O filósofo Sarte diz que o homem vem ao mundo, age ou reage em uma realidade humana sintetizada como situação distribuída mundanamente como conjunto-utensílios. Tudo que lhe serve como Em-si, Para-si, Para o Outro. Sua contínua transcendência. Porém, há dois tipos de transcendências. Uma quando o sujeito torna-se outro além de seu Em-si estabelecido. Outra dimensão ontológica. Um outro historicizado. Outra quando o sujeito, usando esse conjunto-utensílios, simula uma mudança. Parece se deslocar de seu Em-si permanecendo o mesmo. O que se chama de projeto malogrado.
Quando se trata de fazer parte de um grupo, o sujeito pode se apresentar com dois sentidos. Um se ordenando com os pressupostos do grupo como forma de semelhança. Outro quando percebe que o grupo escapa dos pressupostos determinado e é sua própria auto-regulação. Se autodetermina como grupo revolucionário, como trata o filósofo-psiquiatra Guattari.
Em relação a se filiar a um partido dito político, ocorre o mesmo como nos grupos. Os burgueses buscam partidos com programas burgueses. Quer dizer: ordenamento capitalista. Os sujeitos-sociais buscam partidos com programas socialistas. Porém, ocorre de burgueses, em função da situação mostrada por Sartre, simularem um socialismo que não são traspassado e se filiam no dito partido socialista, porque escapam da observação dos membros deste partido e são tido como revolucionários ou inquietos.
Isso ocorreu com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB)com o Partido dos Trabalhadores (PT), Psosl, e assim vai desde que a situação como manifestação da realidade humana não é observada pelos que pensam a democracia com engajamento e deslocam suas percepções e concepções dos que se aproximam do partido para se locupletarem. No momento atual, o PT é esse tipo de partido que não observou suas filiações. Não percebeu e concebeu que o partido tem ideia marxista e no entanto, grande parte de seu quadro jamais leu uma linha escrita pelo mouro de Trier. E que, aliás, nem sabe escrever a palavra Marx. Assim como também em outros partidos de esquerda. Foram verdadeiros aproveitadores porque ser do partido representava ser engajado historicamente, intelectual e ser ético. O que dava o maior charme nas décadas de 80 e 90.
Cândido Vaccarezza é desse tipo. Um ex-membro do PT que se aproximou do partido para ser tido como engajado, envolvido com mudanças sociais. Mas quem conhece suas peripécias sabe que ele não passa de sujeito com princípios definidamente burgueses. Agora, ele que é o presidente do PT do B, de São Paulo, afirma que o partido vai mudar o nome para Nova Democracia. E mais, vai ser um partido para conceder suporte a Temer. Atentemos para os dois enunciado que formam o nome do partido. Novo e Democracia. Logo ele, Vaccarezza, usando o enunciado Novo. O que ele sente, sentir porque entender é fácil, se consegue até responder em uma prova de filosofia, como Novo? Devir? Vontade de Potência? Virtù? Potência Constituinte? Movimento Real? Nada! Não sente nada que possa ser Novo como práxis e poieses. Criação de novas formas de sentir, ver, ouvir e pensar. Ou como diz Foucault, ir acima das palavras, das frases e das sentenças.
E como não se pode sentir o Novo sem que ele movimente a potência das multidões, a Democracia, o partido novo de Vaccarezza é tão novo e democrata como o PSDB, PMDB, DEM, PPS, PP, PR, PSB, PDC, Solidariedade, etc. E mais, ele afirma que seu partido vai auxiliar Temer. Coisa de Vaccarezza (alguns chamam, sem muita inspiração, de vagareza). Apoiar um desgoverno que não chega nem a metade do primeiro semestre do ano que se apresenta.
O que significa que a Nova Democracia vai morrer antes de se realizar como capacho.
Leitores Intempestivos