
Estação de metrô Beaudry, no bairro gay Le Village, na cidade canadense de Montreal. Tá pra ti, Baby! (Daqui).
DOIS TEXTOS PARA ABRIR A SUA SEMANA
Esta colunéeeeesima, como espaço virtual-atualizante de utilidade pública, procura sempre trazer aos leitores intempestivos, informações necessárias à construção de saberes auxiliantes na produção de modos de existência mais livres.
Daí, hoje, abrimos espaço para duas textualizações que entendemos prenhes (aloka!) de informações e entendimentos que todos precisamos cultivar. São dois, tá. E nada de cansar os olhinhos.
ENTREVISTA: “O CONGRESSO É MUITO HOMOFÓBICO”.
—-> Ui!: Nessa entrevista, realizada pelo jornalismo de “O Dia”, periódico carioca, a senadora Fátima Cleide (PT/RO), uma das principais aliadas do segmento LGBT no parlamento nacional, e principal articuladora dos projetos de lei favoráveis aos nossos direitos (como o PLC 122/06), traça um breve panorama do congresso, e nos atualiza sobre as lutas ali empreendidas. A entrevista saiu domingo passado, mas quem ainda não leu, confere aqui (a entrevista foi dada ao repórter Mahomed Saigg):
Rio – Vítimas da intolerância sexual, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são caçados diariamente nas comunidades do Rio. Conforme O DIA mostrou em série de reportagens esta semana, os homossexuais que moram nas favelas cariocas são alvo do preconceito e da ira de milicianos e traficantes. Muitos acabam assassinados por causa de sua orientação sexual.
O aumento dessa violência, que já invadiu até as salas de aula, chamou a atenção da senadora Fátima Cleide (PT-RO). Relatora do projeto de lei que criminaliza a homofobia, ela afirma que o Congresso Nacional é homofóbico. Inconformada com a dificuldade para aprovar a medida, na sexta-feira a senadora foi à tribuna mostrar as reportagens e cobrar atitude dos demais parlamentares.
O DIA: O que falta para a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia no Brasil?
Fátima: Relatei o projeto de lei em março de 2008. Mas até agora ele não pôde ser votado sequer na Comissão de Assuntos Sociais por causa de pedidos de vista e votos em separado feitos por alguns senadores. A verdade é que esta proposta tem enfrentado grande rejeição por parte de parlamentares que compõem a Frente Evangélica no Congresso, que são contra sua aprovação.
E o que esses políticos dizem sobre a violência gerada pela homofobia?
O Congresso Nacional é reflexo da sociedade. Como boa parte dos brasileiros tem preconceito, muitos têm receio político de se posicionar na defesa dos direitos humanos, sobretudo de homossexuais. O Congresso é muito homofóbico.
Por quê?
Por causa das próprias atitudes dos parlamentares. Aqui mesmo no Congresso é comum a gente ouvir piadas sobre a orientação sexual de deputados e senadores.
Quais as principais consequências da demora na aprovação desta lei?
Como não existe punição para quem age de maneira homofóbica no Brasil, o preconceito não para de aumentar. E está ficando cada vez mais violento. Uma das principais consequências dessa falta de punição é o isolamento de lésbicas, gays e travestis, que estão ficando cada vez mais limitados a guetos na sociedade.
Como a senhora vê a homofobia nas salas de aula?
Esse problema é gravíssimo porque aumenta a violência nas escolas e a evasão escolar. Hoje em dia, para um homossexual sobreviver na escola, é preciso que tenha muita determinação e força de vontade, porque o preconceito é muito grande. Mas nem sempre isso é suficiente. Se um aluno homossexual é perseguido no colégio, a tendência é que ele não volte nunca mais. Por isso é importante que os professores estejam preparados para lidar com situações como essa.
Muitos homossexuais dizem que não conseguem ingressar no mercado de trabalho. A senhora acredita que esta dificuldade está atrelada à homofobia?
Não há dúvidas de que sim. Se pessoas com alta preparação têm dificuldade para conseguir um emprego, imagina um homossexual que não consegue concluir sequer o Ensino Fundamental! Esse é o caso de muitos gays e lésbicas que abandonam a escola antes de concluir os estudos por causa da perseguição que sofrem.
A senhora acha que a homofobia é mais grave nas favelas e subúrbios?
O preconceito está em todo lugar. Mas nas favelas e periferias, a homofobia é ainda maior. É onde ela se apresenta da forma mais violenta. É também onde ela é mais consentida pela população, que finge não ver o que está acontecendo.
O que fazer para conseguir reverter este quadro?
A homofobia é uma questão cultural, que só será superada com educação. A escola tem um papel fundamental no processo de superação dessa questão. Mas nós já atingimos um patamar tão grande de violência que só a educação não resolve. Por isso insistimos na criminalização da homofobia.
O QUE A CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO TEM A VER CONOSCO?
—-> Ui!: Aqui, a ABGLT mostra que está antenada (hihihi…) com a questão das mídias e seu uso indiscriminado a favor do cerceamento da liberdade e da subjetivação pela sociedade do consumo. Assim como a AFIN, Associação Filosofia Itinerante, lançou a Campanha Pela Democratização das Concessões Públicas de TV e Rádio, a ABGLT lança também seu manifesto, através do nosso presidente, Toni Reis, convocando as lideranças e o movimento LGBT como um todo, para participar da Conferência Nacional Pró- Conferência de Comunicação. O assunto interessa à toda a sociedade que se quer democrática, e que deve começar pelo bom uso da informação e das teletecnologias. Confira:
“O que a Conferência de Comunicação tem a ver conosco, LGBT?
Quando assistimos televisão ou ouvimos o rádio não sabemos que qualquer canal só pode veicular determinado conteúdo porque tem uma concessão pública. Mas o que significa ser uma concessão pública? Significa que os canais de televisão e rádio pertencem ao povo brasileiro e que para que uma empresa queira explorá-lo comercialmente precisa de autorização do estado, que é quem toma conta dos bens coletivos do povo.
Em outras concessões públicas, como transporte coletivo, por exemplo, todo o serviço prestado é voltado ao interesse do cidadão e quando ele não funciona todo mundo pode reclamar para que o serviço mude! No caso das TVs comerciais, como Globo, SBT, Record, Band e Rede TV , que de acordo com a lei deveriam veicular principalmente conteúdos educativos, culturais, artísticos e informativos, isso simplesmente não acontece! Eles fazem o que querem com a programação televisiva e o cidadão não tem a chance nem de avaliar, nem de reclamar para que as coisas mudem. Além disso, há uma śerie de irregularidades cometidas por esses canais, que muitas vezes violam direitos humanos e a própria lei que regulamenta seu funcionamento.
A Conferência traz a chance da sociedade dizer como devem funcionar essas concessões públicas. A ABGLT está participando da construção vide http://proconferencia.org.br/quem-somos/
Outra questão importante: você tem internet em casa? Na escola? No Telecentro? Num mundo em que cada dia mais a informação é parte fundamental da vida, a internet torna-se um recurso de primeira necessidade. Ter acesso à informação e se comunicar são direitos do cidadão. É dever do Estado garantir que todo mundo possa acessar e produzir conteúdos para se informar e se comunicar.
Como garantir esse acesso? Como garantir condições para que os cidadãos possam distribuir os conteúdos que produzem? Esses também são debates que passam pela Conferência.
O futuro também já chegou. É celular que toca música, é computador que passa filme, é televisão que vai virar computador. Nesse encontro de tecnologias, que chamamos de convergência, ninguém sabe ao certo de que forma podemos utilizar todas essas inovações a serviço do cidadão, garantindo o acesso universal ao conhecimento, e à produção de conteúdo. Como organizar todo o caminho que vai da produção de conteúdo, passando pela forma como ele será distribuído e recebido é outro tema sobre o qual os participantes da I Conferência Nacional de Comunicação.
Portanto, a I Conferência Nacional de Comunicação é um momento em que toda a sociedade se reúne para definir as diretrizes e ações que o poder público (prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, ministros, presidente, juízes, promotores, etc) deve ter como prioridade no setor de Comunicação. É um momento muito especial de participação popular na definição das políticas públicas. Por isso é fundamental se inteirar e participar de todas as atividades relacionadas à Conferência na sua cidade. Procure a Comissão Estadual de onde você mora e participe!
http://proconferencia.org.br/comissoes-estaduais/ veja quem está no seu estado.
Comunique-nos do seu interesse em participar.
ABGLT está nesta mobilização.
Um abraço.
Toni”.
Muáh!!! pra vocês! Se joguem nas news!
Φ ‘HOMOPÉDIA’, A ENCICLOPÉDIA GAY, É CRIADA. Um compêndio que verse, como diriam os advogados, sobre os signos componentes da chamada cultura gay. É a Enciclopédia Gay, o Homopédia, com 300 páginas, e lançado na Argentina por Ignacio D`Amore e Mariano Lopes. Os verbetes são sempre mostrados em sua relação com a cultura LGBT. Michael Jackson, Shakira, Madonna, dentre outros, distribuídos em categorias como Pop, Rock, Televisão, Filosofia, mostram o que de certa maneira já sabíamos: se o mundo é gay, todas as enciclopédias o são. Mesmo assim, é porretíssima a iniciativa dos hermanitos. Se alguém por aí habla español, favor adquira o mimo e traduza pra gente, que tal? Sentiu a brisa, Neném?
Φ LIVRO EXPLORA RELAÇÃO HOMOERÓTICA DE GARCIA LORCA. Federico Garcia Lorca,
o mais surrealista dos surrealistas, amigo de Dalí e Buñuel, homoerótico, poeta, escritor. A homossexualidade de Lorca ficou em evidência na Espanha com o lançamento do livro “Lorca y El Mundo Gay”, do historiador irlandês Ian Gibson. Gibson afirma que o livro, bem como estudos sobre a vida de Lorca que tratem da homossexualidade só puderam vir à tona agora, quando morreram seus irmãos. Em família, o assunto era considerado tabu. Embora tenha vivido o fervor do início do século XX, Lorca não pôde, de acordo com o autor, vivenciar sua homossexualidade na plenitude. E relata algumas relações que o poeta teve, e tenta estabelecer uma linha entre a homossexualidade e a poesia de Lorca. Livro imperdível para os amantes da poesia, e quem não conhece o poeta do “verde que te quero verde”. Sentiu a brisa, Neném?
Φ CURITIBA REALIZA MARATONA GAY. Hoje está rolando em Curitiba um evento esportivo nas cores do arco-íris! É a maratona da diversidade, que terá competições esportivas, como voleibol, e outras, alternativas, criadas especialmente para o evento, como a Corrida de Revezamento de Camisinha, para divulgar o uso do preservativo, Corrida de Salto Alto (Ui!) e a concorridíssima prova do Arremesso de Bolsas, onde as drags prometem arrasar! Durante o evento, campanhas como a “Fique Sabendo” e a do testa rápido do HIV estarão acontecendo, já que a iniciativa é do Departamento Nacional DST/AIDS e Ministério da Saúde. O Mácssimo, menina! Fique por dentro da programação aqui! Sentiu a brisa, Neném?
Φ SEMINÁRIO COMEMORA 20 ANOS DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS LGBT. Mona, mona, moninha, moninha (juntando mona com maninha, pra quem não entendeu, tá? Aloka!!). Se você não conhece Herbert Daniel, meu bem, tá mais por fora do que barriga obscena! Ele foi um dos pioneiros na luta pelos direitos LGBT no Brasil e no mundo, e também um lutador conta a epidemia da AIDS. Ele foi um dos primeiros a entender que o pior sintoma do HIV é o preconceito e a discriminação, e entendeu que a doença é mais social que propriamente biológica. As loucas da AFIN, inclusive, tem uma textualização a teatralizar, sobre texto de Herbert, o “Anotações à Margem do Viver com AIDS”, que deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas que se envolvessem nessa luta, profissional ou amadoristicamente. Ele também criou a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da AIDS. Coisa de quem faz passar o fluxo da Vida, e não se submete à subjetivação tanática da sociedade de consumo. Herbert era vida, por isso gritava “Viva a Vida!” bem antes do aguado roque nacional incorporar o brado, já sem vida. É pela fogueira de Vida que foi/é Herbert Daniel, que a moçada do SOMOS/RS, GAPA/RS e ABIA/RJ vão realizar, de 24 a 26 deste mês em POA, conhecida carinhosamente como Porto Alegre, um seminário, que envolverá cerca de 80 ativistas do Brasil inteiro, e se discutirá a questão da AIDS, a discriminação (a “morte civil”) e o protagonismo da classe LGBT, que revolucionou o mundo ao vencer a epidemia num país onde a saúde está anos-luz longe do ideal. Quem puder comparecer, pode obter informações no bloguinho da SOMOS, aqui. E quem quiser conferir a programação, é só clicar aqui. Sentiu a brisa, Neném?

Φ AUDIÊNCIA PÚBLICA NACIONAL SOBRE HOMOFOBIA NAS ESCOLAS. A Frente Parlamentar LGBT promove no próximo dia 22 de outubro, na Câmara dos Deputados, uma audiência pública sob a temática “Homofobia nas Escolas”. A homofobia é um dos principais fatores que levam estudantes LGBT à desistência escolar, e tem crescido de forma assustadora no país, como você já acompanhou aqui. Como palestrantes, teremos, dentre outros, o responsável pelas políticas de diversidade na escola, do Ministério da Educação, André Lázzaro, Beto de Jesus, da ABGLT, representantes do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Federal de Psicologia. O nosso presidente, Toni Reis, convida a todos os que puderem participar, e colaborar no tratamento desta questão grave, e que envolve não somente as escolas, mas a sociedade como produtora de subjetividade e modos de existir muitas vezes nocivos e antidemocráticos. Sentiu a brisa, Neném?
E não se perca na balada, querida! Para entender o que as bees estão falando, confere aí embaixo as principais gírias do mundo LGBT! Aloka! Hihihi…
VOCABULÁRIO LGBT
– LETRAS “M, N e O” –
Mafiosa: quem faz máfia, que mente e cria situações em proveito próprio.
Mágoa de Cabloca: pessoas que já foram famosas um dia, ou os que tentam, mas nunca conseguem.
Mala: volume na calça, pênis. No Rio, também significa pessoa chata.
Mancha: é o gay super feminino, exagerado, que já passou da “pinta”.
Mati: algo pequeno. Ex: neca mati (pênis pequeno).
Matusalém: pessoa velha.
Mayumi: gay amiga.
Me Deixa!: grito de guerra usado pela popular drag paulistana Alma Smith.
Meda: Feminino de Medo. Usado como interjeição para algo que não é agradável.
Me erra!: me larga.
Melhorada: alguém que era uó e melhorou a personalidade. Alguém feio que deu um truque na feiúra.
Meu Cu!: não estou nem aí.
Meia-Bomba: pênis que não conseguiu enrijecer completamente; o mesmo que frapê.
Michê: garoto de programa.
Michely: garoto de programa afeminado.
Miguxo: pessoa uó que quer fazer a íntima.
Milho: ferveção, fechação, bichisse.
Modelão: roupa bonita ou ato de montar-se.
Mona: mulher ou alguém muito afeminado.
Monaocó: junção de mona com ocó (homem hétero), é o gay bem masculino, que não dá pinta.
Mônica: derivado de mona, para designar amigos íntimos.
Montação: o processo exagerar nas roupas, para se jogar na noite.
Montada: travestida, produzida.
Mundinho: maneira como clubbers denominam seu universo de pessoas.
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Naja: fofoqueira, intrigueira.
Não estou achando: não estou entendendo ou suportando (alguém ou alguma situação).
Não estou podendo: não quero, não estou a fim.
Não ser obrigado/a: ter algo melhor para fazer.
Neca: sinônimo de pênis.
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Ocó: homem com jeito de homem.
Olá Querida!: noitada onde você só faz social e não se atém a conversar com ninguém. Também usado como interjeição ao encontrar alguém que você não tem muito a dizer.
Operada: Transexual (homem para mulher).
Odara: algo grande… imagine…
Otim: bebida alcóolica, drink.
Oxanã (ou Xanã): cigarro.
Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:
FAÇA O MUNDO GAY!
Leitores Intempestivos