é condição de existência na medida em que seja produtor de novos dizeres e saberes, e que não se reduz à família, mas transborda por todo o social. Comum Unidade. Se não há diálogo, não há democracia. Se há democracia, ferramentas de controle não só não seriam úteis; elas simplesmente não seriam necessárias.

A ausência do diálogo que constrói da democracia já se encontra em cada escola, em cada secretaria do município e do estado, e se evidenciou claramente no conluio entre Executivo e Legislativo municipais, imprensa domesticada e setores reacionários do movimento estudantil, ao subtrair o direito à meia-passagem dos estudantes, beneficiando os interesses do empresário e prefeito vitalício de Manaus, Acyr Gurgacz. Acyr, aliás, como prefeito, já teria até anunciado a desativação dos terminais I e II (Constantino Nery e Cachoeirinha) sem que o IMTT ou a assessoria de imprensa da prefeitura viessem desmentir a informação.

O OLHAR DOS ESTUDANTES SOBRE A PREFEITURA NÃO É PANÓPTICO…

De seu lado, os estudantes, subtraídos em seu direito constituído, mas no exercício do seu direito constitutivo, vão às ruas, se mobilizam e lançam a campanha pedindo o impeachment do atual prefeito e de seu vice.

Uma evidência de que o olhar estudantil nada têm de controlado e embotado, e que, diferente do olhar institucional da gestão Amazonino, consegue vislumbrar uma cidade para além da cidade. Os estudantes sabem que um tirano controlador é antes uma consciência controlada e insegura, incapaz de lidar com produções coletivas que engendrem a potência democrática. Daí, o olhar crítico e clínico dos estudantes desejarem a subtração deste corpo que não carrega com a democracia nenhuma noção comum, e que só consegue compor, há mais de três décadas, afetos tristes, que impedem o surgimento da democracia de fato.

NOTAS SOBRE A PASSAGEM DA CPI DA PEDOFILIA POR MANAUS E COARI

Є O senador Magno Malta (PR/ES) não sabe que a pedofilia mais incisiva e perigosa socialmente é aquela que segrega os signos de uma infância solapada, um infantilismo sequelado, fruto da ilusão dos adultos capturados pela ordem do capital, e que foram interditados em seus fluxos intensivos e potência de agir, e que estão na tevê, na internet, na moda, nos dizeres, na música, nos corporais e incorporais da sociedade de consumo, submetendo as crianças a uma infância que não é a delas. Soubesse, a sua CPI teria que estabelecer uma base de atuação perene nas emissoras de tevê, com suas Anas Marias Bragas, Xuxas, Sashas, Maísas…

Є No entanto, a CPI tem se prestado, no plano democrático, a um importante trabalho: aproveitando a comoção emocional em torno da temática a pedofilia, bem mais carregada de elementos de ordem doutrinária igrejal que de ciência e de reflexão racional, desvelando aquilo que era evidente, mas que não se atualizava como real para o plano midiático: o envolvimento de membros das chamadas esferas do poder em práticas de violência sexual e exploração de mulheres, crianças e adolescentes, não apenas no sentido da tara psicopatológica, mas na tara social: o lucro pela exploração. Tal como no Caso Wallace, Adail, apontado como o chefe do esquema de desvios de royalties do gás natural de Urucum, é chefe, mas não apareceu ainda o chefe-do-chefe.

Є O presidente da CPI da Pedofilia, senador Magno Malta, ao chegar a Manaus, afirmou ter recebido muitas pressões para que a CPI não viesse à cidade. De certa forma, não veio. Contando com apenas o presidente como membro titular, que criticou a ausência dos colegas de CPI e dos três senadores do Amazonas, os trabalhos terão de se reduzir àquilo que já estava previamente estabelecido. Malta não poderá, por exemplo, convocar para depôr ninguém além daqueles que já estavam previamente convocados, nem mesmo se denunciados em audiência pública.

Є Um déjà vu: o senador Arhur Neto, por exemplo, já atuou em defesa do Amazonas quando o assunto era exploração sexual infanto-juvenil. Foi ele quem articulou, junto com o senador Ney Suassuna (PMDB/PB), a retirada do nome de Omar Aziz da lista de indiciados da CPI da Prostituição Infantil, numa articulação que deixou boquiaberta a relatora, Deputada Maria do Rosário (PT/RS) – leia aqui e aqui. O tratamento amplamente favorável à Omar dado pela imprensa local sobre o caso fez com que o professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas, Gilson Monteiro, fosse agredido dentro das dependências do campus, por dois irmãos de Omar, atual vice-governador. Gilson usava a tibieza e comprometimento da imprensa local com os políticos locais como exemplo em uma aula de ética, quando uma sobrinha de Omar, debutante do curso, levantou-se e chamou o pai para defender a honra da família – leia aqui.

Є Em Manaus, a CPI tomou os depoimentos de 12 pessoas, dentre elas, Fábio Marques Martins, da agência Mega Models, Andréa Domingues de Abreu, ambos considerados agenciadores das adolescentes, e Haroldo Portela, ex-secretário de comunicação da prefeitura de Coari. Portela é considerado a peça-chave no inquérito do Ministério Público sobre os desmembramentos da Operação Vorax. Era Portela quem organizava a exploração, mantinha contatos com os agenciadores e realizava o pagamento. Uma adolescente, identificada como Brenda, supostamente vítima da exploração pela quadrilha de Coari, também foi ouvida. Os programas eram pagos sempre com dinheiro público, e discriminados como “prestação de serviços para eventos sociais”. Em Coari estão previstos mais dez depoimentos, entre eles o de Adriano Salam, ex-secretário de administração e o do ex-prefeito, apontado como o chefe da quadrilha, Adail Pinheiro. A CPI realiza hoje os trabalhos na cidade do gasoduto e da Operação Vorax.

MICHAEL JACKSON: 50 ANOS NA PÓS-MODERNA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

Michael Jackson 02

Quando a imagem já não pode mais encerrar-se numa existência individual, mas carrega elementos que, biograficamente, servem para perceber um tempo e, principalmente, um processual de subjetivação, já não contam mais o tempo cronológico e os ritos particulares. Assim, morreu ainda há pouco um dos maiores “ídolos” pop de todos os tempos: Michael Jackson. Mas tivesse isso ocorrido há 20 anos passados ou daqui a 80 anos, o importante são os entendimentos que se pode tirar para fazer ver aquilo que muitas vezes está invisível numa existência superexposta pela mídia paparazzi em redundâncias e clichês, como a desse “astro” pop.

Michael Jackson 04SINOPSE BIOGRÁFICA

Michael Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958, em Gary, cidade do estado norte-americano de Indiana. Começou a cantar e dançar profissionalmente ainda criança, aos 6 anos, juntamente com os irmãos Jackie, Tito, Jermaine, Marlon, que formavam o grupo Jackson Five, que tinha supervisão do tirânico pai, explorador sádico do talento das crianças. Segundo se conta, Michael às vezes vomitava somente de vê-lo e carregou traumas por toda a existência provenientes dos abusos paternos que sofreu.

A partir de 1972, passou a apresentar-se sozinho, numa carreira cada vez mais conhecida e promissora, até culminar com o disco Thriller, em 1982. Somente nos Estados Unidos o álbum vendeu 21 milhões de cópias, e mais de 27 milhões em todo o mundo. Dessa época ficou famoso também o passo de dança com o qual ele desliza para trás arrastando a ponta dos pés.

Em 1994, Michael Jackson casou-se com Lisa Marie Presley, a filha única do roqueiro Elvis Presley. O casamento durou apenas dois anos. Mas, ainda em 1996, ele se casou novamente, agora com Debbie Rowe, com quem teve dois filhos até a separação em 1999.

Ao todo, Michael Jackson teve três filhos: Michael Joseph Jackson Jr., Paris Michael Katherine Jackson e Prince “Blanket” Michael Jackson II.

Ultimamente, ele tinha um contrato para 20 shows, que deveriam ocorrer entre 8 de julho deste ano e 24 de fevereiro do ano que vem, no 02 Arena, em Londres. Apesar dos preços caríssimos, a procura era tamanha que ele já havia programado estender a temporada para 50 shows.

AS METAMORFOSES DE MICHAEL JACKSON

Michael Jackson 05Principalmente a partir da década de 80, a existência do “ícone” pop foi, esmiuçadamente, perseguida pela mídia e envolta em diversos escândalos, que vão desde conflitos com a gravadora Sony, a cena surrealista do pop perseguir uma galinha no Cenral Park, até acusações de fraudar o INSS e pedofilia. Mas nada sofreu tanta especulação quanto a mudança na cor da pele, que se esbranquiçava cada vez mais. Para quem observa a sociedade de controle, sociedade do espetáculo, a metamorfose – que Michael Jackson chegou a confirmar ser vitiligo, mas a mídia mundial nunca deu crédito, publicando sempre novas desconfianças sobre a tentativa deliberada do astro em tornar-se branco – aparece como uma ridicularização às avessas do racismo baseado na superioridade da cor branca da pele. Ele, de certa forma, sabe disso, tanto que faz uso disso no mais famoso vídeo-clip de sua carreira, transmitido simultaneamente para 27 países, com audiência de mais de 500 milhões de pessoas ao mesmo tempo: Blck or White. A indústria de consumo sendo levada ao extremo por seu próprio produto.

INFANTILISMO MENTAL X PEDOFILIA

E quanto mais ele se isolava em Neverland, mais os escândalos proliferavam. Em 1993, repercutiu em todo o mundo a acusação de pedofilia feita por um garoto de 13 anos. Ao final, Michael fez um acordo secreto milionário com o pai do garoto, e o caso, que não chegou a tramitar legalmente, foi encerrado. Mas, em 2003, Jackson foi novamente acusado de pedofilia. Elisabeth Taylor, que esteve junta com o cantor e o garoto, saiu em sua defesa: “Não houve nada anormal nisso. Nós rimos como crianças, assistimos um monte de filmes da Disney. Não havia nada de estranho nisso.” (Com certeza, assistir filmes da Disney não tem nada de estranho, só imagens-decalques para infantilizações prosopopéicas.) Um certo doutor Stan Katz foi chamado, e conversou durante horas com o cantor e também com o acusador, chegando à conclusão que Michael era mentalmente infantil e não agia de acordo com a conduta de um pedófilo. Em junho de 2005, muito abalado física e emocionalmente, Jackson foi absolvido, por falta de provas, de todas as acusações.

AO FINAL, HUMANITARISMO PÓS-MODERNO

Em 2002, como sempre envolto em escândalos midiáticos, Michael teve o terceiro filho, do qual dizia ser a mãe anônima e afirmando que o filho nascera de inseminação artificial, levando mais uma vez ao ápice as possibilidades pós-modernas.

303547FAo mesmo tempo, passou, progressivamente, como querendo preservar um humanismo em outros lugares, típico do humanitarismo pós-moderno, a fazer doações para entidades humanitárias de todo o mundo, tanto que chegou ao Guinness devido à quantidade de pessoas que ajudou a partir da Dangerous World Tour. Em 1999, doou ao então presidente da África do Sul, o líder africano Nelson Mandela, um cheque de $ 1.000.000. A lista de doações em cheque, de artigos seus para leilão, de shows beneficentes é imensa. Ultimamente, ele havia, inclusive, manifestado desejo de encontrar-se com Lula para contribuir com os trabalhos sociais em efetivação pelo governo democrático do Sapo Barbudo. Mas o encontro fica pra próxima, pois hoje, 25 de junho de 2009, aos 50 anos, Michael Jackson cumpriu sua pendência existencial. Mas as mutações continuam, pois ele, que levou às vezes além do limite a própria pós-moderna sociedade do espetáculo que o produziu, não será tão cedo abandonado por ela, em que pese a volatilidade desta.

O BARULHO DOS AFRICANOS E O SILÊNCIO DOS ‘BOLEIROS’

A relação do homem com o tempo não é uma relação direta. É necessário ao homem, para suportar o real, estabelecer com ele uma relação de territorialidade: organização dos signos e elementos (corporais e incorporais) de modo a estabelecer não uma referência de ordem estática (identidade, pertencimento), mas uma linha a-significante, que no entanto remete a uma territorialização que permite o estabelecimento de um modo de existir, em toda a sua complexidade.

A cultura africana têm, entre diversas outras culturas, uma relação de proximidade e intimidade singular com os sons e ritmos. Longe de um mimetismo da natureza, assim como os povos nativos da Amazônia, por exemplo, os africanos compõem com os objetos novas formas e corpos, outros afetos e perceptos. Um organizador semiótico que produz territórios existenciais, que diferentemente de uma identidade ou de uma subjetivação, não é estática e nem pode ser capturada. Daí a explosão transbordante dos sons africanos em todos os outros continentes, com toda a complexidade e riqueza: os atabaques e os orixás que o digam…

O SOM QUE INCOMODA O MERCADO DA BOLA

Em meio a um torneio caça-níqueis, menos futebolístico que financeiro, são elas que estão em voga: as vuvuzelas. Não que sejam novidade no mundo do futebol. Desde a década de 60 elas estão aí, pelos estádios. Mas, com a força do capital, chegaram à África e compuseram com a musicalidade dos africanos uma poderosa melodia.

Contam que jogadores, técnicos e equipes de tevê e rádio presentes à África do Sul têm reclamado do barulho ensurdecedor das vuvuzelas, sopradas desde antes até muito depois das partidas da Copa das Confederações. Mais ainda quando um time do continente, como o Egito, apronta, como o fez, para cima de Brasil e Itália.

Estranhamento em realidade estranho, se considerarmos que outros “ruídos”, bem mais daninhos ao futebol e aos jogadores são ignorados ou bem suportados. Os jogadores, submetidos ao ritmo alucinante de treinamentos, concentrações, confinamentos, pressão física e psicológica, alterações de fuso horário, rotina determinada por outrem, sem direito a férias, jogando um torneio posicionado cirurgicamente nas semanas que sucedem o término da anterior temporada européia (onde jogam a maioria deles) e precedem a seguinte. Nenhuma reclamação. Igualmente, o ruído estranho ao futebol como produção ludoestética do homem, ao transformar o jogo em mercadoria, tentando interditar o intempestivo. O anódino circo do futebol se incomoda com um objeto que faz parte do bestiário deste mesmo mercado (alguém levou as ‘vuvuzelas’ para a África com o claro intento de lucrar), e que encontrou numa composição entre objeto e humano, uma produção de som que transborda a ordem do futebusiness. Por que os jogadores não se incomodam com o estranho ruído do silêncio que é a ausência do futebol (e a presença saturada do negócio, do futebusiness) num torneio internacional de seleções? Por que à imprensa esportiva não incomoda o silêncio dos jogadores das chamadas grandes potências (Brasil, Itália), mais preocupados com o gerenciamento da carreira, e que encaram o torneio como uma obrigação contratual, em contraposição aos jogadores, por exemplo, de um Egito, que correm, brigam e se entregam à disputa do jogo sem a intromissão de elementos exógenos?

Enquanto os ‘boleiros’ não ouvem o ensurdecedor silêncio do futebol que lhes falta, terão de se contentar em se incomodar com as vuvuzelas. Pode ser que, em termos de espetáculo, só reste ao torcedor mirar a alegria dançante e contagiante da torcida africana, ainda que seja pelo mistificado olhar do pseudo-antropólogo do exótico.

DESAPARECIMENTO DE AVIÃO REVELA A AUSÊNCIA DO REAL NA MÍDIA

Quando o avião da Air France desapareceu em alto mar, sem deixar vestígios que pudessem revelar o seu paradeiro, dois sistemas constitutivos da chamada pós-modernidade foram ameaçados: a onisciência/onipotência/onipresença da teletecnologia e a força de mobilização midiática.

Para além da dor e angústia (reais) dos parentes e amigos dos passageiros, existe uma máquina de produção do hiperreal que move suas engrenagens na tentativa de cobrir o rasgo epistemológico que ocorre diante de tal acontecimento.

A imprensa trabalha produzindo decepção: termo usado pelo filósofo das velocidades, Paul Virilio, para designar a produção de saberes que tem por objetivo menos informar que ocultar. Contraprodução de informação, ausente dos elementos de ordem sígnico-cognitiva que permitiriam aos espectadores, telespectadores e leitores formarem uma sentença a partir dos fatos.

Para isso, se utiliza do aparato tecnológico que dispõe: imagens “em tempo real”, produção de dizeres em cascata, superposição de imagens e som em sequência ultrarrápidas, adesivação de valor pseudocientífico aos dizeres através do “especialismo midiático” – o exército de especialistas sempre prontos a opinar sobre quaisquer assuntos onde quer que esteja uma telinha – cortes e sequências de cenas em formato de filme de ação hollywoodianos, montagem da reportagem em formato filme estilo suspense (nada de Hitchcock), a telinha pulsante transbordando um real “mais real do que o real” (Baudrillard). A tensão emocional pasteurizada procura produzir no espectador uma sensação de dor e expectativa, uma contaminação emotiva em cadeia nacional de rádio e televisão. Tudo, é claro, entremeado pelo intervalo comercial. Parte do que a cientista social Naomi Klein chamou de “Doutrina de Choque”.

No entanto, o telespectador, sem os elementos necessários à composição neurocognitiva, é incapaz de produzir uma relação emotiva com o acontecimento. O discurso televisivo, como de resto os discursos padronizados das teletecnologias – incluindo a internet – impossibilita que o aparato neurocerebral humano consiga produzir territórios cognitivos nos quais possa se posicionar. É o criador se sujeitando à criatura. Sem os referenciais espaço-temporais necessários à produção estética (mesmo uma produção estética carregada dos códigos da loucura têm sua territorialidade e suas coordenadas, ainda que diversas do “padrão”), o discurso se torna ele próprio esquizofrenizado. Ao ponto de um apresentador televisivo, num noticiário matutino, ter ficado espantado pelo fato de um avião tão grande ter simplesmente desaparecido. O que causou numa telespectadora não capturada pela rede estupidificante a reação imediata: “o avião pode ser grande pra ele, mas no meio do mundo, é apenas um grão de areia”. Complexo de Kaspar Hauser?

Mesmo a ilusão da deusa Teletecnologia, que tudo sabe e tudo vê, não sobrevive à queda e desaparecimento de um avião no ar: no momento em que deveriam evidenciar a sua eficiência, os mil aparatos tecnológicos que circundam o globo em órbita supersônica e os nanoapatrechos do supermoderno avião que fazem tudo ficar mais fácil e automático, falharam. Naquele momento, um navio viking ou uma caravela genovesiana teriam sido mais eficazes: poderiam facilmente avistar e se aproximar do local da queda.

Enquanto a mídia produz uma desterritorialização relativa em termos de referenciais neurocognitivos, visando produzir um efeito emotivo em cascata e padronizado, consegue o efeito contrário: impossibilitados de compor afetivamente com o acontecimento, resta ao telespectador-videota o embotamento afetivo. A indiferença. Não houve queda, sequer existiu avião, da mesma forma que não se ouvem as bombas que diuturnamente explodem no Afeganistão, Iraque, Palestina, e os gritos dos torturados em Guantánamo, nas prisões secretas estadunidenses e na delegacia da vizinhança.

O que resta é um espectro da dor, culto à morte por uma instância social de uma sociedade tanática (mídia, governos), e que somente a eles pertence e diz respeito. Do outro lado, uma dor real: a dos parentes e amigos das vítimas, que sofrem uma dupla violentação, a da perda dos entes queridos, e a do uso de sua dor como móbil para o lucro.

MUTIRÃO CARCERÁRIO DO CNJ EM MANAUS

Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões e começou a bradar: ‘Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos’.” (Padre António Vieira, Sermão do Bom Ladrão)

Ninguém é ingênuo (muito menos no conceito de Friedrich Schiller) para entrar em conformidade com a teoria do bom selvagem, de Jean-Jacques Rosseau, mote do sensabor Romantismo brasileiro: “Todo homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe.” Por outro lado, haverá alguém que de tanta imbecilidade maniqueísta seja capaz de dizer que os homens são in natura maus, devendo, portanto, ser segregados e controlados?

Ao contrário da possibilidade de ambas imbecilidades citadas acima, a quantidade de presos e os tipos de presos que contêm uma sociedade demonstram o quanto esta sociedade é tirânica, sendo esta tirania ditada (no caso de ditadura militar, por exemplo) ou disfarçada em falsa democracia.

No caso do Amazonas, matéria já estudada por quem está fora e vivenciada por quem está dentro das prisões, o número de presos extrapola a capacidade prisional, não somente pelo desrespeito aos direitos humanos dos detentos, mas também na postura violenta de um Estado que pratica a punição generalizada, em detrimento de gestão e serviços públicos, como forma de coibir a criminalidade.

Ao todo, segundo dados oficiais, o Amazonas tem 4.163 presos. Desses, 1.402 são condenados e 2.761, provisórios. Sabendo-se da morosidade do Judiciário e das corrupções nos tribunais e no sistema prisional amazonenses, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ iniciou ontem um mutirão carcerário que acontecerá, além da capital Manaus, nos municípios de Coari, Humaitá, Itacoatiara, Manacapuru, Maués, Parintins, Tabatinga e Tefé, onde ocorrerá “inspeção em cadeias e a instalação de postos de advocacia voluntária. (…) Além de averiguar a situação dos processos, o mutirão carcerário também promove ações de capacitação e reinserção social dos egressos de sistema prisional”.

Para um estado onde o governador está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República por fraude bilionária em combustíveis, onde o prefeito cassado da capital assumiu a partir de liminar, onde deputado controla tráfico de drogas e chefia grupos de extermínio, onde desembargador trama morte de outro desembargador, onde as polícias são consideradas das mais corruptas do país…, afora os que estão atrás das grades com ligação com mandantes como esses “acima de quaisquer suspeitas”, é provável que o CNJ encontre apenas inocentes. O mesmo não se poderia dizer, do ponto de vista judicial, para muitos que estão à frente das grades.

CMM DISCRIMINA PROSTITUTAS E EVIDENCIA FALÊNCIA POLÍTICA E RELIGIOSA

A moral é um conjunto de códigos e valores que determinam formas de comportamento dentro de uma sociedade. Pode ser uma moral que reflita um povo livre e democrático, e pode ser uma moral de rebanho, de uma sociedade decadente. Principalmente quando os códigos e valores desta moral são intercessores do fluxo do existir e de formas mais gratificantes de comportamento.

Assim, aos psicólogos e antropólogos sociais, cabe, caso queiram compreender os motivos do fracasso de uma sociedade, observar como são “vistos” aqueles, dentro de uma determinada sociedade, que não estão bem “sintonizados” com os preceitos morais carregados por ela.

Em Manaus, por exemplo, a Câmara Municipal de Manaus recebeu proposta para votação de concessão de utilidade pública para a Associação das Prostitutas do Amazonas. Proposta esta imediatamente rechaçada pela chamada bancada evangélica, através da frase de um de seus representantes, o pastor da igreja Restauração, Marcel Alexandre.

Disse Alexandre que não votará a favor do projeto porque é contrário à sua família. De quebra, argumentou (?) que o Estado não é laico, pois “somos todos cristãos”.

Estranho comportamento do ponto de vista político e religioso. Primeiro porque ignora a laicidade do Estado. O campeão da moral cristã Marcel Alexandre não concebe alguém que tenha nascido fora dos desígnios da dogmática cristã (paulina, não de Cristo). Há que se saber o que pensa sobre isso, por exemplo, as comunidades budista, islâmica, atéia… Além do mais, trata-se de claro desconhecimento do funcionamento das estruturas de Estado. Caso, em uma sociedade civilizada, para afastamento da função pública, que requer a capacidade para lidar com a diversidade e para compreender a coletividade para além da identidade do EU.

Ignora ainda um dos dizeres mais populares do livro sagrado: “quem não tem pecados, que atire a primeira pedra” (João, cap. 8).

Triste ilustração de uma sociedade onde os códigos econômicos/sociais/políticos permitiram a emersão do aspecto mais brutal e retrógrado da dogmática apostólica romana. Longe de uma evolução, a irrupção das igrejas que se guiam (alguma não se terá guiado?) pela lógica do lucro, o patrulhamento das consciências, a laminação dos modos de existir alternativos, a interdição da inteligência são evidências de que uma sociedade fracassa.

Daí a importância dos chamados outsiders, como mendigos, prostitutas, ladrões, entre outros: a minoria, neste caso, longe de ser a exceção, confirma a regra. O fracasso do social está não em sua existência em si, mas na existência dos chamados certos, retos, os campeões da moral: são eles que segregam, controlam, classificam, hierarquizam, excluem, discriminam.

Para surpresa, talvez, de Marcel Alexandre e seus seguidores, comportamento bem contrário ao daquele jovem palestino, Filho de Maria, que não atirou a pedra à mulher adúltera, e caiu nos braços de uma Madalena.

UNIDADE DE ESPECIALIDADE MÉDICA EM MANAUS NÃO ATENDE USUÁRIOS DE UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE

Leitores intempestivos relataram a este bloguinho que o PAM da Codajás, unidade de saúde especializada da zona Sul de Manaus, não estaria aceitando encaminhamentos dos clínicos-gerais das unidades básicas de saúde (postos e casinhas).

O procedimento, segundo alguns médicos ouvidos pelo blogue, é efetivamente irregular, já que o procedimento hierárquico dentro da estrutura do SUS é o de que as unidades básicas de saúde são a porta de entrada no sistema, e que as especialidades só devem ser acessadas após a primeira avaliação, que ocorre ora nas unidades básicas, ora nas unidades de urgência e emergência (hospitais, SPA`s).

No entanto, as pessoas estão se dirigindo aos postos de saúde, e ao serem encaminhadas para acompanhamento por especialistas, ao chegarem no PAM para marcar, são informados de que a consulta não poderá ser feita. Os mesmos são ainda orientados a procurar um SPA para de lá serem encaminhados e conseguir a necessária consulta com o especialista.

MEDICINA DE MERCADO E O ADOECER BIOSSOCIAL

Ainda segundo fontes intempestivas, a questão tem sido levantada exclusivamente pelos usuários do sistema. Entre o meio médico, predomina o corporativismo. Os rumores que correm dão conta de que os médicos especialistas estariam envolvidos na não-aceitação dos encaminhamentos, alegando que os clínicos-gerais estariam apenas “despachando” os pacientes nos postos e casinhas, não realizando sequer procedimentos simples de acompanhamento, que segundo os primeiros, poderia ser feito sem a necessidade da especialidade. Do outro lado, médicos das unidades básicas estariam incomodados com a inércia dos colegas especialistas, que não estariam aceitando atender problemas de saúde de suas áreas.

No meio do deixa-que-eu-deixo, o usuário do sistema, que precisa do tratamento, e tem que encarar a fila quilométrica, tanto no posto de saúde para pegar uma ficha, quanto nos PAM, para marcar uma consulta ou exame.

Sinais de uma medicina de mercado, distanciada do exercício cívico e democrático do conhecimento em função do fazer coletivo, e próxima do marketing e da lógica da objetização e monetarização do corpo e de seus males. Medicina que produz doença biossocial.

É por isso que Hipócrates anda jurando de pés juntos que no Amazonas não tem medicina…

TRÊS NOTAS CURTAS DO MICROFASCISMO ANTIFUTEBOLISTA

QUANDO A BOLA MURCHA, O CORPO SOCIAL PADECE

O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, mostrou o quanto entende de futebol ao tratar sobre uma partida do campeonato paulista em que o tricolor enfrentará o São Caetano. O time interiorano quer transferir a partida para a cidade de Presidente Prudente, e o cartola tricolor “ameaçou” colocar os juvenis do clube para jogar a partida. Juvêncio afirmou que o time prioriza a Libertadores, e que não coloca os juvenis “em respeito ao torcedor, à mídia e às empresas que investem dinheiro”. Faltou falar do (des)respeito aos futuros profissionais do clube, que são usados como arma de vingança, evidenciando o aspecto mais marketista do que futebolista do clube. O “patrão” Juvenal, com sua atitude, além de evidenciar a ignorância sobre futebol, comete assédio moral, já que deprecia a qualidade ou o trabalho de seus subordinados. Caso para para a Delegacia Regional do Trabalho paulista. Ou o time juvenil do São Paulo é tão ruim quanto o adulto?

O Corinthians também anda usando técnicas de marketing de guerra para sobreviver no deserto futebolístico brasileiro. Mas o alvinegro paulista, diferente do irmão siamês tricolor, não ameaçou: já colocou em prática o seu plano antifutebolístico. O clube anda cobrando “couvert” artístico para colocar Ronaldo em campo. Contra Itumbiara e Palmeiras, foram 450 mil reais a mais nos cofres, graças à presença estática do ex-jogador em campo. Mas do que um sintoma de que no futebol brasileiro, fala-se de tudo, menos de futebol, a atitude é no mínimo engraçada. Resta saber se a atração bisonha vai arrastar multidões curiosas com o inusitado mais tempo do que o artista da fome de Kafka… Na ficção, o artista foi substituído por uma pantera. E no hiper-real, quem substituirá o artista do fastio futebolístico?

Restou à psicanálise explicar porque meandros a homossexualidade latente, o desejo refreado e interdito pela Lei e pela ordem da moral social, se manifesta inconscientemente no plano consciente. A homofobia é um deles. Bate-se num homossexual não pelo ódio ao outro, mas pela impossibilidade de suportar a homossexualidade mal resolvida em si. O futebol, que pode ser entendido como uma sublimação dos investimentos libidinais homossexuais, já que promove a confraternização entre homens tendo a bola como efêmera justificativa, não por acaso, é palco-mor da homo e da xenofobia. Assim, o machão, machinho, machasso técnico do Figueirense, de Santa Catarina, Roberto Fernandes, usa um vestido cor-de-rosa como método (anti)pedagógico de punição. O jogador que treinar e apresentar baixo rendimento deve usar durante todo o dia um vestidinho rosa, e ser vítima de achaques e chistes de seus colegas. Considerações analíticas à parte, trata-se de uma evidência de estreiteza epistemológica. Fosse em uma escola, seria passível de processo. Já que se trata de futebol (tratar-se-á?) a questão é de ordem intelectiva: ou como afirma o ditado popular dos tempos de guerra: amedronta o inimigo com aquilo que a ti causa pavor.

A EDUCAÇÃO DO GOVERNO DE SÃO PAULO E OS “DOIS PARAGUAIS”

Um saber é constitutivo de uma potência-ativa quando seus elementos semióticos transportam territorialidades que permitem um movimento intensivo que permita às pessoas alcançarem um grau mais alto de potência: somente um saber que liberta é saber.

A função educativa, quando se faz num plano democrático (de outra forma não é educação), estabelece nas territorialidades construídas a possibilidade de transbordar numa outra existência, ampliando a consciência e compreendendo melhor o mundo ao redor. Daí um saber desconectado da realidade coletiva não ser mais que um recurso patológico da sociedade de consumo.

Tal como a educação de governo amazonense (que só encontra elogios na pariceira Istoé, amiga do governo Braga), a educação paulista vive mais do vazio do marketing do que de produções intensivas materiais e imateriais. Rescaldo da política governamental de esvaziamento da escola pública – com uma pausa na gestão de Marta Suplicy – as escolas paulistas, de modo geral, não traduzem para seus alunos a sociedade onde eles vivem.

O grau de desterritorialização do real (quando um signo se desprende daquilo que o torna coletivamente inteligível, e só resta uma imagem sem referente) chega a tal ponto na produção do hiper-real na educação paulista, que alunos das escolas públicas receberam material de ensino de geografia onde a representação gráfica da América do Sul mostra Paraguai e Uruguai em posições invertidas, além de um “clone” do país de Fernando Lugo.

Fosse um requinte educacional, para falar de um Paraguai “pré-Lugo” arrasado pela economia de mercado do consenso de Washington, e um outro, que elegeu o presidente-bispo e pretende acabar com décadas de domínio monopartidário, até estaria valendo. No entanto, a questão é mesmo de ordem do erro factual.

Mais revelador da (des)educação paulista do governo Serra é o grau de alienação dos agentes envolvidos no imbróglio: enquanto a secretaria estadual de educação culpa a fundação que produziu o material, enquanto mantém no seu site uma nota de errata que só pode ser acessada pelos diretores de escola, a fundação responsável pela confecção do material rebate, afirmando que os professores que elaboraram o material foram indicados pela própria secretaria. No meio deste empurra-empurra, perdida mesmo, fica a educação.

A mesma educação que passou pelas mãos da iniciativa privada de forma predatória na gestão Paulo Renato de Souza, no octênio FHC, e que, não por acaso, numa gestão tucana no Rio Grande do Sul, pretende desmontar as escolas do MST, por disseminarem “perigoso conteúdo marxista”.

O que é assustador no caso do Paraguai invertido não é o fato do mapa estar de ponta-cabeça, mas da educação de governo paulista não conseguir perceber que ela própria está fora do mapa da existência de seus estudantes.

CASO WALLACE, “O MAIS GRAVE NOS ÚLTIMOS 20 ANOS”? E ONDE ANDAVAM OS GOVERNOS NESTES ANOS?

Na essencialidade democrática com sua práxis de liberdade, nenhum homem livre quer que o governo de um estado seja uma espécie de vigilante-onipresente de seus cidadãos. Um Panóptico, onde “o olhar está alerta em toda parte”. Uma condição paranóica, “um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder”, como afirma o filósofo Foucault. E nem tão pouco, que o governante seja o Big Brother, Grande Irmão, com sua força de controle sobre todos, como nos mostra o escritor George Orwell em sua obra “1984”. Entretanto, quando autoridades do poder judiciário afirmam que o caso do deputado Wallace é o “mais grave nos últimos 20 anos”, os habitantes de Manaus são levados a mais simples das indagações: “Onde andavam os governos nestes anos?”. A quantas andava o poder público em todas suas determinações, legislativa, jurídica e executiva( também o quarto poder: a imprensa)? Ou em sua especificidade, onde andava a instituição policial-judiciária que nada viu, e por isso não atuou? Isto porque, nenhum grupo se “organiza”, se expande e age, a margem da lei, na invisibilidade que lhe possibilitaria escapar da inteligência preventiva e repressiva dos profissionais da justiça. Nenhum homem, ou grupo, por mais força que detenha, é invisível. Tem matéria, forma e sonoridade. Sempre é visto e escutado. Deixa sempre vestígios sensoriais que se desdobram em entendimento intelectual. Faculdades, no caso dos direitos jurídicos, promotoras da segurança social dos cidadão.

A indagação da população manauara torna-se mais racional quando se analisa o depoimento do deputado que afirma ter sido pobre a ponto de vender picolé. Daí que, adulto sem curso superior, ou uma profissão que lhe possibilitasse ganhar dinheiro, sendo apenas um apresentador de um programa ‘viserabilista’, que usa o pobre como suporte para seus intentos materiais, como que poderia formar uma confraria com tanta força de atuação, sem ser notado e ainda deter uma postura de decisão no cenário ‘político’, a ponto de auxiliar candidatos a serem eleitos, através de seu prestígio.

Quer alguns queiram, ou não, em 20 anos de atuação, este caso deputado Wallace, para o cidadão manauara, não é só um caso Wallace. Implica algumas variáveis do que era, ou é, o conceito político-administrativo-jurídico dos governos que se tomaram como poder nestes anos. E o pior, eleitos democraticamente. Sem possibilidade de nenhuma desculpa de que tudo aconteceu porque vivíamos em uma ditadura. Época do forte por si mesmo, e Deus contra os miseráveis.

IGREJA RENASCER – POR QUEM O TETO CAI?

Nenhuma folha cai de uma árvore se não for providência divina. Todas as causas e efeitos encontram-se em Deus. Por mais minúsculos e imperceptíveis que sejam aos homens”, sentenciam os bíblicos. Obras de Deus. Todos os fiéis crêem que Deus põe e dispõe ao homem como provação e aprovação. Quando o teto de uma igreja cai, para estes, estava nos desígnios de Deus.

Mas se a fé é metafísica, projeto trans-mundo, o teto é físico, estar-no-mundo. Faz parte dos negócios dos homens. Ninguém, em oração, encontra-se embaixo de um teto descarnado, só em estado etéreo.

A queda do teto da igreja Renascer ao cair, não caiu como o mundo da cantora Dolores Duran, cuja queda era o fim de um romance. Esse não tem matéria. Afeta, fere, mas nada que um novo amor não cicatrize. O teto é matéria no mundo real-físico sobre corpos, embora em imaginação deslocada para um trans-mundo, a sua força causa cortes na carne-viva, sangrenta. Nenhuma superstição, por mais apaixonada que seja, os livra. Principalmente quando a superstição é o primeiro motor do lucro.

TETO MAKE MONEY

O teto era uma questão física-arquitetônica. Uma questão de base, suporte e equilíbrio em um mundo de vibrações alternadas que fazem com que a construção de um prédio seja de acordo com sua função. E quando um prédio, erguido para uma função específica, passa a ser usado para outra função, com vibrações mais intensas e extensas, sua estrutura é abalada, e tende a desabar, como já dizia a professora Honorina. Como desabou, renascendo como causa de uma grave acidente. O prédio da Renascer, nasceu como um cinema, com função para um número exato de espectadores corpos-sonoros-vibráteis. Encampado, passou a ter a função inversa, em razão do propósito de seus proprietários que o tinham como templo de lucro-fervoroso.

É o efeito da providência capitalista do neo-liberalismo. Liberou geral. “Fé é lucro, mister Bill!”. Pretendendo se dar bem, um dia o cara tem uma bela fantasia: fundar uma igreja. Essa a professora Honorina não dizia. Não era do seu tempo. Hoje, tudo está exposto, no mundo fetichista de mercado. E a fé, também é, nesse caso, mercadoria de lucro. Motor de propulsão do lucro fácil. A fé, como industria, precisa de grandes espaços para realização na terra, de seus credos trans-mundo. Alienada do mundo real, a empresa fervorosa, segue o mesmo modelo dos locais de mega-show dos “artistas” reificados pela sociedade de consumo. Quanto maior o espaço maior o número de crentes, e maior a quantidade de crentes mais “quinzinho”. Mais “quinzinho”, mais ilusão do paraíso. E seus proprietários “enchendo as burras”, como diria o gajo, Zé Gaspar.

A iniciação do sacerdócio vocacionado realizado pelos códigos da doutrina dogmática do cristianismo, como Fé e Razão, nos preceitos de São Thomás de Aquino, desrealizou-se na força da “teologia” make money. Por quem o teto da Igreja Renascer caiu. Nove mortos, mais 150 feridos, e o resto desesperado. Nada de Deus. Negócio dos homens. Qualquer um “divinizado” pode se auto-proclamar representante de Deus. Um bom pastor.

Se antes o templo era invejado por ter sido palco do sacramento de seu maior mantenedor, o jogador Kaká, o fino do esporte mercantilista, hoje, é signo real da cobiça. Um dos pecados necessários ao lucro.

O irônico deste perverso acidente, é que os proprietários da Renascer, com a exploração da miséria, afirmaram Marx quando ele, em sua crítica da religião, diz: “A religião não é só o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, como também é o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo”. Inebriados pelo ópio capitalístico em “um mundo sem coração”,portanto, impedidos de sentir “o suspiro da criatura oprimida”, impossível era ver a realidade do prédio. Aí, não podia dar outra.

LULA, O ECON’OTIMISTA E O OLHAR ARGUTO DE DELFIM NETTO

A Economia, como bem mostra o filosofante Toni Negri, é uma disciplina do homem. É, pois, um corpus de saberes e dizeres que se modifica de acordo com as condições materiais e imaterias de cada época. Assim como os filósofos são fruto de sua época, a economia de cada tempo exprime os conflitos e a relação do homem em sociedade e em relação à natureza.

Os tecnocratas, à serviço – voluntário ou não – da subjetividade capitalística, que tenta reduzir à órbita do Significante Despótico os saberes e os signos culturais, produções humanas nas suas mais diversas vertentes, crêem numa economia científica. Cientificidade dura, que dispensa os elementos “intempestivos” e se aferrando a uma lógica silogística e estéril. Equívoco comum à, por exemplo, ciência física moderna, como afirma o filosofante dos saberes, Michel Serres, para quem a física é physys, passando por Lucrécio, Demócrito, Epicuro, não se reduz ao saber que lamina aquilo que não cabe em sua codificação, mas transborda na existência e no filosofar.

Não muito longe da filosofia e da ciência intempestiva, o economista Delfim Netto (que o jornal O Estado de São Paulo, quando lhe é oportuno, recorda que foi ministro da ditadura militar) afirma um alicerce da disciplina econômica: o trabalho e as relações humanas.

Com seu saque para além dos “cabeças de planilha”, alcunha dada pelo também economista que salta do senso banal, Luis Nassif aos tecnocratas, Delfim deita e rola, afirmando que o único economista que presta no Brasil é Lula.

Afirma Delfim que a economia se dá a partir do trabalho e do pacto social. Portanto, uma alcunhada crise como a que se avizinha nada mais é do que produto da especulação do mercado financeiro, e da quebra do pacto social realizada pelos banqueiros e investidores. A crise, lê-se nas entrelinhas, é de moral econômica.

Lula (alcunhado “O Otimista”, pela grande imprensa), sabe, como qualquer estadista, que a confiança no futuro determina os investimentos. As frases de Lula, capturadas como estúpidas e levianas pela imprensa, caem ao ouvido da população como um diálogo, uma explicação para além dos códigos metodológicos da economia de cátedra. Daí Delfim desmontar: a vantagem de Lula é não ter diploma superior! Para estupefação dos entrevistadores. Ele sabe: caso tivesse passado pela sobrecidificação da academia, talvez Lula não fosse Lula, o Otimista. Talvez não soubesse que a parte mais importante da economia não se traduz em números, mas emerge das relações sociais. Coisa que a ala misógina da economia desconhece.

Sabiamente, o economista da direita que muito esquerdista inveja não faz previsões econômicas: sabe bem que elas só interessam à especulação e à produção de uma condição de instabilidade e desconfiança. Não são previsões, são votos. Votos de que o país vá mal, e a direita tenha algum fio de esperança eleitoral em 2010.

UMA ANALOGIA LITERÁRIA-ECONÔMICA

O escritor polonês Jerzy Kosinski, em seu romance “O Vidiota”, faz um quadro da sociedade estadunidense que é, em outra análise, a analogia da sociedade do consumo que move a economia atual.

A personagem principal, Chauncey Gardiner, ou simplesmente ‘Chance’ jamais viu o mundo fora dos jardins da casa onde nasceu, e todo o conhecimento que possui advém da televisão. Um dia, com a morte do dono da casa, ele é obrigado a sair. Em seus caminhos, nos acasos dos encontros, é atropelado e levado a se hospedar na casa de um rico empresário. Gardiner é monossilábico e incapaz de travar um diálogo. Reduz-se a repetir os slogans e falas de programas de tevê. Ainda assim, suas frases prontas sobre jardinagem e tiradas de programas de televisão atingem em cheio um grupo de empresários às voltas com uma crise financeira que ameaça o país. Sempre repetindo suas frases, sem entender uma vírgula do que lhe acontece ao redor, Chance vai se tornando cada vez mais um rosto conhecido midiaticamente, a ponto de ser entrevistado no principal programa de tevê dos EUA. Entre mil e uma tentativas do serviço secreto americano encontrar pistas sobre o seu passado, Chance se torna o principal conselheiro econômico do presidente estadunidense. O conto-romance termina com as especulações do grupo econômico às voltas com a eleição presidencial, e o nome de Chance é o mais provável para vencer o pleito.

Em meio à espetacularização do Real promovida pela própria sociedade, ouve-se a voz da personagem: “Neste país, quando sonhamos com a realidade, a televisão nos desperta. Acho que a guerra, para milhões, é apenas mais um programa de tevê. Mas lá longe, na frente de batalha, homens de carne e osso estão entregando suas vidas”. A Faixa de Gaza que o diga.

Lula, que está para a personagem principal do conto-romance menos que o seu colega, Obama, sabe que o otimismo, neste momento, é uma estratégia de luta. E que, nesse quesito, a população está a seu lado.

Arriscamo-nos uma previsão: como em 2002 e 2006, as viúvas do trágico porvir vão errar.


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

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