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VAMOS FALAR SOBRE GÊNERO?

IMG-20150915-WA0013Por: Brenda Oliveira*

Existem muitas características que nos tornam diferentes um dos outros ao passo que somos muito parecidos em outros aspectos. Dependendo da localidade onde nascemos e nos desenvolvemos adquirimos características bem diferentes em relação a uma região bem próxima da nossa. A escolaridade, a religião e a cultura nos fazem tão diversos.

Desde criança somos ensinados se comportar de maneira a corresponder às expectativas que foram colocadas no momento da nossa concepção. Se nascermos com uma vagina nossos pais nos ensinam tudo o que uma menina deve fazer e nós devemos seguir a risca esse padrão, ou contrário, seremos confundida com outro gênero, e isso é inaceitável.  

Crescemos dentro de uma perspectiva, que meninos jogam bola e meninas brincam de boneca, e nenhum pode entrar na brincadeira do outro. É como se em duas caixas fossem colocados os papéis de menina e os papéis de meninos. Cada um só pode usar as características das caixas que correspondem ao seu gênero imposto no momento do nascimento. Se alguém ousar sair da regra pode sofrer várias consequências.

Observamos isso de forma muita clara na sociedade, onde os papéis de gênero são construídos socialmente. Ser mulher é uma construção social, assim com o ser homem também é uma construção e isso nada tem a ver com o genital.

Para a biologia, o sexo é definido pelo tamanho das suas células reprodutivas (pequenas: espermatozoides, logo, macho; grandes: óvulos, logo, fêmea), e só. Mas isso não define um comportamento feminino ou masculino a forma como vou me colocar no mundo, a forma como meu gênero será imposto e como será minha expressão de gênero.  Isso varia conforme nossa cultura.

O conceito de ser homem e ser mulher é diferente em cada cultura, assim o que é considerado papel de mulher na Islândia pode ser considerado papel de homem no Brasil. Ser masculino no Japão é bem diferente de ser masculino no Brasil, por exemplo.

O gênero é social, e isso nada tem a ver com seus cromossomos ou o formato da sua genitália, tem a ver com o autoconceito, sua autopercepção. O papel de gênero que vamos adotar ou não independe de nossos genitais, está mais ligado à expressão social.

Se observarmos o tempo e a história, em algum momento passamos por mudanças e inversão de papel. Comportamos-nos como é imposto ao gênero oposto, seja em uma brincadeira de criança, ou seja, em caso de sobrevivência como foi para Maria Quitéria que se vestiu de homem para lutar na guerra da independência.

Dentro dessas nuances que é o ser humano, nasce a transexualidade. Atualmente o DSM V aponta a transexualidade como Disforia de Gênero, patologizante. Só que a transexualidade não é uma doença, não é contagiosa e muito menos uma perversão sexual. É uma questão de identidade de gênero. Vamos deixar claro aqui que nada tem a ver com a orientação sexual. A orientação sexual está no campo da afetividade, por quem ou por qual eu direciono minha libido, meu desejo sexual ou não. Transexualidade está no campo do autoconceito, da forma como me vejo e me coloco no mundo. Logo uma pessoa transexual pode ser hétero, bissexual, homossexual, pansexual ou assexuada.  

A transexualidade não é um capricho, podemos inclusive observar ao longo da historia. Para ser bem claro, mulher transexual é qualquer pessoa que reinvidica o reconhecimento como mulher. E homem transexual é qualquer pessoa que reinvidica o reconhecimento como homem, como bem definiu Jaqueline Gomes de Jesus.

O reconhecimento da identidade trans* ocorre ainda na infância para algumas pessoas, mas para outros ocorre ao longo da vida, principalmente na adolescência. Em sua maioria, tardam esse reconhecimento por diversos motivos, os principais são o preconceito (aqui vamos usar o termo transfobia, que é o termo usado dentro da comunidade T para se referir a discriminação de pessoas travestis e transexuais), repressão e a falta de conhecimento sobre o assunto.

Muitas mulheres trans* no inicio de sua identificação são lidas e se leem como homens gays afeminados e com os homens trans* a mesma coisa, no inicio são lidos como mulheres lésbicas masculinizadas.

Depois que chegam ao entendimento sobre sua identidade essas pessoas passa pela transição, ou seja, a adequação do corpo ao gênero com o qual se identifica. E graças aos avanços da medicina homens e mulheres trans* podem se hormonizar e alcançar um corpo igual ao de homens e mulheres biológicos, ou seja, cisgêneros. Isso claro, se a pessoa tiver dinheiro para custear todo o tratamento.

Do contrário o que o senso comum diz a cirurgia de adequação genital não muda o gênero. Como sempre diz Daniela Andrade, mulher transexual e ativista do movimento T no Brasil, “ninguém deita em uma mesa de cirurgia homem e levanta de lá mulher, assim como ninguém deita mulher e levanta homem” existe todo um trabalho que antecede essa cirurgia, incluindo uma equipe multidisciplinar de pessoas cisgêneras que vai “julgar” se você pode ou não ir para uma fila de espera (aproximadamente 10 anos). Existe um protocolo transexualizador, além de uma hormonização compulsória que as pessoas transexuais passam para poder ter o aval da equipe multidisciplinar.

Assim cada pessoa adota uma expressão de gênero correspondente ao que se identificam, mulheres transexuais reivindicam o direito de serem tratadas como qualquer outra mulher, com os deveres e direitos que lhe são reservados, assim como os homens transexuais também adotam uma expressão de gênero masculino e reivindicam nome e tratamento conforme sua identidade de gênero.

Para essas pessoas, a necessidade de viver de forma completa como se sentem interiormente é prioritária. Por isso a necessidade de um novo nome, usar o banheiro adequado ao gênero, trabalho, aceitação social e a cirurgia de transgenitalização. Algumas pessoas optam por não fazer essa cirurgia.  

Outra nuance do ser humano é a travestilidade. Como bem definiu Jaqueline Gomes de Jesus, “entende-se, nesta perspectiva, que são travestis as pessoas que vivenciam papéis de gênero feminino, mas não se reconhecem como homens ou como mulheres, mas como membros de um terceiro gênero ou de um não-gênero.”

Para esse grupo, é imprescindível o tratamento no feminino. É considerado um insulto tratar uma travesti no masculino. Não se trata de homens travestidos, mas sim de uma figura feminina, que não é homem e nem mulher. Por isso enfrentam tanta dificuldade de adentrar no mercado de trabalho, muitas empresas são discriminatórias, preferem não associar sua imagem a esse ser, inusitado, uma incógnita, um terceiro sexo.

Dada a situação social de uma travesti, visto que muitas saem cedo da escola sem terminar os estudos por conta de sua condição, o abandono da família e dos amigos, muitas recorrem a prostituição como única fonte de sustento. Isso não quer dizer que toda travesti é uma profissional do sexo.

A grande dificuldade do homem é entender que a transexualidade e a travestilidade é mais uma forma de ser e de se manifestar do ser humano. Por isso ele marginaliza e o trata de forma tão excluída pessoas que pertençam a esse grupo. Para deixar o preconceito de lado é preciso humanizar-se.

*Brenda Oliveira estudante do curso de Psicologia e pesquisadora sobre sexualidade e transgêneros. 

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

SÃO AS PARADAS GAYS PARANDO O BRASIL!!!

Gente, este fim de semana tá bombando! São paradas da diversidade em praticamente todas as regiões do país. Da bela Marabá, no querido Pará, até Porto Alegre, POA, para os íntimos. É muita alegria, festa, diversão, porque o engajamento político LGBT não carrega a sisudez e a seriedade-serialidade dos movimentos que não entenderam a turbulência revolucionária. Nada de sambódromo ou confinamento! Parada é para isso mesmo que ela diz: parar. O trânsito, o ir-e-vir, a rotina, o cotidiano obnubilado de uma moralidade apassivadora e castradora. É para parar o preconceito, a homofobia, a discriminação, a exploração das minorias produtoras de riqueza por um capitalismo cuja função é sugar a vitalidade do trabalho, seja ele qual for. Portanto, maninh@s, parem! Parem de ficar paradas aí e vão cair na balada engajada e consciente das paradas gays por todo o país. Se podemos mobilizar capitais e cidades Brasil afora num final de semana, sem prévia combinação, apenas pela potência ativa desejante de mudanças e de uma existência mais prazeirosa, então porque não se mobilizar todos os dias para construir os direitos e o respeito que a gente quer?

Então, moçadinha, é arregaçar as mangas e suar muito na pista, mas não só na pista de dança, mas em todas as pistas do existir. Suar pra gozar uma existência mais alegre e produtiva. Escolham aí embaixo, tá? Detalhe: ainda tem as paradas de Marabá (PA) e Maricá (RJ), que não disponibilizaram o cartaz.

6a Parada Gay de Montes Claros – MG

8a Parada Gay de Salvador – BA

13a Parada Livre LGBT – Porto Alegre (RS)

9a Parada Gay de Madureira (RJ)

6a Parada Gay de Itaúna (MG)

3a Parada Gay de Ipatinga (MG)

4a Parada Gay de Arapiraca (AL)

4a Parada Gay de Caruaru (PE)

Muáh!!! pra vocês! Se joguem nas news!

Φ CALENDÁRIO COM IMAGENS SACRAS EM ESTILO GAY ‘CAUSA’ NA ESPANHA. Associações espanholas de defesa dos direitos LGBT lançaram esta semana um calendário, com o objetivo de promover uma discussão sobre os feriados santos. De acordo com o entendimento das associações, sendo a Espanha um estado laico, não deveriam existir feriados por razões de igreja. Eles propõem, por exemplo, que o Natal deixe de ser comemorado como o nascimento de Cristo para ser considerado o Dia da Democracia. Mas o que ‘causou’ mesmo em todo o babado foram as fotos do calendário: reproduções de imagens sacras, com um viés LGBT. Santas em versões drag queen, ornamentos pouco ortodoxos, como preservativos e vibradores, tudo o que choca a carola comunidade católica, que no entanto, não se assusta com a violentação do corpo de seus sacerdotes em nome de uma dogmática castradora. Para o Cogam (Coletivo de Gays, Lésbicas, Transsexuais e Bissexuais de Madri), trata-se de mostrar um outro ponto de vista, o das pessoas que não se identificam com a doutrina católica, e que se incomodam com a sua intrusão no estado laico. “Mas também não é uma provocação a onipresença da igreja e a negação da homossexualidade por parte do clero, fazendo uso dos seus ícones? A arte está para isso: para romper os esquemas”, afirmou Miguel Angel González, do Cogam. Representantes da igreja que se sentiram ofendidos devem apelar para leis de proteção da crença – coisa que os homoeróticos não têm – e processar o grupo. Pode não ser arte, nem ter rompido os esquemas, mas que evidenciou a homofobia institucional enrustida na relação promíscua entre estado e igreja, isso fez. Ui! Sentiu a brisa, Neném?

Φ NO BRASIL, IGREJA ENTRA NA LUTA CONTRA A AIDS. Enquanto na Espanha igreja e entidades LGBT se degladiam, no Brasil há pelo menos um laivo de atuação por parte da igreja católica. É que a CNBB, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, vai disponibilizar toda a sua estrutura para divulgar informações sobre a AIDS e incentivar seus fiéis a realizar o exame e fazer o acompanhamento na rede pública de saúde. “As pessoas que não estiverem infectadas serão orientadas para continuar com o cuidado. Quem tiver o exame com resultado afirmativo será encaminhado para o acompanhamento”, afirmou o assessor nacional da Pastoral de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids) da CNBB, frei Luiz Carlos Lunardi. E adivinhem só! Manaus será pioneira nessa iniciativa, juntamente com Fortaleza, João Pessoa, Curitiba e Porto Alegre. Em Manaus, o trabalho começa a partir desse final de semana. Quem sabe esta abertura para um diálogo seja o início de uma modificação nas relações entre a igreja e as minorias. Se considerarmos que a América do Sul foi o berço da Teologia da Libertação, que aproximou a igreja do Cristo de Maria, um outro mundo é possível, e o espírito de deus poderá finalmente se mover sobre a face das águas… Sentiu a brisa, Neném?

Φ CASAMENTO GAY EM PRISÃO ESPANHOLA.Numa terça-feira saimos para levar o lixo e olhamos um para o outro, e rimos sem parar ou desviar o olhar”. Assim começou a história de amor entre René Gerônimo, mexicano, 25 anos, e Nicholas Casado, espanhol, 30. O detalhe é que este encontro aconteceu na prisão de Mansilla, na cidade de León (Espanha), onde ambos cumprem pena. Para o casamento, foram convidados os parentes dos noivos, e como eles estão em regime semiaberto, foram agraciados com seis dias de lua de mel. Bela e prenhe de potência ativa foi a observação feita pelo representante da Fundação Triângulo, de Valladolid, José Luiz López, que trabalha com direitos humanos: “Acho ótimo que as crianças vejam este casamento e, desde pequenas, entendam que a homossexualidade é normal”. A homossexualidade, não o casamento. Hihihi… Sentiu a brisa, Neném?

Φ IGREJA DA SUÉCIA APROVA CASAMENTO HOMOERÓTICO. Em primeiro de maio, a lei sueca já havia liberado. Agora, a partir de primeiro de novembro, a igreja luterana da Suécia irá realizar casamentos gays. Desde 2000, naquele país, a igreja é separada do Estado. No entanto, no sínodo deste ano, cerca de 70% dos participantes votou que a igreja deve seguir a lei. Se considerarmos que 73% da população dos vikings loiros pertence à esta agremiação religiosa, temos aí grande parcela da população que é a favor dos direitos LGBT. O único senão – irrelevante, cremos (Ui!) – é que os sacerdotes, individualmente, podem se negar a realizar a cerimônia. No entanto, isso não deve ser problema. Se ele não quiser, tem quem queira… Sentiu a brisa, Neném?

Φ SAMPA QUE SE SEGURE! DIVA GAY PARAENSE CHEGANDO PARA ARRASAR. Para despeito do ressentimento de inferioridade de parte da população amazonense, ressentimento esse fruto da inapetência dos governos em produzir as condições necessárias para o florescimento de uma cidade pulsante e viva, o Pará, Grão-Pará, não está nem aí pro preconceito xenófobo e fascista que rola pelas bandas daqui. Ao contrário, eles adoram os amazonenses que aportam na belíssima e borbulhante Belém. Por isso, daquela terra fértil puderam nascer tantos talentos, como Fafá, Wanderley Andrade, Sócrates & Raí, craques, Calypso, o pato no tucupi, a maniçoba, o açaí sem mistura, Mestre Verequete, Mestre Lucindo, e por aí vai. E não é que tinha uma banda lá pras bandas de Salvador se dizendo os criadores do tecnobrega? Ora, claro que sabemos que não há criador, senão num plano de pluralidade. Mas que estas linhas foram tocadas na terra de Mestre Come Barro, não tem dúvida. Daí, a diva do tecnobrega, e rainha do movimento LGBT do Pará – atuantíssimo, viu, manoniquins? – Gabi Amarantos, está com uma campanha na internet para divulgar midiaticamente o som. E de mudança para Sampa, onde deve começar a batalhar espaço televisivo. Como leso é quem não sabe do seu valor e cai no ressentimento e má consciência, Gabi sabe que, diante da programação anódina e estupidificada da tevê, ela tem muito mais a oferecer, então entende que eles precisam mais dela que ela deles. Daí, tal como a sua amiga Joelma, devem bombar em breve nos programas nacionais. Segura nas cadeiras e te prepara, maninha! Quem tiver ódio xenófobo que prepare o Captopril e o Pondera, porque vai ter Pará na área fazendo SUUUUCE-SSOOOO! Em todo o país! Ui!. Sentiu a brisa, Neném?

o o O Surtos Poetizantes O o o

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O Limpador de Chaminés”

Um pontinho preto no meio da neve
Grita “Dor! Dor! Limpador!”, não soa leve.
“Onde estão os teus pais?”, alguém troveja.
“Ambos foram rezar, estão na Igreja!

“Porque eu era alegre sem ter sorte
E sorria em meio a flocos de neve,
Vestiram-me com as vestes da morte
E me ensinaram um canto nada leve.

E porque um dia eu cantei e dancei,
Pensam que eu vivo bem nessa féria.
Foram louvar Deus, o Padre e o Rei,
Que constroem um Céu com nossa miséria.”

(William Blake, Canções da Experiência1794 –

Trad. Sidnei Schneider, 1999)

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

Oscar Wilde, para quem acredita, está apenas um degrau abaixo de Shakespeare, na literatura inglesa. Lúcido em uma sociedade vitoriana, ele soube fazer visível “o amor que não se deixa dizer o nome”. E viveu tão intensamente quanto as personagens de sua obra. Wilde, nascido a 16 de outubro, 155 anos atrás, ainda corre por aí, com a sua brisa libertadora. Leia.

O HOMOERÓTICO É UMA MINORIA

Calma, menin@s! Não é o que alguns poderiam entender. Minoria não é uma quantificação cognitivamente comparável, tampouco trata-se de uma dissidência identificatória, derivada de um “padrão” social, como entendem alguns ramos da psicologia e da sociologia. Minoria não é “menos”.

É certo que alguns grupos se comportam exatamente como grupelhos. A psicanálise chama a isso identificação com o agressor. Paulo Freire chama hospedar o opressor. Em nosso entendimento, a questão é mais complexa. Trata-se de estar emaranhado a um modo de subjetivação, no qual todos os signos de expressão coletiva estão amarrados semioticamente ao modo de produção do capitalismo. Daí uma improdutividade, uma ressonância, um voz esvaziada. Mais ou menos o mesmo que acontece com os grupos humorísticos de humores biliares: apenas repetem automaticamente os mesmos resíduos da sociedade do consumo, segregando e demarcando os estereótipos e reforçando a relação de identidade/dependência destes grupos que redundam na órbita do Significante Despótico.

É nessa pendência semiótica, nessa armadilha do modo de existir é que se encontra, em nosso entendimento, a questão da dificuldade em combater a homofobia, em todas as suas manifestações.

Por isso, é revelador o texto do jornalista Leandro Fortes, da revista Carta Capital, em seu blog, “Brasília, Eu Vi”, quando ele mostra que a discriminação contra o homoerótico é socialmente mais aceita do que a discriminação contra os negros. Fortes, a partir do que testemunhou no Maracanã, na semana passada, no jogo entre Flamengo e São Paulo, desenhou um panorama das relações de segregação na sociedade brasileira. Vale a pena ler.

Mas vale a pena mais ainda ler o que o texto diz, sem o dizer. Quando Fortes afirma que os homoeróticos são os novos negros, não significa dizer que lhe tomaram o lugar, simplesmente. A história, ou melhor, o momento histórico, é outro. Há que se compreender, por exemplo, que a segregação, no capitalismo de mercado, não se dá por simples exclusão, mas por uma inclusão esterilizante: “nós o queremos, mas apenas como consumidor”. Daí, por exemplo, a propaganda de produtos cosméticos ser voltada para a afirmação da identidade-mulher. Mas qual identidade? A mesma pergunta pode ser feita ao mercado gay friendly: para quem ele é feito?

A miséria social, a pobreza, a exclusão às benesses da sociedade de consumo, no entanto, são universalizantes: não discrimina e abraça a todos. A segregação na sociedade de consumo é muito mais sutil, e por isso muito mais perigosa. Se contra os negros, àquela época, usava-se o chicote, a teologia romana-paulina, a ciência e o senso comum para justificar o uso da mão-de-obra na modalidade de escravidão, hoje a subjetivação se dá de outros modos, não menos eficientes. Crenças, idéias, “verdades”, modos de expressão, de visibilidade, de status social e de estar no mundo são grilhões tão eficientes quanto o ferro. O quão agrilhoado está um homoerótico que deseja ardorosamente casar sob as bênçãos de um padre ou pastor? Submeter-se a uma ordem disciplinar que o considera fora dos parâmetros da normalidade? A uma ordem social que não garante (ao contrário) uma convivência livre e produtiva com o parceiro?

Da mesma maneira, combater a homofobia é trabalho para todos os campos do saber e do fazer. Mas principalmente no campo da produção intensiva de novos códigos sociais. Mudar a cultura, e não (somente) a lei. E para isso, é preciso se compreender as próprias demandas. Entender que o que oprime o homoerótico não se reduz à um cerceamento das produções estéticas/sexuais do corpo, mas envolve toda uma subjetividade, e que toca também ao negro, à mulher, à criança

Tudo o que é minoria, mas como produção distoante. Aquilo que produz numa disformância com o gabarito social. Que soa estranho e diferente. Outros prazeres, outros saberes, outros dizeres. Tornar-se mais leve, mais livre, mais efetivo e eficiente. Não alimentar a dor social, nem em si e nem no outro.

Aí sim, estaremos fazendo com que a expressão homoerótica (bem como a de todas as minorias) possam compor no plano da coletividade, como condições de existência dentro de uma sociedade plural e comunitária. Vamos nessa!

Muáh!!! pra vocês! Se joguem nas news!

Φ SEGUEM OS PROTESTOS NA ITÁLIA. Nas últimas semanas, a Itália tem convulsionado socialmente, em manifestações pró-direitos civis LGBT. Depois de uma série de atentados a boites e locais de concentração LGBT, os movimentos sociais têm continuamente ido às ruas para exigir igualdade no tratamento e na efetivação dos direitos. Só no último dia 10, foram mais de 50 mil pessoas nas ruas de Roma. Lindo de se ver. Infelizmente, parece a nós que o movimento gay italiano não consegue enxergar que a homofobia, bem como as manifestações racistas e xenófobas na Itália (e não somente lá) têm uma relação visceral com as políticas dos governos de direita que assolam a Europa há anos. Na manifestação, por exemplo, foi lida uma carta de apoio da ministra da igualdade e oportunidade, Mara Carfagna, ex-apresentadora de tevê, e uma das belas ministras de Berlusconi. Ele que, aliás, já teria afirmado que para ganhar mais votos, colocaria como ministros apenas belas mulheres. Tudo o que alimenta a estupidez, a repressão, a violência. Daí o movimento LGBT italiano, quando não pressiona pela saída do premiere, não trabalha a favor do movimento LGBT. É preciso mais, bambinos… Sentiu a brisa, Neném?

Φ URUGUAI APROVA DIREITO À IDENTIDADE DE GÊNERO.Toda persona tiene derecho al libre desarollo de su personalidad conforme a la propia identidad de género, com independencia de cuál sea su sexo biológico, genético, anatómico, morfológico, hormonal, de asignación u otro”. Esse é o texto da nova lei de Identidade de Gênero, aprovada pelo legislativo uruguaio. A nova lei permite que, aos 18 anos, quem queira mudar de gênero, pode apresentar comprovações e requerê-lo, em processo simples. A pessoa não perderá nenhum direito adquirido, e o estado deverá reconhecer, em todas as suas instâncias, o novo gênero do cidadão. O Uruguai é um dos países do mundo onde os direitos LGBT são mais efetivamente reconhecidos, através de lei, pelo seu governo. Anos luz à frente, por exemplo, da própria Argentina, que se autointitula país gay friendly da América do Sul. A nova lei entra em vigor assim que for sancionada pelo poder executivo. Sentiu a brisa, Neném?

Φ NOVO PLC 122/06 AMPLIA PROTEÇÃO DE DIREITOS. Na última quarta-feira, a senadora Fátima Cleide (PT/RO), através do seu twitter, informou que o novo e esperado substitutivo à redação anterior do PLC 122/06 está pronto. A comissão de assuntos sociais aprovou o novo texto, que deve ir a plenário em breve. De acordo com a assessoria da senadora, as principais mudanças foram a ampliação do leque de categorias incluídas na proteção legal. Agora, o texto não se reduz mais à homofobia, mas fala também em discriminação ao idoso e ao portador de necessidades especiais. Outro aspecto mudado, e muito criticado anteriormente, foi o das penas. No projeto anterior, as punições para a homofobia eram maiores que as punições contidas na lei do racismo. O novo texto corrige e as nivela. O novo texto é comemorado porque retirou pontos que eram criticados pelas alas direitistas do congresso e do senado, sem no entanto retirar nenhuma vírgula daquilo que defendiam os movimenots LGBT. O projeto deve ser votado já no início da próxima legislatura (2011). para ler o parecer e como ficou o projeto, você pode clicar aqui. Sentiu a brisa, Neném?

Φ AOS OITO ANOS, MENINA ESCOLHE O SEU PRÓPRIO GÊNERO NOS EUA. Josie era Joey. Porque nasceu anatomicamente homem. Filha de um engenheiro das forças armadas estadunidenses, quando era Joey, já se sabia Josie. Preferia sempre os vestidos e os brinquedos ditos femininos. Sempre que perguntando, afirmava: “sou menina”. Depois de muito sofrimento, os pais entenderam, e resolveram ajudar. Há cerca de um ano, os documentos foram modificados, e Joey passou a se chamar Josie Romero. Recebe tratamento psicológico e médico. Os remédios impedem o desenvolvimento dos sinais masculinos da puberdade. Aos 12 anos, ela começará a tomar hormônios para desenvolver o corpo de fêmea. Aos 18, submeter-se-á à cirurgia de redesignação sexual. A história de Josie, uma exceção entre a luta que os transgêneros têm que empreender para serem reconhecidos, virou documentário. Sex, Lies and Gender, exibido na tevê, conta esta história. Imperdível para quem puder assistir, é claro. Sentiu a brisa, Neném?

Φ PREMIAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS TEM CATEGORIA LGBT. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República lançou edital de inscrições para a 15a edição do Prêmio Direitos Humanos. A novidade é o item 10 da premiação: Garantia dos Direitos da População LGBT, compreendendo a atuação na promoção e na defesa da cidadania e dos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). Instituições e pessoas físicas podem concorrer. A premiação já teve como contemplados o sociólogo Betinho, Dom Paulo Evaristo Arns, o padre Júlio Lancelotti, o geógrafo e filósofo Milton Santos, dentre outros. Este ano, ao invés de indicados, as pessoas poderão se inscrever, para que a comissão julgadora possa analisar o material apresentado. Quem estiver interessado, pode obter mais informações aqui. Sentiu a brisa, Neném?

E não se perca na balada, querida! Para entender o que as bees estão falando, confere aí embaixo as principais gírias do mundo LGBT! Aloka! Hihihi…

VOCABULÁRIO LGBT

– LETRAS “U, V, X E Z” –

Urso: Homem peludo, também associado a homem de aspecto másculo ou gordinho.

Uruca: mal-olhado ou fase ruim.

– (do bajubá) algo ou alguém ruim, feio, desagradável, desprezível, errado, equivocado.

Under: diminutivo de underground.

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Venenosa: pessoa que faz veneno, que fala mal de alguém.

Vitaminada: robusta, bonita.

Versátil: Homossexual que gosta de ter tanto o papel de ativo como de passivo.

Virar: passar da condição de heterossexual para homossexual ou vice-versa.

Vuduzar: torcer para que algo dê errado.

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Xana: sinônimo de vagina. Muitas lésbicas usam a forma carinhosa, Xaninha.

Xepa: resto da noite, pessoa feia. Fazer a xepa: aquele diz que você não ficou com ninguém na festa ou clube, mas o mesmo já evaziou e só sobrou o resto e você insiste.

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Zalene: algo duro ou que esteja em processo de endurecimento… se é que me entende.

Zoraide: bicha metida a clarividente; esotérica.

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

11 DE OUTUBRO: DIA DE SAIR DO ARMÁRIO

Nota da coluna: o texto de hoje é relativo à uma campanha do grupo brasiliense Estruturação, engajadíssimo e um dos principais movimentos organizados LGBT do país. Eles estão promovendo o Dia de Sair do Armário 2009. Boa idéia, principalmente levando-se em conta que, de um grupo engajado como o Estruturação, entende-se o sair do armário não apenas como um ato político de denominar-se homoerótico (o mesmo ato pode ser reacionário, a depender do contexto, como já discutimos aqui), no sentido de tornar visível uma demanda social – que não é apenas a dos LGBT, mas a da potência coletiva das chamadas minorias (“Nós somos os pobres!”), aquela que efetivamente produz através do trabalho a riqueza que o sistema capitalista consome, parasitariamente. Daí a importância da campanha, que se estende do plano político para o social, psicológico, antropológico, econômico e transborda em todas as áreas da ação humana. Se você conhece algum amigo que ainda não deu o primeiro passo na pista, neném, dê um empurrãozinho, bata um papo. Nada mais libertador do que enfraquecer o olhar judicativo da moral social e fazer-se protagonista da própria existência. Divulgue e divirta-se. O dia é hoje. O dia é todos os dias. Curtam!

Todo dia é dia se se viver como somos, mas 11 de outubro no Brasil passará a ser um dia especial quando o assunto for viver longe da mentira e da omissão no que diz respeito à homossexualidade, à bissexualidade e à identidade de gênero. O Estruturação – Grupo LGBT de Brasília, a partir deste ano, passará a comemorar o 11 de outubro, Dia de Sair do Armário.

O objetivo é envolver lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e heterossexuais na construção de uma realidade em que a diversidade de orientação sexual e a identidade de gênero possam ser vividas de forma livre e respeitosa. Algo que passa, necessariamente, pelo bem-estar individual de se colocar na sociedade como LGBT sendo-se verdadeiramente quem se é. Não acreditamos em um conceito de integridade psicológica, base para uma vida plena como cidadão/ã e ser humano, no qual uma pessoa precise mentir, omitir ou dissimular sua orientação sexual e sua identidade de gênero para poder estar em sociedade.

A iniciativa é feita para trazer ao Brasil o movimento sobre o tema que é feito desde 1988, quando, nos EUA, começou-se a celebrar o National Coming Out Day, em 11 de outubro. A proposta não é determinar um dia para se sair do armário, mas sim levantar o debate sobre a importância de se assumir e se ser publicamente quem se é internamente.

A campanha, inédita no Brasil, tem várias ações:

– Concurso nacional de fotografias relativas ao tema sair do armário com distribuição de prêmios;

– Orientações sobre como sair do armário, enfim, assumir-se como LGBT;

– Explicação sobre o termo a origem do termo sair do armário;

– Divulgação de como pessoas LGBT influentes e conhecidas enfrentaram o desafio de não mentir ou omitir a própria orientação sexual e/ou identidade de gênero.

Saiamos, quebremos, destruamos todos os tipos de armários contra nossa liberdade. Venham para aqui fora, onde podemos ter a felicidade não do vizinho, da mãe, do pai, do colega, das outras pessoas, mas sim a nossa própria felicidade. Até porque quem nos ama verdadeiramente também se alegra quando ficamos felizes. E é isso o que conta na vida!


O QUE É “SAIR DO ARMÁRIO”?

A expressão “sair do armário” teve origem no início do século 20 a partir de uma analogia que relaciona a introdução dos homossexuais no universo gay a uma festa de debutante: a comemoração de uma adolescente por se transformar numa mulher e ter sua representação formal na sociedade por alcançar a fase adulta ou estar apta para se casar.

O professor de História da Universidade de Yale, George Chauncey, diz, no seu livro “Nova Yorque gay: gênero, cultura urbana e o mundo do homem gay”, que: “Pessoas gays nos anos anteriores à 1ª Guerra Mundial não falavam de “sair para fora (coming out)” do que nós chamamos atualmente “armário”, mas sair para o que eles chamavam sociedade homossexual ou o mundo gay”. Então a saída era, na verdade, uma entrada na cultura gay, com seus bares, locais de confraternização, boates etc.

Pelo apresentado, usar o termo sair do armário para a época dos anos 20 e 30 é errado. O usual mesmo era apenas o sair, o “ir para fora”, uma expressão que chegou ao meio científico nos anos 50 ainda sem o “armário”.

Ainda de acordo com Chauncey, uma mudança iria ocorrer tempos depois. O foco antes dos anos 50 era a respeito da entrada nesse “novo mundo de esperança e solidariedade”, mas os tumultos em Stonewall implicaram na expansão daquele conceito. Ao “sair” acoplou-se o “de onde” e, aí, veio o armário.

Essa mudança no foco sugere que “sair do armário” é uma metáfora mista, uma evolução de “o esqueleto no armário” especificamente se referindo a viver uma vida de negação e sigilo por ocultar a orientação homossexual ou bissexual. Ter esqueletos no armário é uma expressão que fala de segredos bem profundos, algo muito bem guardado.

Portanto, registre mais essa: a expressão sair do armário veio de um misto de festa de debutante com a movimentação política ocasionada pela Rebelião de Stonewall, feita em 1969 em Nova York e que marcou o ativismo LGBT moderno e deu origem às paradas do orgulho.

Fonte: Wikipedia.org
Tradução: Márcio Barrios (tradutor voluntário do Estruturação)

Esse texto faz parte da comemoração do Dia de Sair do Armário 2009, celebrado em 11 de outubro, feita pelo Estruturação – Grupo LGBT de Brasília.

Muáh!!! pra vocês! Se joguem nas news!

Φ DISSERTAÇÃO MOSTRA LUTA DO MOVIMENTO LGBT BRASILEIRO CONTRA A AIDS. O trabalho de dissertação realizado pelo historiador Gabriel Vitiello, do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz é importantíssimo para quem quer entender os movimentos do segmento LGBT e sua atuação política no Brasil. Ele procura analisar o papel dos homossexuais na luta contra a AIDS, desde o início da epidemia, até o ano de 1992. Gabriel usa como fontes o histórico (hihihi…) periódico O Lampião da Esquina, uma das primeiras publicações para o público Gay no Brasil. Fala ainda sobre a cobertura irresponsável da imprensa, sobretudo nos anos oitenta, quando a pecha de “peste gay” cobria as manchetes de jornais e auxiliava a estabelecer uma subjetividade dura, estigmatizante e perigosa para a população LGBT. Mas Gabriel destaca mesmo á potência ativa do movimento LGBT, movimento entendido aqui não só como entidades legalmente organizadas, mas envolvendo todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, forçaram a barra para que se ouvisse e visse – num plano de visibilidade social – o problema da AIDS para além do preconceito. “Tais atitudes levaram a sociedade brasileira a um salto significativo nas discussões e debates sobre assuntos ligados à sexualidade na década de 1980”. (…) Se antes o tema sobre relacionamento sexual era um grande tabu, com o debate sobre a Aids as discussões sobre prevenção sexual passaram a ser tratadas não só nas escolas como também em comerciais de televisão e no ambiente familiar”. Grande sacada do companheiro Gabriel. De quebra, ele deu dois toques importantíssimos. Primeiro, estudar profunda e criticamente o movimento LGBT no Brasil ajudará a compreender melhor em que pé estamos e para onde queremos ir. E segundo, transformou o inócuo, inodoro e insípido ambiente acadêmico, com suas teses traçofílicas, em algo social e comunitariamente desejante. Adoramos! Para encontrar a dissertação, pedir uma cópia ou até contactar Gabriel, você pode entrar em contato com a COC/Fiocruz. Sentiu a brisa, Neném?

Φ QUE TAL IR À 9a PARADA LGBT DE MACEIÓ, MANINH@? Sem sambódromo e sem confinamento domesticado, a nona edição da Parada Gay de Maceió, capital da belíssima Alagoas, acontece nesse domingaço, na alucinante praia de Pajuçara! Ai essa colunéeeeesima lá! O mote da parada este ano é um trecho de uma canção de Caetano Veloso, para delírio da Melissinh@: “Cada um sabe a dor e o delírio de ser o que é”. Claro, ninguém é, mas Caê não sabe disso, e os gays, mesmo não sabendo, sabem. Vai ter divulgação de programas de combate à AIDS e quem quiser fazer o teste rápido, também poderá. Mil DJ’s, festa e alegria engajadas. Não esqueça o filtro solar, maninha! É hoje, a partir do meio-dia, na praia de Pajuçara, com realização do Grupo GGAL. Sentiu a brisa, Neném?

Φ 5a CONFERÊNCIA DA ILGA-LAC OCORRE EM JANEIRO, NO BRASIL. A ILGA – Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersex, federação internacional que congrega grupos locais e nacionais que trabalham na promoção dos direitos LGBT em todo o mundo – vai realizar a sua conferência regional para a América Latina e Caribe em Curitiba, Paraná, entre os dias 27 e 30 de janeiro de 2010. O objetivo dos trabalhos nesta confê será a definição de estratégias de promoção dos direitos humanos, da cidadania, da saúde e da cultura da população LGBT da região da AL e Caribe, para o biênio 2010/2012, além da eleição de representações regionais. Para saber mais, incluindo como participar, você pode acessar o site do grupo Dignidade, aqui. Sentiu a brisa, Neném?

Φ NOVO PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA DA ONU É CONTRA DIREITOS LGBT. E falando em ILGA, a entidade demonstrou preocupação e rejeitou as declarações do novo presidente da Assembléia Geral da ONU, o líbio Ali Treki. Ele afirmou ser contrário à universalização dos direitos civis LGBT. Para ele, os países devem ter autonomia para determinar esta questão. É preciso compreender aqui que a Líbia é um país onde tradicionalmente os direitos LGBT não são reconhecidos, e que não se poderia esperar outro comportamento de um de seus representantes. Não se chega a um alto cargo no plano da política nacional e internacional sem “incorporar” os valores da nação, ainda que valores considerados negativos. Já são 66 os países que ratificaram a declaração universal que pede a descriminalização do homoerotismo no mundo. Sentiu a brisa, Neném?

Φ DEPUTADO AMAZONENSE QUER FATURAR EM CIMA DA DEMANDA LGBT. O deputado estadual Josué Neto (Sem Partido), corregedor e vice-líder do governo Braga na ALE/AM, propôs a criação de um disk-homofobia, sistema 0800 em funcionamento 24 horas, para receber denúncias de homofobia e violência contra a população LGBT no estado. Boa idéia? Nem tanto, se considerarmos que o Centro de Direitos Humanos Adamor Guedes já possui um telefone para denúncias, que embora não seja gratuito nem funcione em regime integral, é um esforço daquela moçada que trabalha ali e que, sempre que possível, auxilia na resolução de problemas que chegam àquela instância. O caso seria apenas de alocar recursos para que o telefone do centro recebesse o ‘upgrade’ para o 0800, sem estardalhaço. A medida do deputado assemelha-se ao oportunismo de outros parlamentares, que à custa de alocação de recursos para eventos anódinos como a parada Parada Gay de Manaus, exaltação à domesticidade, transformam-se em baluartes da causa. Coisa que o pessoal do babado sabe bem ser tapeação pra domesticado comprar e acreditar. Josué, da “nova” geração (nova de cronologia, porque de código, tem séculos de idade) de políticos da tradicional direita manaquara, apenas se aproveita do nicho eleitoral, e embarca na prática corriqueira dos parlamentos Brasil afora. Criar, que é bom, nada. Em tempo: quem quiser entrar em contato com o CRDH ‘Adamor Guedes’, pode fazê-lo pelo emeio crch@sejus.am.gov.br, ou pelo telefone (92) 3215-2736. O centro funciona na Secretaria Estadual de Justiça, no antigo prédio da Assembléia Legislativa do Estado, na Av. Sete de Setembro, próximo ao IAPETEC e à praça Dom Pedro, também conhecida como praça das trabalhadoras. Sentiu a brisa, Neném?

E não se perca na balada, querida! Para entender o que as bees estão falando, confere aí embaixo as principais gírias do mundo LGBT! Aloka! Hihihi…

VOCABULÁRIO LGBT

– LETRAS “T” –

Tá boa: quando você não acreditar em alguma história, é só dizer: Tá boa?!

Tá meu bem: interjeição de espanto popularizada pela drag Dimmy Kieer.

Tata: sabe aquela amiga que vive com o amigo gay? Então…

Tia, tiona: bicha velha.

Tô Lôca!: expressão utilizada para expressar mau humor acompanhado de álcool ou drogas.

Tô Passada: expressão de espanto.

Tô bege: equivale a “não acredito, tô pasma, boba, plissada, passada, colocada….”.

Tombado: caído, sem graça. Ex.: aquele bar tá tombado. Tá uó.

Tombar: falar mal de algo ou alguém.

Transformista: o mesmo que Travesti. O termo “Travesti” costuma ser utilizado mais para prostituição, um Transformista apenas se veste com roupas do gênero oposto para espectáculos.

Transsexual: uma pessoa que pensa ou se comporta de forma séria como se tivesse o corpo com o género errado. Muitas vezes (mas nem sempre) sujeita-se a uma operação de mudança de sexo. Os termos pré-operatório e pós- operatório distinguem os Transsexuais que fizeram a cirurgia de mudança de sexo dos que ainda não a realizaram. Um Transsexual Não-operatório é um que, por qualquer razão, não pode ou escolheu não ser operado.

Trava: travesti.

Travar: tornar-se travesti.

Travesti: (em inglês: transvestites) homem que se veste e maquilha ocasionalmente de forma a parecer uma mulher, note-se que ao contrário dos transsexuais um travesti (tb conhecidos por Crossdressers) não se consideram mulheres nem pretendem sê-lo. Muitos transsexuais são heterossexuais, e nunca fazem operações de mudança de sexo.

Tricha: gay que já é mais que bicha, que dá muita pinta.

Truque: mentira, enganação. Trucosa ou truqueiro: que dá truque. Trucón: o truque em si.

Tudo: quando algo for muito bom. Ex. Meu modelo tá bom? E o amigo responde: Tá tudo bi!

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

“TRATAR COM MAIS CARINHO O HOMOSSEXUALISMO”

O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), lançando impropérios contra o ministro do Meio Ambiente, Minc, adjetivou-o de “veado” e “maconheiro”. Com o desdobramento das invectivas na opinião pública e no próprio ministro, Puccinelli se apressou em amenizar seu ato terrorista afirmando ter sido “em contexto de brincadeira”.

Hoje o ministro, que vem das grandes lutas pelas liberdades democráticas e socialistas, seguro e irônico, psicanalisou o governador-homofóbico (medo-erótico de desejar a imagem de si mesmo no outro, em forma de conflito).

Ele deve fazer uma análise mais profunda da declaração dele sobre o estupro em praça e examinar e tratar com mais carinho o homossexualismo que existe dentro dele próprio e talvez aceitar isso com mais razoabilidade. Freud explica que muitas pessoas que tem o homossexualismo enrustido tentam matar o homossexual que há dentro dele próprio. Eu sou um defensor conhecido dos direitos dos homossexuais contra todos os preconceitos”, analisou.

Quanto à sua posição em defesa ao meio ambiente do Pantanal e as agressões que emitidas pelo governador-homofóbico nesta jornada, Minc disse: “Nunca me acovardei, ou me encolhi. Mas com uma agressão como essa, é até difícil imaginar como uma pessoa dessa pretende exercer o cargo de governador do estado”.

Quanto a entrar como um ação na Judicial contra o governador-homofóbico, Minc sentenciou: “São os eleitores e os tribunais que vão julgar se uma pessoa com este nível de desequilíbrio está apta a exercer o governo do estado. Eu não vou processá-lo. Há, de um lado, o desequilíbrio ambiental, que ele provocaria se a gente deixasse se destruísse o Pantanal como queria, e, por outro lado, há o desequilíbrio patológico. Não acho que foi um ataque gratuito. Na verdade, ele professou um estupro ao Pantanal e a ele próprio”.

O “contexto de brincadeira” do governador-homofóbico é desativado como forma de desculpa, já que ele sai do entendimento que ele, governador-homofóbico, fez da  reação exterior que condenou suas invectivas contra o ministro, Minc. E não de um opinião pessoal classificadora como aconteceu no momento em que ele elaborou o discurso terrorista contra o ministro.

Assim, fica o dito pelo dito. E não o desdito do dito. Logo, não há desculpas.

A PARADA PARADA GAY DE MANAUS

O Movimento é a produção existências alegres

O Movimento é a produção de existências alegres.

A “Parada Gay”, como é do conhecimento internacional, não é um movimento com um único sentido de lutar pelos direitos eróticos/sexuais, visto que práxis sexuais, sejam homo ou hétero, são sempre realizadas, sem que ninguém possa impedi-las. A “Parada Gay” é essencialmente um ato político/social semelhante a outros movimentos de entidades que também tentam produzir suas próprias singularidades, como os negros, os índios, as mulheres, entre outras chamadas minorias.

Entendido desta forma – como reflexão de uma condição representada -, o ato político/social da “Parada” também não se restringe apenas às atuações dos adesivados de Gay. É também um processual coletivo que envolve todos que democraticamente tentam produzir uma sociedade em que cada um possa com sua singularidade ser agente histórico desta sociedade como liberdade de todos.

Daí as pessoas engajadas no ato político/social da “Parada” se recusarem à participar do confinamento imposto pelos governantes ao movimento – aceito candidamente pelos seus organizadores – excluindo-o das ruas, palco onde a história é produzida, aprisionando-o no interior de uma zona cinza, onde a alegria é substituída pela formalidade oficial, como qualquer evento empresariado com objetivo massificante definido. Mercadoria à ser consumida como objeto de entretenimento.Tudo que o Sambódromo proporciona como território de imobilização. Armadilha que parou o movimento gay que vinha de um crescente político/social nos desejos da população manauara. Quando se fazia visível no “Espaço da Aparência”, na fluidez contínua das ruas sob os olhos reveladores que não ocultam “o amor que não diz seu nome”.

De uma festa singular, metamorfoseou-se em um caricata alegoria desbotada cujos brilhos, os tons, os sons da alegria de uma mundo criativo, foram substituídos pela palidez da subserviência alienada. Nada de sonho, psicodelismo e realidade vivificante. Só temor, preocupação, deboche e violência. Nada que reflete o “Mundo Gay” que todos constituímos com sua turbulência e exuberância ativa.

Ao contrário do “Grito dos Excluídos”, que não se exclui das ruas (embora por uma vez tenha se excluído), a “Parada Gay”, ao se confinar não só agiu contra si mesma, mas também contra todos que sabem que a liberdade se produz nos territórios abertos dos diálogos políticos: as ruas. Territórios onde os preconceitos e os medos não podem se esconder para agirem ocultamente protegidos pela invisibilidade impulsionados por suas patologias.

Nisso, fica ecoando o brado de grande parte dos agentes/atuantes: “Lugar da “Parada Gay” é na rua! É na rua que a voz se faz e ecoa!”

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!


Estação de metrô Beaudry, no bairro gay Le Village, na cidade canadense de Montreal. Tá pra ti, Baby! (Daqui).

DOIS TEXTOS PARA ABRIR A SUA SEMANA

Esta colunéeeeesima, como espaço virtual-atualizante de utilidade pública, procura sempre trazer aos leitores intempestivos, informações necessárias à construção de saberes auxiliantes na produção de modos de existência mais livres.

Daí, hoje, abrimos espaço para duas textualizações que entendemos prenhes (aloka!) de informações e entendimentos que todos precisamos cultivar. São dois, tá. E nada de cansar os olhinhos.

ENTREVISTA: “O CONGRESSO É MUITO HOMOFÓBICO”.

—-> Ui!: Nessa entrevista, realizada pelo jornalismo de “O Dia”, periódico carioca, a senadora Fátima Cleide (PT/RO), uma das principais aliadas do segmento LGBT no parlamento nacional, e principal articuladora dos projetos de lei favoráveis aos nossos direitos (como o PLC 122/06), traça um breve panorama do congresso, e nos atualiza sobre as lutas ali empreendidas. A entrevista saiu domingo passado, mas quem ainda não leu, confere aqui (a entrevista foi dada ao repórter Mahomed Saigg):

Rio – Vítimas da intolerância sexual, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são caçados diariamente nas comunidades do Rio. Conforme O DIA mostrou em série de reportagens esta semana, os homossexuais que moram nas favelas cariocas são alvo do preconceito e da ira de milicianos e traficantes. Muitos acabam assassinados por causa de sua orientação sexual.

O aumento dessa violência, que já invadiu até as salas de aula, chamou a atenção da senadora Fátima Cleide (PT-RO). Relatora do projeto de lei que criminaliza a homofobia, ela afirma que o Congresso Nacional é homofóbico. Inconformada com a dificuldade para aprovar a medida, na sexta-feira a senadora foi à tribuna mostrar as reportagens e cobrar atitude dos demais parlamentares.

O DIA: O que falta para a aprovação do projeto de lei que criminaliza a homofobia no Brasil?

Fátima: Relatei o projeto de lei em março de 2008. Mas até agora ele não pôde ser votado sequer na Comissão de Assuntos Sociais por causa de pedidos de vista e votos em separado feitos por alguns senadores. A verdade é que esta proposta tem enfrentado grande rejeição por parte de parlamentares que compõem a Frente Evangélica no Congresso, que são contra sua aprovação.

E o que esses políticos dizem sobre a violência gerada pela homofobia?

O Congresso Nacional é reflexo da sociedade. Como boa parte dos brasileiros tem preconceito, muitos têm receio político de se posicionar na defesa dos direitos humanos, sobretudo de homossexuais. O Congresso é muito homofóbico.

Por quê?

Por causa das próprias atitudes dos parlamentares. Aqui mesmo no Congresso é comum a gente ouvir piadas sobre a orientação sexual de deputados e senadores.

Quais as principais consequências da demora na aprovação desta lei?
Como não existe punição para quem age de maneira homofóbica no Brasil, o preconceito não para de aumentar. E está ficando cada vez mais violento. Uma das principais consequências dessa falta de punição é o isolamento de lésbicas, gays e travestis, que estão ficando cada vez mais limitados a guetos na sociedade.

Como a senhora vê a homofobia nas salas de aula?
Esse problema é gravíssimo porque aumenta a violência nas escolas e a evasão escolar. Hoje em dia, para um homossexual sobreviver na escola, é preciso que tenha muita determinação e força de vontade, porque o preconceito é muito grande. Mas nem sempre isso é suficiente. Se um aluno homossexual é perseguido no colégio, a tendência é que ele não volte nunca mais. Por isso é importante que os professores estejam preparados para lidar com situações como essa.

Muitos homossexuais dizem que não conseguem ingressar no mercado de trabalho. A senhora acredita que esta dificuldade está atrelada à homofobia?

Não há dúvidas de que sim. Se pessoas com alta preparação têm dificuldade para conseguir um emprego, imagina um homossexual que não consegue concluir sequer o Ensino Fundamental! Esse é o caso de muitos gays e lésbicas que abandonam a escola antes de concluir os estudos por causa da perseguição que sofrem.

A senhora acha que a homofobia é mais grave nas favelas e subúrbios?

O preconceito está em todo lugar. Mas nas favelas e periferias, a homofobia é ainda maior. É onde ela se apresenta da forma mais violenta. É também onde ela é mais consentida pela população, que finge não ver o que está acontecendo.

O que fazer para conseguir reverter este quadro?

A homofobia é uma questão cultural, que só será superada com educação. A escola tem um papel fundamental no processo de superação dessa questão. Mas nós já atingimos um patamar tão grande de violência que só a educação não resolve. Por isso insistimos na criminalização da homofobia.

O QUE A CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO TEM A VER CONOSCO?

—-> Ui!: Aqui, a ABGLT mostra que está antenada (hihihi…) com a questão das mídias e seu uso indiscriminado a favor do cerceamento da liberdade e da subjetivação pela sociedade do consumo. Assim como a AFIN, Associação Filosofia Itinerante, lançou a Campanha Pela Democratização das Concessões Públicas de TV e Rádio, a ABGLT lança também seu manifesto, através do nosso presidente, Toni Reis, convocando as lideranças e o movimento LGBT como um todo, para participar da Conferência Nacional Pró- Conferência de Comunicação. O assunto interessa à toda a sociedade que se quer democrática, e que deve começar pelo bom uso da informação e das teletecnologias. Confira:

O que a Conferência de Comunicação tem a ver conosco, LGBT?

Quando assistimos televisão ou ouvimos o rádio não sabemos que qualquer canal só pode veicular determinado conteúdo porque tem uma concessão pública. Mas o que significa ser uma concessão pública? Significa que os canais de televisão e rádio pertencem ao povo brasileiro e que para que uma empresa queira explorá-lo comercialmente precisa de autorização do estado, que é quem toma conta dos bens coletivos do povo.

Em outras concessões públicas, como transporte coletivo, por exemplo, todo o serviço prestado é voltado ao interesse do cidadão e quando ele não funciona todo mundo pode reclamar para que o serviço mude! No caso das TVs comerciais, como Globo, SBT, Record, Band e Rede TV , que de acordo com a lei deveriam veicular principalmente conteúdos educativos, culturais, artísticos e informativos, isso simplesmente não acontece! Eles fazem o que querem com a programação televisiva e o cidadão não tem a chance nem de avaliar, nem de reclamar para que as coisas mudem. Além disso, há uma śerie de irregularidades cometidas por esses canais, que muitas vezes violam direitos humanos e a própria lei que regulamenta seu funcionamento.

A Conferência traz a chance da sociedade dizer como devem funcionar essas concessões públicas. A ABGLT  está  participando  da  construção vide http://proconferencia.org.br/quem-somos/

Outra questão importante: você tem internet em casa? Na escola? No Telecentro? Num mundo em que cada dia mais a informação é parte fundamental da vida, a internet torna-se um recurso de primeira necessidade. Ter acesso à informação e se comunicar são direitos do cidadão. É dever do Estado garantir que todo mundo possa acessar e produzir conteúdos para se informar e se comunicar.

Como garantir esse acesso? Como garantir condições para que os cidadãos possam distribuir os conteúdos que produzem? Esses também são debates que passam pela Conferência.

O futuro também já chegou. É celular que toca música, é computador que passa filme, é televisão que vai virar computador. Nesse encontro de tecnologias, que chamamos de convergência, ninguém sabe ao certo de que forma podemos utilizar todas essas inovações a serviço do cidadão, garantindo o acesso universal ao conhecimento, e à produção de conteúdo. Como organizar todo o caminho que vai da produção de conteúdo, passando pela forma como ele será distribuído e recebido é outro tema sobre o qual os participantes da I Conferência Nacional de Comunicação.

Portanto, a I Conferência Nacional de Comunicação é um momento em que toda a sociedade se reúne para definir as diretrizes e ações que o poder público (prefeitos, vereadores, deputados estaduais, deputados federais, ministros, presidente, juízes, promotores, etc) deve ter como prioridade no setor de Comunicação. É um momento muito especial de participação popular na definição das políticas públicas. Por isso é fundamental se inteirar e participar de todas as atividades relacionadas à Conferência na sua cidade. Procure a Comissão Estadual de onde você mora e participe!

http://proconferencia.org.br/comissoes-estaduais/ veja  quem  está no seu  estado.

Comunique-nos do seu interesse em participar.

ABGLT está nesta mobilização.

Um abraço.

Toni”.

Muáh!!! pra vocês! Se joguem nas news!

Φ ‘HOMOPÉDIA’, A ENCICLOPÉDIA GAY, É CRIADA. Um compêndio que verse, como diriam os advogados, sobre os signos componentes da chamada cultura gay. É a Enciclopédia Gay, o Homopédia, com 300 páginas, e lançado na Argentina por Ignacio D`Amore e Mariano Lopes. Os verbetes são sempre mostrados em sua relação com a cultura LGBT. Michael Jackson, Shakira, Madonna, dentre outros, distribuídos em categorias como Pop, Rock, Televisão, Filosofia, mostram o que de certa maneira já sabíamos: se o mundo é gay, todas as enciclopédias o são. Mesmo assim, é porretíssima a iniciativa dos hermanitos. Se alguém por aí habla español, favor adquira o mimo e traduza pra gente, que tal? Sentiu a brisa, Neném?

Φ LIVRO EXPLORA RELAÇÃO HOMOERÓTICA DE GARCIA LORCA. Federico Garcia Lorca, o mais surrealista dos surrealistas, amigo de Dalí e Buñuel, homoerótico, poeta, escritor. A homossexualidade de Lorca ficou em evidência na Espanha com o lançamento do livro “Lorca y El Mundo Gay”, do historiador irlandês Ian Gibson. Gibson afirma que o livro, bem como estudos sobre a vida de Lorca que tratem da homossexualidade só puderam vir à tona agora, quando morreram seus irmãos. Em família, o assunto era considerado tabu. Embora tenha vivido o fervor do início do século XX, Lorca não pôde, de acordo com o autor, vivenciar sua homossexualidade na plenitude. E relata algumas relações que o poeta teve, e tenta estabelecer uma linha entre a homossexualidade e a poesia de Lorca. Livro imperdível para os amantes da poesia, e quem não conhece o poeta do “verde que te quero verde”. Sentiu a brisa, Neném?

Φ CURITIBA REALIZA MARATONA GAY. Hoje está rolando em Curitiba um evento esportivo nas cores do arco-íris! É a maratona da diversidade, que terá competições esportivas, como voleibol, e outras, alternativas, criadas especialmente para o evento, como a Corrida de Revezamento de Camisinha, para divulgar o uso do preservativo, Corrida de Salto Alto (Ui!) e a concorridíssima prova do Arremesso de Bolsas, onde as drags prometem arrasar! Durante o evento, campanhas como a “Fique Sabendo” e a do testa rápido do HIV estarão acontecendo, já que a iniciativa é do Departamento Nacional DST/AIDS e Ministério da Saúde. O Mácssimo, menina! Fique por dentro da programação aqui! Sentiu a brisa, Neném?

Φ SEMINÁRIO COMEMORA 20 ANOS DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS LGBT. Mona, mona, moninha, moninha (juntando mona com maninha, pra quem não entendeu, tá? Aloka!!). Se você não conhece Herbert Daniel, meu bem, tá mais por fora do que barriga obscena! Ele foi um dos pioneiros na luta pelos direitos LGBT no Brasil e no mundo, e também um lutador conta a epidemia da AIDS. Ele foi um dos primeiros a entender que o pior sintoma do HIV é o preconceito e a discriminação, e entendeu que a doença é mais social que propriamente biológica. As loucas da AFIN, inclusive, tem uma textualização a teatralizar, sobre texto de Herbert, o “Anotações à Margem do Viver com AIDS”, que deveria ser leitura obrigatória para todas as pessoas que se envolvessem nessa luta, profissional ou amadoristicamente. Ele também criou a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da AIDS. Coisa de quem faz passar o fluxo da Vida, e não se submete à subjetivação tanática da sociedade de consumo. Herbert era vida, por isso gritava “Viva a Vida!” bem antes do aguado roque nacional incorporar o brado, já sem vida. É pela fogueira de Vida que foi/é Herbert Daniel, que a moçada do SOMOS/RS, GAPA/RS e ABIA/RJ vão realizar, de 24 a 26 deste mês em POA, conhecida carinhosamente como Porto Alegre, um seminário, que envolverá cerca de 80 ativistas do Brasil inteiro, e se discutirá a questão da AIDS, a discriminação (a “morte civil”) e o protagonismo da classe LGBT, que revolucionou o mundo ao vencer a epidemia num país onde a saúde está anos-luz longe do ideal. Quem puder comparecer, pode obter informações no bloguinho da SOMOS, aqui. E quem quiser conferir a programação, é só clicar aqui. Sentiu a brisa, Neném?

Φ AUDIÊNCIA PÚBLICA NACIONAL SOBRE HOMOFOBIA NAS ESCOLAS. A Frente Parlamentar LGBT promove no próximo dia 22 de outubro, na Câmara dos Deputados, uma audiência pública sob a temática “Homofobia nas Escolas”. A homofobia é um dos principais fatores que levam estudantes LGBT à desistência escolar, e tem crescido de forma assustadora no país, como você já acompanhou aqui. Como palestrantes, teremos, dentre outros, o responsável pelas políticas de diversidade na escola, do Ministério da Educação, André Lázzaro, Beto de Jesus, da ABGLT, representantes do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Federal de Psicologia. O nosso presidente, Toni Reis, convida a todos os que puderem participar, e colaborar no tratamento desta questão grave, e que envolve não somente as escolas, mas a sociedade como produtora de subjetividade e modos de existir muitas vezes nocivos e antidemocráticos. Sentiu a brisa, Neném?

E não se perca na balada, querida! Para entender o que as bees estão falando, confere aí embaixo as principais gírias do mundo LGBT! Aloka! Hihihi…

VOCABULÁRIO LGBT

– LETRAS “M, N e O” –

Mafiosa: quem faz máfia, que mente e cria situações em proveito próprio.

Mágoa de Cabloca: pessoas que já foram famosas um dia, ou os que tentam, mas nunca conseguem.

Mala: volume na calça, pênis. No Rio, também significa pessoa chata.

Mancha: é o gay super feminino, exagerado, que já passou da “pinta”.

Mati: algo pequeno. Ex: neca mati (pênis pequeno).

Matusalém: pessoa velha.

Mayumi: gay amiga.

Me Deixa!: grito de guerra usado pela popular drag paulistana Alma Smith.

Meda: Feminino de Medo. Usado como interjeição para algo que não é agradável.

Me erra!: me larga.

Melhorada: alguém que era uó e melhorou a personalidade. Alguém feio que deu um truque na feiúra.

Meu Cu!: não estou nem aí.

Meia-Bomba: pênis que não conseguiu enrijecer completamente; o mesmo que frapê.

Michê: garoto de programa.

Michely: garoto de programa afeminado.

Miguxo: pessoa uó que quer fazer a íntima.

Milho: ferveção, fechação, bichisse.

Modelão: roupa bonita ou ato de montar-se.

Mona: mulher ou alguém muito afeminado.

Monaocó: junção de mona com ocó (homem hétero), é o gay bem masculino, que não dá pinta.

Mônica: derivado de mona, para designar amigos íntimos.

Montação: o processo exagerar nas roupas, para se jogar na noite.

Montada: travestida, produzida.

Mundinho: maneira como clubbers denominam seu universo de pessoas.

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Naja: fofoqueira, intrigueira.

Não estou achando: não estou entendendo ou suportando (alguém ou alguma situação).

Não estou podendo: não quero, não estou a fim.

Não ser obrigado/a: ter algo melhor para fazer.

Neca: sinônimo de pênis.

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Ocó: homem com jeito de homem.

Olá Querida!: noitada onde você só faz social e não se atém a conversar com ninguém. Também usado como interjeição ao encontrar alguém que você não tem muito a dizer.

Operada: Transexual (homem para mulher).

Odara: algo grande… imagine…

Otim: bebida alcóolica, drink.

Oxanã (ou Xanã): cigarro.

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

SEXO NÃO TEM IDADE. PROTEÇÃO TAMBÉM NÃO” – A “QUALIDADE DE VIDA” E A MORAL DE CLASSE SÃO OS VETORES DA AIDS.

O JARDIM DO AMOR

Fui até o jardim do amor

E vi o que jamais vira antes:

Uma Capela erguida no centro

Onde eu costumava na relva brincar.

E estavam fechados os portões da Capela,

E havia mandamentos inscritos sobre a porta;

Por isso voltei-me para o jardim do amor.

Que tantas flores lindas tinha.

E vi que estava cheio de covas

E lápides onde as flores deveriam estar:

E Padres de negro faziam estas rondas

Atando com espinhos minhas alegrias e paixões.

In “Songs of Experience”, de Willian Blake.

Amanhã é o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, e o mote da campanha deste ano no Brasil é: “Clube dos Enta”. Cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, noventa. É o novo nicho onde a AIDS tem se propagado.

Esta população, compreendida para a classificação cronológica como a terceira idade, tem se contaminado com impressionante rapidez nos últimos anos. Do ano 2000 para cá, o número de infectados dobrou, passando de 7,5 casos por 100 mil habitantes para 15,7/100 mil. Segundo o ministério da saúde, em 1996, na região Norte, haviam 3 casos por 100 mil, e em 2006 este número já era de 13/100.000. Aliás, é nesta região, juntamente com o Nordeste, que a epidemia tem avançado, enquanto no Sul estabilizou-se (ainda que com números preocupantes) e tem recrudescido no Sudeste e Centro-Oeste. Há, no entanto, que se comemorar o aumento da sobrevida dos pacientes acompanhados: de 58 meses/média em 1995, passou para 108 meses/média em 2008.

A explicação para o crescimento na população idosa, segundo alguns especialistas, é a melhoria da qualidade de vida desta população, patrocinado pelo avanço da medicina em relação ao funcionamento de certos processos biológicos, como a reposição/correção hormonal e os tratamentos mara disfunção erétil. Carlos Alberto Moraes e Sá, do hospital Gafree Guinle, no Rio de Janeiro, afirma até que o aumento da contaminação é um sinal positivo, que mostra a efetiva melhoria da qualidade de vida desta população (no link, a transcrição da entrevista dada por ele ao canal Globonews, interessante. Para ver em vídeo, clique aqui).

Um outro aspecto apontado para este aumento impressionante das contaminações nesta faixa etária são as experiências extraconjugais, e aí se insere o tema do homoerotismo. Muitos homens heterossexuais se contaminam em experiências sexuais homo, e contaminam suas parceiras, que nem desconfiam das “escapadelas” de seus íntegros maridos. O mesmo ocorre invertendo-se os papéis, mas culturalmente, a força falocrática coloca o homem como o agente da hipocrisia moral.

O governo, do ponto de vista técnico-científico, faz a sua parte, e a sociedade deve engajar-se nesta luta, que é de todos. Mas, sem o exame dos enunciados que constituem a subjetividAIDS (o conjunto de elementos corporais e incorporais, signos sociais que sustentam a propagação da epidemia), não se poderá combatê-la de modo eficiente.

QUALIDADE DE VIDA?

A sociedade alcunhada moderna (ou seria pós-moderna?) elegeu o mote qualidade de vida como o principal produto do século XXI. Através da ciência e das tecnologias, procura-se ampliar o tempo que é dado ao sujeito existir como corpo bio-social. Seus principais avatares são a medicina (em suas várias vertentes, dadas ao funcionamento do corpo, a boa alimentação, etc) e as tecnologias de facilitação da vida, do contato social, da locomoção, da informação.

No entanto, a sociedade que entende e cultua a vida como prolongação dos sinais vitais biofísicos não se pergunta: “O que é a Vida?”. “E a vida, e a vida o que é, diga lá meu irmão / Ela é a batida de um coração, ela é uma doce ilusão”, cantou o alegre-revolucionário Gonzaguinha. A sociedade que cultua um modo de existir sem compreender seus bloqueios, rachaduras e transbordamentos, não cultua a Vida, mas é tanática.

Tomemos o que se chama qualidade de vida na terceira idade. A medicina evolui como ciência/nicho mercadológico complementar à indústria alimentícia. Os diversos tratamentos de reposição hormonal visam sanar um problema metabólico criado pelas substâncias contidas nos alimentos processados, conservantes, corantes, realçadores de sabor, hormônios artificiais usados nos animais, manipulação genética e outros sintéticos. Um sintoma da relação de estranheza com a comida cotidiana foi visto numa escola particular de Manaus, cujos alunos se espantam quando descobrem que o animal que estão a dissecar na aula de ciências nada mais é do que o frango que comem no almoço. E o frango dissecado nem era o animal in natura, mas sua versão “supermercado”, congelado e embalado.

Ainda: a chamada terceira idade torna-se, com suas zil doenças, a maioria proveniente do modo de existência da moral de classe, o grande nicho da indústria médico-farmacológica, que tende a reduzir tudo ao espectro biofísico.

Medicina que vai anos-luz longe de uma medicina grega, uma medicina anti-socrática, uma medicina nietzscheana. Medicina que entende a vida como realização e produção existencial-ético-éstética. O que é uma ruga? Para a sociedade de consumo, um sinal indelével do fracasso em paralisar a passagem do tempo. O mote “terceira idade” se traveste: “melhor idade”. Sentença judicativa vinda de fora, falseação do existir. Não há melhor idade, se não se é causa da própria biografia.

O idoso a quem se destinam as políticas públicas – e que excluem o idoso homoerótico! – é uma falseação, tem que viver a existência como simulação decadente do tempo paralisado. Jovens outra vez, sem jamais o ter sido? Impossível. O idoso, improdutivo, preso no enredo dos “anos dourados” de uma nostalgia perversa, tentando resgatar o que lhe foi tomado nos anos de pujança biofísica, este não tem nada a ver com a vida. Vive, sem o saber, no ressentimento de tentar reviver o que não viveu. A sociedade de consumo aprisiona a Vida como devir. Gerações inteiras nascem já com os cabelos brancos, epígonos, ou como afirma o filosofante Nietzsche, os carregadores de valores, os camelos da sociedade, os escravos do “Tu Deves!”.

A sociedade de consumo, o trabalho dissociado da sua função ontológica, as relações humanas calcadas no ressentimento, é difícil escapar à armadilha da decadência, e ela inclui um papel para o velho: não ser velho.

Ser velho, efetivamente, é perigoso para o capital. É encontrar outras intensidades, outros devires, uma outra serenidade. O filósofo Deleuze afirma que tornar-se velho é encontrar/produzir um outro gosto pela existência. Gostar a vida, experimentá-la, não no sentido da experimentação do consumo, mas deixar-se atravessar por outras intensidades e produzir outros modos de sentir e existir. A lucidez e a maturidade não são uma maldição, mas uma beatitude. Nada disso passa pela armadilha terceira idade-melhor idade do capitalismo.

Como ter qualidade de vida numa sociedade que prolonga a performance biofísica/sexual do corpo, mas esta sexualidade é resultante de uma moral castradora? Se os corpos são estranhos a seus donos? O não uso do preservativo, neste sentido, é um dos sintomas de uma sexualidade alheada de si. Como chamar de qualidade de vida uma existência preservada pelos fármacos do mercado laboratorial, resultante da deterioração das funções biofísicas do corpo em virtude dos insumos artificiais produzidos pela indústria alimentícia? Trata-se de uma ciência que não vai às causas, mas confunde-a com seus efeitos. Não há, aí, nenhum rastro de Vida.

A SEXUALIDADE BINÁRIA E A DOMESTICAÇÃO DO HOMOEROTISMO

A sexualidade binária é menos uma função biológica que resultante de uma cultura falocrática. O binômio macho/fêmea não é equivalente ao binômio homem/mulher. Na Grécia, o comportamento homoerótico não tinha este viés sexista que carrega na sociedade capitalista, e mesmo lá, aquilo que era considerado “masculino” e “feminino” tinha a ver menos com a anatomia biofísica que com o comportamento, as atitudes e crenças. Mas foi na sociedade capitalista que esta binariedade passou a excluir qualquer tipo de alternativa, classificando-a como desvio. Percebe-se claramente isto na psiquiatria do século XX, que chamava o homoerótico de invertido.

Mesmo em alguns setores do movimento LGBT, procura-se transformar o homoerotismo numa espécie de terceira via, domesticação da sexualidade. É o que ocorre com os conteúdos pretensamente pró-causa que surgem na mídia, como o propalado beijo gay, ou a presença de gays nas novelas: trata-se mais de uma capturação de ordem consumista do que um aumento da potência política. Todo o elemento intempestivo, do uso e do auto-conhecimento do corpo correm risco à medida em que a ciência/mercado domestica a sexualidade desviante transformando-a em uma inócua (consegue?) prática ordeira.

Daí esta binariedade, esta pseudo-intimidade implodir quando se trata de falar e combater o vírus HIV. O comportamento sexual-padrão (homem-mulher-fidelidade) é, certamente, o menos praticado no mundo, e aquilo que se faz por debaixo das cobertas da moral (ainda que dissimulada) torna-se mais perigoso. A AIDS é uma doença menos eficientemente combatida de um viés médico/clínico (embora este seja essencial), do que por uma desmistificação da moral sexual. A prevenção ao vírus da AIDS passa por um auto-conhecimento do corpo e da própria sexualidade, bem como a sua publicidade, não no sentido do exibicionismo, mas no sentido de ser esta uma relação de honestidade consigo mesmo e com as pessoas do entorno.

Quando isto começar a ocorrer, teremos enfim a possibilidade de acabar com a epidemia.

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

LUIZ MOTT: UM TAPA POLÍTICO NA CARA DA HOMOFOBIA

O brasileiro Luiz Roberto de Barros Mott é uma das pessoas necessárias à consolidação da democracia no Brasil. Democracia que só existe na confluência desejante da diversidade, não na tolerância que é filha da hipocrisia moralista-religiosa. Assim, Mott tem sido uma voz atuante e produtiva nestes últimos 30 anos, sendo um dos pioneiros em falar sobre homofobia, homoerotismo e discriminação na tevê brasileira, quando lá existia vida inteligente.

Para @s leitor@s intempestiv@s que ainda não conhecem Mott, esta colunéeesima traz trechos de uma entrevista concedida à Tatiana Mendonça, publicada no blogue ‘Muito’, do jornal A Tarde (aqui). Também é possível conhecer um pouco mais sobre Mott na sua home page (ai, Luizoca, dá um upgrade nessa page, Lôca!) e também no site do Grupo Gay da Bahia. Esta colunéeeeesima também já deu uns toques no querido Mott, uns tempos atrás, numa boa, democraticamente. Divirtam-se a aprendam!

Luiz Mott, 62 anos, paulistano de nascimento, cidadão de Salvador, da Bahia, de Piauí, do Sergipe, antropólogo, mestrado em etmologia pela Sorbonne, em Paris, e doutorado em antropologia pela Unicamp. Eu vim para a Bahia depois de ter vivido uma relação heterossexual durante cinco anos, em Campinas, com duas filhas, aí então em 1978 eu assumi a minha homossexualidade e resolvi mudar para Salvador, fascinado pela beleza da cidade barroca, pelos negros, pelo clima e pelas frutas tropicais”.

Em menos de um ano de chegado à Bahia, eu já tinha um namorado baiano, com o qual convivi durante sete anos. Estávamos numa tarde vendo o pôr-do-sol no porto da Barra quando um machão, percebendo que nós éramos gays – apesar de extremamente discretos – me deu um tapa na cara, por pura homofobia. Foi a primeira vez na vida em que fui vítima de uma violência. Esse tapa na cara despertou a minha consciência da importância de defender os meus direitos como homossexual. Isso foi em 1979”.

(…) a partir desse tapa na cara eu escrevi um anúncio para “O Lampião” que era assim: Bichas baianas, rodem a baiana, vamos nos organizar. Vamos fundar um grupo homossexual. A partir daí, com a presença 17 pessoas, entre jornalistas, estudantes, professores, fundamos o GGB. Na época já existiam outros grupos, mas com o tempo os mais antigos desapareceram e o GGB se tornou o grupo mais antigo do Brasil e da América do Sul”.

E sobretudo quando me tornei um militante homossexual constatei que as igrejas, o judaísmo, o cristianismo, o islamismo e o protestantismo, sobretudo religiões fundamentalistas evangélicas, são a principal fonte de manutenção da homofobia. Nos púlpitos e nas televisões evangélicas é onde mais se divulga a intolerância e o preconceito contra os homossexuais. Sou incansável lutador contra o papa anterior e o Bento 16, que são os maiores inimigos dos homossexuais na modernidade, e contra os evangélicos que continuam associando homossexualidade ao diabolismo. Mesmo no candomblé – que embora seja uma religião muito aberta aos orixás hermafroditas, homossexuais, bissexuais – não tem um discurso explícito de defesa dos homossexuais, considerando que grande parte dos pais-de-santo, mães-de-santo e filhos-de-santo têm uma sexualidade aberta inclusive ao homoerotismo”.

Os homossexuais, que hoje preferem ser chamados de LGBT, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – colocando o “L” na frente para favorecer a visibilidade das homossexuais femininas – estão cada vez mais sendo alvo de políticas afirmativas por parte do governo federal. Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro presidente da República a incluir num documento oficial a palavra homossexual, em 1996, e em 2002 o primeiro presidente a falar publicamente a palavra homossexual, defendendo a união entre pessoas do mesmo sexo. De lá para cá, no governo Lula, foi aprovado o Programa Brasil sem Homofobia, incluindo 10 ministérios e mais de 100 ações afirmativas, garantindo aos gays não privilégios, mas direitos iguais”.

Mentalidade não se muda por decreto, mas havendo leis como a lei contra o racismo, mas a lei contra a homofobia com certeza vai garantir aos homossexuais o amparo legal para sua cidadania plena”.

No geral, há progressos. No nível institucional, legal, da visibilidade. Cada vez mais os gays aparecem nos jornais. Na televisão, as novelas ainda censuram até o beijo gay, quando mostram cenas quase explícitas de sexo entre heterossexuais. As novelas, embora tenham mostrado com mais naturalidade casais gays ou casais de lésbicas, ainda existe muito puritanismo e muita censura no que se refere às relações homoeróticas. A televisão insiste em abusar de caricaturas e estereótipos negativos de homossexuais, principalmente nos programas cômicos, como o do Tom Cavalcante. Essa imagem do gay ultraefeminado, caricato, palhacinho, explorado também em novelas… Nem os negros, nem os judeus, nem as mulheres são ainda mostrados com tanto preconceito nem tanta estereotipia como os homossexuais”.

É absolutamente inaceitável, injusto e cruel que insultar um negro na rua ou discriminá-lo implique em crime inafiançável e o mesmo insulto ou discriminação praticado contra uma lésbica, um gay ou um travesti não signifique nada”.

(…) O grande preconceito dos legisladores em apoiar a adoção por parte de homossexuais se baseia num preconceito que já foi completamente descaracterizado por pesquisas científicas nos Estados Unidos e na Europa, que mostram que crianças e adolescentes criados por gays ou lésbicas não se tornarão necessariamente homossexuais, do mesmo modo que eu sou gay e minha mãe e meu pai eram heterossexuais. Eu não copiei o modelo deles”.

A idéia de que os homossexuais mantêm relações mais efêmeras também já foi descaracterizado por pesquisas, sobretudo na Holanda e na Suécia, onde é autorizado o casamento e o divórcio de pessoas do mesmo sexo, e se constatou que essas relações têm se mantido tão estáveis e “ordeiras” como as dos casais heterossexuais. E o curioso é que num mundo onde cada vez mais as pessoas não querem se casar e lutam pelo divórcio, os gays e lésbicas são a última tribo romântica que está lutando pelo sagrado direito de se enforcar com a gravata no dia do casamento ou de se prender aos doces laços do matrimônio”.

Nós somos do tempo em que Aids era chamada de peste gay. Quando o GGB começou a distribuir preservativos no centro da cidade, com folhetos explicativos, um vereador evangélico intolerante disse que era um escândalo, que era uma vergonha, que o GGB estava distribuindo em uma mão a camisinha e na outra mão uma lata de vaselina. (…) E a realidade não é essa. Muitos e muitos meses falta de preservativos distribuídos pela Secretaria da Bahia, estado e município, e falta de material de informação e prevenção voltado pra essa população. É importante que haja campanhas veiculadas na televisão, em horário nobre, falando sobre a importância de que todos se previnam, sem se referir à existência de grupos de riscos, porque segundo a epidemiologia falar em grupos de risco aumenta o preconceito e não leva necessariamente à prevenção por parte das populações mais expostas ao HIV e às demais DST”.

O Brasil é um país contraditório no que se refere à sexualidade e a homossexualidade em particular. (…) O lado cor de rosa e glamouroso é representado pelas paradas, pela presença de gays e travestis na televisão, de cantoras que há rumor constante de que são lésbicas, mas que poucas são assumidas, enfim. Comparativamente a outros países da América Latina, a homossexualidade no Brasil é muito mais visível e exuberante do que no Chile, no Peru, no Equador. São Paulo tem a maior parada do mundo, com quase três milhões de pessoas, no Rio são 1 milhão e em Salvador, meio milhão. Na Bahia, há mais de 15 paradas pelo interior. O lado vermelho sangue é o do dia-a-dia. Os homossexuais expulsos de casa, insultados, espancados na rua, discriminados pela polícia e sobretudo a violência física – que vai desde o golpe “Boa Noite, Cinderela”, que embebeda ou que faz com que os homossexuais se tornem reféns de golpes de exploradores – e sobretudo a que leva ao assassinato. A violência letal contra os homossexuais no Brasil é uma calamidade pública. O Brasil não é o país mais homofóbico do mundo – aqui não há leis anti-homossexuais, como no Egito, no Sudão, no Iraque – mas é o país onde há mais assassinato de homossexuais”.

Nem todos os crimes têm uma conotação claramente ou explicitamente homofóbica, porém do mesmo modo como os negros apontam para o racismo institucional para explicar as mortes de negros e mestiços, assim também os homossexuais, quando são vítimas de um crime, mesmo que seja um michê, um garoto de programa que praticou latrocínio, com certeza ele foi inspirado pela homofobia cultural, na medida em que ele parte do pressuposto preconceituoso de que o gay é frágil, efeminado, socialmente mais vulnerável, que não vai ter nenhum vizinho que vai prestar socorro se ele gritar, testemunhas vão se recusar a depor, com medo de se envolver com um gay, um travesti, que são considerados marginais ou sub-categorias sociais”.

O que eu acho que é fundamental é que as delegacias da mulher ou as contra o racismo tenham pessoas especializadas em atender gays, travestis e lésbicas, para que possamos encaminhar nossas denúncias, evitando que a omissão e a impunidade reforçem a prática de novos crimes”.

Os gays, lésbicas e travestis são vítimas de um complô do silêncio da historiografia oficial que nega a existência da homossexualidade entre VIPs ou que heterossexualiza VIPs homossexuais, como por exemplo a omissão da homossexualidade de Santos Dummont, o nosso grande herói nacional, ou a heterossexualização das cartas de Shakespeare”.

O depoimento que eu dou é que não me arrependo um só minuto de ter assumido a minha verdadeira essência existencial. Para mim, parafraseando Jean Genet, esse célebre escritor francês homossexual, a homossexualidade foi uma graça. Ele dizia “pra mim a homossexualidade foi uma bênção”. Foi uma graça eu ter assumido. Pra mim foi fonte de alegria, felicidade e muita ajuda”.

Ui! E agora vamos ver outros sopros gays (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ SUÉCIA RETIRA TRAVESTISMO DE LISTA DE DOENÇAS. Depois do casamento gay liberado, agora a Suécia decidiu remover o travestismo e outros termos designativos de gênero, como o fetiche e o transtorno de gênero da sua lista de doenças. Segundo o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Lars-Erik Holm, o objetivo é evitar que certos comportamentos sexuais sejam vistos como doença. Na prática, significa que o discurso médico não poderá mais atuar no “controle” desta população. Exceto quando mistura ciência e superstição pseudo-teológica. Aí é o caso de se questionar se os discursos médico e psy (psicólogo, psiquiatra, psicanalista) são compatíveis com os dogmas – não à fé, que é outra coisa – da Santa Sé e dos movimentos ev(dis)angélicos. E a resposta só pode ser “não”. Tem gente que vai oxigenar o cabelo só pra ir dar uma volta lá pelos primos nórdicos… Sentiu a brisa, Neném?

Φ MÉDICOS ESPANHÓIS FAZEM MILITÂNCIA RELIGIOSA EM CONSULTÓRIO. Alguns médicos espanhóis do Serviço de Doenças Infecciosas de Madrid, que é referência mundial no combate à AIDS, elaboraram um manual intitulado “Adolescentes Contra a AIDS”. O problema é que as informações contidas no manual não são científicas ou advindas de uma análise social: o manual é uma série de clichês, dentre os quais, afirmar que o público homoerótico é naturalmente mais propenso à doença, além de criticar o uso do preservativo como meio de prevenção, pregando que somente a abstinência evita totalmente a doença. Houve médico que falou em “céu” e “inferno” para pacientes. Na Espanha, onde a Igreja fez um contrato de apoio mútuo com a ditadura franquista, este tipo de ranço ainda é de se esperar, ainda mais com o reaparecimento destas forças reacionárias no âmbito mundial. Quando afirmamos que a AIDS é uma doença da moral capitalista (burguesa-cristã), este tipo de atitude é uma evidência. A desinformação e a doutrinação em nome de outros interesses, que dificultam ainda mais o combate à doença. Sentiu a brisa, Neném?

Φ DEPUTADO MATOGROSSENSE BRIGA PELOS DIREITOS LGBT. O deputado estadual do Mato Grosso, Alexandre César, que é líder do PT na Assembléia Legislativa do Mato Grosso, pediu aos seus colegas celeridade na votação dos projetos de garantia da cidadania LGBT. Segundo ele, existem dois projetos emperrados na casa, o 117/08, que pune a discriminação por orientação sexual, e o 760/07, que institui o 17 de maio como o Dia Contra a Homofobia no Mato Grosso. Ele acusa a Assembléia de ser deliberadamente lenta quando o assunto são as leis afirmativas para o segmento LGBT. Trata-se de um aliado importante, e que leva a discussão dos direitos LGBT para uma casa legislativa. Ponto para o Mato Grosso! Agora, se ele é ou não, não importa. Vale o engajamento, meu bem! Te toca, horrorosa! Sentiu a brisa, Neném?

Φ RECIFE, CAPITAL DO TURISMO FRIENDLY. Atenção gays e gayas de todo o Brasil! Quem pretende viajar, pegar uma praia, tomar um sol, ganhar uma cor, paquerar, ser paquerado numa cidade com calor, sol, alegria e amigável ao turista LGBT já tem destino certo: Recife, a capital do frevo. A Associação Brasileira de Hotéis de Pernambuco lançou a campanha “Pernambuco Simpatiza com Você” (é marketing, mas nessa eles acertaram, baby), que capacita funcionários dos hotéis a receberem e garantirem o conforto e os direitos LGBT. Quem quiser ainda dar uma escapadinha para Olinda, também encontrará hotéis da campanha, e até em Jaboatão dos Guararapes! Não tem L, G, B, T ou aliado que não se sinta privilegiado, ainda que seja, é claro, por razões econômicas, não é, benzinho. Então está combinado: praia, sol, mar, gente gostosa, vamos pra Récife, oxente! Sentiu a brisa, Neném?

Φ BRASIL NO WORLD OUT GAMES, BENZOCA!! O presidente da ABGLT, Toni Reis, convocou, e eles saíram do vestiário! O pessoal do Rio de Janeiro está organizando uma delegação para competir nos Jogos de Copenhague, o Out Games, promovido pela ILGA . O objetivo é elencar um grande número de atletas, que façam também um numerante-intensivo, a fim de entrar com um pedido de patrocínio junto ao Ministério dos Esportes. E vejam só, apareceu a Fernanda, da Paraíba, o Léo, de Goiás, os dois da turma do vôlei, o Rafael e o Valdimário, do futsal da Bahia, até a Luanna Marley, cearense que falou que existem os jogos LGBT na terra do Sol (dá-lhe, Luizianne!). Que toda esta equipe, diferente do esporte de alto rendimento de mais-valia e nada de rendimento social-comunitário, mande bronca numa boa no evento, participe, jogue, brinque e produza idéias sobre direitos humanos e cidadania LGBT. PS: A Gilvanésia mandou avisar que na categoria caminhada, não tem pra ninguém! Sentiu a brisa, Neném?

Φ V SEIMNÁRIO NACIONAL LGBT NO SENADO FEDERAL! A Frente Parlamentar Pela Cidadania LGBT, a ABGLT, o Projeto Aliadas e a SEDH/PR promovem no próximo dia 27 deste mês o V Seminário LGBT. Presenças confirmadas de Paulo Vanucchi, dos Direitos Humanos, da senadora Fátima Cleide, relatora do PLC 122/06, de Toni Reis e mais toda a moçada envolvida afetiva e afetantemente com a luta pela cidadania plena LGBT. O objetivo do seminário é aprofundar o conhecimento sobre os temas relativos aos direitos humanos e cidadania LGBT (para acessar a programação, clique aqui). Quem estiver geograficamente próximo, mas principalmente existencial e afetivamente próximo desta causa, deve participar. Por que dos nossos parlamentares, par-lamentavelmente não se pode esperar muitas idéias, então o negócio é transbordar esse Senado com a potência democrática gay (democrática-gay é redundância, sabemos). Quem puder ir, que vá, e quem não puder, de olho na tevê senado na próxima quinta-feira! Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

BRASIL SEM HOMOFOBIA”: UM JEITO DE PARTICIPAR

O programa “Brasil Sem Homofobia” foi lançado em 2004, a partir de discussões entre os movimentos LGBT e o governo federal. Desta discussão participaram diversos representantes de organizações LGBT de todo o Brasil, incluindo o ex-presidente da AAGLT, Adamor Guedes, assassinado na cidade de Manaus, crime de réus confessos que jamais foram presos.

O programa tem como objetivo fortalecer entidades públicas e não-governamentais que atuem na promoção da cidadania LGBT, além de capacitação na área de direitos humanos de seus agentes participantes, para que estas entidades possam na informação dos direitos, na promoção da auto-estima e em denúncias à violação dos direitos humanos da população LGBT.

O programa trabalha nos seguintes eixos:

  • Segurança: combate à violência e à impunidade;

  • Educação: promoção de valores de respeito à paz e à não-discriminação por orientação sexual;

  • Saúde: consolidação de um atendimento e tratamento igualitários;

  • Trabalho: políticas de acesso e promoção da não-discriminação por orientação sexual;

  • Cultura: política de cultura de paz e valores de promoção da diversidade humana;

O programa é articulado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (cujo secretário-ministro é Paulo Vannuchi), e envolve todos os outros ministérios, como o da Saúde, o da Educação e o da Cultura.

Mas não se pode esperar apenas iniciativas governamentais. A luta pela equiparação dos direitos civis LGBT é de todas as pessoas. Responsabilidade aqui significa assumir a sua condição (não necessariamente a orientação erótica/sexual) e se colocar em situação no mundo. Quando se assume uma posição, se escolhe um caminho no existir. Inclusive a não-escolha é uma escolha. Pode-se perfeitamente virar as costas e dizer: “não tenho nada com isso”. Mas as consequências do ato cobrarão o preço da sua escolha (mesmo que tenha sido uma escolha de não escolher).

Igualmente, de nada adiantam velhos militantes, que saíram do Brasil ou que se “aposentaram” criticarem, reclamarem, falarem mal das iniciativas governamentais, carregando o velho discurso reacionário “já fiz a minha parte”. O nosso tempo é agora, e não o ontem, e só fez a sua parte quem cumpriu com a sua pendência existencial, e não faz mais parte deste plano de existência. O reacionarismo se manifesta de várias formas, mesmo entre aqueles que se aproveitaram da força da juventude (força física, sem o uso da razão) para fazer a revolução na base da porralouquice.

Envolver-se significa amar, e amar é conhecer. Portanto, meninos, meninas e menin@s, nada de ir pra rua na doidice, tem que estudar, tem que escapar das armadilhas da subjetividade capitalística e sobretudo, tem que se fazer com amor, vigor e alegria. O programa “Brasil Sem Homofobia” está aí tem quatro anos, as iniciativas são muitas, os avanços também, e os problemas que ainda restam, idem. Mas de nada adianta reclamar de dia, ser revolucionário de Orkut ou de MSN, não se engajar e depois reclamar da homofobia do restaurante, da boite, do policial, da tevê, do…

Ame, brinque, goze, se jogue, e se engaje na luta que é sua. Falou?

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ JOINT THE IMPACT, BABY! PROTESTO CONTRA PROPOSTA 8. Mega-hiper-ultra protesto aconteceu neste final de semana em todo o território geopolítico estadunidense, contra a vitória da proposta 8 no Estado da Califórnia. Ontem, precisamente às 14:30h, horário de Brasília, gays, lésbicas, trans, aliados, amigos, parentes e animais de estimação saíram às ruas para mostrar que a população LGBT tem que ter seus direitos civis igualados como qualquer outra categoria social. Os organizadores chamaram o movimento de Joint The Impact, algo como “junte-se ao impacto”, e lembraram que a atuação política dos LGBT está longe da época da batalha de Stonewall, quando surgiu o Orgulho LGBT. Segundo o site da campanha, já são mais de um milhão de pessoas juntas no impacto da cidadania LGBT, em 300 cidades espalhadas por quase todos os Estadunidenses e dez países. É a mostra da organização social do movimento no mundo afora, mostrando que visibilidade não é estar na telinha, esperando que a Globo nos transfigure como hiper-cidadãos midiotizados, mas é indo às ruas, carregando as potências de agir e criando comunalidades. Come on, baby, let’s shake the world! Sentiu a brisa, Neném?

Φ CONFIRMADA CONFERÊNCIA ILGA NO BRASIL EM 2010. Encerrou-se na semana passada a 24a Conferência Mundial da ILGA (International Lesbian and Gay Association), em Viena, na Áustria. Dentre várias discussões relevantes, a realização da próxima edição do evento ficou marcada para o Brasil, em 2010. A razão, segundo Beto de Jesus, da ABGLT, é focalizar a situação dos LGBT do hemisfério Sul, principalmente a África, Ásia e América. O Brasil disputava a indicação com o Canadá. Já ocorreu, em 1995, no Rio de Janeiro, uma conferência internacional, e agora será a oportunidade de se discutir mudanças nas leis e na condição social da população LGBT. Ótima oportunidade para os movimentos sociais ligados à causa se prepararem e participarem desta discussão em nível mundial. É bom lembrar que entidades como a ILGA auxiliam com pressões políticas quando de eventos nacionais que repercutem e não encontram nos governos uma resposta adequada. Como ainda não há a confirmação da cidade onde vai ocorrer, é ir se preparando. Luzineyda e Frankernilda já preparam a apresentação do tema “AIDS: doença da moral capitalista”, para apresentar no dia, com direito a apresentação teatral. E vocês, o que vão apresentar? Sentiu a brisa, Neném?

Φ CASAMENTO GAY NA SUÉCIA SERÁ LEI. O primeiro-ministro sueco, o gatíssimo Fredik Reinfeld, anunciou esta semana que até maio de 2009 a lei que garante o direito ao casamento religioso na Suécia estará em vigor. Atualmente, só é possível a união civil. A igreja Luterana já mandou avisar que celebra os casamentos com o maior prazer. Para quem se sente na necessidade de aprovação divina para sua união, é uma ótima notícia. E pra quem ainda não tem namorado ou namorada, vale a pena procurar um sueco ou sueca de olho azul como os da Vitorinha e se esbaldar no amor! Ui, tamos lá! Sentiu a brisa, Neném?

Φ PAR-LAMENTARES EVANGÉLICOS CONTRA SUS E TRANS. Até que demorou, não é? Mas apareceu a bancada disangélica da Câmara dos Deputados para tentar barrar a portaria do ministério da saúde que implantou a cirurgia de redesignação sexual no SUS. Mais calejados pela laicização do Estado, os deputados Miguel Martini (PHS/MG) e João Campos (PSDB/GO) não apelam para o fogo eterno nem para o ciúme e ódio divinos: afirmam que o SUS não oferece tratamentos básicos de saúde, e portanto não poderia gastar com “supérfluos”. Mesmo não apelando para os preceitos bíblicos da interpretação apocalíptica do livro sagrado, os par-lamentares se equivocam e mostram a fraqueza dos argumentos: primeiro, porque a redesignação sexual é sim caso de saúde pública. Na medida em que o desconforto com a condição biológica exista, e seja causa de constrangimento e de limitação de direitos civis na prática, é imediatamente reconhecido como um problema de saúde pública. É um critério da OMS. Caso contrário, na lógica dos varões da moralidade de classe, qualquer pessoa que precise de uma cirurgia mais complexa deveria ficar fora da cobertura do SUS, já que este, segundo as palavras de João Campos (que deve ter seu planozinho de saúde privado), “não tem condições de atender mulheres durante o pré-natal”. O que, convenhamos, não é verdade. Em qualquer casinha de saúde as cidadãs brasileiras têm acesso a métodos contraceptivos e ao pré-natal, e se não o fazem é, em grande parte, graças ao enunciado teocrático defendido por pessoas como os dois par-lamentares. Outro aspecto da fraqueza intelectual do argumento dos deputados é o fato de eles quererem limitar a ação da saúde pública brasileira: se não existem recursos para tais operações, é obrigação dos deputados, atuantes do poder Legislativo, lutar não para que um lado ou outro da saúde pública seja alijado, mas que TODA ELA tenha recursos para funcionar a contento, tanto a oncologia (citada pelos par-lamentares), as cirurgias, o pré-natal E A operação para redesignação sexual. O argumento dos deputados é uma confissão de inapetência civil e intelectual para a prática da política legislativa e executiva. Ó, povo mineiro e goiano, a quem escolheste como representantes! (Se fossem só os mineiros e goianos…). É realmente par-lamentar, hihihihihihi! Sentiu a brisa, Neném?

Φ CLAUDINHA LEITTE, TÃO BONITINHA, TÃO… Causou espanto as declarações da cantora Claudia Leitte e de seu marido no tal Superpop, na última semana. Embora cause ainda mais espanto que ainda existam gays que acreditem na importância deste tipo de programa, a frase de Claudia é sintomática do Complexo de Tolerância que surge como parte desta subjetividade de fetichização dos homoeróticos. A aceitação e “tolerância” dos homoeróticos na tevê e na moralidade de classe se dá menos do ponto de vista da construção de novas formas de relações do que da incorporação de novos mercados, notadamente no plano econômico. Em nenhum momento na Globo, ou qualquer outra emissora – incluindo a autoproclamada tolerante MTV – os gays, lésbicas, trans, são tratados para além do estereótipo. Isso inclui a vertente-clichê do gay moderninho, o que é inodoro, insípido e incolor, e não ofende a boa família pós-moderna (que nem existe). Enquanto multidões esperam se ver transfiguradas no hiper-real da telinha global, numa novela com happy end, a homofobia mata, e é estimulada por esta mesma televisão. A revolução não será televisionada, até os gays da ensolarada Califórnia sacaram essa. Os códigos são os mesmos, seja na novela das oito, seja no alcunhado humorístico do sábado à noite, onde o rebolado afetado e o chiste em falsete à Lá Cirque des Horreurs reina para deleite da má consciência e mesquinhez intelectiva dos telespectadores-videotas, independente da orientação erótica/sexual. Assim o é também na música, e não nos venham com Ivete, que é clone de Claudinha. Se a dona Leitte falou o que falou, é por ser mais franca do que a diva do Rebolado golpista, e não receia expôr os clichês que sustentam o seu existir. Ivete, afilhada do Carlismo baiano, jamais trocaria um ouvinte fiel por uma declaração sincera. Claudinha é isso, adora os gays, não tem preconceito, tem muitos amigos gays, mas na casa dela, com o filho dela, não. A frase é mais velha do que a psicanálise, e tem quem ainda não a tenha compreendido como libelo da homofobia bem comportada. Como espetáculo do hiper-real, reality show que se assiste exibido na casa da vizinha, tudo bem. Mas quando o artifício se desfaz, e o real aparece em casa de lábios pintados, desmunhecando e dizendo: “mamãe, já sou!”, a coisa muda. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

O ORGULHO DA RAINHA D`ESPANHA

A rainha da Espanha, Sofia, trouxe duas palavras para a discussão. Mas o movimento LGBT espanhol não topou o confronto no campo da razão. Pena, pois teria muito a ganhar.

Matrimônio” e “orgulho”. Segundo o livro “La Reina”, da jornalista Pilar Urbano, que entrevistou sua majestade, Doña Sofia afirmou que os homoeróticos podem realizar todos os requintes da tradição do casamento, mas não podem usar a palavra matrimônio, pois que não se trata do mesmo. Igualmente, afirmou não entender porque os homoeróticos devam ter orgulho de sua condição, e não crê que o contrário – ser hetero – seja também motivo para se orgulhar.

Embora seja uma discussão que há muito já deveria estar superada, ainda existem homoeróticos que defendem o orgulho, assim como ainda há aqueles que acreditam que a redenção virá pelo hiper-beijo na novela das dez.

O orgulho é um afeto/idéia. É orgulhoso quem tem de si uma idéia maior do que realmente o é. O orgulho é, em quase todas as suas manifestações, um afeto decorrente não de produções subjetivas, não de ações, mas de reações – é um ressentimento. O presidente da Federação espanhola LGBT afirmou que a parada do orgulho gay é a manifestação símbolo da luta contra a homofobia. Ele está certo, mas a parada gay não pode ser confundida com o orgulho.

A má consciência, estado de coisas imobilizado/imobilizador que demanda um modo de existir paralisado, indesejante, que existe em função do ódio ao outro, é causa, e o efeito pode ser o orgulho. O filosofante Nietzsche, ao produzir o conceito de má consciência, o faz a partir de uma análise filológica do cristianismo paulino: a lógica do ódio aos senhores, a moral do escravo, “existo porque te odeio”. Nada mais anti-gay. A operação existencial da má consciência exige acreditar num Si superior ao outro apenas pela força da crença supersticiosa. O orgulho é, pois, um afeto triste. Aquilo que faz com que os chamados cristãos se creiam superiores aos demais humanos, e sintam desprezo pelos homoeróticos não é outra coisa senão orgulho.

Portanto, cuidado com o orgulho. Não é necessário se afirmar patologicamente como superior ao outro para exigir respeitabilidade: o que é necessário é produzir comunidades onde o Desejo pela diversidade seja possível. Desejar, não tolerar. Sem orgulho, mas consciente da sua importância para o mundo, seja qual for a orientação sexual/erótica.

Quando à palavra “matrimônio”, o que vale mesmo é questionar não a palavra em si, já que ela se refere a um aspecto de ordem econômico da relação: matrimônio/patrimônio. Mas vale promover discussões sobre os estereótipos e clichês do casamento. Se é para repetir na existência a dois os mesmos enunciados, o mesmo estado de coisas, a mesma aridez dos modos de existir, a luta pela prevalência de uma consciência sobre a outra, melhor mesmo chamarmos de qualquer outra coisa, menos “casamento”, “matrimônio”, etc.

Já que o homoerotismo carrega o elemento intempestivo da diversidade, que ela seja uma diversidade-multiplicidade, e que permita que pela existência se passem outros afetos e perceptos, e que não se repitam os erros dos casais heteros: que o amor não termine no casal, mas que transborde no social, modificando-o. Aí, sim poder-se-á dizer que foi um casamento gay pra valer. Fora disso é o Mesmo, ainda que entre dois homens ou duas mulheres.

No mais, ignorem a rainha como pessoa. Imaginem o quanto ela teve que “cortar”, extirpar da própria existência em termos de produção existencial para exercer, até agora, o penoso papel de rainha. Tadinha, somos mais a Priscylla, a Rainha do Deserto. I will surviiiiiiiiiveeee… Uh!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ PSICÓLOGOS BRASILEIROS REPUDIAM HOMOGENISMO CATÓLICO. O Conselho Federal de Psicologia mandou avisar ao Papa bento XVI que, ao contrário da igreja católica apostólica romana e de suas co-irmãs disangélicas-apocalípticas, não considera o homoerotismo uma patologia. A categoria profissional, organizada em seu conselho de classe, repudiou e vetou veementemente a atuação de psicólogos na tentativa do Vaticano de barrar candidatos que apresentem, dentre outras características, “dependência afetiva forte, identidade sexual incerta e tendência arraigada à homossexualidade”. Ui, Papai tá aí? Os psicólogos nessa deram uma dentro e bem gostoso! A Resolução 001/99 – quase dez anos, vê só, Genoveva! – determina que nenhum psicólogo poderá participar de eventos ou oferecer serviços que proponham tratamento ou cura da homossexualidade. Além do mais, é proibido por lei quaisquer tipos de preconceitos em processos seletivos profissionais, ainda que o objetivo seja uma profissão sacerdotal. Tem língua maldosa por aí dizendo que as tias enrustidas do Vaticano não querem concorrência. Nada, esta colunéeeeeesima já deu um toque aqui no domingo passado, e essa decisão dos psicólogos já era esperada, apesar do conservadorismo da categoria em alguns assuntos. De qualquer sorte, quem souber d’algum psicólogo ou “a” que resolva participar da lezeira vaticana, que informe sobre o incompetente ao conselho regional competente. Sentiu a brisa, Neném?

Φ PROPOSTA 8 É APROVADA NA CALIFÓRNIA. Parece que a Califórnia não entrou na onda “progressista”do restante do país, que elegeu um negro para presidente dos Estados Unidos. A proposta 8, que acrescenta na legislação do Estado a partícula semântica “união entre um homem e uma mulher” na definição de casamento, foi aprovada com uma pequena mas determinante margem: 52 a 48. Outras propostas semelhantes, no Arkansas, Flórida e Arizona, também foram aprovadas. Para alguns, estranheza, já que o clima era de abertura e tolerância pela eleição de Obama. Ledo engano: a tolerância efetivamente se fez presente, já que Obama foi eleito não por ser negro, mas apesar de sê-lo. A questão é sempre de economia, e Obama surgiu como o mais capaz de resolver o problema da falsa crise, ainda mais quando o seu adversário tinha ligações viscerais com o governo Bush, responsável pelos últimos estertores do neoliberalismo. Mesmo a mobilização de artistas não foi suficiente para arrancar uma derrota da proposta retrógrada. Não seria o caso de pensar se a arte que eles fazem, no seu cotidiano, não é mais afeita à homofobia do que ao engendramento de novas produções existenciais? De qualquer sorte, os estadunidenses não surpreendem, nem mesmo quando elegem um negro, e diga-se de passagem, que gato! “So Cute!”, como afirmou sua esposa, a também bela Michele Obama. Sentiu a brisa, Neném?

Φ NA USP, SÃO OS PSICÓLOGOS QUE COMBATEM A HOMOFOBIA. Enquanto os veterinários desanimalizam o corpo e se escandalizam moralmente com uns amassos homoeróticos, a turma de psicologia aproveitou o tema, o beijaço gay de protesto – que outra “categoria social” tem categoria suficiente pra protestar beijando, hein, hein? – e organiza a festa intitulada “POR AQUI PODE”. A lambança musical-afetiva acontece no próximo dia 14 deste mês, e lá o amor não tem amarras moralistas – com preservativos, é claro. Dois dias antes, é a moçada das Letras que vai organizar um protesto em frente à reitoria para que a instituição se posicione formalmente sobre a agressão sofrida pelos amigos coloridos Jarbas e Eduardo. Esta colunéeeeesima avisa que não poderá estar de corpo presente, mas nas manifestações alegres e autônomas de afeto democrático, tamos lá! Te joooooga, Frankernilda doida! Sentiu a brisa, Neném?

Φ 007 NEGRO PODE, 007 GAY NÃO. HMMMM… SERÁ, MANA? A tolinha produtora de filmes 007, Barbara Broccoli, afirmou que um 007 negro é possível, agora que temos um presidente negro, mas um 007 gay jamais. Segundo ela, uma desmunhecada de Bond, James Bond, seria incompatível com o seu “caráter original”. Ai, mocinha desinformada… Se ela soubesse que o estereótipo do machão, do conquistador, do “comedor”, que anda por aí flertando com belas mulheres e segurando aqueles canos enooooormes e pistolas descomunais (hmmm, nêga, nega…), é o que há de mais gay no imaginário estereotipado do homem comum, segundo a psicanálise. Diferente das mulheres, que usam artifícios e adereços para encontrarem no olhar do homem a sua razão de ser, para os homens é o olhar do outro (homem) que interessa. Daí os adereços materiais e imateriais serem sempre ligados à força. Psicanaliticamente, o homem que coqueteia, que procura ser entre os amigos o famoso “comedor”, não o faz pensando nas mulheres, mas sim em conquistar o amor dos outros homens, o olhar de admiração deles. Ai, James, quantos suspiros masculinos arrancas a cada vez que saca esse armaço do coldre e balanças ele por aí. Bushes mundo afora deliram. “Você é o homem que eu quero ser”, sonham seus fàs. Mais assumido que isso, só assumindo. São as agruras da insegurança sexual: apelar ao clichê machão para ocultar aquilo que está evidente. É o latente se manifestando. O produto 007, com seus músculos, sua força, seu charme irresistível, certamente não foi feito para conquistar os corações femininos. Como produto de consumo, é para tocar exatamente no aspecto homoerótico latente (oculto) do homem: sua insegurança sexual. Barbara, benzoca, como és desinformada! James Bond já nasceu gay, meu amor! Ele nunca nos enganou, ui! Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

A HOMOGENIA PAULINA DE BENTO XVI

A Igreja Católica Apostólica Romana tem muito mais de Paulo de Tarso do que de Cristo. Aquilo que Jesus, o Palestino, trouxe como mensagem de alegria, uma mensagem política, de libertação das paixões e de atuação comunitária, foi transformado por Paulo – não ele, individualmente, mas auxiliado pela subjetividade da época – em uma igreja cultuadora da dor, da imobilidade, do ressentimento, da inveja, da mentira, da ilusão.

O grande jejuador, aquele que despreza o próprio corpo e o transforma no santuário da privação, independente da igreja ou denominação religiosa que professe, é um decadente. Humano, demasiado humano, portador de uma enfermidade: a daqueles que renegam sua própria natureza – natureza aqui não como essência, mas como condição estética-materialista de existir – e cultuam a autoflagelação. Direcionam o ódio nascido de uma existência passiva contra si mesmos, e são adoradores do sofrimento e da dor. Daí Paulo inserir na sua igreja figuras como o Cristo eternamente crucificado, a Dívida Eterna, impagável pelos mortais que ousaram matar o avatar do Divino, o Pecador, que só resgatará a dívida eterna após a morte, e o próprio Pecado, deterioração de atos humanos sob a ótica corrompida do dever através de uma causa externa. É o comercio entre seres imaginários, segundo o filosofante Nietzsche, que amou Rilke e Lou-Salomé.

Este é o tipo que compõe a igreja católica – e, por tabela, as disangélicas apocalípticas – e que, através de seu sacerdote-mor, Ratzinger, instituiu a figura do psicólogo nos seminários, a fim de identificar e segregar candidatos com perfil homoerótico. Segundo o documento, elaborado pelo próprio Ratzinger a partir de uma ordem do então Papa João Paulo II, os psicólogos deverão identificar traços de “dependência afetiva forte, identidade sexual incerta e tendência arraigada à homossexualidade”. A justificativa é evitar os casos de pedofilia e pederastia que constituem epidemia mundial entre os padres.

Há que se fazer duas observações sobre o caso:

Primeiro, o motivo da segregação – que em alguns países, incluindo o Brasil, é ilegal – não se reduz à discriminação, saída do culto ao esvaziamento da potência política-sexual do corpo, mas envolve interesses econômicos também. Assim o foi com o celibato clerical: a vedação ao casamento e procriação, foi instituída primeiramente no Concílio de Elvira, em 307 d.C., e posteriormente confirmada e transformada em regra no Concílio de Latrão, em 1123. No entanto, ela não é um dogma e nem consta nas leis do Direito Canônico. O motivo principal, portanto, é econômico: os padres, e principalmente os papas, não podiam ter descendência, sob o risco de, pelas leis de linhagem e herança, requererem legalmente as riquezas católicas que eram administradas por seus pais. Da mesma maneira hoje, milhões de dólares, principalmente nos EUA, são gastos com processos jurídicos contra padres, bispos e outras autoridades eclesiásticas acusadas de pedofilia e pederastia. Homos e héteros.

Segundo, o papel da Psicologia e dos psicólogos como portadores do saber necessários à política segregacionista do Vaticano. Não é, também, de hoje que a Psicologia se presta a estudos e práticas nocivas aos Direitos Humanos. A pretensa ciência que se encarrega de estudar o comportamento, motivações e paixões humanas, na sua vertente Organizacional, ou Empresarial, nasceu a partir de estudos neuropsiquiátricos dos exércitos beligerantes, sobretudo na Segunda Guerra Mundial. Segundo aponta o psicólogo existencialista Erich Fromm, a psicologia de estudo dos padrões, e que atualmente é usada em processos de seleção para emprego em indústrias e no comércio, foi originalmente usada em benefício da guerra. Os avanços na psiquiatria forense e na psicologia das habilidades se davam a partir do momento em que o exército demandava pessoas com características individuais precisas para determinada atividade (por exemplo, um caráter detalhista, quase obsessivo, trabalha bem em atividades que exigem grande concentração, como na indústria balística). Para atirar à queima-roupa em um inimigo, é preciso que o soldado tenha algum grau de desvio do senso de solidariedade e de empatia com o outro. Cabe ao psicólogo descobrir os melhores “matadores”. Atualmente, a figura do psicólogo é essencial às forças armadas, desde a seleção dos candidatos até o desenvolvimento de novas armas (como por exemplo, a bomba-gay).

Assim, a questão é de homogenia: a produção de “humanos-padrão”, com os mesmos hábitos, os mesmos gostos, e o mesmo amor à Deus. O homoerotismo faz parte do Cristianismo desde os tempos de Jesus, que escolheu 12 homens para segui-lo, embora amasse mesmo Maria Madalena, com quem, segundo evidências ocultadas pelo Vaticano, casou e teve filhos. No século das Luzes, o filósofo e enciclopedista Denis Diderot usou o humor para evidenciar o moralismo teocrático, em sua obra “A Religiosa”, que mostra o homoerotismo e os abusos sexuais nos conventos europeus. Assim, a igreja apenas coloca em prática mais uma tentativa natimorta de expurgar o estranho. No caso da doutrina da decadência, o ideal ascético, o estranho é o si-mesmo como espectro. O estranho “prazer” de renegar aquilo que Deus, auspiciosamente colocou logo abaixo da cintura, à frente e atrás, para deleite e prazer dos seres humanos na Terra.

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ SE O MUNDO É GAY, O FUTEBOL TAMBÉM É. A FA (Football Association), da Inglaterra, promoveu na semana passada o fórum “Homofobia: o fim do tabu no futebol”. Lá, o ex-jogador John Elliot disse ter conhecido pelo menos 12 jogadores homoeróticos nos clubes por onde passou. Elliot jogou no Chelsea, Aston Villa e Celtic (Escócia). Segundo ele, o maior impedimento para que os jogadores assumam a sua orientação sexual é o medo da reação dos fãs. Na mesma linha de combate, o grupo “Kick Out!” pretende lançar um programa de palestras de jogadores em escolas e outros ambientes públicos, sobre a incompatibilidade entre homofobia e futebol. Haverá também, por parte da comissão de direitos humanos, a iniciativa de produzir um vídeo com mensagens contra a homofobia, gravadas por jogadores heteros, e divulgado na MTV, em escolas, e antes das partidas do campeonato inglês. Excelente iniciativa, afinal é o amor, e não o ódio, que leva 22 homens a brincarem juntos tendo uma bola como justificativa. E não nos venham com essa de que futebol é coisa para macho! Nem se fosse pela biologia, seria, afinal, as fêmeas se dão bem no quadrado riscado em giz dos gramados. Não por acaso, a Frangisleyne foi convidada para ser beque-central de um time do torneio do campo do Roma, lá no Novo Aleixo, zona Leste de Manaus. Sentiu a brisa, Neném?

Φ SISTEMA PRISIONAL PERNAMBUCANO DISCUTE HOMOFOBIA. Começou a funcionar na semana passada, em Pernambuco, o projeto “Unidades Prisionais Sem Homofobia”. A iniciativa saiu de um estudo feito pela ONG “Movimento Gay Leões do Norte”, que detectou a situação vexatória dos prisioneiros LGBT em presídios do Estado. O projeto consiste em palestras e encontros com os detentos, a iniciar-se pelos de orientação sexual definida, e nesses encontros, se discutirão questões de saúde e cidadania, além de informações sobre como se define a orientação sexual. O movimento ainda organizou o Centro de Referência Contra a Homofobia, que reunirá advogado, assistente social e psicólogo, e atuará na defesa dos direitos LGBT. Excelente iniciativa, de um movimento que realmente movimenta intensivamente e democraticamente o Estado de Pernambuco. Pena que esta energia, esta potência de agir não contamine outros movimentos Brasil afora. Teríamos certamente um impacto na violência social homofóbica que é reinante neste país. Sentiu a brisa, Neném?

Φ SÃO JOSÉ DO RIO PRETO TEM AMBULATÓRIO “T”. A cidade do interior paulista acaba de inaugurar o ambulatório de saúde T, localizado na UBS do Jardim Vetorazzo, especializado no atendimento de travestis e transsexuais. O diferencial fica por conta do treinamento dos funcionários que atuarão no ambulatório, e no tratamento especial, que começa pelo uso do nome social. A iniciativa é da ARTTS (Associação Rio Pretense de Travestis e Transsexuais), Secretaria Municipal de Saúde e o Centro de Referência no Combate à Homofobia. O objetivo principal é atrair o segmento para os programas de saúde oferecidos pelo SUS, já que o ambulatório tradicional costuma afastar este público. E não se trata de segregação ou mesmo de beneficiamento de um segmento: aqui vale o mesmo entendimento da Lei Maria da Penha, o de que, na prática, o Estado deve promover ações de diferenciação para garantir a igualdade civil. Sentiu a brisa, Neném?

Φ GOVERNO DO RIO GARANTE PENSÃO A EX-COMPANHEIRO. A Polícia Militar do Rio de Janeiro negou; mas o governador Sérgio Cabral, como chefe maior da polícia, desnegou e concedeu ao companheiro do soldado Franklin Pereira Duarte, morto em serviço há 11 anos, pensão previdenciária. Cabral usou a lei estadual 5034/07, que garante o benefício a casais do mesmo sexo. O casal vivia junto desde 1989, e comprovou através de documentação e testemunhas. Um avanço que mostra que o governo carioca não é aliado somente em época de eleição, e que garante na prática a execução de leis que auxiliem na consolidação da cidadania LGBT. Nesse quesito em especial, o governo do Rio tem sido atuante. Ai, bate 10 Sergito! Sentiu a brisa, Neném?

Φ BEIJAÇO GAY CONTRA A HOMOFOBIA NA USP. Alunos do curso de Letras, Jarbas Lima e José Eduardo foram expulsos e constrangidos de uma festa do centro acadêmico de veterinária da USP, na semana passada. O ato foi registrado como homofobia na polícia, e foi programado um beijaço gay na frente do centro acadêmico, como forma de protestar. O CA de Veterinária contra-argumentou que o ato ocorreu por conta de “excessos”, e não pelo beijo em si. Afirmaram também que existem gays no centro acadêmico (justificativa na ponta da língua de dez entre dez homofóbicos: “eu não sou homofóbico, tenho até amigos gays” – falaremos sobre isso em breve). O certo é que um beijo incomoda a quem já é incomodado pela própria insegurança sexual, e desmonta o argumento de que homofobia e classe social são inversamente proporcionais. Alguém se habilita a ir a este protesto e protestar com a Janderlayne? Sentiu a brisa, Neném?

Φ GLOBO ABUSA DE CLICHÊS HOMOFÁLICOS. Enquanto alguns capturados pelo romantismo sequelado, o mesmo de Lindemberg, esperam a redenção moral pela transfiguração do beijo no hiper-real da telinha plim-plim da homofóbica Globo, a emissora-castradora continua utilizando o homoerotismo no seu aspecto mais pobre para lucrar: o clichê, signo-icônico que fortalece no receptor os enunciados que ele já possui, sem provocar alterações. Ou em outras palavras: fortalece a homofobia. Em uma cena de novela, uma personagem homoerótica, ao ver o amigo dar de presente a um recém-nascido um uniforme do Corinthians, afirmar que a criança será São-Paulina. Clichê vindo do homofóbico futebol brasileiro, fortalecido pelo inseguro-sexual Vampeta, que apelidou os tricolores de “bambis”. Torcedores do time do Morumbi protestaram, telefonando à emissora. Não se sabe de reações de grupos homoeróticos à comparação com torcedores do clube. Nos dois casos, caberia processo, já que o objetivo de uma concessão pública de canal de televisão deve servi a interesses democráticos, e não de disseminação de homofobia e de censura à inteligência. No entanto, além do processo jurídico que cabe neste caso, o processo mais eloquente e determinante pode ser dado individualmente, por cada inteligênciaque ainda não o fez: condenar em primeira e única instância a sequelada Globomofóbica, desligando a tevê. Cruuuzes, Jakelayne, se nenhum programa presta, então desliga essa desgraça! Sentiu a brisa, Neném?

Φ OUTRO MILITAR SOFRE DISCRIMINAÇÃO NA CORPORAÇÃO. Em 2004, o tenente Ícaro Ceita assumiu sua homoeroticidade dentro da corporação da PM baiana. A partir daí, passou a sofrer todo tipo de discriminação, tendo desenvolvido sintomas de depressão, ao mesmo tempo em que sofria processo por suposta deserção. Em entrevista ao jornal Correio da Bahia, o militar relatou sofrer retaliações, e ter sido chamado de “a vergonha da corporação” em público. Esta semana, saiu o parecer do procurador Luiz Augusto de Santana, do Ministério Público da Bahia, que afirma, dentre outras coisas, que a homossexualidade é incompatível com a carreira militar. A revista “A Capa” trouxe alguns trechos do depoimento, que trazemos, a título de humor involuntário do promotor, para os leitores intempestivos. Os grifos são nossos: 1) “…É que no militarismo todas as atividades são coletivas, ou seja, dormimos juntos em alojamentos comemos em ranchos coletivos, tomamos banhos de forma coletiva, usamos os mesmo vaso sanitário …. e por isso não sei quais reações teria um homossexual no meio de pessoas do mesmo sexo despidos, mas certamente não reagiria como os heteros, por que eu por exemplo, afloraria minha libido. Em curtas palavras, ficaria excitado na presença de uma mulher despedia, ou a mulher na presença de um homem, coisa natural a qual quer ser normal”; 2) “Contudo, como cientificamente já provaram que a mente do homossexual funciona igualzinho a mente do hetero do sexo oposto, a coisa ficaria complicada, e possíveis reações de assédio poderiam desaguar em instabilidade disciplinar, com prejuízos sérios para a própria corporação...”; 3) “Um homossexual jamais pode ser apontado como pessoa discreta em suas atitudes e maneiras, e que pode servir de exemplo a quem é alvo do seu preparo moral. Isso pode funcionar até em outra nação, mas ainda não no Brasil, embora tenhamos avançado muito nessa questão…”. Em determinado momento do parecer, o promotor cita a deontologia do militarismo, que versa sobre a “boa” prática, a que beira a perfeição. Pois bem, percebemos o quão distante estão os métodos, crenças e competência técnica do promoto, de um deontologia do Direito. No primeiro trecho, ele usa a si mesmo como exemplo, partindo do particular para o geral, quando o sentido do uso de uma lei é bem o contrário: julgar o particular pelo geral. Se o argumento do promotor fosse verdadeiro, não haveria um só lugar no mundo onde homens e mulheres pudessem estar juntos que não fosse no ato sexual. No segundo trecho, o pseudocientificismo do promotor vai de encontro às últimas descobertas das neurociências sobre o cérebro, além, é claro, do emprego da palavra “igualzinho”, bem coloquial para uma peça jurídica. No terceiro trecho, o promotor julga o Brasil inferior à outros países na questão dos direitos LGBT, que são mais “avançados”, embora acredite que “jamais” um homoerótico poderá se adaptar moralmente à sociedade. Mais paradoxal impossível. Vê-se bem que o poder judiciário da Bahia está muy bem representado, na competência, justeza e progressividade deste representante ora citado aqui. Ironias à parte, a peça jurídica dá abertura para um processo contra o Estado e contra o promotor, já que extrapola os limites do argumento cabível e recai no pseudocientificismo e no “achismo” do promotor, que age de acordo com seus próprios preceitos morais. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

É FESTA DEMOCRÁTICA!

É TEMPO DE ELEIÇÃO!

VAMOS PARA AS RUAS MOSTRAR NOSSA OPINIÃO!

A Democracia é a saúde da cidade.

Uma cidade onde a democracia não prevalece é uma cidade doente.

Uma cidade onde a diversidade não é potência coletiva não é democrática.

A cidade só existe pela composição desejante dos seus habitantes, mas o Desejo só existe quando é composição ativa de dizeres, saberes e quereres a partir de uma leitura original de mundo.

Aquele que não compreende o quanto a sua atuação é necessária no mundo não é gay, independente da sua orientação sexual.

O político corrupto apenas evidencia a sua ignorância, produto da estupidez da exploração.

O cidadão consciente, que não se permite contaminar pela decadência e pela dor da corrupção, é ativo, necessário, alegre, produtivo, gay, independente da sua orientação sexual.

O amor não deve se reduzir ao casal, seja ele hetero ou homoerótico, mas deve transbordar em produções desejantes no mundo.

O Mundo é Gay porque o fluxo da Vida, o Élan Vital corre fora da existência: é preciso criar furos para que a Vida possa passar. Isso é política gay.

Nem todo homoerótico que se apresenta como político e defensor da causa é necessariamente um bom candidato. É necessário saber qual a leitura que ele fez da sua própria condição antes de faze-lo representante de um segmento.

Ao escolher um candidato, não escolha pela orientação sexual ou pelo discurso de defesa de um segmento. Escolha pelas ações e pelo entendimento de mundo que ele carrega.

A Democracia é uma práxis, não uma característica de governo.

Um país não é democrático porque faz eleições, ele é democrático quando seus candidatos saem de uma práxis social que valoriza a diversidade e a pluralidade.

O voto não é um ato individual. Ao escolher um candidato você escolhe em cidade em que quer viver, e qual cidade quer para seus amigos e amores.

Transformar a relação com o corpo, libertando-o dos clichês da sociedade do consumo, é também uma política democrática.

Nenhum candidato que não compreendeu a sua condição social no mundo é eleito, quando a sociedade é democrática.

Corrupção não é apenas desviar verbas ou abusar das atribuições legais do cargo, mas corrupto é todo aquele que desconhece e trabalha contra a criação de uma comunidade democrática.

Dinheiro público não é um ente fantasioso alheio às pessoas, mas a confluência do trabalho coletivo, produzido por cada cidadão com seu suor, e que deve ser usado na manutenção e criação de mecanismos de proteção, segurança, saúde, educação e promoção ativa da criação humana no mundo.

Aquele que rouba dinheiro público é como o ladrão que entra na sua casa e leva parte do seu salário. Logo, não é democrático.

Aquele que tolera a diversidade não é democrático, porque não a deseja. A Democracia é sempre desejante de novas composições intensivas.

O Mundo Gay é um mundo onde a Democracia prevalece!

Portanto, querid@s, vamos votar para que a nossa sociedade seja cada vez mais gay! Ui!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

E A HOMOFOBIA? É CASADA? TEM FILHOS?

Leitor intempestivo, até onde vai a sua homofobia? Tem certeza de que sabe onde ela começa e onde ela termina? Em que situações ela se manifesta, e como ela, a homofobia, esse nó constituído da moralidade de classe, perpassa a sua consciência e em quantos planos e em que intensidade consegue se manifestar?

As perguntas surgem a partir da reação de parte da chamada comunidade LGBT em relação ao episódio que ficou conhecido como “propaganda eleitoral homofóbica” na campanha de Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo.

A MORALIDADE: “O” MODO DE EXISTIR

A moralidade de classe (de onde sai a homofobia) é um enunciado: significa que carrega valores, dizeres e supostos saberes sobre o mundo e as coisas. Ela enuncia um modo de existir. Um modo peculiar, que não suporta elementos diversos daqueles que o compõem. O filósofo Michel Foucault estudou as contradições do capitalismo a partir da forma como seus dispositivos e produções servem à manutenção deste modo de existir. Deleuze e Guattari, apontados por alguns como continuadores da obra foucautiana – melhor seria dizer “descontinuadores” – mostraram como as produções não-convencionais, a loucura, a arte, o desejo fora dos ditames da “boa ordem” são capturados pelo capitalismo, domesticados, no sentido de seus valores e signos “rebeldes” serem eliminados ou esvaziados da sua potência revolucionária, até se transformarem em parte do “sistema”. O que os freudianos (não Freud) entenderam como sendo a sublimação.

A HOMOFOBIA: DISCURSO SAÍDO DO ENUNCIADO MORAL

Daí o discurso homofóbico partir de um juízo de valor sobre quaisquer práticas estéticas/eróticas sobre o corpo e a partir dele, que apresentem-se como diversas do padrão teo-bio-lógico, que pretendeu – e conseguiu, até certo ponto – clivar nas “ferramentas da sexualidade” uma função e um móbil bem definidos. A procriação e um prazer “familiares”. Prazer este que “deslocou” o gozo da mulher do clitóris para a vagina, e que condenou à não-existência a estimulação prazeirosa por quaisquer outros meios. Mesmo a pornografia de mercado, neste sentido, é ainda uma moralidade do corpo, pois à sobrevivência do capitalismo, é necessário simular o seu oposto. Opostos iguais, ambos desprovidos da potência Eros, a estética do Si produtora de afectos que aumentem a potência de agir.

É CASADO? TEM FILHOS?”

A quem incomodaria estas duas perguntas, que são feitas cotidianamente, de uma entrevista de emprego a uma paquera? Quantas conotações ela é capaz de assumir, dependendo da situação, e que pruridos morais ela movimenta por debaixo da mesa? Vejamos um exemplo: o carinha conhece uma carinha, fica a fim dela na balada, encosta, vai batendo um papo, xavecando, o interesse é mútuo e não fica apenas em uma transa ou uma ficada. Haverá o momento em que ele ou ela perguntarão ao outro: “tens filhos?” Aí pinta a angústia, principalmente das mulheres: boa parte dos homens não pretende assumir compromissos com mulheres solteiras e com filhos. É o complexo de Jacamim ao contrário. Por trás das zil desculpas para não assumir o namoro, os valores morais que a sociedade burguesa adesiva às mulheres solteiras com filhos: o complexo do fracasso – não constituiu família, não casou, não “se deu bem”.

No caso da pergunta da campanha de Marta, ainda que estes fatores sejam importantes politicamente, e que não se reduzam à “privacidade” dos candidatos a políticos profissionais, houve um equívoco, e por uma razão. Marta, psicóloga, militante dos movimentos sociais, que já defendia o direito LGBT décadas antes disso virar IN nas rodas eleitorais até dos partidos de direita, não leu a sociedade paulista, a imprensa paulista, uma das mais retrógradas do Brasil, grande responsável historicamente pelas desigualdades sociais e econômicas do país, a chamada “elite branca”, criticada até pelo seu ex-governador, Cláudio Lembo, do direitista DEM. Se por omissão (ela alega não ter sabido a tempo que o comercial iria ao ar daquele jeito) ou por descuido, o fato é que entregou munição ao adversário, bem mais aparelhado do ponto de vista midiático. Mas a falha não foi uma suposta homofobia de Marta, mas a de utilizar um expediente bem “à direita” de suas tradicionais campanhas: o de atingir o público conservador paulista em um de seus alicerces, a família. Décadas atrasada em sua análise da sociedade de consumo, Marta não sacou que este conceito, em termos políticos e de administração pública, só é importante nos delirantes nichos da ultra-super-übber direita-esquerda, à Lá Heloísa Helena, Jean Marie Le Pen, etc. Usar a intimidade de maneira escatológica é modus operandi deles: a homofobia partiu da interpretação do episódio feita pela imprensa kassabista.

O DISCRETO CHARME DA HOMOFOBIA

A homofobia foi manifestada sim, pela imprensa paulista, que deu tons cinzentos ao cor-de-rosa de parte do movimento LGBT, incluindo o do PT paulista, que se jogou (“te joga, looouca!”) na esparrela-armadilha homofóbica.

As palavras “casamento” e “filhos”, neste contexto, são marcadores de poder. Determinam territórios, fronteiras e estabelecem valores e definições. Ser casado e ter filhos do ponto de vista usado pela imprensa e pela campanha de Kassab, remete-se menos a uma condição jurídica do que a uma condição social-moral: significa ter seguido “o bom caminho”, ter sido justo, certo, reto, honesto, não ser errado, estranho, bizarro, anormal, desviado, viado. Se se é casado e tem filhos, na miopia da moral se está salvo: ufa, não sou gay, pederasta, pedófilo. Se não é, o que será? Tudo, menos um igual. E o que não é igual é perigoso.

A homofobia de cada um nem sempre se manifesta de maneira direta. Se alguém chama outra pessoa de “bicha” em tom de insulto, é um ato homofóbico direto, manifesto, claro. Mas não é homofobia também acreditar no casamento como instituição social-afetiva como única panacéia para todos os males emocionais? Quantos homoeróticos sonham em fazer bodas de ouro, prata, diamante, e não desconfiam do turbilhão de maldições, de ressentimentos, de dores, de censura mútua, de pequenos e grandes ódios, do assassinato frio, premeditado e prolongado das singularidades e potências-ativas de um casal que comemora 50 anos de casados? O que não se esconderá por detrás dos olhinhos brilhantes, dos elogios falsos dos amigos e parentes? Quantas concessões um fez ao outro nesses 50 anos, matando a potência criadora, quantos clones perdidos mundo afora daquilo que cada um quis fazer e não o fez, em nome da preservação desta instituição? Quantos casais têm filhos como apêndices de si, como válvulas de escape para alguma frustração de infância ou adolescência? Quantos cobram dos filhos que façam aquilo que eles próprios não fizeram quando tiveram a chance? Quantos se sentem fracassados quando estes filhos não correspondem às expectativas (incluindo o desejo de que não sejam gays)? Quantos, no afã de não repetir com os filhos a relação fracassada que tiveram com os pais, acabam por fazer igual? Quantas crianças de cabelos brancos, já adultos no seu fazer e se exprimir, no ocaso dos seus 4 anos vemos por aí?

A LUTA DA CIDADANIA CONTRA A HOMOFOBIA É A LUTA DO DESEJO CONTRA A PRIVAÇÃO

Se é para fazer igual ao modelo familiar burguês, esta coluna não é a favor do casamento gay. É a favor sim, de novas relações, não presas a estes territórios áridos, independente de como se chamá-la. E a favor do casamento do ponto de vista jurídico, a fim de preservar as conquistas, os direitos civis e o patrimônio social e econômico conquistado em comum. Um casamento em comum-unidade, comunalidade, expansivo, transbordante, e não paranóide, exclusor e normatizante. O mesmo vale para os filhos, que sejam vistos como pessoas convidadas a este mundo e a transformá-lo com a singularidade que cada criança traz a ele.

Imaginem vocês, leitores intempestivos, agora, se o PLC 122/06 já estivesse em vigor, e os grupos LGBT resolvessem processar a campanha de Marta? Cometeriam um enorme equívoco, pois a homofobia não saiu da campanha, mas da interpretação que a direita fez dela, evocando seus próprios valores, e ativando a homofobia que perpassa ainda muitos movimentos sociais pró-LGBT.

Daí a insistência: a homofobia se combate no plano dos enunciados, culturalmente, o que inclui o aspecto legal (daí esta coluna ser favorável ao PLC 122/06), mas também afetivo, de transformação das relações sociais. O que a psicóloga, política e cidadã Marta Suplicy sabe bem e defende, desde a década de 1970.

A homofobia se constrói na privação: todo preconceito é produto da estupidez, e toda estupidez é produto da repressão. Privação intelectual, afetiva, de participação, de pertencimento. É só ampliando a possibilidade de conexões sociais e existenciais e produzindo o aumento da potência de agir é que se pode combatê-la. Em todos os territórios.

Ufa! Valeu! Na próxima semana retornam as notícias!

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

O SALDO DAS ELEIÇÕES E A POLÍTICA INTENSIVA.

Meniiiin@s!!! Dos candidatos LGBT que estavam na lista da ABGLT, apenas quatro se elegeram em todo o Brasil. Isto até pode ser entendido como uma derrota, ou a exposição do panorama da conscientização política do público LGBT. Mas queremos convidar para um outro olhar sobre a política e as eleições. Vamos lá?

Primeiro, é importante que se entenda uma candidatura LGBT não somente como uma candidatura de um gay, lésbica, trans ou travesti. Pode até ser, e seria interessante que fosse, mas existem candidatos aliados que podem defender tão bem quanto os interesses do público. Destes, também poucos devem ter sido eleitos. A chamada política tem tomado um direcionamento cada vez mais gregário e menos solidário!

Gente, há uma diferença. O gregarismo é número, a comunidade é intensidade. No gregarismo, uma rua, um bairro, uma cidade, um país, só existem no plano burocrático. Quantas vezes vocês ouviram aquele candidato-apresentador de tevê e explorador da miséria social do povo afirmar que defende as comunidades, ou luta pela comunidade tal e qual? Bom, uma comunidade, se é comunidade, não precisa que a defendam. Aliás, defendê-la de quem? Quem é que pode ameaçar uma comunidade além dela mesma e as intempéries naturais?

Um aglomerado de pessoas só deixa de ser um aglomerado a esmo quando há um ou mais elementos materiais e imateriais que produzam uma linha intensiva que perpasse essas pessoas. Uma comunidade é um corpo desejante. E é possível ser um corpo desejante por moradia, por água, por saúde, por segurança, por respeito e dignidade. Mas não é possível reivindicar tudo isso se não há esse elemento “subjetivo” (e toda subjetividade está na objetividade).

No gregarismo, a política profissional se dá bem. No edipianismo dissimulado, o candidato espertinho chega, oferece uma benesse a um indivíduo ou um pequeno grupo. De benesse em benesse, ele consegue os votos que queria, e esse indivíduo ou pequeno grupo consegue aqui e acolá aquilo que precisava imediatamente. Em detrimento do outro. A competição para roer as migalhas da mesa do Papai é árdua, e há quem acredite que ser político se reduz a isso. Por isso, interessa aos governos o esquadrinhamento dos movimentos sociais, conhecer as suas “necessidades” (ou seriam as necessidades de seus representantes?).

Uma comunidade é um corpo-potência intensiva. Dele escapam partículas afetantes que modificam a realidade social. Esta produção desejante vem num processual, numa confluência de linhas intensivas e atuação desejante. É preciso que se ative o corpo social, que o coloque em movimento. Os Sem-Terra, por exemplo, não pleiteiam cargos políticos, mas têm toda uma máquina desejante que começa com as escolas nos assentamentos, onde a educação é zil vezes melhor que as melhores escolas particulares do país, pois que está profundamente envolvida com o cotidiano e com as lutas daquele movimento. Cada Sem-Terra é o movimento, e não individualidades.

Não se trata de evolução, mas de moviment-ação: não esperar que a política se faça apenas pelos meios tradicionais e de dois em dois anos, mas que se atue no sentido de discutir e produzir saberes a partir daquilo que queremos, e saber principalmente que o que queremos não está pronto, mas se constrói no fazer. Através da arte, do trabalho, daquilo que cada um sabe fazer e faz com amor.

Não criar grupos individualizados, corporações de interesses anti-democráticos, como fazem a maior parte das igrejas, quando elegem os seus representantes (onde está a igreja do povo, aquela de Cristo?), mas criar multitudes, instâncias indivisíveis de velocidades constantes e movimentos intensivos, contagiar os corpos, animar o movimento, insuflar o Desejo, aproximar-se do fluxo da Vida. Isso começa, como diriam os psicólogos, dentro de si, cada um lutando contra o Si Mesmo que se impôs desde a infância e que não nos pertence, e passa pela socialidade cada um sendo UM, e não O. Não uma parte do movimento, mas um movimento. Assim, quando menos se esperar, a mudança se deu, e o mundo despertará num grande arco-íris de alegria, quando então as pessoas entenderão porque o mundo é gay.

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ SACERDOTE SUGERE TATUAR HOMOERÓTICOS. Existe uma máxima da psicopatologia da vida cotidiana que diz que o agressor violenta as suas vítimas da mesma forma que foi violentado, e que se usa para amedrontar o outro aquilo que amedronta a si. Pois bem, este sintoma descrito pelo bestiário psiquiátrico do século passado apareceu novamente esta semana, na Inglaterra. Peter Mullen, sacerdote de Londres, afirmou em seu blogue que o homoerotismo é inatural, e que, tal como as carteiras de cigarro, eles deveriam vir tatuados com frases como “a sodomia faz mal à saúde” e “a felação mata”. Marcar com dizeres no corpo faz parte da chamada cultural ditatorial: selecionar, classificar, identificar. Na segunda guerra mundial existiam várias formas de identificar os judeus nos campos de concentração, todas com signos inscritos no corpo. Nos EUA, os colonos britânicos costumavam tatuar um A em vermelho no corpo das mulheres adúlteras. Diferente dos povos nativos, tatuados pelo imperialismo mercantilista da época dos descobrimentos como índios, que usam dizeres no corpo para compor outros afetos e aumentar a potência de agir, os tatuadores-tatuados do capitalismo e do enunciado teofastro, muito bem definidos e identificados pelos signos capturadores do desejo que imobilizam e causam dor, precisam vampirizar outras vítimas, disseminar a dor. Daí, impossibilitado de uma produção erótica desejante, o padre – e nem precisava ser padre – procura inocular a sua moléstia moral. Menos uma cura do que uma panacéia. Pobre pastor! Sentiu a brisa, Neném?

Φ SACERDOTE ASSUME EM PLENA MISSA!! “Esse povo da igreja ou é oito ou oitenta”, disse a Frankernilda quando soube que o padre Geoffrey Farrow, da paróquia de Fresno, na Califórnia, assumiu o seu homoerotismo em plena missa dominical. É que o enunciado teofastro dos discípulos de Paulo de Tarso é hermeticamente fechado para práticas eróticas, sejam elas quais forem. Principalmente quando são homo. Mas longe de combater as causas da pedofilia e pederastia igrejal, a Santa Sé prefere esconder tudo debaixo do manto sagrado. O padre Farrow é uma exceção. Não apenas assumiu sua condição, como lembrou aos seus fiéis os avanços na neurologia e psiquiatria, recomendando votar a favor do casamento gay na Proposta 8. Posição, lógico, contrária a dos bispos californianos. Os caminhos do desejo são tortuosos, e por vezes ele fica preso, mas no caso do padre Farrow, nem o enunciado paulino conseguiu impedi-lo de amar o mundo. Ele preferiu Jesus da Palestina. Sentiu a brisa, Neném?

Φ CONNECT-I-CUT NÃO CORTOU CASAMENTO GAY!!! Depois de Massachussets e Califórnia, é a vez do Estado de Connecticut liberar o casamento gay. Por 4 votos a 3, os juízes do Tribunal Supremo do Estado deram ganho de causa a 8 casais que demandavam direitos iguais. Os juízes argumentaram que a decisão encontra jurisprudência na constituição estadunidense, que prevê direitos iguais e não proíbe uniões entre pessoas do mesmo sexo. É para se comemorar, embora não tenha sido fácil. A governadora do Estado, Jodi Rell, expressou desacordo com a decisão, mas deve acatá-la. Se os ganhos na esfera jurídica estão se multiplicando mundo afora, é resultado da atuação política – no sentido que colocamos acima – de grupos do mundo inteiro, no enfraquecimento da subjetividade castradora à estética de Si que fuja do padrão do ideal ascético, o grau zero das relações. Sentiu a brisa, Neném?

Φ EM RECIFE, CASAL GAY CONSEGUE ADOTAR! E não é só em outras fronteiras que a justiça vêm reconhecendo os direitos LGBT. Na belíssima capital de Pernambuco, Recife, terra dos morenos e morenas cor de canela estonteantes, o Juizado da Infância e Adolescência deu sentença favorável à adoção de duas irmãs, de cinco e sete anos, a um casal homoerótico masculino. O juiz responsável pelo julgamento, Élio Braz Mendes, afirmou que é a primeira sentença deste tipo no país, onde a demanda foi feita pelo casal, e não por um dos parceiros individualmente. Ele fundamentou sua decisão na Constituição Brasileira, que 20 anos atrás garantiu direitos iguais para todos. E como não há lei proibitiva, tudo fica a cargo da consciência do juiz. No caso do Exmo. Juiz Élio, uma consciência-mundo, não capturada pela moralidade de classe. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

VOTE GAY, VOTE LIVRE, VOTE CONSCIENTE, VOTE NA GENTE.

Menin@s,

É hoje! E, ao mesmo tempo, não é hoje. Calma, que a gente explica. É que hoje é a chamada festa democrática, o dia em que os eleitores escolhem os seus representantes, de maneira democrática, para atuar durante o mandato em favor da sociedade. Embora, na maioria das vezes, isso não aconteça.

Mas a política não se reduz ao processo eleitoral, e a prática política não se reduz aos chamados políticos profissionais. A política está em cada ato que realizamos, independente de classe, etnia, orientação erótica ou motivação ideológica.

Portanto, antes de ser um ato individual, um direito-dever, o voto é um ato coletivo. Como afirma o filosofante Jean-Paul Sartre, a cada ato que realizamos, a cada escolha que fazemos, escolhemos pela humanidade inteira. Assim, o voto, ato individual e instransferível, salvo em caso de corrupção ou venda do dito, é um ato coletivo. Se escolhemos um candidato corrupto, não importa a razão, somos também corruptos, pois escolhemos uma cidade onde a corrupção existirá. O voto, portanto, não nos pertence, na medida em que sua consequência atinge a todos em nosso redor, incluindo nós mesmos.

Não se avalia um candidato a partir do que ele apresenta somente em tempo de eleição. Ao contrário, uma candidatura não nasce como pretensão individual, mas como agenciamento coletivo de enunciação, linhas intensivas desejantes que se entrecruzam e, num processual comunitário, fazem emergir a candidatura. Um candidato não se escolhe como tal, mas é escolhido através da sua práxis social, da sua atuação e da sua liberdade. Liberdade no sentido de não ser escravo das paixões, afetos imobilizadores do criar e do desejar, mas governar estas paixões e atuar no sentido de produzir possíveis para uma existência mais saudável e alegre.

Claro, tudo isso se dá não apenas numa eleição, mas em várias, e tudo ocorre num processual, onde não se sabe bem onde se vai chegar, mas o objetivo não é, eticamente, o fim, mas os percursos que se fazem ao caminhar. Lula, que muito tem feito em parceria com os movimentos sociais LGBT, não teria governado com o tem feito atualmente, se não tivesse passado pelas derrotas em eleições anteriores, e se não tivesse adquirido experiências no mundo, andando com pessoas, conhecendo lugares e aprendendo com tudo isso muito mais que os doutores que governaram o país antes dele.

Em Manaus, vive-se uma situação anti-democraticamente peculiar: a maior parte dos candidatos que se apresentam para as eleições legislativas ou são as mesmas velhas raposas, ou são novas raposas, tão velhas na velhacaria quanto as outras. Daí o cuidado em não votar em Fulano ou Cicrano porque é amigo, ou porque prometeu emprego, ou porque aparece oportunistamente defendendo o direito dos gays. Vota-se numa candidatura que saiu de um projeto comunitário, de uma ação efetiva e afirmadora da democracia, ainda que sejam poucos estes candidatos. Mas eles existem.

Igualmente, as candidaturas majoritárias que têm aparecido, ou são do mesmo grupo e da mesma semiótica laminadora, ou apresentam a mesma semiótica (os mesmos signos, a mesma forma de compreender o mundo), mesmo sem serem individualmente do mesmo grupo. Dentre os que se apresentaram, quase todos são iguais, mas é preciso, neste caso, seguir o preceito bíblico: “se teus olhos te fazem pecar, arranca-os e joga fora”.

Utilizando-se da ética do utilitarismo, onde o que é individualmente útil é suficiente, sem levar em conta a coletividade, corremos o risco de ter uma cidade que não possui elementos incorporais de comunalidade: uma cidade de individualidades, onde o gregarismo predomina. E onde o gregarismo predomina, também predominam a violência, a estupidez, a repressão e a homofobia, dentre outros males.

Portanto, menin@s, muito cuidado. Hoje é o dia, mas este dia se constrói durante todos os outros dias que o antecedem, sempre a partir da razão, e numa perspectiva de eticidade da potência democrática, e não do utilitarismo esterilizante. Mesmo que o candidato seja homo ou defenda os direitos LGBT em seu discurso, é preciso ver se ele é bom para TODOS. Inclusive para a gente.

Bom domingo para todos, e uma boa votação para todo o Brasil!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ ABGLT RECEBE MÉRITO CULTURAL. A Ordem do Mérito Cultural, premiação a entidades que prestaram relevantes serviços à cultura nacional, será entregue pelo Presidente Lula, no próximo dia 07 de outubro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Será um encontro de presidentes: Lula e Toni. Vai ser brisa para todo lado, meu amor! A Ordem é um reconhecimento ao trabalho da ABGLT nas campanhas e no trabalho de enfraquecimento da subjetividade homofóbica e falocrática que ainda predomina no mundo. Parabéns à ABGLT!!! Sentiu a brisa, Neném?

Φ SARGENTO LACI É PRESO NOVAMENTE. Após a condenação a seis meses de reclusão, na semana passada, na saída do julgamento, novamente o sargento Laci foi preso pelo Exército Brasileiro. A justificativa foi uma viagem que Laci fez em 2007. A previsão era de que a prisão durasse 4 dias, mas mesmo 4 minutos na presença de pessoas contrárias à vida e ao modo de existir da diversidade já é uma tortura. Há muito que o caso ultrapassou a esfera do jurídico, e é preciso envolver entidades de direitos humanos internacionais, sob pena da homofobia institucional se perpetuar na corporação. Sentiu a brisa, Neném?

Φ VI ENCONTRO NACIONAL UNIVERSITÁRIO DE DIVERSIDADE SEXUAL. Muito tecnobrega, maniçoba, pato no tucupi, caldeirada de filhote, carimbó, discussão e produção de saberes e dizeres esperam você no VI Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual, que vai acontecer no campus da UFPA, de 09 a 12 de outubro, em Belém, é claro, Mona! Quem for vai entrar em contato com teses e dissertações que tentam explanar e encontrar brechas na condição social de discriminação aos homoeróticos em todas as suas vertentes, além de participar de eventos culturais e mesas de discussão. Oportunidade também para conhecer a cidade das mangueiras, se divertir e quem sabe encontrar um affair por lá. A Genivalda mandou avisar que vai, e que as paraenses que a aguardem! Sentiu a brisa, Neném?

Φ A UNIVERSIDADE DE MANCHESTER DESBUNDOU! AGORA BANHEIRO É UNISSEX, NÊGA! Quando vocês estiverem na cidade inglesa de Manchester, e forem à universidade de lá, nem procurem os ícones do menino e da menina nas portas dos banheiros. Agora a única diferença será entre banheiros e banheiros com mictório. A medida, claro causou polêmica, já que mulheres que se definem como masculinas irão poder usar o banheiro com mictório, enquanto homens que se definirem como femininos poderão entrar nos banheiros comuns. Desmontou toda a história da sexualidade, meu bem! Não tem mais referencial, o urinol deixou de ser um marcador de poder, maninha! Uma medida simples e que desmonta mais de dois mil anos de ensignação da ordem hierárquica dos corpos. Onde tu vais mijar, Genoveva? E tu, Valcicleudo? É muita loucura, fica tudo indefinido, tudo aberto, só não há espaço para a homofobia e a transfobia! O próximo período nesta universidade vai ser uma loucuuuuuuura, uuuuuui! Sentiu a brisa, Neném?

Φ PROFESSORES MUNICIPAIS CONTRA HOMOFOBIA EM FORTALEZA! Mais uma da Terra do Sol. Educadores de todas as zonas regionais da cidade de Fortaleza, da rede municipal de ensino, estão sendo capacitados pelo Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB) a identificar e lidar educativamente com alunos homoeróticos que sofram discriminação em sala de aula. O primeiro módulo do curso se encerrou nesta sexta-feira, com 60 educadores. Enquanto isso, em Manaus, a homofobia institucional continua solta. É que em Fortal, a prefeita é uma das mais ferrenhas defensoras dos direitos humanos LGBT do país, por isso está em primeiríssimo nas pesquisas e deve levar de barbada a reeleição. Isso é que é um bom encontro: bons eleitores produzindo afetos alegres, e aumento da potência democrática, através de seu candidato. Ai, que saudades da praia do Futuro, daquele tira-gosto de camarão, do Carlão… Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

PARADA GAY MANAUS 2008: AME, VIVA, VOTE CONSCIENTE!

Parada Gay 2008 01 por afinsophiaitin.

Clique nas fotos para ampliar.

aaaaaaaaiii, que luxo! Que coisa linda! A democracia do Arco-Íris se manifestou na Ponta Negra nesta VIII PARADA DO ORGULHO GLBTT MANAUS: AME, VIVA, VOTE CONSCIENTE. Vinham chegando as monas todas montadas, de todas as partes de Manaus e de todo o Brasil, fazendo a apresentção de seus personagens, suas vivências em engajamento homoerótico, homoafetivo no mundo. E não somente elas, mas milhares e milhares de “aliados”, todos juntos pela diminuição da homofobia, pela fissura em todas as formas de preconceito.

As loucas da AFIN estiveram presentes no evento, e além de muita festa, dança e alegria, aproveitou pra bater um papo com a moçada que compareceu à parada. Segundo estimativas da organização, mais de 300 mil gays, lésbicas, transex, travestis, bonecas, aliados, assumidos e até enrustidos descobriram a alegria de ser do mundo gay no final do arco-íris da Ponta Negra.

O que também não faltou foi candidato querendo tirar uma casquinha eleitoral, ganhando uns votos incautos por lá. Mas quê, meu amóoooorr?! A moçada estava muitíssimo bem informada, afinal, o mote da Parada era o voto consciente. Ainda mais que fora proibida antecipadamente pela justiça campanha no maior evento realizado no espaçoso Amazonas. E aproveitando o ensejo, as afinadas da coluna “O Mundo é Gay!” entrevistaram alguns paradantes, que mostraram qo quanto há de entendimento político e de eticidade ao som do TUSH-TUSH da parada gay:

Votar consciente é ser consciente, e não se vender por um rancho. Muitos políticos são despeitados com os homossexuais, mas eles vão estar todos aqui hoje, eles procuram a gente nesta hora. Agora, candidato que represente os gays, na verdade são todos, porque o mundo é colorido e o Amazonas é gay” (Marcya Gabrielly, à direita).

Votar consciente é analisar os candidatos, não sair por aí votando em qualquer um. Tem que ver a história dele, o que ele fez, o que ele faz, se as propostas dele estão de acordo com a história dele. Um vereador, por exemplo, não pode sair por aí prometendo mundos e fundos, então tem que ver as propostas, verificar se está envolvido em corrupção. Quanto a candidato gay, eu ouvi falar que teria um candidato que trabalharia só com homossexuais no seu gabinete. Tem candidato majoritário que é gay, mas lógico que não vai falar, mas deveria, porque é o maior orgulho ser gay, então ele deveria, caso eleito, assumir a luta contra o preconceito, que hoje em dia não está com nada. Ele até tem cara de gay, mas não vale a pena falar (risos)” (Pâmela e amiga).

Votar consciente é saber escolher, saber se posicionar diante do mundo, e dos candidatos que estão por aí. É ouvir as propostas e saber votar, tendo como fio condutor a questao da ética, saber quem é corrompido, quem corrompeu, e quem apresenta propostas visando o coletivo. Não o individual, mas o coletivo. Um candidato comprometido com a causa gay tem que ter em mente todo o coletivo, porque a causa gay é a mesma causa do pobre, do negro… Ele tem que ser comprometido não só com a comunidade gay, mas com a comunidade como um todo”. (Ângelo, de chapéu, e sua turma alegre).

Não podia faltar, claro, meu bem, a poderosa Bruna La Close, sempre linda e cintilante, encarnando uma Rainha das Amazonas da Parada Gay Manaus! E não faltou quem gritasse “tira, tira!”, pra ver a rainha manoniquim mais “à vontade”. Assim é matar os fãs do coração, essa colunéeeeesima não aguenta, neném! Parabéns a ela, à querida Weydman e tod@s que se empenharam – sem apadrinhamento ou comprometimento eleitoreiro – na organização desta festaça, prova de que a potência gay é movimento intensivo social, quando acredita em si mesmo e vai à luta, sem se fazer vítima ou aliado destes politiqueiros que, tal como um astro sem luz própria, se aproximam dos sóis que são os gays cidadãos desta cidade para tentar se aproveitar. Parabéns, lindas!

Eu quero dizer a todos assim, que não façam a Parada Gay como um evento festivo, mas que façam a Parada Gay tmbém com consciência. As pessoas a terem maior consciência sobre a sexualidade, sobre a consciência do cidadão sobre a homossexualidade em si. O fato é que não passa pro outro ângulo, porque a festa em si é conscientizar o pessoal que existe um ser humano e que ele tem as suas necessidades e os seus direitos”. (Heitor – Studio HD)

Tem que votar consciente porque todo mundo tem livre arbítrio. Eles sofrem muito preconceito por serem como são, então eles fazem isso que é pras pessoas ficarem conscientes e não serem tão preconceituosas como são” (Patrícia e Jéssica).

Um voto consciente é não vender seu voto e votar num candidato que vai fazer alguma coisa pelo povo todo. Eu acho que não tem nenhum candidato dos gays, e os enrustidos não têm a coragem de esclarecer a população, então eu acho que é a pior pessoa que existe porque se tu não consegue declarar o que tu é realmente é a pior pessoa que tem” (as gatas siamesas, Heloísa e Natália).

O que eu entendo de voto consciente: o voto consciente não é aquele que você vota assim e o deputado, aquele que tá se candidatando, vem subornar você pra conseguir o voto que ele precisa; e sim é aquele que a gente vê em meios, de canais de televisão, o projeto dele, e aí sim ver realmente trabalho passado, ver o que ele pode fazer no governo atual, na prefeitura atual a mesma coisa, ou se ele tiver falhado não dar uma nova oportunidade pra ele, e sim dar oportunidade pra aqueles que a gente acha que merecem. É muito relativo, até mesmo porque tem muitas panelinhas. Numa eleição tá um com o outro e depois já se separam. A gente vai ter que ir na sorte porque eu acho que não tem mesmo não, mas a gente vai ter que escolher um” (Tayla Stephanie).

E o embalo continuou, até o sol raiar, com muita luz, alegria, dança, beijação, amores, risos, música e conscientização, TUSH tush TUSH tush TUSH tush…

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

É HOJE…

A PARTIR DAS 17:00H

A COBERTURA COMPLETA

NA EDIÇÃO ESPECIAL DESTA COLUNA

QUE SAIRÁ NA TERÇA-FEIRA.

É HOJE QUE AS PINTOSAS DA AFIN SE JOOOOGAM!!!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ MP TENTA GARANTIR DIREITOS IGUAIS PARA CASAIS. O Ministério Público Federal do Espírito Santo ajuizou ação civil pública contra a União, para garantir que casais homoeróticos tenham o direito de declarar juntos o Imposto de Renda. Assim como acontece com os casais hetero, onde geralmente um dos dois entra na declaração como dependente, deve acontecer para os casais homo, defende a procuradoria. O argumento é o de que negar este direito é inconstitucional, já que uma cláusula pétrea da Constituição Brasileira é a de direitos iguais, sem nenhum tipo de exceção. Embora a legislação reconheça casamentos somente entre “um homem e uma mulher”, a lei não veda o contrário, e como diz um velho ditado do Direito, o que a lei não veda é permitido. Portanto, é acompanhar e torcer. Quem sabe um dia a Gisleyla, que é professora de ensino fundamental, coloca a Frankernilda na declaração dela! Lindas!!! Sentiu a brisa, Neném?

Φ SEGUNDO ESTUDOS DA UFF, BRASIL MELHOROU NO DIREITO À CIDADANIA LGBT. Segundo a Agência Brasil, a UFF (Universidade Federal Fluminense) realizou, em um seminário sobre direitos humanos, um painel sobre os direitos LGBT, coordenador pelo professor Sérgio Aboud. Segundo ele, embora ainda não haja nenhuma legislação federal que garanta direitos específicos à população LGBT, as leis estaduais e municipais, além das ações na Justiça favoráveis à garantia destes direitos, mostram que houve um avanço na questão nos últimos dez anos. Aboud destaca ainda alguns “paradoxos”: o Brasil foi o primeiro país do mundo a elaborar um Projeto de Lei tratando dos direitos LGBT (o de Marta Suplicy), mas até hoje este projeto não foi votado. É também o país que tem a maior parada gay do mundo (a de São Paulo, com 2 milhões), mas é o recordista de mortes com motivação homofóbica, entre os países não-islâmicos. O que evidencia, em nosso entendimento, o aspecto “fetichizado” do homoerotismo. A cultura gay foi aceita como produto, objeto imaterial de consumo, mas não como modo de existência, como realidade cotidiana. Um beijo gay cai bem na novela, pois polariza emoções e reforça a moralidade como discurso imperativo do comportamento padronizado (e neste sentido o beijo gay na tevê se torna homofóbico), mas vá beijar em plena praça de alimentação do “xopssenter”. Como disse o presidente Lula, parafraseando o psiquiatra Franco Rotelli, a verdadeira mudança não ocorre por força da lei, mas pelas práticas cotidianas que se tornam hábito e engendram a cultura. Sentiu a brisa, Neném?

Φ SARGENTO LACI É CONDENADO A SEIS MESES DE PRISÃO. Numa sessão tensa, conduzida pela juíza Zilá Pettersen – que votou a favor de Laci – o STM (Supremo Tribunal Militar) condenou o sargento Laci Marinho de Araújo a seis meses de detenção, por ter se ausentado do trabalho por oito dias em abril deste ano. A informação é do site A Capa. Graças a um habeas corpus, Laci poderá recorrer da decisão em liberdade, e mesmo que seja condenado em última instância, o tempo que passou preso já conta na pena que receberá. O exagero do Exército Brasileiro no tratamento ao sargento Laci tem muito mais de homofobia institucional de parte da corporação, a mesma que continua chamando o golpe militar de “revolução”, do que de justiça. Acreditamos que, em última instância, mesmo tendo desertado, o sargento já cumpriu com juros e correção quaisquer penas a que venha ser condenado, e deve-se levar em conta que o exército desertou de Laci antes dele desertar do exército: ao não aceitar o homoerotismo, a instituição militar, através dos seus agentes, segrega elementos homofóbicos que possivelmente tornaram a permanência de Laci e Fernando impossível dentro da caserna. Será que a justiça conseguirá enxergar esses incorporais? Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

UMA NEUTRALIDADE HOMOFÓBICA

Novidades sobre o caso da querida Paola Bracho, da Escola Estadual Cleomenes do Carmo Chaves, no bairro Jorge Teixeira IV Etapa, Manaus.

Primeiro: nesta quinta-feira, funcionários do Ministério Público estiveram na escola para conversar com o diretor, já como parte do processo de averiguação da denúncia feita pelos estudantes. Como não encontraram o diretor – ele cumpre expediente nos horários matutino e vespertino –, os agentes procuraram a pedagoga. No entanto, neste dia ela não se encontrava, por problemas de saúde. Os agentes tiveram que falar com a secretária da escola, que nada sabia do ocorrido,  informou-lhes onde era a turma do 3º Ano “06”. Infelizmente, eles também não puderam falar com Paola, nem com o companheiro Phablo, que articulou junto com os colegas a denúncia. Eles estavam em prova, e os agentes acharam por bem não interromper. Mas prometeram retornar num momento em que pudessem falar com o diretor. Sinal de que o Ministério Público está atuante quanto às demandas que a população faz. Aguardemos novidades sobre este assunto.

A outra novidade, que não é positiva, mas que nos auxilia no entendimento de como funciona a homofobia na sociedade capitalista, foi uma reunião ocorrida nesta sexta-feira, convocada pelos professores do horário noturno. Alguns deles, incomodados com as declarações de Phablo de que “todos” os professores estariam apoiando a iniciativa dos alunos em levar adiante o processo, pediram que o trecho onde Phablo afirma a unanimidade do corpo docente fosse retirado do Bloguinho Intempestivo.

Segundo fontes intempestivas, os professores alegaram que não estavam a favor e nem contra a situação, tentando manter uma pretensa neutralidade sobre a questão. É importante para nosso entendimento os argumentos usados por estes professores. Alguns alegam ser evangélico, não podendo, portanto, concordar com um processo contra uma “irmã”, que apenas cumpriu aquilo que achou certo dentro da sua perspectiva de crença, outros que, embora não tendo nada contra, também não estavam a favor de terem seus nomes incluídos na “unanimidade”, que, por sinal, nem tem no texto.

Quanto aos argumentos teodoxos, é preciso entender que praticamente todas as religiões, em seu corpus disciplinar (dogmas), pretendem um controle sobre os fluxos corporais. Como em todas elas há uma tendência para a diminuição da potência de agir das pessoas, é claro que controlar o corpo em suas produções ético-estéticas, políticas e eróticas, limitando a possibilidade do gozo (aumento da potência de agir), é questão de sobrevivência e de (falsa) sedução: o grau zero de relações, o ideal ascético.

Assim, as chamadas igrejas apocalípticas herdaram do catolicismo – e este continua afirmando a dogmática – a idéia de que o corpo serve somente à reprodução e que a erótica – a estética do corpo como ferramenta do sexo e do prazer – é pecaminosa. Daí a questão não ser a pedagoga enquanto realidade individual o problema, mas os dizeres que ela carrega, os atos que comete em nome da sua “fé”, que não se reduzem ao seu individualismo, mas transbordam no social. Muito da homofobia que existe hoje tem como elemento sustentador a teologia, seja ela cristã, judaica, muçulmana. Embora, claro, haja dentro destas teologias, quem defenda o uso livre do corpo. Cristo, por exemplo, foi um destes.

Quanto à pretensa neutralidade que os professores almejam, não passa de uma idéia inadequada, nascida não do exame do real à partir da Razão, mas do equívoco dos sentidos, num corpo que é vítima dos acasos dos encontros. Soubessem estes professores que a educação é um processual do existir que acontece a partir do uso da Razão pelos encontros que ativam a Vida, e não retenção-evocação de informações a partir de uma memória mecanizada, não cometeriam o equívoco de se colocar “alienados” aos acontecimentos. Como o fato é um corpo social, ele produz afecções no âmbito político, das quais um corpo-intelecto que se diz educador não pode se esquivar: ou examina e afirma que aquele encontro não interessa a um educar ativador da Vida, por ser um corpo carregado de afetos tristes, ou produz afetos que aumentem a potência de agir, num alegre encontro de produção de comunalidade.

Na educação, como na existência, não existe neutralidade. Ou como afirmou outro educador, o filosofante Sartre, não escolher é por si só uma escolha. Ao tentar ficar “em cima do muro”, os professores segregam uma homofobia típica desta época, onde o homoerotismo adquiriu status de sujeito do consumo: dissimulada, escondida, ressentida. Mas ainda assim uma homofobia, sem tirar nem pôr.

Para completar a angústia dos “indecisos”, o assunto, só nesta colunéeeeesima, já está rolando desde o dia 07 de setembro. Fora a comunidade “Homofobia Já Era”, do Orkut, e outras entidades ligadas à temática LGBT que reproduziram e apoiaram Paola. Até organizações na Austrália se manifestaram. Com o tempo real consumido pela hiper-realidade, zil olhos já viram, outros zil ouviram falar. Mesmo que esta coluna retirasse esta partícula da fala de Phablo – o que não faremos – não poderíamos apagar da lembrança das pessoas o que elas leram. No mundo do hiper-real, nem Deus pode.

Houve ainda um outro argumento colocado por alguns professores em defesa da pedagoga/professora Rai: o de que ela teria sido indicada para a função sem passar pelo devido preparo e capacitação para o exercício da administração de uma escola, ainda que em apenas um turno e na ausência do diretor. Não podemos esquecer que a Dona Rai exerce, alternadamente, as funções de professora e de pedagoga. Neste aspecto, esta coluna concorda com os professores: a questão não é de culpabilidade, mas de clínica social-institucional.

Se a pedagoga/professora foi colocada para exercer duas funções, então está sobrecarregada e com desvio de função, e se isto acontece, é por anuência da secretaria estadual de educação. Trata-se então de questionar a política pública para a educação de um governo que se diz plural, mas que não consegue tornar suas escolas linhas de atuação educadora formadora de comunidades de afetos e saberes. Ao contrário, se uma agente pública comete um ato de homofobia sem ter tido acesso ao conhecimento e normas de conduta que levem à convivência plural, ou se nem mesmo existem na normatização da secretaria tais normas, então o caso é de se responsabilizar o governo.

A homofobia, neste caso, é institucional, uma produção de um governo que nega a Vida e cultua a decadência, a improdutividade, a violência e a dor. Sabe-se que na mesma escola, existem turmas que desde o início do ano possuem disciplinas apenas no registro da secretaria estadual de educação, mas na prática nunca tiveram uma aula sequer. Outra informação que esta colunéeeesima obteve foi a de que esta é a segunda escola de Paola este ano, já que teria sido expulsa de outra escola pública estadual, por ter se recusado a tirar a maquiagem.

Diante dos fatos, que sublinham a subjetividade homofóbica alimentada pela dogmática apocalíptica e por um governo decadente, esta coluna não pretende retirar as informações dadas pelo companheiro Phablo. A não ser que os prefessores solicitem legalmente, o que seria a confirmação da homofobia, ainda que dissimulada. Com a palavra, os mestres.

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ FORTALEÇA A REDE! ALIE-SE À ABGLT!!. Atenção, todas as entidades que trabalham com o segmento LGBT no Brasil! A ABGLT estará realizando em Belém (PA), a cidade das mangueiras, o seu 3o Congresso. A festa da rede de atuação LGBT vai acontecer de07 a 11 de dezembro, e nela, a associação nacional estará oficializando alianças com entidades que fazem a rede da inteligência coletiva, no combate à homofobia, à exploração sexual, ao turismo sexual e à pornografia envolvendo crianças e adolescentes. O objetivo é o fortalecimento desta rede, com a disseminação mais rápida e eficiente de informações, a produção de conhecimento, além de participação em eventos e capacitações sobre a temática LGBT. Quem se interessou, pode buscar mais informações aqui, ou pelo e-mail da ABGLT, mas as inscrições só vão até o dia 15 de outubro. Tá esperando o que, Vanderlayne? Vamos pra Belém!!! Sentiu a brisa, Neném?

Φ DIREITOS HUMANOS E DESPORTO EM COPENHAGUE. VAMOS? O World Outgames é uma iniciativa da ILGA (International Lesbian and Gay Association) que reúne desporto, cultura, diversão e conferências sobre direitos humanos LGBT. Para a sua versão 2009, que vai ocorrer de 25 de julho a 02 de agosto em Copenhague, na Dinamarca, a entidade organizadora está proporcionando bolsas de custeio para participação e organização de mesas de trabalho para delegações do leste europeu, África, Ásia, América do Sul e Oriente Médio. A informação é da ABGLT, que convida tod@s a participar, para que o Brasil arrase na conferência! Para mais informações visite a página do World Outgames 2009, ou envie email. De nossa parte, já estamos afiando o nosso alemão e francês, não é, Frankernilda?. Sentiu a brisa, Neném?

Φ VEM AÍ A 11a CONFERÊNCIA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS. De 15 a 18 de desembro deste ano, irá acontecer em Brasília, a 11a Conferência Nacional de Diretos Humanos, com o tema “Democracia, Desenvolvimento e Direitos Humanos: superando as desigualdades”. Até agora, segundo a ABGLT, já temos 67 delegados de 17 Estados. Um toque para a querida Bruna La Close, presidente da AGLBTT, que deve estar ocupadíssima com os preparativos para a Parada Gay Manaus 2008 – que aliás, é domingo que vem, visse – é que o Amazonas ainda não indicou nenhum delegado. Ainda tem tempo de organizar uma bela comissão e arrasar com propostas inovadoras! Sentiu a brisa, Neném?

Φ MANAUS É A SEGUNDA CAPITAL DO PAÍS EM DST´S. Preocupante! Segundo o Ministério da Saúde, Manaus ocupa o segundo lugar em incidência de cinco das oito doenças sexualmente transmissíveis monitoradas pela rede pública de saúde. Sífilis, clamídia, hepatite B e duas formas de HPV. A pesquisa envolveu somente seis capitais, mas ainda assim, os dados são preocupantes. Das mulheres examinadas, 45,3% apresentaram incidência de HPV! Cruzes!!! Assim não dá para ser alegre. O pior é que estas DST´s são também resultado da subjetividade hominista. As mulheres em sua maioria têm receio de fazer exame preventivo, ainda que em qualquer casinha de saúde isso seja feito semanalmente. Além disso, a promiscuidade dos maridos e o não uso de preservativos entre os casais cria o ambiente ideal para a disseminação dessas doenças. Por isso, ame a sua gata, mas ame pra valer! Incentive e promova a profilaxia para ter sempre com ela um chamêgo gostoso e saudável. Lembrem-se, meninas: a língua também é transmissora de bactérias!! Sentiu a brisa, Neném?

Φ SÃO 11 OS ASSASSINATOS HOMOFÓBICOS NO AMAZONAS, EM 2008. De acordo com dados da polícia, em parceria com a AGLBTT, foram notificados junto à DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros) 11 assassinatos de homoeróticos no Amazonas! Um aumento em relação a 2007, que fechou em 10, segundo dados da mesma fonte. No entanto, para a AGBLTT, houve um avanço, já que nas décadas passadas, o número era bem mais expressivo. No que, democraticamente, e com todo o respeito, discordamos. Não numericamente, pois efetivamente houve diminuição, mas no fato de que estes dados podem indicar a diminuição da homofobia. Ainda há discriminação e formação de “guetos”, e não se tem homoeróticos assumidos, por exemplo, em cargos políticos. Sequer temos candidatos assumidamente gays de destaque nos partidos políticos. Se Manaus não consegue ter nem uma candidata do gênero feminino à prefeitura, que dirá um homoerótico (assumido, que fique claro). É na participação ativa na elaboração e efetivação de políticas públicas que melhorem as condições de existências das pessoas é que se mede homofobia de uma cidade. Como cidadãos de fato, e não apenas para a sociedade de consumo. Sentiu a brisa, Neném?

Φ LULA É A FAVOR DA UNIÃO CIVIL HOMOERÓTICA. De acordo com dados da polícia, em parceria com a AGLBTT, foram notificados junto à DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros) 11 assassinatos de homoeróticos no Amazonas! Um aumento em relação a 2007, que fechou em 10, segundo dados da mesma fonte. No entanto, para a AGBLTT, houve um avanço, já que nas décadas passadas, o número era bem mais expressivo. No que, democraticamente, e com todo o respeito, discordamos. Não numericamente, pois efetivamente houve diminuição, mas no fato de que estes dados podem indicar a diminuição da homofobia. Ainda há discriminação e formação de “guetos”, e não se tem homoeróticos assumidos, por exemplo, em cargos políticos. Sequer temos candidatos assumidamente gays de destaque nos partidos políticos. Se Manaus não consegue ter nem uma candidata do gênero feminino à prefeitura, que dirá um homoerótico (assumido, que fique claro). É na participação ativa na elaboração e efetivação de políticas públicas que melhorem as condições de existências das pessoas é que se mede homofobia de uma cidade. Como cidadãos de fato, e não apenas para a sociedade de consumo. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!

!!!!! O MUNDO É GAY !!!!!

PAOLA BRACHO E A POTÊNCIA ALIADA ATUANTE

O caso da querida Paola Bracho (Alex) deu o que falar! Manifestos do mundo inteiro aplaudiram a atuação dos estudantes da Escola Estadual Cleomenes do Carmo Chaves. Neste bloguinho e na comunidade “Homofobia – Já Era”, do Orkut, houve concordância com a atitude dos estudantes, incentivos à continuidade da ação no MP, e até quem quisesse assinar o manifesto!

Para quem tinha dúvidas sobre como é a nossa querida Paola, aí vai a foto dela, em pose alegre, com a sua amiga inseparável, a linda Késsia. Paola, como quase todos os homoeróticos, carrega a alegria do existir, e, ao mesmo tempo em que afasta aqueles cujo humor (=disposição para o existir ativo) é reativo, aglutina ao seu redor pessoas leves, que não carregam o ressentimento de uma sociedade discriminatória.

No meio de seus amigos, Paola afirma que ficou muito feliz com a atitude dos colegas, e que se sente querida e participante da comunidade estudantil.

Amigo de Paola, o estudante Phablo, seminarista atuante, segundo ele mesmo, na linha do ex-papa João Paulo II, falou a esta colunéeeesima sobre o caso da discriminação contra Paola, que ultrapassa a individualidade dela ou mesmo a institucionalidade da escola, e se inscreve como um embate social de duas subjetividades: uma, decadente, segregadora e laminadora. A outra, diversa, alegre e produtora ético-estética de outros modos de existir.

A turma da Paola. À direita, sentado, Phablo.

A turma da Paola. À direita, sentado, Phablo.

O que aconteceu foi, no meu entender e dos outros colegas, foi que a professora Rai, que também faz o papel de pedagoga no turno noturno, tentou exagerar o poder dela, tentando agredir o aluno Alex de várias formas, tanto religiosamente falando quanto afetando a própria Constituição Brasileira em vários pontos. A atitude nossa, eu vejo que é plausível, tanto que todos os professores, nas assinaturas dos alunos, todos pretendiam ir adiante se a professora continuasse. A nossa briga não é pessoal, é pelos direitos de todos, garantidos pela Constituição. Nós já demos entrada no Ministério Público, denunciando a coação da professora contra o rapaz. Como está em trâmite, a gente vai aguardar; se demorar mais de quinze dias para vir alguma resposta, a gente vai atrás novamente do Ministério Público. A gente vê que não é um caso isolado. Isso já ocorreu em outras escolas. Isso só vai parar se a gente tomar uma atitude de verdade. Nós não estamos brigando contra a pessoa dessa professora, mas contra os pensamentos dela, que não podem ser refletidos dentro da nossa escola, porque isso aqui é um órgão público. É aberta ao público e faz parte de uma sociedade livre, que é o Brasil.

É a moçada da comunidade gay de Manaus botando um quente e dois fervendo contra a homofobia!

Ui! E agora vamos ver outros sopros gayzísticos (ou não) que passaram no nosso Mundico!

Φ NOME SOCIAL É NO PRONTUÁRIO DO SUS. A edição anterior desta colunéeeeeeesima deixou uma dúvida nos leitores intempestivos sobre a questão do uso do nome social. Segundo um levantamento feito pela coluna, até o momento, somente na rede do SUS é possível o uso legal do nome social. Caso a nossa queridíssima Paola Bracho queira usar seu nome, escolhido com todo o amor por ela mesma, no seu prontuário do posto de saúde que ela frequenta, por lei, ela pode. Em outros lugares, o nome obrigatoriamente usado deve ser o da certidão de nascimento. Mas o que interessa ao mundo gay não é a designação de um nome, o gênero que ele carrega, mas as distensões e vibrações que ele produz. Bush, por exemplo, não tem nome, mas apenas a designação de uma família decadentista, produto da subjetividade do Capital. Já a querida Paola, mesmo sem saber ou querer, já é uma singularidade, por ter aglutinado uma movimentação intensiva de comunalidade, enfraquecendo a força institucional segregadora e discriminatória. Sacou, Frankernilda? Sentiu a brisa, Neném?

Φ LIZ TAYLOR, ATIVISTA DO MUNDO GAY, NÃO MORREU!!! Há pouco mais de um mês, funestos jornalistas fúnebres, que se alimentam da morte alheia, sem saber que a morte só interessa aos vivos, noticiaram que Elizabeth Taylor estava pulando o muro, puxando o carro, numa cama de hospital. Mas no Mundo Gay, meu bem, a morte é apenas um boato da vida, já sabiam os beatniks. Enquanto os cadavéricos repórteres esperavam o boletim médico com o obituário já pronto para publicação, Lady Liz se recuperava e saía de fininho, para não ser incomodada, e caía na gandaia do nightclubbing gay hollywoodiano! A informação é da revista eletrônica Mix Brasil. A Rosinalva, que é fanzoca da Liz, manda avisar que a atriz precoce (começou aos 10 anos de idade), amiga de Michael Jackson, dos atores galãs (e gays) Rock Hudson e Montgomery Cliff, casada oito vezes, incluindo o hard rocker casório com o talentoso e bonitão Richard Burton, que foi destaque nos antológicos Cleópatra, Os Farsantes e A Megera Domada, foi também uma das primeiras estrelas de cinema a se engajar na luta contra a AIDS. Ainda nos anos 1980, já organizava eventos filantrópicos para auxiliar as fundações de apoio aos soropositivos. Tudo isso emoldurado em hipnóticos olhos azuis e belíssimas e sexies sobrancelhas negras. Como diriam alguns hollywoodianos: all this and brains too. A gente sabemos, Rosi, e sentimos a proximidade aliada da querida Elisabeth, pulsante de vida do alto dos seus 76 aninhos, uma diabetes, um tumor no cérebro, e a certeza de que é necessária ao mundo. Sentiu a brisa, Neném?

Φ DAVID BOWIE FEZ DISCO MAIS GAY DA HISTÓRIA. Os ingleses têm verdadeira compulsão por listas. Sintoma da necessidade patológica de identificar, discriminar, classificar e rotular da máquina imobilizadora do capital. Mas quando se trata de gerar lucro, as listas inglesas animam o mercado, e todos os dias saem zil listas dos “10 More”, tantas que daria para fazer “as 100 listas mais esdrúxulas das listas inglesas”. Uma das que mais rodou o mundo pelas linhas da rede internética foi a dos dez discos mais gays da história. Segundo a revista Out, foram ouvidos 100 pessoas ligadas à música, cinema e crítica musical, e envolvidas de alguma maneira com a temática gay, e eles elegeram em primeiro lugar o disco “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”, de David Bowie. O disco é de 1972, e marca o surgimento de Bowie para o rock e a pop music. Dizem que ele simplesmente mudou o compasso do rockabilly e do blues para fazer uma batida de rock “à inglesa” e influenciar quase tudo o que se fez na Inglaterra e EUA em matéria de rock depois dele. Ao menos no aspecto “circense” e midiático, Bowie é pioneiro. Seu personagem, Ziggy Stardust, era andrógino, e são inúmeras as estórias de aventuras homoeróticas de Bowie mundo afora. Reza a lenda que a mulher de Mick Jagger, dos Rolling Stones, teria encontrado seu marido na cama com Bowie, e isto teria dado origem à separação do casal. Jagger e a esposa, claro. De qualquer sorte, para quem curte o velho roquenrol, vai aí um link para baixar o disco. Sentiu a brisa, Neném?

Beijucas, até a próxima, e lembrem-se, menin@s:

FAÇA O MUNDO GAY!


USAR O CONTROLE REMOTO É UM ATO DEMOCRÁTICO!

EXPERIMENTE CONTRA A TV GLOBO! Você sabe que um canal de televisão não é uma empresa privada. É uma concessão pública concedida pelo governo federal com tempo determinado de uso. Como meio de comunicação, em uma democracia, tem como compromisso estimular a educação, as artes e o entretenimento como seu conteúdo. O que o torna socialmente um serviço público e eticamente uma disciplina cívica. Sendo assim, é um forte instrumento de realização continua da democracia. Mas nem todo canal de televisão tem esse sentido democrático da comunicação. A TV Globo (TVG), por exemplo. Ela, além de manter um monopólio midiático no Brasil, e abocanhar a maior fatia da publicidade oficial, conspira perigosamente contra a democracia, principalmente, tentando atingir maleficamente os governos populares. Notadamente em seu JN. Isso tudo, amparada por uma grade de programação que é um verdadeiro atentado as faculdades sensorial e cognitiva dos telespectadores. Para quem duvida, basta apenas observar a sua maldição dos três Fs dominical: Futebol, Faustão e Fantástico. Um escravagismo-televisivo- depressivo que só é tratado com o controle remoto transfigurador. Se você conhece essa proposição-comunicacional desdobre-a com outros. Porque mudanças só ocorrem como potência coletiva, como disse o filósofo Spinoza.

Acesse esquizofia.wordpress.com

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CAMPANHA AFINADA CONTRA O

VIRTUALIZAÇÕES DESEJANTES DA AFIN

Este é um espaço virtual (virtus=potência) criado pela Associação Filosofia Itinerante, que atua desde 2001 na cidade de Manaus-Am, e, a partir da Inteligência Coletiva das pessoas e dos dizeres de filósofos como Epicuro, Lucrécio, Spinoza, Marx, Nietzsche, Bergson, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Clément Rosset, Michael Hardt, Antônio Negri..., agencia trabalhos filosóficos-políticos- estéticos na tentativa de uma construção prática de cidadania e da realização da potência ativa dos corpos no mundo. Agora, com este blog, lança uma alternativa de encontro para discussões sociais, éticas, educacionais e outros temas que dizem respeito à comunidade de Manaus e outros espaços por onde passa em movimento intensivo o cometa errante da AFIN.

"Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre ribomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Friedrich Nietzsche).

Daí que um filósofo não é necessariamente alguém que cursou uma faculdade de filosofia. Pode até ser. Mas um filósofo é alguém que em seus percursos carrega devires alegres que aumentam a potência democrática de agir.

_________________________________

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