VIVA O VINIL!
Hoje, o passeio esquizo da bolacha preta tem um som e uma expressividade discursiva singular. A singularidade sonora discursiva do primeiro disco – LP – gravado pela cantora, compositora, teatróloga e encenadora de teatro Ana de Hollanda. Ineditismo histórico datado entre os meses de março e junho de 1980.
Mas o fato peculiar que se engendra nesse bolachoso é que Ana de Hollanda foi indicada pela presidenta eleita Dilma Vana Rousseff para o Ministério da Cultura. Uma mulher/artista na pasta da Cultura, e ainda mais sendo Ana de Hollanda, só libera grandeza aos sentidos e inteligências do povo brasileiro.
Hoje, Ana de Hollanda continua com sua práxis artística e política, procurando criar uma estética em que o homem possa acreditar por sua vontade de potência que existir é uma produção, e não uma simples concepção mítica e mística. Uma produção onde a liberdade de criar afirma a responsabilidade de existir.
Quanto ao bolachoso de Ana de Hollanda, reúne o que havia – e há – de mais rico no elenco da produção musical na década de 80. Uma plêiade de compositores, músicos, arranjadores, maestros, técnicos e até a moçada do cafezinho e da aguinha. E, mais, um exercício musical produzido pelo selo independente Estúdio Eldorado, que acabava de entrar no mercado para gravar apenas artistas que, por suas singularidades, escapavam da força opressiva das gravadoras multinacionais, que tiranizavam os músicos brasileiros, e ainda tiranizam. Um trabalho grandioso que além de contar com a participação do talentoso maestro Edson José Alves, contou com a participação do experimentador musical da música dodecafônica e concreta, o pernambucano criador de Dédalus, Marcus Vinicius. Também maestro e arranjador do primeiro disco de Belchior, Mote e Glose, gravado na Chantecler, na década de 70. Sem contar com apresentação do disco pelo amigo Antonio Vincenzo.
Ana de Hollanda
“É com enorme prazer que entrego a vocês o primeiro LP de ANA DE HOLLANDA.
Nascida numa família de músicos e poetas, desde os anos 60 ela vem participando de shows e gravações com Miúcha, Chico, Cristina, Maranhão, mas foi depois de um convite para gravar o ‘FM Inédito’, da Rádio Eldorado, que nasceu a idéia deste disco. Mulher de seu tempo, inteligente, ela pesquisou e selecionou um repertório de alta qualidade, interpretando-o com a garra de uma veterana.
Os arranjos e regências dos maestros Edson José Alves e Marcus Vinicius muito contribuíram para plena realização deste trabalho.
Através deste disco, vocês percorrerão o melhor caminho de nossa Música Popular Brasileira”.
Antonio de Vincenzo
LADO A
Waikiri (João Damata-Carlos Pita)
Três Marias (Irene Portela)
Resto de Lembrança (Novelli-Cacaso)
Um Grito Parado no Ar (Toquinho-Guarnieri)
Angélica (Miltinho-Chico Buarque)
LADO B
Santa Vida (Nelson Ângelo)
Alvorada (Novelli-Carlinhos Vergueiro)
Tipo Zero (Noel Rosa)
Boca de Cereja (Nelson Ângelo)
Quando os Pedaços da Gente (Marcus Vinicius)
Ciranda (Irene Portela)
MÚSICOS
Violinos: Elias Slon, German Wajnrot, Caetano Finelli, Jorge Salin Filho, Loriano Rabarchi, Jorge Gilbert Izquierdo, Osavaldo Sbarro e Audino Nunez.
Violas: Michel Verebes e Alvin Oelsner.
Cellos: Antonio Lauro Del Claro e Paulo Taccetti.
Violão: Edson José Alves; Piano, piano elétrico: Amylson Godoy; Baixo acústico e elétrico: Gabriel Bahlis; Bateria: Antonio de Almeida; Guitarra: Heraldo do Monte; Cavaquinho: Edson José Alves e Heraldo do Monte; Flautas: Edson José Alves, Demétrio, Bolão, e Roberto Sion; Clarinete: Bolão; Sax-tenor: Bolão; Sax-alto: Roberto Sion; Trombone: Severino da Silva (Bill); Pistons: Sétimo Paioletti, Felpudo e Buda; Trompas: Daniel Havens e Michael Alpert; CS 80 Yamaha: Luiz Mello; Violão ovation: Edson José Alves; Viola: Edson José Alves; e Percussão: Ubiraci de Oliveira e Toniquinho.
CORO
Miucha, Cristina, Bee e Piii.
FICHA TÉCNICA
Produtor fonográfico: Estúdio Eldorado LTDA.
Coordenação artística: Aluizio Falcão.
Direção de produção: Antonio de Vincenzo.
Assistente técnico de produção: Flávio A. Barreira.
Arranjos e regências: Edson José Alves e Marcus Vinicius.
Técnico de gravação e mixagem: Flávio A. Barreira.
Gravado no Estúdio Eldorado entre março e junho de 1980.
Fotos: Ariel Severino.
Assistente de arte: Flávio Machado.
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